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SOCIOLOGIA -PROBLEMASE PRATICAS, N10, 1991, pp. lol 182 Légicas de espacializagao da economia portuguesa* Rogério Roque Amaro** Introdugaio Pretende-se, neste artigo, rcflectir algumas das tendéncias mais fortes da espacializagdo da economia portuguesa nos tltimos 40-50 anos, a luz da evolu- cdo dos préprios paradigmas de andlise ¢ concepgio da variavel-espago na observagao dos processos econdémicos ¢ sociais. Em primeiro lugar, caracterizar-se-4, em linhas muito gerais, a evolugao da economia portuguesa ¢ a sua espacializagao durante 0 periodo do pés-guerra, até meados dos anos 70, Essa caracterizagdo sera de seguida confrontada com a légica espacial tipica do modelo fordista predominante entao nas sociedades ocidentais com maior crescimento econdmico (embora nao tao presente em Portugal). Abordar-se-a depois a crise desse modelo ¢ a emergéncia ¢/ou ressurgi- mento de légicas diferentes de espacializagdo, configurando em novo paradig- ma das anilises sobre 0 espago("Territorialista”) ¢ a importancia crescente do nivel Local do Desenvolvimento e dos dinamismos sociais ¢ econémicos ¢ das novas territorialidades. Finalmente, analisar-se-o algumas das tendéncias mais recentes que atra- vessam espacialmente a economia e a sociedade portuguesa, reforgando-lhe caracteristicas (de litoralizagao e funcionalidade) anteriores, mas também incutindo-lhe novas dindmicas ¢ protagonismos territoriais e novos caminhos para 0 Desenvolvimento. Este artigo resulta, com algumas altcragbes, do capitulo relativoa "Légicas de espaciaiizacdo do crescimento industrial em Portugal", da responsabilidade do autor. ¢ integrado no relatério de pesquisa (nao publicado). financiado pela Junta Nacional de Investigagdo Cientifica e Tecnoldgica. designado por: Rodrigues. Maria Joao et al. (1990) “Dindmicas produtivas. dindmicas regionais e promocao do emprego - 0 caso da indiistria portuguesa (1972-1986)", Lisboa ** Docente do ISCTE, investigador no DINAMIA. 162 R. Rogue Ama 1- Aevolucio verificada até meados dos anos 70 - algumas notas de sintese O crescimento industrial verificado no(s) perfodo(s) posterior(es) & Segunc Guerra Mundial constitui, como ¢ sabido, 0 cerne da evolugio econémica d cerca de 30 anos que medeiain até meados dos anos 70, em Portugal. $ao conhecidas as principais caracteristicas desse crescimento — taxas de acréscimo com aceleragées no principio da década de 60 ¢1 seu final/inicio da década de 70; — desaccleragao no periodo 1966-68; = proteccionismo legal (nomeadamente, através do condicionamento i dustrial) em relagdo 4 concorréncia interna ¢ aduanciro em relagao concorréncia externa; ~ utilizagio de mao-de-obra barata, sem possibilidades reivindicativs por controle (cor porativo) dos sindicatos, por parte do Estado; — recurso a matéri: primas agricolas ¢ coloni is com pregos baixos; - possibilidade, a partir do inicio dos anos 60, de acesso aos mercados ¢ EFTA, sem sofrer a contrapartida da concorréncia externa no mercac interno; - fraca criagdo de postos de trabalho, uma vez que o baixo nivel tecnol gico e de produtividade de partida possibililou basear 0 cresciment inicial do produto em aumentos de produtividade, mais do que c emprego, sem necessidade de grande esforgo de investimento (un consequéncia disto ¢ que a economia portuguesa pode “expulsar” mith res de trabalhadores portugueses para outros pafses ¢ para a guen colonial sem grandes problemas de falta de m4o-de-obra ... a nao ser partir de meados da década de 60, na construgao civil ¢ obras public: ¢ numa ou noutra indistria); ~ intervencionismo estatal nalgumas indistrias, de forma directa ou ind recta, inclusivé na criagdo de unidades industriais (cx.: siderurgia); — desarticulagSes sectoriais profundas, particularmentc em relagao a ag cultura, mas também quanto 2 outros sectores, como as indistri: extractivas, 0S transpories ¢ comunicagdes ¢ os servigos prestados ; empresas ¢ 4 populacdo em geral; — padrao de especializacdo ? apresentando grandes fragilidades, quer ‘ nivel dos sectores de especializ, acdo internacional {baseados em ma de-obra barata ¢ com baixo nivel tecnolégico médio ¢ assentando e segmentos pouco qualificados do sistema produtivo), quer ao nivel di zonas de dependéncia (centrada em fungdes econdmicas fundamentai como os produtos alimentares, energéticos ¢ bens de equipamento); — presenga crescente (a partir da década de 60) do investimento estrai geiro ¢ de empresas transnacionais nas indtstrias cm Portugal, 1 particular nas de exporiag’o (confecgées, electronica de consumo, mor tagem e comercializagdo de automéveis, papel, construgao e reparaga naval, etc.), nalguns casos em siluagdo de enclave; Espacializagéo ¢ crescimento industrial 163 ~ constituigao de um nucleo importante de grupos portugueses industriais, intimamente articulados com uma base financcira (CUF, Champali- maud, BESCL, BPA, etc.) Menos trabalhadas, no entanto, sdo as principais caracteristicas espaciais deste crescimento industrial ”. E sabido 4 que o crescimento industrial se concentrou na faixa litoral e mais cspecificamente cm cinco distritos (Braga, Porto, Aveiro, Lisboa e Settibal), os quais, cm 1975, abarcavam um pouco de mais de 4/5 da produgio industrial e mais de 3/4 do emprego industrial de Portugal (incluindo as regides aut6nomas dos Agores ¢ da Madeira). De uma forma mais ilustrativa, 6 os trés distritos do Porto, Lisboa e Settbal correspondiam entao a cerca de 2/3 da produgéo industrial e a mais de metade do emprego das indiistrias transformadoras de todo o pais. Por outro lado, os 10 distritos menos providos de indistrias (Beja, Bragan- ga, Castelo Branco, Evora, Faro, Guarda, Portalegre, Viana do Castclo, Vila Reale Viscu) ¢ as 2 regides auténomas dos Agores c da Madcira, nao produ- ziam, em conjunto, mais de 8% e nao empregavam mais de 10% daqucles totais. Esta litoralizagdo do crescimento industrial em Portugal, que, de facto, significa a litoralizagdo da economia ¢ da sociedade portuguesa, traduzindo-se pela concentragéo da populagao, das infraestruturas, dos investimentos e das actividades econémicas cm geral naquela faixa ja referenciada do territdrio do Continente, resulta, na verdade, das opgdes geo-estratégicas assumidas, ao longo da sua Hist6ria, por Portugal, ou, se se quiser, da sua mancira de “olhar o Mundo’, Tendo historicamente, por razOcs que tém a ver com aconstrugao da Nagao Portuguesa, os scus pilares iniciais, as suas ameagas ¢ aliangas assumido uma "visdo atlantica” do Mundo ¢ feito do Oceano Atlantico 0 seu eixo de expansio e de contacto privilegiado com o exterior; tendo, em consequéncia, "virado as costas" a Castela (mais tarde, a Espanha) e assumido as zonas raianas do Intcrior como zonas-tampao, de protecg’o face ao "inimigo”, no admira portanto que, por entre periodos e episddios de sinal contrario, a evolugao da Histéria de Portugal se tenha traduzido par uma notavel "maritimizagao" das suas actividades econémicas. E nesta légica mais secular que se deve interpretar a litoralizagao da economia e da sociedade portuguesa. Tendo como pano de fundo este fundamento geo-estratégico, ¢ seguindo de perto a andlise apresentada em Ribeiro (1985), é possfvel entdo caracterizar a espacializagao da cconomia portugucsa no perfodo que decorreu até meados da década de 70, da seguinte maneira: a) Existéncia de trés zonas nucleares, espagos privilegiados de concentra- gAo econdmica, social e demografica, tendo como pilares essenciais as relagdes de Portugal com o exterior: i) A zona nuclear estruturada pelo porto de Leixées (porto de exportagio fundamental, em especial para a zona industrial nortcnha) estendeu-se, a partir 164 R. Roque Amai da cidade do Porto (e das respectivas 4reas suburbanas), para nordeste, a Braga e, para sul, alé Aveiro, Baseava a sua especializagio industrial n indistrias dos téxteis, vestuario, calgado e cortiga (essencialmente viradas pa a exportago), sem esquccer a existéncia de alguns nicleos importantes « metalomecanicas (Aveiro e Porto) e da electronica (Braga) e 0 peso di servigos na cidade do Porto. Trata-se de uma zona densamente povoada, com uma populagio relativ mente jovem, onde as taxas de actividade sao elevadas e em que se verifica,un articulagao bastante fntima entre a industria ¢ a agricultura familiar. ii) A zona nuclear estruturada pelo porto de Lisboa (porto de importagi estratégico para produtos alimentares e energéticos e zona de servigos intern cionais), estendendo-se até Setibal (e respectivo porto) e, previsivelmen (segundo a logica que se descnhava na primeira metade da década de 70), a Sines. Corresponde, no essencial, & Area Metropolitana de Lisboa. Predon: navam as inddstrias pesadas (metalomecanicas, material de transporte e qu micas) da chamada "cintura industrial de Lisboa", para além das alimentare e, como ja se referiu, dos servigos sediados na cidade de Lisboa. Foi a zona que mais efcvadas taxas de crescimento demogrifico e « produto registou nos anos 60 e principios de 70, caracterizando-se ainda p fortes indices de assalariamento. ) A zona nuclear estruturada, primeiro pela estrada Lisboa-Algarve mais tarde, pelo acroporto de Faro, corresponde a zona turfstica do litor algarvio, tendo registado importantes aumentos populacionais c de investime to naquela actividade, sobretudo a partir de meados da década de 60. Nao assinalaram, contudo, indices de crescimento industrial dignos de regist apesar da existéncia de alguns nticlcos industriais antigos ligados ao mar (sal conservas de peixe), como € 0 caso de Olhao. b) Existéncia de uma zona de apoio as duas primeiras zonas nuclear referidas, situando-se no essencial entre elas, c abrangendo fundamentalmen aparte meridional dos distritos de Viana do Castelo e de Aveiro, a faixa litor do distrito de Coimbra, o distrito de Leiria, parte do distrito de Santarém e norte do distrito de Lisboa. Dotada de uma base industria! com algum peso (mas sem a importance das duas zonas nuclcares referidas), caracterizava-se sobretudo pela presen de indistrias cuja principal fungao, conforme referem os autores citados, & “embalar” os produtos produzidos pelas indastrias das zonas nucleares: paps cortiga, vidro, ceramica, cimento ("embalagem" de pessoas, nas habitagocs, dos processos produtivos, nas fabricas e outros edificios produtivos) e out minerais nao metilicos, para além da construgdo naval, em Viana do Castel Alguns dos niicleos industriais desta zona conservaram, mesmo durante dificil periodo da década de 60 (em que quase todas as regides, 4 excepgao d. Areas Mctropolitanas de Lisboa e do Porto, registaram decréscimos popul cionais), um certo dinamismo cconémico e demografico (como foi o caso « Marinha Grande e de Caldas da Rainha). Espacializagao e crescimento industrial 165 c) Finalmente, todas as outras regides de Portugal (incluindo as Regides Aut6nomas dos Acores e da Madcira), assumiam essencialmente uma funcdo de reserva, nao s6 em relagao as outras zonas ja referidas, mas também em relag4o ao exterior (e, em particular, aos paises europeus mais industrializa- dos), no que se rcfere a produtos da floresta, da agricultura ¢ do subsolo (minérios), a recursos hidricos e a forga de trabalho (este o factor mais intensamente mobilizado e utilizado durante a década de 60, até meados da de 70). Com algumas excepgées, esta tltima zona mostrava-se extremamente débil do ponto de vista industrial, registando, em geral, uma impressionante desvita- lizacdo (desertificagéo) humana, com acentuado ecnvclhecimento das suas estruturas demograficas e produtivas. Este “zonamento" da economia e da sociedade portuguesa, apresentando o mérito de evidenciar os grandes tragos € as principais tendéncias da espacia- lizagdo do crescimento industrial em Portugal até meados da década de 70, nao deixa de se revelar algo simplista, na medida em que, ficando pela consideragao dos grandes espagos (até porque a insuficiéncia, ou mesmo auséncia, de dados regionais relativamente detalhados e fidveis, constituiu, desde sempre, uma grave lacuna do sistema estatistico portugués), nao contempla a existéncia de “zonamentos" mais finos ¢/ou mais rigorosos e deixa de lado alguns dinamismos localizados (de excepgao, € certo), observados nomeadamente no interior das zonas de reserva (de natureza diferente ¢ uns mais pontuais do que outros, citem-se, a titulo de exemplos: Covilha, Evora, Portalegre, Campo Maior, Tramagal, Scia, Gouveia, etc. Por outro lado, aponta para uma légica demasiado industrialista, nao valorizando dinamismos originados noutros sectores de actividade econémica, como a agricultura (certas zonas dos distritos de Evora ¢ Portalegre ea lezirig ribatejana, nomeadamente) ¢ os servigos (caso de algumas capitais de distrito)>. 2 - Uma légica espacial funcionalista Esta logica de espacializagdo da sociedade portuguesa nao escapa as tendén- cias dominantes de ocupagao do espago do modelo "fordista" de funcionamento das economias®, Implantado, apés a 2? Guerra Mundial, em pleno periodo de expansao da era industrial, apresentava (entre outras caracteristicas que aqui néo sao rclevantes): - uma forte tendéncia para a concentragao e para a centralizagdo do capital, embora com ritmos e articulagdes diferentes entre esses dois processos; — a maximizagdo das economias de escala (com produgdes em série & unidades produtivas de grandes dimensdes) e das economias externas (tendendo a concentragao geografica da produgao e as grandes aglome- races populacionais ¢ produtivas); 166 R. Roque Amaro — acrescente intervengdo do Estado-Providéncia ao nivel macro-econ6- mico ¢ macro-social; — auniformizagao, sobretudo ao nivel do territério nacional, das normas de produgao e de consumo (perfis tecnolégicos, légicas de produtivida- de, “cabaz de compras’, escalcs de rendimento, regalias sociais, cte. — idem quanto aos modos de regulagdo (macro-econémica); — politicas econémicas de inspiragéo keynesiana (agindo sobre os grandes agregados nacionais ¢ os equilfbrios macro-econdmicos); - tentativa de definir a cocréncia dos sistemas produtivos a um nivel nacional; — um claro predominio de uma visio economicista da realidade e do desenvolvimento; -~- reforgo das hierarquias organizacionais ¢ territoriais (tendéncia para a centralizagdo, compativel com a delegagdo de algumas competéncias, sob controlo hierarquico); — defesa ¢ aprofundamento da diviséo técnica e social do trabalho e, portanto, da especializagdo funcional como factor de competitividade e vanlagem comparativa; Daqui decorria uma espacializagdo do “fordismo” que apresentava as seguintes principais caracteristicas’: — concentragao do crescimento econémico, das infraestruturas (transpor- tes, vias de comunicagao, satide, educagao e demais equipamentos sociais, culturais, ccondmicos ¢ politicos) ¢ das principais indistrias e servigos em certos pdlos e€ regides privilegiadas; — marginalizagao das outras regides, em termos demograficos, econdmi- cos, sociais, culturais ¢ politicos; - defesa das teorias do desenvolvimento polarizado ¢ descquilibrado, arrastando as regides mais atrasadas, num processo de suposta unifor- mizagao das condigdes de modernizagao e€ crescimento econdmico; — submissdo dos objectivos de desenvolvimento regional e de redugao das assimetrias espaciais as grandes metas macro-econdémicas e ao cresci- mento econdmico global; — sobrevalorizagao das relagdes (econdémicas) externas e dos equilfbrios com 0 exterior (representados pela importancia assumida pela “Balanca de pagamentos"), em detrimento das rclagdes (de todo 0 tipo) internas (inter e intra-regionais) e das respectivas articulagdes (sem qualquer atengdo as “Balangas inter-regionais"); — exogeneizag’o do crescimento econdmico (quase exclusivamente ava- Jiado em termos dos éxitos ou fracassos da especializagao internacional edas comparagoes entre paises), parando a sua endogencizagao no nivel nacional; — afirmagdo dos interesses nacionais acima de quaisquer interesses regio- nais; Espacializagao e crescimento industrial 167 — abordagem das questées regionais a partir de uma "visdo nacional" ¢ numa 6ptica de desconcentragao dos interesses ¢ das estruturas das grandes organizagGes (Estado central, empresas transnacionais, gran- des empresas, centrais patronais e sindicais, etc.); — concentragées urbanas (as grandes metrépoles), com as respectivas periferias suburbanas ¢ rurais; — divisao territorial do trabalho especializagGes territoriais de tipo fun- cional, seguindo de perto as légicas de cspecializagao ja referidas e traduzindo-se, portanto, em hierarquias regionais bem delimitadas; Este tipo de espacializagdo do “fordismo’, caracteriza-se assim por uma visio centralizadora do desenvolvimento, impulsionado “a partir de cima" ¢ (supostamente) propagado "para baixo", numa perspectiva funcionalista, sendo, por isso, designado como integrando o paradigma funcionalista do desenvolvi- mento, fundamentado pelos modelos de inspiragao classica ¢ neo-classica da ciéncia econémica (cf. Friedmann e Weaver, 1979 c Pecqueur, 1987). 3-A crise do "fordismo" e a emergéncia de novas l6gicas espaciais A crise do “fordismo" ¢ as suas incidéncias ao nivel das estruturas industriai da organizagao do trabalho e dos processos de trabalho, da mobilizagdo ¢ da gestao da forga de trabalho, das formas de intervengdo do Estado, dos meca- nismos de regulagao, das normas de produgéo e de consumo, das formas tecnolégicas, etc.® vem por em causa, de uma forma muito profunda, todo aquele funcionamento. Entre as mudangas que mais influéncia tiveram nas ldgicas de espacializa- cdo da economia assinalam-se: — crise financeira c ideolégica do Estado-Providéncia, contribuindo para acrise do préprio Estado-Nagao; — faléncia dos mecanismos de regulagéo macro-cconémica ¢ nacional ¢ incentivo 4s formas de regulagao diferenciadas de base local; — crise do paradigma técnico-ccon6mico com o desenvolvimento de novas tecnologias mais flexiveis c de menor dimensdo (centradas na micro ¢ na optoelectrénica, na informatica ¢ nas biotecnologias); — inadequagao crescente dos modelos organizacionais tradicionais de tipo rigido ¢ hicrarquizado, surgindo a necessidade de organizagées mais flexiveis ¢ compreendendo diferentes niveis de autonomia (equipas aulOnomas ¢ semi-autonomas, por exemplo); — abandono dos princfpios tayloristas de organizagao dos processos de trabalho, por inadaptagao as novas necessidades produtivas e organiza- tivas, mais bascadas na polivaléncia, na Mexibilidadc e na integragdo; — dificuldades acrescidas para as grandes empresas (¢ demais organiz: des de grande dimenso), as quais, baseadas na rigidez, nas hierarquias ¢ na burocracia, sc mostravam incapazes de responder aos novos desa- 168 R. Roque Amaro. fios e oportunidades e & necessidade continua de flexibilidade e inova- do; ~ em contrapartida, cmergem as P.M.E.s e as pcquenas e médias organi- zagGes como mais habilitadas a responder aqueles requisitos, se inves! das de novos dinamismos c capacidades de inovagéo, nomeadamente com a ajuda das novas tecnologias (mais apropriadas a esse tipo de organizaces); - desvalorizagéo das economias de escala € externas, como critérios eco- nomicos fundamentais e “descobcrta" das vantagens das economias das pequenas séries e da desccntralizagdo e/ou segmentagao dos processos produtivos; ~ desagregacao da relacae salarial "fordista’, com crescente flexibilizagao e¢ (também) precarizagdo das condigdes de trabalho; = grandes dificuldades de recstruturagdo das indlstrias motrizes do for- dismo (sidcrurgia, quimicas ¢ algumas metalo-mecdnicas), surgindo novas indtstrias ligadas 4s novas tecnologias j4 referidas (microelectré- nica, optoelcctrénica, informatica, etc,) ¢ revitalizando-se, gragas, em parte, a essas novas tecnologias, algumas das indistrias mais tradicionais (casos dos téxtcis ¢ das confecgbes nalguns paises e cm certos segmen- tos — aceleragao extraordindria dos ritmos de informagdo ¢ comunicagao ¢ revolugao nas suas formas tendo como principais consequéncias a mu- danga da “sociedade da matéria” (das indtstrias) para a "sociedade da informagdo" (clectrénica, genética, etc.) e a redugdo do tempo e do espaco de comunicagao a dimensées préximas do zero. Todas cstas (e outras) transformacoes vao traduzir-se, em termos espaciais, numa crise da base territorial nacional ¢ na emergéncia de novas territorialida- des” De facto, enquanto que o Estado-Nagdo tende a perder cocréncia ¢ autonomia aos diferentes niveis econdmico, cultural, social, ideoldgico, politico ¢ comunicativo (no culminar de um processo que se iniciou praticamente no momento da sua criagdo, como suporte territorial do capitalismo safdo das revolugées burguesas de ha cerca de 200 anos atras, ¢ que esta relacionado com as necessidades de expansae do proprio capitalism), emergem e/ou ressurgem trés outras légicas territoriais: a transnacionalidade, como resultado da transnacionalizagao da produ- go, do capital, da cultura, da informagao, dos meios de comunicagio e da forga de trabalho, tendo como principais agentes as ETNs (empresas transnacionais), 4s agéncias noticiosas c os "mass media” transnacionais e os (¢)imigrantes (portadores, muitas vezcs passivos, desse processo); — a supranacionalidade, como projccto de alargamento (por "adigdo" de nag6es) das bases territoriais econdmicas, sociais, culturais, ideoldgicas, politicas e institucionais (0 processo mais adiantado ¢ 0 das Comunida- des Europcias, a tenderem para uma Unido Politica, mas ha outros), Espacializagao e crescimento industrial 169 num percurso paralclo ao que Icvou a criagéo dos Estados-nagécs na Europa, nos dois séculos anteriorcs, por "adigdo" de (¢ contra) princi- pados e condados; — ainfranacionalidade, por razSes que veremos a seguir, ressurgindo nas brechas do “fordismo" c procurando afirmar as suas diferengas ¢ identi- dades regionais e locais e as correspondentes bases organizativas, cul- turais, sociais e econédmicas Esta "animagao" e diversificacdo territorial, que levou 4 "descoberta" do espaco-territ6rio (cf. Pecqueur, 1987), tornou mais complexos (mas também mais ricos ¢ intcressantes) os processos de cspacializacao da aclividade humana (c, portanto, também das actividades econdmicas), cujas localizagées passaram a jogar cm varios tabulciros e em diversas articulagées territoriais. E por isso que as quatro territorialidades assinaladas (a nacional, a trans- nacional, a supranacional ¢ a infranacional) nao estao desligadas umas das outras ¢ v4o, no futuro, construir e reconstruir "puzzles" com diversas formas!” No que se refere &(s) base(s) infranacional(is), 0 scu reforgo nos ditimos tempos radica em factores como os seguintes!!: — crise do Estado-Providéncia, incapaz de responder aos problemas eco- némicos ¢ sociais resultantes da crise econdmica mais geral (desempre- go, inflagdo, redugdo do poder de compra, inseguranga € precarizagéo do emprego, dificuldades na obtengao de créditos, diminuigaéo dos investimentos pablicos em infraestruturas, ctc.), 0 que levou os actores locais a procurarem responder por si ds suas préprias dificuldades; - crise do modclo "fordista" de desenvolvimento, permitindo o apareci- mento na cena principal de novos actores como as PMEs, as pequena organizagGes deseentralizadas, as autarquias locais, as associagées, etc. e de novos espacos econdmicos, sociais, culturais, politicos e de comu- nicagdo, libertos das hierarquias e controlos uniformizadores e centra- lizadores do "ediffcio fordista", no que tiveram como “aliadas” as novas tecnologias; — procura, por parte das grandes empresas (nomeadamente ETNs), de mecanismos de regulagao ¢ de reprodugao difcrenciados de base local, como resposta as dificuldades crescentes de acumulagao do capital, a baixa das taxas de lucro, ao "bloqueio" do "“circulo virtuoso" anterior baseado no aumento constante da produtividade, dos salarios e dos lucros ¢ a rigidez da norma salarial, traduzindo-se aquela procura no aprofundamento da segmentagao transnacional e transregional dos pro- cessos produtivos; — busca das identidades perdidas ou de rafzes de seguranga (afectiva c nao s6), abaladas pelas pressGes "nacionalistas” e pelas aculturagdes transnacionais ¢ transregionais dos percursos migratérios ¢ dos canais de comunicagio e informagdo mundiais (entre outros). 170 R, Roque Amaro De uma outra mancira, podemos dizer que este processo de emergén- clalrescyreimento de légicas territoriais infra-nacionais (regionais e locais) resulta’: a) a um lado, como efeito directo da transnacionalizagdo (na busca de mecanismos de regulagdo e de reprodugao diferenciados), b) mas também como um subproduto da trans e da supranacionalizagdo, na medida em que (também) surge como resposta e defesa em face das acultura- goes e da inseguranca que aqueles proccssos provocam, c) e ainda como reaccdo 4 violéncia ¢ ao controlo nacionais (inerentes a definigdo de "Patria"), que (afinal) nao (inham apagado as dindmicas ¢ aspira- goes de Ambito regional ¢ local, d) e, finaimente, como descoberta e assungdo dos valores préprios e das capacidades endégenas das comunidades locais e regionais, num momento em que se valoriza a Diferenga. E neste contexto (destas quatro territorialidades ¢ da crise do "fordismo" e do modelo centralizador) que passou a ser possivel "experimentar" c/ou observar processos de Desenvolvimento descentralizado, portanto, desenca- deados a partir de baixo, assentando nas capacidades endégenase confrontando (com algum éxito, pelo menos aparente) as logicas centralizadoras e uniformi- zadoras predominantes até ai ¢ os respectivos agentes. Surge entdo a designacdo de paradigma territorialista,’> opondo-se a de paradigma funcionalista (ja caracterizado atras - cf. também quadro compara- tivo, em anexo), pondo em relevo as novas dimensées territoriais do Desenvol- vimento ¢ aideia de territorios diversificados, como contraponto a de Territ6rio, definido pelo Estado-Nagao. As caracterfsticas mais relevantes desse paradigma estao sumariadas no quadro em anexo, dispensando-nos de aqui as pormenorizar e limitando-nos a recordar que assenta: — numa visio integrada (¢ nao meramente economicista) ¢ diferenciada (e nao uniforme) do Desenvolvimento; — numa importancia vital das comunidades locais, das suas necessidades e capacidades para a definigdo do Desenvolvimento; ~ na valorizagao das identidades regionais ¢ locais; — no estabelecimento de redes de solidariedade e de comunicagio, for- mais informais, econdmicas, culturais, sociais, politicas e institucionais, entre comunidades, cntre regidcs, entre paises e, de forma cruzada, entre todas estas dimensées espaciais, numa perspectiva sistémica; — na descentralizagao e nao na desconcentragao; — na revitalizagéo da sociedade, ao democratizar o Desenvolvimento, abrindo completamente o Ieque dos seus empreendedores; — numa efcctiva defesa do ambiente; — em resumo, na realizagdo conjunta de quatro principios fundamentais: Participagao, Autonomia, Solidariedade e Diferenga Espacializagao e crescimento industrial 171 E no ambito deste quadro teérico (que mereceria uma anilise critica que aqui ndo podemos trabalhar) que se inscrevem algumas experiéncias de indus- urializagao que fogem aos modelos tradicionais, quer em termos de localizagdo (dispersando-se por areas até aqui marginalizadas), de organizagdo (com sis- temas organizacionais de menor dimensao, mais flexiveis ¢/ou estabelecidos em rede e com articulagdes externas), de prodtutos ou de tecnologias (recorrendo frequentemente as novas possibilidades tecnoldégicas de automagao, programa- ¢4o, controlo e informacdo), quer ainda em temos de mercado de trabalho (jogando com as caracteristicas diferenciadas dos mercados locais de trabalho e das relagdes ¢/ou “cumplicidades" patréo-trabalhadores) ou de mecanismos de regulacao (construindo uma teia de modos de regulagao local, mediados pelas especificidades locais - cf. Reis, 1987 e 1989). Estas novas légicas de industrializagaéo foram particularmente cestudadas em paises como a Itélia, a Franga ¢ a Espanha!?, merecendo por vezes a designagdo de processos de ‘industrializagao difusa" (cf. Pecqueur e Silva, 1989). Simultancamente, varios autores t¢m procurado analisar e avaliar as con- dig6es em que esses processos se podem considerar de Desenvolvimento Local e/ou contribuindo para a existéncia de Sistemas Produtivos Locais, 0 que significa passarem de meras implantag6es industriais de tipo pontual ¢ episé- dico para se converterem em dinamismos capazes de gerar sinergias de Desen- volvimento !°. Para Pecqueur e Silva (1989) isso s6 acontece quando tais processos dispuserem j4 de um “lastro historico" e de uma rede de relagGes estabelecidas que eles designam, respectivamente, por "duragdo critica’ c "densidade minima’, sem as quais aquclas sinergias nao sc verificam e as iniciativas referidas permanecem isoladas ¢ de efeitos limitados. Para além disso, estabelecem como critérios de Desenvolvimento, a verifi- cagao de trés capacidade: - deinovacao; = de reaccao & pressdo heterénoma, ou seja de gestéo das condicionantes externas, 0 que significa, no fundo, dispér de uma certa autonomia na definigdo dos objectivos ¢ dos caminhos de Desenvolvimento; ~ de regulagdo, com base nas solidariedades locais. Se também tivermos em conta, nesta, reflexdo, as pistas apresentadas por autores como Gilly (1987) ¢ Reis (1989)!”, pensamos que a questo do Desen- volvimento Local se deve colocar, tendo em conta as novas territorialidades e as diversas formas culturais, econdmicas, sociais, politicas, ctc. que aquele vem assumindo (e nao apenas as que decorrem da implantagao de indiistrias), a partir da andlise de cinco quest6es-chave: a) existéncia ou nao de uma culiura técnica local (cf. Reis, 1988) j4 implan- tada, no sentido dos saberes, dos processos tecnolégicos, das qualificages, de um potencial de investigagao e experimentagado, ete. susceptiveis de gerarem capacidades de inovacao (no sentido de Schumpeter) ¢ de ini 172 R, Roque Amaro b) aprofundamento ou debilidade de uma mairiz de relagdes econdémicas locais, estabelecida entre os agentes econdmicos locais e abrangendo as rela- gécs comerciais, financeiras ¢ técnico-econdémicas formais e informais, que poderao dar consisténcia a sinergias importantes ncstas areas ¢ favorecer 0 aparecimento de novas iniciativas; c) funcionamento de um mercado local de trabatho, com (algumas) regras proprias (distinguindo-se das de outros mercados), quer em termos das rela- gécs quantitalivas e qualitativas entre os fluxos de activos, jovens, domésticas, reformados, desempregados, inactivos (de facto) e migrantes, quer em termos das respectivas qualificagdes ¢ das politicas de cducagao ¢ formagao profissio- nal com elas relacionadas, quer ainda em termos da relagdo salarial praticada e de outros mecanismos de regulagao especificos do local; d) formas de que se reveste o poder local, quer ao nivel institucional e administrativo (6rgaos das autarquias locais, organismos desconcentrados do Estado central, nas diversas reas da satide, cducagio, seguranga social, agri- cultura, ctc.), quer ao nivel de podcres informais, no institucionalizados ou pouco habituais (associagdes, niclcos empresariais e sindicais, grupos de pressdo, cidadaos, etc.) ¢ respectivos processos de intervengio, controlo e relagio com o Desenvolvimento; e) funcionamento de zedes (formais e informais) de solidariedades locais de raizs6cio-cultural, permitindo suscitar capacidades de reacgao as condicionan~ tes externas e de regulagao dos conflitos internos. Torna-se, portanto, crucial estudar os processos de industrializagdo (¢ os relativos a outras actividades no somente econdmicas) novos ou velhos, os que partem do zero ou os que so de reestruturagdéo ou de reconversdo, os que se localizam nas zonas tradicionais ou os que surgem nas regides mais abandona- das, para avaliarmos correclamente os seus efcitos em termos mais integrados, numa base nacional e nas bases regionais ¢ locais respectivas. 4. Novas (e velhas) tendéncias na espacializagao da economia portuguesa (algumas pistas de reflexdo sobre a evolucao recente) No que se refer as tendéncias recentes (tltimos 10-15 anos) da espacializagao da economia portuguesa, sao de assinalar os seguinles aspectos 1B a) Continuagdo do processo de litoralizagdo da indtistria e da economia mantendo-se (¢ até nalguns casos aumentando) a concentragao demogralica, econémica ¢ politica nas regides do Litaral, embora com légicas diferenciadas: i) O Norte ¢ o Centro Litoral (distritos de Braga, Porto ¢ Aveiro), benefi- ciando de uma politica cambial e de promogao das exportagdes que foi parti- cularmente favoravel as suas especializagdes, revclou um dinamismo muito aprecidvel, nomeadamente nas zonas dos vales do Ave, Cavado e Sousa e no eixo Agueda - Porto ¢ nas sectores dos téxtcis, confecgdes, calgado, madeiras e mobilidrio ¢ cortiga (tudo sectores vocacionados para a exportagao), para além de outros com menos peso na regiao, mas nado menor dinamismo. Espacializagao ¢ crescimento industrial 173 Os indices de riqueza e de crescimento econémico elevaram-sc de forma muito considcravel em certos casos, consagrando atitudes e consumos de novo- -riquismo, que contrastam flagrantemente com as precarias condigdes de trabalho (incluindo o trabalho clandestino, o nao cumprimento de hordrios de trabalho, o trabalho infantil, 0 trabalho a domicilio, etc.) € os baixos salérios que sustentam muitos dos éxitos empresariais aqui detectados. Os sucessos econémicos obscrvados nem sempre s¢ traduziram, portanto, em melhorias nos padrGes de qualidade ¢ produtividade ¢ na adopgao de novas tecnologias e/ou novos processos produtivos, explorando ao maximo as vanta- gens comparativas decorrentes de uma m4o-de-obra barata € pouco reivindi- cativa. Por outro lado, as elevadas taxas de natalidade ¢ de mortalidade empresa- rial evidenciam bem a precaridade e as fragilidades do tecido empresarial desta regido, ao mesmo tempo que sao testemunho de uma elevada mobilidade social, base de cumplicidades e conivéncias que tornam possivel a reprodugdéo de certas condigées de trabalho. E evidente que as condigdes que permitiram ¢ rodearam o crescimento econdémico nesta zona nao sao compativeis com algumas das exigéncias e das novas condigdes decorrentes da construgio do Mercado Interno (a partir de 31 de Dezembro de 1992) c da adesao de Portugal ao Sistema Monetario Europeu, com as repercurssées resultantes das transformagées nos paises da Europa de Leste e com uma concorréncia acrescida de alguns dos Novos Paises Industrializados, nomeadamente no Sucste Asidtico. E possivel, alias, que muitas das indistrias de exportagdo sediadas nesta regido, sobretudo as que se afirmaram com base em condigdes tecnolégicas, organizacionais e sociais mais precarias, venham (se nao estao ja) asentir alguns problemas, cuja resolucao jé nao podera passar pelo trabalho clandestino, pelos saldrios baixos ou pela desvalorizagdo cambial (alias limitada num quadro de entrada de Portugal para o Sistema Monetdrio Europeu). SAo ja visiveis, de resto, alguns sinais de crise ¢ ruptura, traduzindo-se, por vezes, em situagoes dificeis de recstruturagdo € reconverséo, nomeadamente no sector dos téxteis. ii) Apostando também numa légica de exportag4o, embora em sectores rclativamente novos (calgado, mobiliario, moldes para a industria dos plasticos, plasticos, etc.) e/ou em segmentos do mercado interno em expansdo, varias zonas do Centro Litoral (inclufdas naquilo a que no primeiro ponto chamémos de "zona de apoio’) tém registado fortes dinamismos de crescimento industrial e demografico, afirmando-sc com um papel crescente na economia portuguesa. Sao de assinalar os "éxitos industriais” (nalguns casos em articulagdo com outras actividades, mas nem sempre ...) de Agueda, Marinha Grande (com um processo notavel de reconvers4o ¢ reestruturagdo industrial, apés a grave crise dos vidros do inicio da década de 80), Leiria, Pombal, Caldas da Rainha, Benedita-Alcobaga, Rio Maior, Alcanena, Minde-Mira d’Aire, Torres Novas, 174 R. Roque Amaro etc., Por vezes os custos humanos, sociais ¢ ambicntais tém sido bastante elevados ... Também aqui sc poderdo colocar € viver, a médio prazo (como, por exemplo, no sector e na zona do calgado) alguns dos problemas e situagdes referidas no ponto anterior, iii) Em contrapartida, a regiao da Grande Lisboa (Lisboa-Settibal-Sines) alravessou grandes dificuldades na 2* metade da década de 70/principios da de 80, decorrentes da sua especializacao industrial (demasiado baseada nas indiis- trias mais afectadas pelas crises do petrdleo e pela crise econdmica mais geral - siderurgia, quimicas, construciio e reparagao naval, metalo-mecanicas, cte. - e demasiado dependente de importagdes energéticas ¢ de bens de equipamen- to) e das circunstancias politicas que a cnvolveram (nomcadamente quanto ao facto de a maioria das grandes empresas da zona terem sido nacionalizadas ¢ .» votadas a um certo abandono). Foi por isso uma regido marcada (ao contrério do Centro e Norte Litoral) pelo desemprego e pela fome e¢ por demais dificuldades ¢ traumas associados a situagoes de crise acentuada. Actualmente atravessam-na varios projectos de reconversao e reestrutura- cdo industrial ¢ surgem novos projectos ¢ investimentos, cm particular na Peninsula de Setibal, sendo disso cxemplo notavel, no sentido positivo c negativo (de desordenamento), o concelho de Palmela e, em particular, a zona de Pinhal Novo. Esses projectos abrem novas perspectivas para a regido (nem sempre no sentido do Desenvolvimento), tendem, pelo menos, a inverter as légicas ante- riores de descmprego ¢ miséria, suscitam iniciativas ¢ fazcm surgir novos protagonismos provenientes do Estado Central, dos fundos comunitarios, dos empresarios, nicleos sindicais e associages locais, de empresas estrangciras, da Universidade e das autarquias locais. Estamos longe de ter uma visao clara do que se vai passar, sendo importante acompanhar e avaliar tais processos, a partir dos seus protagonistas, para minimizar os seus efcitos nefastos (de dependéncia, descaracterizacao, desor- denamento e desequilibrio ambiental) ¢ potenciar as suas energias de Desen- volvimento. b) Emergéncia e/ou ressurgimento de dinamismos industriais e econémicos importantes em zonas do Interior, em particular no Centro Interior, na chamada "zona de reserva", tirando proveito das possibilidades oferecidas pelos fundos comunit4rios e/ou pela criagdo de novas infraestruturas (nomeadamente rodo- vidrias, como é 0 caso dos IPs - Itinerarios principais ¢ ICs - Itinerdrios Complementares c € bem ilustrado nos exemplos de Castelo Branco, Viscu & estrada Viscu-Guarda) e/ou da atracgao de investimentos estrangeiros (Caste- lo Branco, Mangualde, etc.) c/ou do dinamismo das aularquias Jocais ¢ de agentes locais, como os retornados (Arganil, Vila Real, ete.} c/ou "ressuscitan- do" sectores tradicionais e dinamicas adormecidas (Castelo Branco, por excm- plo), etc., ete., Espacializacdo ¢ crescimento industrial 175 S40 exemplos, apresentando caracteristicas diferenciadas: Castelo Branco, Viseu, Mangualde, Nelas, Arganil, Vila Real, Ponte de S6r, Evora e Portalegre (mais limitadamente). Nao podemos ainda fazer uma avaliagdo correcta destas experiéncias, em termos das suas capacidades de gerar sinergias locais ¢ de mobilizar as poten- cialidades endégenas ou, pelo contrario, de acentuar dependéncias e hierar- quias funcionais (dentro do pais ¢ em reiagdo ao exterior) e em termos dos protagonismos que desencadciam e das redes de relagdes e de comunicagao que as sustentam, mas a sua existéncia permitiu, desde j4, abalar inércias e mundos adormecidos pela desertificagéo e envelhecimento demograficos e produtivos, $6 que nao basta ficar por af... c) Processos de dificil reconversdo e reestnuturagdo econdémica e social em zonas como Covilha, Settibal (nalguns aspectos e para alguns sectores), Trama- gal (embora haja evolugées recentes mais promissoras), Olhdo (idem) e Cas- tanheira de Péra (apés um certo éxito que parece agora ter regredido), para apenas dar alguns exemplos. Essas dificuldadcs tém-se traduzido cm custos elevados do ponto de vista individual e colectivo (despedimentos, desemprego, salarios em atraso, fome) € por vezes também ambiental e, na maioria dos casos mencionados, nao se afiguram de resolugao rapida. E possivel mesmo que algumas das indistrias af sediadas ou pelo menos que algumas unidades industriais venham a desaparccer (0 que, alids, ja aconteceu em quase todos aqueles casos), sendo substituidas por outras dind- micas econémicas provenientes de outros sectores (Universidade, servicos, turismo, outras indtistrias, etc.) d) Registe-se 0 caso do Alenicjo que, relativamente a estes processos todos, €a regido que, salvo poucas excepgocs, se revela mais inerte, mesmo em zonas onde a reestruturagdéo ou 0 surgimento de novas dinamicas no ambito das indistrias extractivas (casos de Aljustrel ¢ Neves-Corvo, respcctivamente) poderiam suscitar algum movimento industrial a clas associado, 0 que nao tem acontecido, por uma opgio de enclave (do ponto de vista da transformagao industrial dos scus minérios) assumida por aqueles complexos. ce) Sublinhe-se ainda a existéncia, sobretudo cm 4rcas rurais do Interior mais desvitalizadas, de pequenas iniciativas de Desenvolvimento que, nao se traduzindo por empreendimentos de grande vulto, nem tendo, a maioria das vezes, expressdo industrial, nao deixam de contribuir para a resolug’o de alguns problemas locais (como o desemprego, 0 apoio aos jovens e aos idosos, a reanimagao do artesanato ¢ de tradig6es culturais importantes, ctc.), revelan- do-se, portanto, capazes de suscitar energias, mobilizar recursos locais, mudar mentalidades, gerar iniciativas ¢ inovagdes de dmbito restrito, € certo, mas apontando claramente para verdadciros processos de mudanga e de Desenvol- vimento Local. Sao exemplos (a merecer estudo ¢ divulgacao) os casos de Castelo de Vide, Messejana (concelho de Aljustrel), Cachopo (Alcoutim) e Alte (Loulé), no 176 R. Roque Amaro Ambito do projecto Radial do Nordeste Algarvio (zonas serranas), Portcl, Sabrosa (distrito de Vila Real), Paredes de Coura, Montemuro (perto de Viseu), Carrazeda de Ansiaes, Samora Correia, Mértola, Viana do Alentejo, etc., etc., Apresentam, além do mais, 0 interesse e a curiosidade de revelarem protagonismos muito diferenciados e, nalguns casos, em acgdes conjuntas de cooperacao inter-instituig6cs e/ou inter- grupos: autarquias locais (Castelo de Vide, Porte], Sabrosa, Carrazeda de Ansides, Mértola, Viana do Alentejo), centro de satide (Paredes de Coura), servigos de cxtensdo educativa (Sabrosa, Carrazeda de Ansidcs ¢ Montemuro), escolas (Samora Carrcia centros de emprego (Messejana e Castelo de Vide), centros regionais de seguranga social (Nordeste Algarvio, Mértola, Samora Correia ¢ Messcjana), Universidade e Institutos Politécnicos (Sabrosa, Samora Corrcia ¢ Nordeste Algarvio), servi- Gos de satide e radio local (Samora Correia) e cidadaos, individuais ov em grupo, assumindo-se como agentes de Desenvolvimento Local (Messejana, Nordeste Algarvio, Castclo de Vide, Portel, Viana do Alentejo). f) Assinale-se, por fim, 0 surgimento de /dgicas de cooperagdo e de estabelecimento dé solidariedades transfronteiricas, entre zonas raianas de Por- tugal c Espanha, com resultados ainda limitados, mas que poderao abrir o caminho a novas territorialidades c dinamismos de Desenvolvimento Local em zonas ultra-periféricas dos dois paises. Sera, por isso, interessante acompanhar as experiéncias ja visiveis no Alto Minho (com a Galiza), em Trds-os-Montes, na Beira Interior ¢ no Nardeste Alentejano. Neste tltimo caso, trata-se do aproveitamento de um programa comunitario de apoio as zonas transfrontcirigas atrasadas (Programa Interreg), traduzindo-se numa estrat¢gia de cooperagao, para mobilizacgao e descnvolvi- mento dos recursos endogenos das dreas abrangidas, entre cinco municipios portugueses (Castelo de Vide, Crato, Marvao, Nisa e Portalegre) e seis espa- nhdis (Albuquerque, Alcantara, Alizada, Malpartida de Caceres, S. Vicente de Alcantara e Valéncia de Alcantara), com alguns passos j4 dados num projecto de valorizagdo econémica da castanha e em colaboragées plancadas entre escolas ¢ os centro regionais de seguranga social. Podemos, portanto, concluir que as tendéncias recentes de espacializagdo da economia poortuguesa foram condicionadas por factores como: = acrise cconémica mundial, a crise do “fordismo” ¢ a emergéncia de um novo paradigma técnico-econdmico; ~ aemergéncia de novas territorialidades (supranacionalidade, transna- cionalidade ¢ infranacionalidade, ao lado da base nacional anterior); ~ acrise politica, social e econémica subsequente ao 25 de Abril de 1974; ~ o regresso de emigrantes as suas terras de origem (sobretudo no Inte- ior) ¢ a vinda de centenas de milhares de "retornados" de Africa; — aentrada de Portugal para as Comunidades Europeias ¢ 0 desafio do Mercado Unico Europeu, disponibilizando fundos comunitarios para apoio a economia portuguesa ¢ a construgao de infraestruturas (sobre- Espacializagdo ¢ crescimento industrial 177 tudo no que se refere aos novos cixos rodoviarios), atraindo investimen- tos estrangciros ¢ abrindo a economia portuguesa a concorréncia exter- na; — ademocratizagao operada na sociedade portuguesa no pés- 25 de Abril, no 4mbito do poder local e de servigos como a satide, a educagao € a seguranga social, suscitando protagonismos locais, geradores de tendén- cias descentralizadoras. Com este pano de fundo as dinamicas econémicas ¢ sociais mais recentes traduziram-se por: = manutengao do predominio da légica de litoralizagao: — alargamento dessa litoralizagdo as regides do Centro Litoral, "ligando" as duas zonas nuclcares tradicionais; - uma certa difusdo de indastrias cm zonas de menor tradi inclusivé em zonas rurais do Interior; — persisténcia de algumas dificuldades em processos de reconversdo ¢ recstruturagdo industrial; - surgimento de algumas légicas de tipo territorialista, mas sem pOr ainda em causa 0 predominio da funcionalidade nas hierarquias regionais sectoriais da economia portuguesa; — surgimento de algumas l6gicas de tipo territorialista, mas sem pér ainda em causa 0 predominio da funcionalidade nas hierarquias regionais e sectoriais da economia portugucsa; - melhoria muito nitida das infraestruturas de suporte (nomeadamente rodovidrias) das actividades econdémicas; — diversificagdo e enriquecimento dos protagonismos locais dos processos de mudanga. - ensaio de algumas experiéncias de cooperagdo transfronteiriga que podem também contribuir para alterar o "puzzle" territorial em que se moveré no futuro a sociedade portuguesa. Registe-se, por fim, que alguns autores concluem pela existéncia de situa- gdcs susceptiveis de aplicagéo do conceito de Sistema Produtivo Local (ou equivalente) em casos como os do Médio Ave (Silva, 1988), Agueda (Reis, 1989) e Marinha Grande! ‘0 industrial, 1728 R. Roque Amaro Notas 1 N6s préprios procurdmos caracterizar essa evolugio em: Amaro, Rogério Roque (1980) Développement et industrialisation de l'économie pormugaise dans le contexte de la division internationale du travail (jusqu'en 1974), tese de doutoramento de 3° ciclo, Grenodie, (2 volumes). 2 Aste propésito cf. em particular: Rodrigues, E. Ferro et al. (1983), A especializagdo de Portugal em qucsiéo, Lisboa, Banco de Fomento Nacional, 3. Entre as excepg6es. assinalamos: Ferrao. Jodo (1985), Indtistria e valorizagdo do capital. -uma andlise geografica, dissertagao de doutoramento, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Idem , (1983) "Alguns aspectos regionais da evolugao recente da indvistria transforma- dora- uma andlise regional’, in "Perspectivas do desenvolvimento industrial portugues". Porto, Conferéncia da APEC: Ribciro, José Félix et al, (1985). "Especializagao internacional. regu- Iagao econémica e regulacéo social - Portugal, 1973-83". in Andlise Social, vol. XXI (87-88-89): Sceretaria de Estado do Planeamento (Ministério do Plano ¢ Coordenagao Beonémica) (1977), Plano 77-80, Lisboa, Imprensa Nacional, Abril de 1977, volume sobre "Potitica Regional" Para os dados que se segvem. ¢f.: Secretaria de Estado do Plancamento. (1977), op. cit. Para uma abordagem um pouco diferente da que foi aqui sumariada, utilizando outra proposta de "zonamento* que n4o contraria aquela mas "refina-a" de certo modo, ef., em particular. Ferro (1983 e 1985) 6 Para que se segue. cf., entre outros: Aydaiot. Ph. (ed.) (1984), "Crise et espace". Economica, Paris; Perrao, Jodo (1985). op. cit.; Friedmann, J. e Weaver, C. (1979). Temitory and Function: The Evolution of Regional Planning, B, Arnold Publication, Londres: Gilly. Jean-Pierre (1987), "Espacos produtivos locais, politicas de emprego € transformacdes da retacao salarial”. in Revista Critica de Ciencias Sociais, n° 22; Lipietz. Alain (1985),"Le national et le régional: quelle autonomie face a la crise capitaliste mondiale?", Cahicrs Cepremap, n° 8521, Paris; Pecqueur, Bernard (1987), Del espace fonetionnela Vespace-tewitoire, tese de" doctorat d'Etat", Grenoble: Pecqueur, B.¢ Silva, Mério Rui (1989), "Industrialisation diffuse et développement”,in Estudos de Economia, vol. IX. n® 4; Reis, José (1987), "Os espacos da industrializacao - notas sobre a regulacao macro-econémica € 0 nivel local”, in Revista Critica de Ciéncias Sociais, n° 22: Reis, José (1989), Os espacos da indtistria - aregulagdo econdmica ea mediagao local numa sociedade semiperiférica, dissertagao de doutoramento, F-E.U.C., Coimbra. 7 Para mais pormenores, ef. os autores jd referidos na nota (6) € ainda: Lajugic, Joseph et al. (1985), Espace régional et aménagement du territoire, Paris. Dalloz. Cf. também o quadro apresentado em anexo. 8 Cf, por exemplo, Lipietz (1985); Pecqueur e Silva (1989) ¢ ainda: Boyer, Robert (org,) et al. (1986). La flévibilité du wavail en Europe, Paris, Editions La Découverte: Leborgne, Daniéle € Lipietz. Alain (1987). New technologies, new modes of regulation: some spatial implications, Paris, Cepremap: Rodrigues, Maria Joao (1988), O sistema de cmprego en Portugal - crise ¢ mutagdes, Lisboa, Publicacdes D. Quixote. 9 Sobre o conceito de territério e a emergéncia de novas territorialidades. cf.: Amaro. Rogério Roque (1989), "Que espaco portugués no "espaco curopeu sem fronteiras"?".in Seara Nova, n° 24, Julho/Agosto: Amaro, Rogério Roque (1990), "O puzzle territorial dos anos 90 - uma territorialidade flexivel (¢ uma nova base para as relagdes entre nagdes € regides)”. in Mértice, n° 33, (II Série). Dezembro, Pecqueur (1987). 10 © que nos levou, em Amaro (1990) a falar de uma tervitorialidade flexivel e em articulacées torritoriais de tipo Lego (ou seja passiveis de varias construcées ¢ articulacoes).. 11 Seguimos aqui de perto a nossa reflexdo apresentada em Amaro (1990). 12 Cf. Amaro (1999), que continuamos a seguir, 13 Cf..em particular, Friedmann ¢ Weaver (1979), Lajugie et al. (1985). Peequeur (1987). Pec- queur ¢ Silva (1989) ¢ ainda: Stohr. Walter (1984), "La erise économique demande-t-clle de nouvelles stratégies de Développement Régional ? - vers un nouveau paradigme du Dévelop- pement Régional”, in Aydalot, ed. (1984). 14 Sintese da nossa responsabilidade. Ci: Amaro, Rogério Roque (1990), "Caminhos de Des-en- volvimento para a Beira Interior - 10 interrogages", comunicagdo apresentada as Terceiras ae Espacializacao ¢ crescimento industrial 179 da em Poder Local, Jornadas da Beira Interios. Covitha, 19, 20 € 21 de Outubro de 1990, pub n° 102, Marco de 1991 15 Cf, por exemplo: Courlet, Claude ¢ Pecqueur, Bernard (1987), “Industrialisation et action économique locale en Anjou et dans le Choletais", Notes et Documents, IREP/D, Grenoble; Courlet, Claude (1987), "Développement Territorial et Systémes Productifs Locaux en Italie’, Notes et Docunenis, REP/D, Grenoble; Economie et Humanisme (1986). "Nouveaux regards sur lindustrialisation". n? 289, Lyon, Maio-Junho: Fua. G.e Zacchia, C. (1983). Industrializza- zione senza Fratture, Ii Mulino, Bologna: Garofoli, G. (1983-a), "Sviluppo regionale e ristrut- turazione industriale: if modclo italiano degii anni'70", in Rassegna Economica, n° 6, Novembro-Dezembro: Garofoli. G. (ed.) (1983-b).L Industrializzazione Diffiesa in Lombardia, Milano,Franco Angeli: Vasquez Barquero. A. (1987). "Local Development and the Regional State in Spain”, in Papers of the Regional Science Association, vol. 61. 16 Alguns autores como Courlet, Garofoli ¢ Pecqueur vao um pouco mais longe nesta andlise, chegando a propor uma gradaciio com 3 nfveis de aprofundamento, que de mente, por "éreas produtivas", ‘sistemas produtivos locais" e “dveas- sistemas” (cf.op. cit.). Nao abordaremos aqui csta questo. 17 Cf.rambém: Reis. José (1988), “Territdrio e sistemas produtivos locais: uma reflexdo sobre as economias locais", in Revista Critica de Ciencias Sociais, n° 25/26. 18 Para além das nossas préprias reflexdes. foi-nos particularmente itil, neste ponto, consultat: Ferrdo, Jodo e Baptista. A. Mendes (1989), "Industrializagdo e desenvolvimento endégeno em Portugal; problemas e perspectivas", in Sociologia - Problemas ¢ Praticas, n° 7, Lisboa: Figueiredo. Carlos e Silva, José Anténio (1990), “Especializacao internacional ¢ especializacao regional - reflexdes sobre os unos 80", comunieacdo ao 7° Encontro da APDR, Aveiro, 10-12 de Maio: Gaspar. Jorge (coord.) et al. (1987), Pornigal- os prdximos 20anos, | Volume, "Ocupagio © organizacao do espaco - retrospectiva ¢ tendéncias", Fundagio Calouste Gulbenkian, Lisboa; Gaspar. Jorge (coord.) et al. (1988), Portugal - og proximos 20 anos, VI Volume, “Ocupacao € organizagio do espaco - uma prospectiva". Fundagéo Calouste Gulbenkian, Lisboa: Silva, Mario Rui (1988), /ndustrialisation et développement local - une imerprétation & partir di cas portugais, dissertacéo de doutoramento em Economia do Desenvolvimento. Grenoble, Novem- bro; Cf. também 0 texto de Nicolau, Isabel, incluido no relatério de pesquisa jé4 referido (Rodrigues et al. (1990). INICT). 19 CI. Silva, Rui Brites, Henriques, Maria Clementina ¢ Laranjeira, Suzete, “Entre os Vidros ¢ os Moldes: Marinha Grande, um Espaco de Industrializacéo". comunicagao ao 1° Encontro da AP.D.R., Aveiro, 10 a 12 de Maio. publicada (com alteracdes) como artigo neste namero da revista Sociologia - Problemas ¢ Praticas.

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