[ Resumo ]
O texto tem como objetivo discutir sobre a noção de exposição como site,
como lugar de debate e construção de um espaço. Contrário à idéia de apresentar-
se como um elemento à priori, o espaço de uma exposição é um dado que existe
para ser construído. Neste sentido, a perspectiva deparada é sempre em torno de
pensar a exposição como um procedimento.
Para discutir sobre algumas questões que emergem de práticas expositivas
desta natureza, escolhemos como objeto de reflexão a exposição Espaços
Reversíveis, realizada no Museu Cruz e Sousa, em Florianópolis (SC), em abril/maio
de 2008 e a participação de dois artistas: Rubens Mano e Tatiana Ferraz.
Palavras Chaves: exposição, site, procedimento.
[ Abstract ]
The aim of this paper is to discuss the notion of exhibition as site, as a debate
place and construction of a space. Opposite to the idea of presenting an element
beforehand, the exhibition space exists to be constructed. In this sense, the
perspective is relies on the idea of the exhibition as a procedure.
So as to discuss some issues related to the exhibition practices of this kind,
we chose the exhibition Espaços Reversíveis (Reversible Spaces) as object for
reflection. This exhibition took place at the Cruz e Sousa Museum, in Florianopolis
(SC), in April / May 2008, with the participation of two artists: Rubens Mano e Tatiana
Ferraz.
Key Words: exhibition, site, procedure.
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horizontalmente por cabos de aço), que pudessem então remeter aos objetos
domiciliares de uma ocupação familiar, baseado em proporções de sofá,
mesa, televisão e cama, como reminiscências de um passado remoto. Como
colagem de uma memória do antigo uso residencial nas futuras salas de aula
que pouco tempo depois ali se instalariam.
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espaço da sala, o artista cobriu então suas janelas que abrem para o jardim
do museu com uma película de vinil adesivo, opaca, e que imita vidro
jateado. Este ato permitiu a entrada da claridade, porém, impossibilitava a
visão para a paisagem. Todavia, uma pequena fresta deixada por um círculo,
recortado nesta película aderida aos vidros, permitia que cada um dos
visitantes pudesse observar o lado de fora e perceber num canto isolado do
jardim uma pequena construção. Conjugando – sala interna do museu e
edificação abandonada do jardim – como partes possíveis para um diálogo,
Rubens Mano criou um espaço luminoso permanente no interior desta
pequena construção que está na divisa do jardim do museu com o edifício
que existe ao seu lado. As janelas dessa pequena edificação também foram
cobertas com a mesma película e em seu interior (vedado à entrada do
público), foram instaladas aproximadamente 110 lâmpadas fluorescente que
durante todo o período da exposição permaneceram acesas continuamente,
provocando a imagem de um bloco luminoso.
Intitulado pelo artista com a sugestiva nomeação: nada/consta, essa
obra tornou visível a todo o visitante que se dispôs a olhar na fresta daquela
janela da sala do museu não apenas uma construção isolada e sem
utilização, ignorada no jardim, mas aproximou-a, trouxe-a para dentro de
suas salas expositivas. Tornou visível espaços que ao longo do tempo foram
perdendo suas funções e, abandonados à própria sorte, ficaram invisíveis no
conjunto da instituição.
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[ Referências Bibliográficas ]
MEYER, James. The Functional Site; or The Transformation of Site Specificity. In:
SUDERBURG, Erika. (org.). Space, Site, Intervention: Situating Installation Art.
Mineapolis: University Mineapolis Press, 2000.
KWON, Miwon. One place after another: site-specific art and locational identity.
Cambridge/London: The Mit Press, 2002.
O’DOHERTY, Brian. No Interior do Cubo Branco. Trad. Carlos. S. Mendes Rosa. SP:
Martins Fontes, 2002.
SANS, Jérôme e SANCHEZ, Marc. Qu’attendez-vouz d’une instituition artistique du
21e siecle? Paris: Palais de Tokyo, 2003.
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Vermelho, SP, 2005; e das exposições portáteis amor: leve com você , 2007 e PF,
2006.
i
A exposição Espaços Reversíveis teve curadoria de Daniela Labra (RJ) e foi realizada com apoio do
Edital Funarte, no programa Conexões Artes Visuais. Participaram da mostra, além de Rubens Mano
(SP) e Tatiana Ferraz (SP), a artista Ana Holck (RJ). A coordenação desta exposição esteve à cargo de
Adriana Barreto. Bruna Mansani participou no programa de montagem e monitoria. Regina Melim
realizou um encontro com o público, na ocasião do lançamento do impresso da exposição, cujo tema foi
a exposição como um procedimento.
ii
Apenas como curiosidade, o mobiliário em questão era composto de: 3 escrivaninhas, 6 biombos, 3
vitrines, 5 armários de vidro, 11 módulos com rodízios, 86 cadeiras, 1 mesa oval e 1 piano de cauda.
iii
Release enviado pelos artistas Rubens Mano e Tatiana Ferraz à equipe que coordenou e monitorou a
exposição.
iv
MEYER, James. The Functional Site; or The Transformation of Site Specificity. In: SUDERBURG,
Erika. (org.). Space, Site, Intervention: Situating Installation Art. Mineapolis: University Mineapolis
Press, 2000.
v
Neste caso a prática site specific não comporta mudança, como em Tilted Arc (1981) de Richard
Serra, que o autor aponta como um exemplo de literal site, onde o local é único e o trabalho também,
inseparável do espaço. A mudança do trabalho implicaria na sua destruição.
vi
(...) the functional site may not incorporate a physical place. It certainly does not privilege this place.
Instead, it is a process, an operation occurring between sites, a mapping of institutional and textual
filiations and the bodies that move between them (the artist’s above all). It is an informational site, a
palimpsest of text, photographs and videos recordings, physical places, and things: an allegorical site, to
recall Craig Owens’s term, aptly coined to describe Robert Smithsons’s polymathic enterprise, whose
vectored and discursive notion of “place” opposes Serra’s phenomenological model. It is no longer an
obdurate steel wall, attached to the plaza for eternity. On the contrary, the functional work refuses the
intransigence of literal site specificity. It is a temporary thing, a movement, a chain of meanings and
imbricated histories: a place marked and swiftly abandoned. The mobile site thus courts its destruction;
it is willfully temporary; its nature is not to endure but to come down.
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