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a A ABORDAGEM CONTEXTUAL* VINCENT BERDOULAY RESUMO: AS PAGINAS QUE SE SEGUEM DESTINAM-SE A CONTRIBUI IR PARA A ELABORACAO DE UMA ABORDAGEM CONTEXTUAL A HISTORIA DA GEOGRAFIA. INICIALMENTE, ENFATIZA-SE A IMPORTANCIA DE SE CONSIDERAR O CONTEXTO DO PENSAMENTO GEOGRAFICO. DEPOIS, E EXAMINADA, A LUZ DE HISTORIOGRAFIA DA CIENCIA, A DIFICULDADE DE ESTABELECER COMO (0 CONTEXTO INFLUENCIA 0 DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAI FIA, PARA QUE, FINALMENTE, A NATUREZA DE UMA ABORDAGEM CONTEXTUAL SEJA DELINEADA EM SUAS PRINCIPAIS CARACTERISTICAS. PALAVRAS-CHAVE: ABORDAGEM CONTEXTUAL, HISTORIOGRAFIA DA CIENCIA, NATUREZA DA GEOGRAFIA A histéria da geografia é um repositério de idéias sobre a relagio entre homem e natureza. Ela € um relato da experiéncia do homem tentando compreender seu mundo. Em outras palavras, reflete amplamente o desenvolvimento da consciéncia humana, Assim, € compreensivel que a histéria da gcografia possa estar ideologicamente carregada e que tenha recebido interpretagées variadas e conflitantes. Tudo isso indica um desejo crescente, entre os gedgrafos, de entender melhor o contexto atual do desenvolvimento das idéias ¢ instituigSes geogréficas Contudo, ainda nao foi esclarecida a metodologia através da qual tal preocupagio deva ser abordada Muitas vezes se 1€ que um gedgrafo foi “influenciado" por outro. Esta questio da assim chamada influéncia pode ser bastante enganosa. Na verdade, uma abordagem baseada nesse tipo de preocupagio corre o risco de ser assolada por todas as armadilhas associadas & énfase colocada na evolugio linear das idéias. Ela se baseia em suposigdes de que filésofos e historiadores da ciéncia criticaram facilmente por sua tendenciosidade positivista (AGASSI, 1963, HAHN, 1965). Muito surpreendentemente, essas suposigdes continuam bastante difundidas entre o pablico em geral e até entre os préprios cientistas. Essas suposigdes envolvem a crenga em um desenvolvimento continuo da ciéncia, pela acumulagao de fatos, de descobertas © de conhecimento cientifico. A tarefa, entao, é tragar a progressiva vitéria da verdade sobre o erro, ou das "boas" idéias sobre as "més", ¢ da emergéncia inevitével de idéias cientificas verdadeiras a partir de fatos, A preocupagio do historiador da ciéncia, assim, € a quem se deve render culto, O erro é visto como algo maléfico, que atrapalha o desenvolvimento da ciéncia; conseqtientemente, pouca atengio é dada a contextos histéricos ou ambiéncias intclectuais, de vez que 0 foco esté assentado na evolugao interna de cada ciéncia Essas posicSes ingenuamente positivistas esto, nao obstante, presentes entre os geégrafos. Por exemplo, a variedade de tendéncias da pesquisa gcogréfica na segunda metade do século XIX raras ESPAGO E CULTURA, UERJ, RIN. 16,P.47-56, JUL/DEZ, DE 2003 EA vvezes € considerada como uma questio significativa De fato, a tendéncia que tornou-se dominante no sistema universitério — como a de Vidal de la Blache, na Franga~ € considerada como a principal corrente da melhor pesquisa, como a tendéncia "boa", (ex: MEYNIER, 1969, CLAVAL; NARDY, “superi 1968). Assim, 0 pasado ¢ explicado a luz do presente: esta € uma interpretacio teleolégica que ignora ou negligencia o problema de explicar 0 relativo fracasso de outras tendéncias. Os trabalhos de Richard Hartshorne (1939, 1968) ~ por mais atentos que possam ser—fornecem um bom exemplo das armadilhas dessa abordagem. Logo que o autor identificou qual era a "boa" ou “correta" idéia de geografia, ele a remonta a Kant, Humboldt e Ritter. As outras tendéncias que nao se conformam a esse modelo sao vistas simplesmente como desvios. O trabalho de V. A. Anuchin (1977) foi prejudicado por uma abordagem semelhante. Ele mostra a marcha vitoriosa do conceito materialista (correto) de geografia, sobre os conceitos idealistas (logo, errados) da disciplina. Esse tipo de abordagem continuou sendo difundido entre os profissionais da geografia, como € freqentemente evidenciado nos pardgrafos introdutérios de artigos escritos por autores que estiveram associados com a “revolugio quantitativa’ Afirma-se que a construgio de teorias ou modelos baseados em técnicas quantitativas € a dnica abordagem vélida, porque ela permite uma répida acumulagdo de conhecimento e porque se baseia em, tum desenvolvimento intemo da disciplina rigoroso, isento de valores € I6gico. Nos exemplos acima, a hist6ria da geografia é interpretada e distorcida a fim de justificar posigbes metodolégicas ou epistemolégicas especificas. Outras abordagens procuraram ser pluralistas diversas “tradigdes" ou “correntes’ geogréficas sio identificadas, ¢ sua respectiva evolugio € mapeada PATTISON, 1964, HAGGET, 1965). Contudo, uma certa perspectiva ao longo da histéria (ex decorre do fato de abordagem similar ter sido utilizada na histéria da ciéncia, ¢ de suas fraquezas terem sido demonstradas. Desenvolvida na virada do. século na Europa, particularmente na Franga, por autores como Henri Poincaré (1902, 1905) e Pierre Duhem (1906), essa abordagem as vezes € denominada de “convencionalismo’, no sentido de ‘que ela realga a natureza convencional das tcorias. Ela estava ligada a um ressurgimento da filosofia de Kant, através da qual foram introduzidas criticas dos pressupostos positivistas da abordagem acima descrita, A este respeito, ela teve 0 mérito de rejeitar aidéia de que algumas tendéncias sao cientificamente superiores a outras, ea crenga empirista de que teorias, cientificas emergem exclusivamente dos fatos. Estas iltimas, de acordo com essa filosofia, eram classificadas em teorias particulares, com base na simplicidade © conveniéncia. Em decorréncia, para o historiador da ciéncia, a énfase repousava ainda no continuo desenvolvimento de idéias, mas todas as correntes cientificas do passado eram consideradas dignas de investigacao. Embora essas perspectivas sobre a historia da cigncia sejam mais sofisticadas que as anteriores, elas continuam ignorando as questdes das descontinuidades na evolucio das idéias, ainteragio entre vérias correntes ou tradices cientificas, as reais condigdes de desenvolvimento da pesquisa no passado (ndo havia como predizer o sucesso futuro de teorias concorrentes), ¢ os fatores de mudanga que nao cram “internos" & ciéncia, Isso néo significa AEM Esraco & CULTURA, UER), RJ, N. 16, P. 47-56, JUL/DEZ. DE 2008 dizer que estudos sobre a genealogia de idéias especificas (explicitamente retiradas de seu contexto) no possam ser extremamente gratificantes, como demonstram claramente os trabalhos de Arthur Lovejoy (1942) ou Clarence Glacken (1967). Eles evidenciama persisténcia de algumas idéias na histéria do mundo ocidental ¢, ao fazerem isso, as realgam em uma nova perspectiva. Nao obstante, essa abordagem nao se destina a analisar sistemas cientificos de pensamento de um periodo de tempo relativamente curto, E muitas vezes, na histéria da gcografia, ¢ isso que é preciso fazer. Na verdade, cada vez mais se reconhece que fatores “externos" ao desenvolvimento do Pensamento geogréfico devem receber a devida consideragio (HOOSON, 1968, CLAVAL, 1972, GRANO, 1977), Isto, de fato, est de acordo com as preocupagées epistemolégicas contemporaneas, (THUILLIER, 1972). Permanece, contudo, a necessidade de se definir uma metodologia adequada. A este respeito, as ligdes que se pode retirar da historiografia da ciéncia sio bastante iteis. Examinaremos agora algumas de suas tendéncias mais relevantes, Uma abordagem consistiu em enfatizar 0 papel do Zeitgeist, considerado como determinante da maneira como cientistas ¢ intelectuais véem ¢ lidam com 0 mundo ~ como J. Burckhardt (1860) fez em seu famoso livro sobre a Renascenga Italiana. Essa abordagem tem o mérito de mostrar a interdependéncia de uma ciéncia com o pensamento da mesma época, Mas cla foi criticada por sua tendéncia tautolégica e, pois, por seu fraco poder cexplanatério. Além disso, essa abordagem est muito distante da légica interna da ciéncia, da interagio de teorias de pequena escala, hipdteses ¢ técnicas. A visio de mundo de um cientista fornece uma explicagio para seu quadro de referéncia, mas néo pode justificar todas as iniciativas especificas tomadas por ele. Assim, essa abordagem nao pode responder pelas intimeras tendéncias de pesquisa que sobrevivem, ou aparecem, em discordancia com aquelas que correspondem ao Zeitgeist. Isso pode explicar por que, na histéria da geografia, o recurso a0 Zeitgeist raramente foi além do nivel de breves insinuagoes: ele ndo resistiria facilmente ao exame profundo da variedade de correntes de pesquisa em qualquer época, Nao obstante, continua desejavel a pesquisa com base em tais ligagdes ¢, a esse respeito, foram realizadas algumas tentativas dignas de nota (ex: DAINVILLE, 1940, LUKERMANN, 1965; BUTTNER, 1973) Outra abordagem, que apresenta mais similaridades com a anterior do que se pensaria inicialmente, consiste em salientar as condigées socioecondmicas de uma época para explicar a emergéncia de novas idéias cientificas. Inimeras contribuigdes, geralmente de inspiragio marxista, apareceram desde o perfodo entre as guerras (ex BUKHARIN et al., 1931, HALDANE, 1939, BERNAL, 1954). Essa abordagem tem 0 mérito de colocar novas questdes, de explorar o lugar da ciéncia na estrutura total da sociedade. Mas uma critica semelhante & da abordagem Zeitgeist pode ser feita: a dificuldade de estabelecer relagées precisas entre as condigdes (socioecondmicas) gerais e 05 desenvolvimentos especficos, internos, de uma ciéncia. Os numerosos ¢ fortes ataques contra a famosa tentativa de Hessen (1931) de explicar a ciéncia newtoniana pelo seu condicionante socioecondmico sao um bom ‘exemplo disso (ver BUTTERFIELD, 1950) ESPAGO E CULTURA, UER), RJ, N. 16, 47-56, UL/DEZ, DE 2003 EE Aqui também as histérias da geografia evidenciam bastante cautela quanto a essas questées, embora nao haja falta de insinuagdes, especialmente no que diz respeito ao impacto do colonialismo ou do capitalismo sobre o pensamento geogrifico. Os ensaios de TRICART (1953, 1956) e LACOSTE (1976) estao entre os raros exemplos da aplicagso ~ se bem que incompleta ~ desse tipo de abordagem, € na verdade séo muito prejudicados pelas vastas generalizacdes neles encontradas. Para evitar 0 determinismo simplista que costuma infestar esses trabalhos, uma solugio € limitar a abordagem a separar as idéias (ou a logica interna da ciéncia) das condiges socioeconémicas. Estas tiltimas sio vistas entéo como meras barreiras a0 desenvolvimento “normal” da ciéncia (ex: NEEDHAM, 1954). Mas isso se limita a estabelecer uma distingao estrita entre fatores “externos"e “internos! na evolucéo cientifica, isto é, bascar a dinamica da ciéncia em suposigdes hesitantes e muito desacreditadas (LECUYER, 1968; KUHN, 1968). Além disso, esse efeito constritor de fatores externos sobre internos lembra 0 determinismo simplista que foi defendido sem muito sucesso por Griffith Taylor (1957) ¢, assim, no anima o historiador do pensamento geogrifico a voltar-se para esse tipo de abordagem. Contribuigdes recentes & correlagio de idéias entre ciéncia ¢ sociedade procuraram destacar a dimenséo humana da ciéncia. Isso foi realizado enfatizando-se a existéncia de descontinuidades na evolugio cientifica (BACHELARD, 1953, KOYRE, 1939), ou na natureza social ¢ cognitiva da esquisa cientifica (PIAGET, 1967; KUHN, GUSDORE, 1966, FOUCAULT, 1966, 1969). A 1970, interpretacio € apresentacéo dessas idéias por Thomas Kuhn tornou-se popular entre geégrafos (ex: CHORLEY, HAGGETT, 1967; BERRY, 1973), embora nao tenha sido feita sua aplicagio abrangente & histéria da geografia, Isso nio deve constituir uma surpresa, na medida em que hé muitas dificuldades epistemolégicas ¢ histéricas com a propria nogao de paradigma (LAKATOS, MUSGRAVE, 1970) para que se espere uma aplicagao das idéias de Kuhn a um campo de EDGE, MULKAY, 1976), especialmente as ciéncias nio- investigagdo especifico, limitado (ex naturais (que nao foram consideradas no famoso livro de Kuhn). Nao obstante, a importancia da contribuicao de Kuhn foi acentuar a natureza social- cognitiva da ciéncia ¢ propor um modelo de sua dis mica social. Fla ndo chegou, contudo, a fornecer uma orientagio para colocar a ciéncia em seu contexto social total. Outras contribuigées se aproximaram mais desse objetivo, como a de Gusdorf sobre os “modelos de inteligibilidade” de uma época, ou a de Foucault sobre a “eistime’ que subjaz 8 atividade cientifica, Mas isso ocorreu devido Aquilo que, na minha opiniao, € a contribuigao mais importante de Kuhn: sua preocupacio com a dinamica social da mudanga cientifica De modo a incluir as perspectivas acima mencionadas, € necessério levar em consideracio todas as determinagdes sociolégicas do conhecimento cientifico. Ao longo dese caminho, algum auxilio€ oferecido pela sociologia da ciéncia Trata-se de um campo relativamente recente de estudo que, através do estudo de comunidades cientificas, da resisténcia a inovagées ¢ da organizagio do ensino e da pesquisa cientifica em varios paises, procura compreender quais sio as condigdes mais favoréveis para o desenvolvimento da ciéncia (BEN-DAVID, 1970, MERTON, 1973) EDIE &sraco © CULTURA, UER), RJ, N16, P. 47-56, JUL/DEZ. DE 2003 A convergéncia desses interesses com os de planejadores e historiadores da ciéncia levou a uma profustio de novas publicagdes sobre aquilo que frequentemente ¢ chamado de ciéncia da ciéncia, ou estudo social da ciéncia (HAHN, 1975). Deste modo, ela levanta questdes interessantes que mal foram abordadas na literatura sobre a histéria da geografia, tais como o status desigual da geografia entre 05 paises; a situagio da geografia em “paises em desenvolvimento"; a difusio de conceitos ‘gcograficos através das fronteiras; o deslocamento, de um pais para outro, 20 longo do tempo, de centros inovadores; e 0 papel de vérias instituigdes influenciando a orientagio da pesquisa geogréfica Contudo, ha uma énfase deliberada sobre as condigées exclusivamente externas do desenvolvimento cientifico, € as mesmas criticas feitas aos trabalhos de inspiracdo marxista, que discutimos acima, podem ser feitas a essa abordagem. Um nimero expressivo de estudiosos esto agora tentando afastar-se dessa tendéncia “externalista” (HAHN, 1975, LECUYER, 1976). Dedica-se mais atengio ao contetido do conhecimento cientifico, e investiga-se sua dependéncia aos processos sociais. Em outras palavras, € 0 préprio conhecimento cientifico, eno apenas a taxa oua direcio de seu crescimento, que € visto como um produto social (MULKAY, 1978) Um aspecto da sociologia da ciéncia ~ 0 estudo da institucionalizagio das inovages — pode ser tratado como um elo intermedigrio valioso nas relagdes entre 0 desenvolvimento do pensamento gcogréfico © seu contexto social (BERDOULAY, 1980), Pesquisas importantes ~ embora bastante "externalistas" — sobre as ciéncias sociais tém sido feitas por autores como Ben-David (1970, 1971), Oberschall (1965) ¢ Clark (1968, 1973). Assim chamam a atencio para consideragées, tais como 08 fatores que influenciam 0 grau de aceitagao de uma inovacdo, 0 estabelecimento de atividades profissionais (ex.: periédicos), a definigao do novo status associado & inovagio, as etapas de institucionalizagao e a presenga de grupos concorrentes de cientistas. O estudo da institucionalizagéo ~ como um processo ~ auxilia a trazer 0 foco de pesquisa para a conjuncio dos fatores internos € externos. Em vista desta revisio € discussio de alguns Pontos relevantes da historiografia, uma abordagem contextual pode ser formulada, acompanhando uma série de orientagoes metodolégicas, como segue Inicialmente, ha dois pressupostos fundamentais sobre os quais esta abordagem se baseia, O primeiro € 0 de que existem sistemas de pensamento em mudanga, assim como ha continuidade de determinadas idéias. Mas esta visio nao implica que tum sistema de pensamento deva ser atribuido a prior a cada perfodo histérico ou a cada grupo social. O segundo pressuposto no é menos exigente: no hi dicotomia radical entre fatores internos ¢ externos ‘da mudanga cientifica. Esses fatores devem ser vistos apenas como dois pontos de um continuum, sem nenhuma distinggo bem definida. Deve-se ter em mente que estes dois pressupostos receberam consideravel apoio histérico, € também filoséfico (ex, Vid TOULMIN, 1972), Em segundo lugar, a abordagem contextual no deve desconsiderar nenhuma tendéncia geogrética, mesmo que algumas delas nao tenham sobrevivido. A questao é comecar a pesquisar sem atribuir qualquer superioridade intelectual a uma tendéncia ou a outra, Pode-se mesmo descobrir, mais tarde, ESPAGO E CULTURA, UER) RJ, N.16, 47-56, JUL/DEZ. DE 2003 EE que as razées que estio por trés de um insucesso out falta de futuro podem ser essencialmente sociolégicas ‘ou politicas. E neste aspecto, seguramente, que a maioria das historias da geografia se revela tendenciosa, Elas adotam uma perspectiva quase- “oficial”, que reforga as idéias preconcebidas ou os Preconceitos do pasado. Assim, trabalhos interessantes s40 ndo apenas ignorados, como 0 historiador da geografia também se priva de elementos que the permitiriam compreender 0 significado bésico da tendéncia que ganhou primazia E exatamente este tipo de preocupagio conceitual, por exemplo, que me permitiu desvelara profundeza epistemolégica da contribuigio de Vidal de la Blache para a geografia (BERDOULAY, 1976, 1978) Em terceiro lugar, sio necessérios a identificagio e © estudo aprofundado das principais questées que envolvem uma sociedade, mesmo que algumas delas no paregam, & primeira vista, ter influenciado a evolugao de idéias eogréficas, Porexemplo,abastante negligenciada questio da ética numa sociedade em mudanga vem se revelando de importincia fundamental na formagio da geografia francesa na virada do século, Somente 0 tipo de reflextes que essa questdo proporcionou ¢ 0 tipo de resposta que foi proposta permitem compreender as posigdes sociogeograficas dos estudiosos franceses envolvidos (BERDOULAY, 1974). Assim, éreas de pesquisa virgens foram abertas por uma fonte de pensamento scogréfico por muito tempo néo reconhecida. Em quarto lugar, como as tendéncias geograficas tém alguma base sociolégica, € importante no adotar um conceito de “comunidade cientfica’ tio estreito como o encontrado freqiientemente na sociologia da ciéncia. Apenas a identificagio de clos entre cientistas nao € suficiente para explicar contexto da pesquisa geogrifica ou a existéncia de diversas tendéncias, E imperative colocar maior énfase em ideologias do que em instituigSes. Qualquer estudioso pertence ao que pode ser chamado de “circulo de afinidades’, que abrange mais do que uma comunidade cientifica. Ele inclui especialistas de disciplinas muito diversas, assim como politicos ou intelectuais cujas posigdes quanto a quest&es sociais si0 conhecidas, Esta € a tinica forma de analisar as idéias de gedgrafos que parecem isolados, mas cujo circulo de afinidades € muito revelador, O que & significativo para se compreender seu pensamento gcogrifico nao ¢ tanto a sua falta de contato com uma comunidade de ge6grafos, mas as inclinagées ideolégicas que os colocam em contato com nio- ‘ecégrafos. Exemplosmarcantes sao o de Elisée Reclus, cujo cfrculo de afinidades inclufa, entre outros, intimeros anarquistas, ¢ o de Emile Levasseur, cujas ligagdes com grupos de cconomistas, estatisticos ¢ reformadores sociais no foram bem avaliadas (ver a contribuigéo de Nardy em CLAVAL; NARDY, 1968, © BERDOULAY, 1974) Finalmente, a abordagem consiste menos em ‘examinar a possivel “influéncia’ de uma idéia do que ‘em verificar as raz6es que estao por tris da “demanda’ ‘ou “uso” dessa idéia, Toulmin (1972) chegou a uma conclusio similar nas suas reflexdes filos6ficas sobre conhecimento, O contexto, entio, explica melhor a originalidade da sintese de uma série particular de idéias sustentadas por um individuo ou um grupo, embora qualquer uma dessas idéias, tomada em separado, possa nio ser nova ou inovadora. A abordagem contextual, quase sem formalizacio como se encontra, serve como uma moldura abrangente para analisara conjunglo da légica interna ¢ do conteiido da ciéncia com 0 contexto no qual 0 HEME esPAGOE CULTURA, LER), RI, N16, P. 47-56, JUL/DEZ. DE 2003, Cientista esta situado, Desatando os elos que unem a mudanca no pensamento geogréfico ao seu contexto, cstaremos na melhor posicdo para avaliar,e aprender com, as contribuiges criativas de individuos notéveis REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS AGASSI, J. Towards an historiography of science. Hitory ad ‘Theory, Cambridge, v2, p. 1-117, 1963, ANUCHIN, V. A, Thora! problems of sostpty. Ohio Columbus, 1977, Tanslation of toreicbe prablony sara, 1960. BACHELARD, G Le matéialiomerationne. Pais: PUE, 1953, BEN.DAVID, J Introduction intematinal Scial Science Journal, v.22, n. 1, p. 7-27, 1970. Special issue on the sociology of science The scintit’s rl city A comparative study. New Jersey: Englewood Cliffs, 1971 BERDOULAY, V. 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