parte dessas fibras se insere no esqueleto conector, uma unidade anatômica que
cardíaco. A disposição das fibras musculares envolve miócitos e capilares.
é variável, a ponto de freqüentemente Qualquer modificação na arquitetura
aparecerem, em corte histológico de do coração pode ocasionar uma falha e
coração, fibras orientadas em várias direções. comprometer outros sistemas e, por
Estas fibras diferem das fibras musculares conseguinte, todo o organismo.
esqueléticas por não serem multinucleadas, Este trabalho tem por objetivo
possuindo somente um ou dois núcleos estudar quantitativamente o tecido
centrais. conjuntivo de 30 corações de eqüinos,
Frank e Langer 1 estudando o machos, da raça puro sangue inglês (PSI),
interstício do miocárdio de coelhos, através que não possuam antecedentes de alterações
de microscopia eletrônica, descobriram que cardíacas, analisando a sua proporção em
o espaço extracelular miocárdico possuía relação ao tecido muscular, fazendo uso da
abundante substância amorfa 23%, o morfometria, aplicada em análise de histo-
restante do espaço continha 59% de vasos imagens, levando em conta variáveis como
sangüíneos, 6% de espaço vazio, 4% de o peso, idade e biometria cardíaca,
fibras colágenas e 7% de células do tecido deter minando assim, o padrão de
conjuntivo. normalidade para o órgão.
Em 1965, Puff and Langer2 (apud
ROBINSON; COHEN-GOULD; Materiais e Métodos
FACTOR3) demonstraram que as fibras
elásticas se curvam, em forma de hélice, em Para desenvolvermos este trabalho
torno dos miócitos em miocárdio humano, utilizamos 30 corações de cavalos da raça puro
ou se configuram em forma reticular, em sangue inglês (PSI), machos, sem histórico de
torno dos miócitos. alteração cardíaca, oriundos de vários
Icardo e Colvee 4 estudaram a criatórios. Desses animais foram coletados
organização estrutural do colágeno dentro dados referentes à idade, peso e dados
do músculo papilar mitral (PM) de corações métricos do coração, a saber: a altura
humanos normais e modificações nessa ventricular, esta tomada do sulco coronariano,
estrutura em corações hipertensos. na face esquerda, ao ápice do coração e a
Obser varam que o PM possui uma largura ventricular, esta tomada da margem
aparência de favo de mel, devido à presença cranial até a caudal na altura do sulco coronário.
de bainhas de colágeno, as quais são ovais Os corações foram coletados ainda à
ou arredondadas, abrigam miócitos fresco, sendo seccionados, retirando-se
individuais e estabelecem comunicações fragmentos dos terços proximal, médio e
laterais entre bainhas adjacentes. Os espaços distal das faces esquerda e direita dos
entre essas bainhas são preenchidos por uma ventrículos direito e esquerdo e, ainda, estes
complexa malha de fibras colágenas de subdivididos em blocos, correspondentes às
diferentes tamanhos e graus de compactação. camadas profunda e superficial, para
A análise de corações hipertensos mostrou preparação histológica.
que há modificações na estrutura do coração, O material fora tratado segundo a
sendo observadas grandes quantidades de técnica histológica convencional, ou seja, fixado,
tecido fibroso e onde o tecido do miocárdio desidratado, diafanizado e incluído em blocos
estava preservado, notou-se um aumento na de parafina, de forma que cada bloco continha
quantidade de colágeno. O miocárdio perde, um segmento dos fragmentos das camadas
então, sua aparência de favo de mel. profunda e superficial de cada ventrículo e de
Borg e Caulfield5, Robinson, Cohen- cada face. Foram escolhidas 7 (sete) lâminas de
Gould e Factor3 e Weber6 definiram a rede cada animal, contendo cortes de 5µm.
colágena do coração como sendo um inter- Utilizamos para corar as lâminas a técnica
Tabela 1
Quantidade (%) mínima, máxima e média de tecido conjuntivo, encontrados para cada uma das porções estudadas (PE) dos ventrículos, do coração
de eqüinos da raça puro sangue inglês - São Paulo - 2002
VD = ventrículo direito; VE = ventrículo esquerdo; FD = face direita; FE = face esquerda; S = camada superficial; P = camada profunda;
FPG = coloração Fucsina-Paraldeido + Tricromo Gomori; PR = Picrosirius red; MA = Tricromo Masson
Abstract Key-words:
Equine.
Heart.
This work aimed to study the proportion of connective tissue in Connective tissue.
the fraction right and left of the ventricular heart muscle of equine Collagen.
PSI, searching, through of the morphometry, data in the interrelation
between the connective tissue and the muscular tissue, for the
knowledge of the functional relationships of the heart structure. It
was used equine hearts, males, between 20 and 120 old months,
without heart alterations. The material originated from of the medial
portion of the ventricle from both the right face and the left, according
to the conventional techniques and stained with Picrosirius red,
Fucsina-Paraldeido associated to Gomori´s Tricrome and Masson´s
Tricrome, to show of the connective fibers. The sheets were analised
using Axioscópio Zeiss® coupled to the program of analysis of
images KS-400 Zeiss®. The amount of connective tissue in the left
ventricle varied from 0,008 to 24,695%; in the right ventricle it varied
from 0,029 to 20,921%; in the hearts of equine PSI. The obtained
results show that there is a complex net of connective fibers involving
the fibers of muscle tissue of the heart and that their amount and
disposition is very varied, depending on the studied area, younger
animals exhibit low amount of connective tissue, also depending on
their physical activity.
2041, 1981.
Referências 6.WEBER, K. T. Cardiac interstitium in health and
disease: The fibrillar collagen network. Journal
1.FRANK, J. S.; LANGER, G. A. The myocardial American College of Cardiology, v. 13, n. 7, p. 1637-
interstitium: its structure and its role in ionic 1652, 1989.
exchange. The Journal of Cell Biology, v. 60, n. 3, p. 7.GABRIEL, A. et al. Morphometric study of the equine
586-601, 1974. navicular bone: variations with breeds and types of
2.PUFF, A.; LANGER, H. Das problem der horse and influence of exercise. Journal of Anatomy,
diastolischen entfaltung der herzkammer (Eine v. 193, n. 4, p. 535-549, 1998.
untersuchung uber das elastische gewebe im 8.CASEY, P. J. et al. Morphometric differences in sperm
myocard). Gegenbaurs Morphol Jahrb, v. 107, p. head dimensions of fertile and subfertile stallions.
184, 1965. Theriogenology, v. 47, n. 2, p. 575-582,1997.
3.ROBINSON, T. F.; COHEN-GOULD, L.; FACTOR, 9.RODRIGUES, A. C. et al. Morfologia e morfometria
S. M. Skeletal Framework of Mamalian Heart Muscle. das fibras nervosas mielinicas do nervo para o musculo
Laboratory Investigation, v. 49, n. 4, p. 482-498, pectineo do gato. Revista de Ciencias Biomedicas,
1983. v. 15, p. 23-30, 1995.
4.ICARDO, J. M. ; COLVEE, E. Collagenous Skeleton 10.JUNQUEIRA, L. C. e CARNEIRO, J. Histologia
of the Human Mitral Papillary Muscle. The Básica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan,
Anatomical Record, v. 252, n. 4, p. 509-518, 1998. 1995.
5.BORG, T. K.; CAULFIELD, J. B. The collagen matrix 11.SÁNCHEZ-QUINTANA, D. et al. Myoarchitecture
of the heart. Federation Proceedings, v. 40, p. 2037- and Connective tissue in Hearts with Tricuspid