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1 Introdução
O grau de conhecimento que se tem sobre o comportamento de um sistema
estrutural é um fator determinante para a qualidade das soluções adotadas nos
projetos estruturais. Entretanto, em muitos casos das estruturas pré-moldadas, o
comportamento estrutural ainda não pode ser inteiramente determinado devido à
falta de conhecimento que se tem quanto ao comportamento das suas ligações.
De maneira geral, as ligações entre os elementos pré-moldados não se
comportam da forma usualmente considerada na análise estrutural, pois são
idealizadas de maneira a permitir ou impedir completamente os deslocamentos
relativos entre os elementos. De fato, em maior ou menor grau, as ligações entre
os elementos pré-moldados apresentam uma certa deformação quando
solicitadas. Como conseqüência, a distribuição dos esforços solicitantes na
estrutura pode se afastar, em maior ou menor grau, da obtida sem considerar
este efeito. Por esta razão, uma alternativa mais realista seria projetar as
estruturas pré-moldadas considerando o comportamento das ligações
deformáveis e sua influência no comportamento global da estrutura nas diversas
fases transitórias de montagem e na configuração final. A consideração das
ligações com este efeito também recebe na literatura técnica a denominação de
ligações semi-rígidas. O comportamento semi-rígido de uma ligação é
caracterizado pela sua curva característica momento-rotação, sendo que o
gradiente desta curva fornece a rigidez à flexão da ligação K φ .

O principal objetivo deste trabalho é o de mostrar o efeito da deformabilidade das


ligações viga-pilar e pilar-fundação na análise estrutural de pórticos planos de
concreto pré-moldado. Através das análises das estruturas com ligações semi-
rígidas busca-se verificar como variam os esforços, os deslocamentos e o
parâmetro de instabilidade γz da estrutura em função da variação da
deformabilidade das ligações. Para os exemplos apresentados utilizou-se um
programa para pórticos planos com nós semi-rígidos desenvolvido em
FERREIRA (1993), o qual utiliza o processo dos deslocamentos e considera a
deformabilidade das ligações por meio de correções na matriz de rigidez dos
elementos adjacentes a elas e de correções nos esforços de bloqueio. O fator de
restrição γ é um parâmetro de entrada do programa e relaciona a rigidez da
ligação com a rigidez da viga, variando entre 0 (articulação) e 1 (engaste). Em
vista dos recursos computacionais disponíveis, a determinação das
deformabilidades nas ligações constitui-se em uma questão chave para a
aplicação prática da análise das estruturas pré-moldadas.
Devido ao fato de que a maior parte das estruturas pré-moldadas serem
empregadas em edificações com poucos pavimentos tem-se a tendência de um
maior emprego das ligações articuladas. Entretanto, a influência das ligações
semi-rígidas é muito significante para o aumento do desempenho das estruturas
pré-moldadas, com exceção apenas do caso das traves simples utilizadas nos
galpões industriais de um pavimento (não incluindo aqui os galpões leves duas
águas). Na Figura 1 é apresentada a variação de deslocamentos horizontais no
topo de estruturas solicitadas por ações laterais, com modelos variando desde
uma trave até estruturas com dez pavimentos. Todos os modelos a partir de dois
pavimentos possuem três linhas de pilares. Conforme pode ser observado na

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Figura 1, os deslocamentos horizontais caem rapidamente em relação à situação


articulada para o intervalo γ < 0.14, o qual corresponde a valores inferiores a 20%
da situação engastada. De fato, este efeito é ainda mais sensível quando se
aumenta o número de pavimentos, principalmente a partir de três pavimentos,
causando reduções significativas nos deslocamentos laterais e nos momentos
nas bases dos pilares. Por esta razão, a utilização de ligações semi-rígidas nas
estruturas de múltiplos pavimentos promove economias relacionadas à redução
das dimensões dos elementos da estrutura, no caso de ligações articuladas, mas
também economias relacionadas à redução do custo para a realização de
ligações rígidas. Por outro lado, uma vez que comportamento global da estrutura
é tão afetado pelas ligações semi-rígidas é necessário quantificar o seu efeito
sobre o comportamento dos elementos por elas ligados. Desta forma, o projeto
estrutural não deve contemplar apenas a resistência das ligações, mas também
deve levar em conta a interação da rigidez das ligações com a rigidez dos
elementos. O desempenho das ligações resistentes à flexão depende da
resistência, da rigidez, da ductilidade, da construtibilidade e da durabilidade.

Ligações Ligações Semi -rígidas Ligações Semi -rígidas com Ligações Semi-rígidas Ligações
Articuladas com Baixa Resistência Média Resistência com Alta Resistência Rígidas
1.0
Trave A (Kv/Kp = 0.5)
Trave B (Kv/Kp = 1)
0.9 Ações Laterais Trave C (Kv/Kp = 2)
Trave D (Kv/Kp = 4)
2 andares + 3 pilares
0.8
3 andares x 3 pilares
3 andares x 4 pilares
Deslocamento Normalizado

0.7 3 andares + 5 pilares


4 andares + 3 pilares
10 andares + 3 pilares
0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0
Fator de Restrição γ

Figura 1 – Deslocamentos no topo em função do fator de restrição e do número de pavimentos

Na Figura 2 é apresentada a ligação viga-pilar resistente à flexão escolhida para


o exemplo de aplicação. Nesta ligação a transmissão do momento fletor negativo
é conseguida pela armadura de continuidade longitudinal que passa dentro do
pilar com preenchimento de concreto no local. A transmissão do momento fletor
positivo é conseguido por meio do mecanismo de resistência ao cisalhamento de
um chumbador vertical deixado no consolo para encaixe com a extremidade da
viga. Em seu trabalho de doutorado recém concluído, MIOTTO (2003) observa
que além do fato desta ligação apresentar um grande potencial de desempenho
para a composição de pórticos com nós semi-rígidos, ao mesmo tempo não são
necessárias mudanças significativas no trabalho de campo e nem mesmo na

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fábrica. Ligações com tipologias semelhantes, que utilizam armadura de


continuidade com concreto de preenchimento, foram ensaiadas em FERREIRA
et al. (2002), onde é apresentado um procedimento analítico para que trata a
ligação viga-pilar como uma região e pode ser utilizado para estimar o
comportamento semi-rígido desta tipologia de ligação. É importante ressaltar que
a solidarização entre as vigas e os pilares, mesmo que por meio de concreto de
preenchimento, não garante necessariamente a continuidade estrutural, ou seja,
não garante que ocorra a transferência integral dos esforços. Desde que ocorram
deformações localizadas dentro da região da ligação quando esta for solicitada,
então haverá uma descontinuidade da curvatura na extremidade da viga com
uma redução pronunciada da rigidez naquele trecho.

Figura 2 – Tipologia para ligação viga-pilar resistente à flexão

A utilização de modelos analíticos para a determinação da deformabilidade em


ligações, desde que corroborados e ajustados por resultados experimentais, é de
grande interesse para a aplicação nos procedimentos de projeto das ligações,
uma vez que possibilita ao projetista as condições de avaliar a rigidez da ligação
em função dos parâmetros dos componentes internos da ligação.
Os mecanismos de deformação para serem considerados nesta ligação são:
• O mecanismo de deformação por cisalhamento do chumbador vertical no
apoio é um mecanismo importante para ser considerado na situação de
montagem, quando se faz o preenchimento com graute nos nichos dos
chumbadores para promover o travamento da estrutura em esqueleto. Este
mecanismo também compõe o mecanismo resistente aos momentos fletores
negativos. Assim, a rigidez ao momento fletor negativo também depende da
rigidez ao cisalhamento do chumbador na interface de apoio da viga.
a) O mecanismo de deformação por flexão negativa está associado ao

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alongamento da armadura de continuidade na região da ligação, mas também


está associado ao efeito da descontinuidade da curvatura na extremidade da
viga, onde ocorre uma redução pronunciada da rigidez. Estes efeitos são
decorrentes das deformações localizadas na extremidade da viga que são
causadas, por exemplo, pela ação de alavanca da extremidade da viga sobre
o centro de rotação que fica na extremidade do consolo.
b) O mecanismo de deformação por flexão positiva está associado basicamente
à força de cisalhamento no chumbador, a qual compõe o binário resistente na
seção transversal.
A seguir são apresentados os modelos analíticos que foram utilizados neste
trabalho para a consideração das deformabilidades ao cisalhamento e ao
momento fletor para a ligação.

2. Formulação Teórica

2.1. Resistência e rigidez de chumbadores solicitados por cisalhamento


O mecanismo de deformação por ao cisalhamento em chumbadores inseridos
em elementos de concreto está representado na Figura 3. A presença da
almofada de apoio na interface da ligação (seja um elastômero ou uma
argamassa) proporciona uma altura livre entre os elementos de concreto,
fazendo com que haja uma excentricidade entre as forças de cisalhamento
horizontais nos elementos. Desta forma, têm-se solicitações combinadas de
cortante e flexão no chumbador. Este fenômeno depende da relação existente
entre o diâmetro do chumbador e da espessura da almofada na interface.

Figura 3 – Deformabilidade ao cisalhamento de chumbadores

Segundo ENGSTRON (1992), a resistência ao cisalhamento do chumbador no


início da plastificação na ligação pode ser obtida pela expressão:

Fvy = C1 ⋅ φb
2
fc fyb (1)

Esta é uma expressão aproximada que pode ser utilizada para chumbadores
com diâmetros entre 16 e 25 mm e para resistências do concreto entre 10 e 45
MPa. Para fc entre 35 e 40 MPa pode-se adotar C 1 = 1,25.
O mecanismo de deformação ao cisalhamento em chumbadores inseridos em
elementos de concreto foi estudado FERREIRA (1999), onde foi realizado um

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estudo teórico-experimental a partir do qual foram propostos desenvolvimentos


analíticos para a determinação da deformabilidade ao cisalhamento. Com base
nestes estudos, a rigidez secante ao cisalhamento da barra do chumbador pode
ser obtida pela seguinte expressão:
3 π Es φb
4

K τ, sec = (2)
16 (h a + 2 φ b )3

Onde ha é a espessura da almofada de apoio; Es é o módulo de elasticidade do


aço; φ b é o diâmetro da barra do chumbador;

2.2. Resistência e rigidez secante à flexão negativa da ligação viga-pilar


Ao se projetar ligações onde o esforço predominante é o momento fletor, esse
parâmetro é descrito pela curva momento-rotação. Na Figura 4 é apresentada
uma representação do diagrama momento-rotação de projeto de uma ligação
semi-rígida no ELU. A rigidez secante K φs = MCR φ c é aqui apresentada como
uma aproximação para a consideração da não-linearidade física da relação
momento-rotação. A rotação φ c é definida pela rotação relativa viga-pilar, a qual
deve ser medida no centro de rotação da região da ligação. Sendo MRC o
momento resistente da ligação no limite de escoamento da armadura tracionada
e φ c é a rotação devida ao momento MRC , desde que M < MRC , então a rigidez
secante será a mínima rigidez possível no projeto para a ligação. Com base
nestas considerações, FERREIRA et al. (2002) propôs que a rigidez secante à
flexão negativa, para ligações com armadura de continuidade, pode ser obtida
pela expressão:
−1
M  le lp 
K φs = RC =  +  (3)
φc  0 .9 E s A s d
2
E csIII 

Sendo:
MRC = 0.9 ⋅ A s f y kd (4)

 1 fy k M fy k
φc =   ⋅ lp + ⋅ l e = RC ⋅ l p + ⋅le (5)
 r II E sd E csIII Es d

Onde le é o comprimento de embutimento das barras dentro do pilar; lp é o


comprimento da região da ligação; d é a altura efetiva na extremidade da viga; fy
é a tensão de escoamento das barras de continuidade; Es é o módulo de
elasticidade do aço; Ecs é o módulo secante do concreto (E cs = 0.85 ⋅ E ci ); III é o
momento de inércia da seção homogeneizada fissurada no Estádio II.
Dentro deste modelo teórico, a ligação viga-pilar é considerada como uma região
de distúrbio (assim chamada “zona D”), onde ocorrem concentrações de tensões
e de deformações. Em função da rigidez da ligação, a qual depende de uma
série de fatores relacionados aos mecanismos internos de deformação, a ligação
é capaz de mobilizar os esforços decorrentes dos elementos. A região da ligação
é definida como uma região na extremidade da viga de comprimento lp, onde se

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tem uma rigidez reduzida e onde a curvatura é descontínua e pode ser


considerada constante para este trecho. O comprimento lp depende da altura da
viga, da posição do centro de rotação na ligação e do caminho das forças
internas na extremidade da viga. Para ligações típicas o comprimento lp pode ser
obtido pelo comprimento do consolo somado a altura útil na extremidade da viga
da viga sobre o apoio. A consideração do comprimento de embutimento le difere
para pilares com ligação em apenas um lado e para pilares com ligações nos
dois lados. Devido a este fator, em geral ligações viga-pilar centrais tendem a ser
mais rígidas do que ligações viga-pilar de canto. Por outro lado, ligações centrais
com momentos negativos em ambos os lados conduzem a uma rigidez maior do
que ligações centrais com momentos reversos (negativo de um lado e positivo do
outro) causados por ações laterais na estrutura.

Mu
Kφ,ini
My = MRC

Mr
Kφ,sec

φr φy = φc φ φ
u

Figura 4 – Rigidez secante para a curva momento-rotação

2.3. Roteiro para a Consideração Simultânea da Resistência e da Rigidez


a) Estimar A s,E e A s,V
b) Obter os momentos de projeto para o vão Md,V e para a extremidade Md,E
c) Obter a rigidez secante á flexão na extremidade do elemento de viga
d) Obter o fator de restrição γ
−1
 3 (EI)sec 
γ = 1 +  (6)
 K φs L 

Onde: (EI ) sec = 0.4 E ciI c

e) Obter os momentos corrigidos nas extremidades e no vão:

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 3γ 
ME, cor =   ⋅ M E ≤ M d,E (7)
2 + γ
 3 - 1.5 γ 
M V, cor =   ⋅ ME ≤ M d, V (8)
 2+γ 
Alternativamente, o cálculo pode prosseguir para os seguintes passos:
f) A partir dos momentos corrigidos na extremidade e no vão, obter o momento
de inércia equivalente na viga.
I eq,viga = 0.3 ⋅ I eq,E + 0 .7 ⋅ I eq, V (9)

Onde:
 Mr ,E 
3
  M 
3

I eq,E =   ⋅ I c ,E + 1 −  r,E

  ⋅ III,E
 M E,cor    M E,cor 
 
 

 Mr , V 
3
  M 
3

I eq, V =   ⋅ Ic , V + 1 −  r , V

  ⋅ III, V
 M V, cor    M V, cor 
 
 
g) Obter novos valores para o fator de restrição γ e para os momentos corrigidos
na extremidade e no vão.
−1
 3 EciI eq,viga 
γ ef = 1 +  (10)
 K φs L 

 3 γ ef 
ME,cor ,ef =   ⋅ M E ≤ M d,E (11)
 2 + γ ef 

 3 - 1.5 γ ef 
M V,cor ,ef =   ⋅ ME ≤ M d,V (12)
 2 + γ ef 

2.4. Resistência e rigidez secante à flexão positiva da ligação viga-pilar


O momento positivo na ligação relativo à força Fvy , assumindo a aproximação
z = 0.87 d , pode ser obtido pela expressão aproximada My ,pos = Fv yz = Fv y 0.87 d .
Assim, a rigidez secante relativa ao momento fletor positivo na ligação pode ser
derivada diretamente da expressão para a deformabilidade ao cisalhamento da
barra do chumbador, resultando na seguinte expressão:

K φ,sec = 0 .75 d 2 ⋅ K τ,sec (13)

0 .45 E s d 2 φb
4

K φ,sec = (14)
(h a + 2 φ b ) 3

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2.5. Aproximação da Não-linearidade Física para a Estrutura Pré-Moldada


Na Tabela 1 são sugeridos fatores de redução para a rigidez dos pilares e das
vigas para a consideração aproximada da não-linearidade física para estruturas
pré-moldadas.

Tabela 1 – Fatores de redução da rigidez dos elementos.


Ligação viga-pilar Rigidez dos Elementos Estruturais

Tipo Fator de restrição Viga Pilar

(EI) sec = 0 .4 E ciIc (1)

Articulada 0 ≤ γ ≤ 0.14 (EI) sec = (1.0 ) E ciIc


(2)
(EI) sec = 0 .5 E ciIc

Semi-rígida 0 .14 ≤ γ ≤ 0 .67 (EI) sec = 0 .4 E ciIc (EI) sec = 0 .7 E ciIc

Semi-rígida & Rígida 0 .67 ≤ γ ≤ 1 .0 (EI) sec = 0 .4 E ciIc (EI) sec = 0 .8 E ciIc

(1) Valor recomendado em EL DEBS (2000), de acordo com o PCI DESIGN HANDBOOK (1992), para pilares que atuam
como hastes engastadas na base.
(2) Alternativamente, dentro da hipótese do pilar atuar como uma viga em balanço, a NBR-6118 (2001) recomenda o
valor ( EI) sec = 0.5 E ciIc para vigas com A's = As.

Para o caso das estruturas monolíticas a NB1 (2001) recomenda um fator de


redução de 40% para as vigas e de 80% para os pilares. De acordo com um
sistema de classificação para ligações semi-rígidas, proposto em FERREIRA et.
al. (2002), as estruturas pré-moldadas apresentam um comportamento que se
aproxima mais da articulação ou do comportamento de pórtico com nós rígidos
em função do fator de restrição. É sabido que as estruturas com múltiplos
pavimentos submetidas à ações laterais, para o caso de γ ≥ 0.67 , se aproximam
da solução com nós rígidos. Desta forma, sugere-se que seja adotado um fator
de redução de 80 % para os pilares quando γ ≥ 0.67 . Para o caso das estruturas
pré-moldadas com ligações articuladas, com γ ≤ 0.14 , onde os pilares se
comportam como hastes engastadas na base, o PCI Design Handbook (1992)
recomenda um fator de redução de 40% para os pilares, sendo este também o
valor indicado em EL DEBS (2000). Por outro lado, a NB1 (2001) recomenda um
fator de redução de 50% para vigas com armaduras simétricas, o que aplicaria
ao caso dos pilares atuando como hastes em balanço. Nos exemplos numéricos
aqui apresentados adotou-se um fator de redução de 50% para os pilares nas
estruturas com ligações articuladas. Para o caso de estruturas com ligações
semi-rígidas, com fatores de restrição entre 0 .14 ≤ γ ≤ 0 . 67 , foi adotado um fator
de redução intermediário de 70% para os pilares, mantendo-se a redução de 40
% para as vigas.

2.5. Consideração da deformabilidade à flexão na ligação pilar-fundação


Na Figura 5 é apresentado um esquema de molas que representa o mecanismo
de deformação por flexão para uma fundação com bloco sobre estacas, onde
este mecanismo depende diretamente da deformação por compressão axial nas
estacas com resistência na ponta.

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M
N

e
Figura 5 – Deformabilidade axial nas estacas de ponta

Com base neste modelo simplificado da Figura 5, o qual foi apresentada por
FERREIRA (1993), a rigidez à flexão na ligação pilar-fundação pode ser
estimada pela expressão:
Ae E c e 2
Kf = (15)
2Le

Desta forma, o fator de restrição para a base do pilar é dado por:


−1
 3 × (EI) sec,pilar 
γ pilar = 1 +  (16)
 K f × Le 

3 Exemplo numérico de estrutura com ligações semi-rígidas


Com o intuito de estimar o efeito da deformabilidade da ligação em estudo no
comportamento das estruturas pré-moldadas com múltiplos pavimentos, foram
realizadas simulações de uma estrutura típica com ligações articuladas, rígidas e
semi-rígidas. Na Figura 6 está representada uma estrutura com 1 + 3 pavimentos
e 3 intereixos, a qual serviu de referência para as dimensões dos elementos
estruturais no presente estudo. Na Tabela 2 encontram-se as dimensões das
seções transversais e as propriedades dos materiais dos elementos da estrutura
de referência.
Nas Figuras 6 e 7 estão indicadas as ações atuantes na estrutura. Para o
exemplo numérico no presente trabalho, considera-se que os carregamentos são
aplicados em duas fases distintas em função das situações transitórias das
ligações durante a montagem. Na etapa 1, que é anterior a solidarização da
ligação, a ligação viga-pilar se comporta como uma rótula. Neste momento,
devido à seqüência de montagem, considera-se toda a carga de peso próprio. Na
Etapa 2, após a solidarização da ligação viga-pilar, considera-se o efeito da
ligação semi-rígida para a sobrecarga e para as ações laterais. No caso da
verificação das ligações viga-pilar negativas mais solicitadas considerou-se estas
duas etapas para a combinação de ações CB-A, conforme ilustrada na Figura 7,
com os seguintes fatores de combinação: F d = 1.4· F(g+q)k + 1.2· Fwk. Já no caso da
verificação das ligações positivas mais solicitadas, considerou-se que na Etapa 2

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só estão atuando as ações de vento. Neste caso adotou-se a combinação CB-B


com os seguintes fatores de combinação F d = · Fpp,k + 1.2· Fw k.

Tabela 2 – Propriedades dos materiais e geométricas dos elementos


Elemento Seção Área Ic fck Eci Ecs
transversal (m 2) (m 4) (MPa) (GPa) (GPa)
(cm 2)
Pilares 50x50 0,25 0,0016 40 35 30
Vigas 30x60 0,18 0,0054 40 35 30

A obtenção da rigidez à flexão das ligações é um pré-requisito para se iniciar a


análise das estruturas com nós semi-rígidos. As formulações teóricas para a
determinação dos parâmetros que definem o comportamento semi-rígido para a
ligação estudada estão apresentadas no item 2. Para o cálculo da rigidez
secante negativa, considerou-se um comprimento da ligação le de 55 cm (sendo
19 cm do comprimento útil sobre o consolo e 36 cm relativo a uma altura média
de z = 0.87d no apoio). Para o comprimento le foi considerada metade do trecho
embutido no pilar, dado por 25 cm. Utilizando o roteiro fornecido em 2.3,
elaborou-se a Tabela 3, onde estão apresentados os parâmetros relativos à
rigidez negativa. Com base, nestes parâmetros, no pré-dimensionamento, para
as solicitações mencionadas anteriormente, chegou-se a uma armadura negativa
no apoio de 982 mm2, a qual apresentou um fator de restrição de 0.41, capaz de
mobilizar cerca de 50 % dos momentos negativos no apoio. Considerando as
etapas de carregamento e a redistribuição devido ao efeito da semi-rigidez,
obteve-se uma armadura positiva no vão de 1963 mm2. Os momentos fletores
corrigidos para esta configuração de áreas encontram-se ilustrados na figura 8.
Para a execução dos momentos positivos no apoio, empregou-se um chumbador
vertical com 25 mm de diâmetro. Na tabela 4 são apresentados os parâmetros
relativos à rigidez aos momentos positivos no apoio. Segundo os valores
teóricos, obteve-se um fator de restrição de 0.36 que representa uma capacidade
de mobilizar cerca de 46% dos momentos positivos no apoio. A rigidez à flexão
na ligação pilar-fundação foi considerada com base nos valores apresentados no
Quadro A, onde se obteve fatores de restrição que variaram entre 0.71 e 0.85.
Desta forma, utilizando-se os coeficientes de molas para as ligações viga-pilar e
pilar-fundação procedeu-se a análise estrutural. Na tabela 5 são apresentados os
valores verificados para os momentos nas ligações viga-pilar que foram obtidos
para a estrutura com 4 pavimentos. No caso das ligações positivas, os momentos
positivos máximos nos apoios chegaram a 32 kNm, não superando o momento
crítico My,pos = 41 kNm. Devido à boa reserva de capacidade encontrada, subiu-
se a estrutura para mais 5 pavimentos, cujos valores estão apresentados na
Tabela 6. Como pode-se observar, somente para a estrutura com 5 pavimentos
foi que os momentos nas ligações ficaram perto do momento de cálculo Md,E.
Desta forma, demonstrou-se um procedimento que permite fazer uma avaliação
prévia da ligação, para uma viga sobre dois apoios isolada, para depois
proceder a análise fazer a verificação para as seções adotadas inicialmente.

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16 m
m
.5
19

30 m y x
z
b) localização do pórtico na estrutura
a) layout do pórtico de referência

6.5 m
Sobrecarga 6 kN/m 2

x
z

6.5
Peso Próprio 1,25 kN/m2 (capa)
20 cm 5

6.5
Peso Próprio 2,5 kN/m 2

100 cm (dimensão nominal)


10 10 10 m

c) carregamentos verticais
d) distribuição das lajes
(valores característicos)
Fig. 6. Croquis da Estrutura de Referência para 1 + 3 pavimentos

(3 + 25 + 12.5)x1.4 k N/m (p.p. viga + laje alveolar) (30)x1.4 kN/m (capa + sobrecarga)
19 kN

(40.5)x1.4
(60)x1.4
31 kN

(40.5)x1.4
(60)x1.4

+ 28 kN

(40.5)x1.4
(60)x1.4
28 kN

a) primeira etapa
b) segunda etapa

Figura 7 - Exemplificação para combinação A (Fd = 1.4· F(g+q)k + 1.2· Fwk )

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Tabela 3 – Parâmetros da rigidez à flexão para momentos fletores negativos na ligação


As,E (EI)eq Kφ s γ
ME,cor Md,E As,V MV,cor1 Md,V
(mm2) (kN.mm2) (kN.m/rad) (kN.m) (kN.m) 2
(mm ) (kN.m) (kN.m)
1 1
982 6,5x1010 27691 0.41 121 163 1963 471 471
10 2 2
982 7,4x10 27691 0.42 123 163 1963 469 471
1
Fator de restrição calculado a partir da rigidez da viga (EI )sec = 0. 4 EciIc
2
Fator de restrição calculado a partir da rigidez equivalente ( E ciI eq ) = E ci (0.7 I eq,vão + 0 .3 I eq,apoio )
viga

Tabela 4 – Parâmetros da rigidez à flexão para momentos fletores positivos na ligação


ha φb d C1 Fv y Κτ ,sec Μ y,pos Κτ ,sec γ
(mm) (mm) (mm) (kN) (kN/mm) (kN.m) (kN.m/rad) (0.4E ciIc)

(1) (2) (3)


10 25 420 1.25 110.5 219 41 28900 0.36
(1)
Valor recomendado para fc entre 35 e 40 MPa
(2)
Resistência ao cisalhamento horizontal do chumbador para fc = 40 Mpa e fyb = 500Mpa
(3)
Momento calculado para z = 0.87 d

Situação C
(3 + 25 + 12.5) k N/m (p.p. viga + laje + capa)
As,E = 982 mm2 300
MomentoTotal Corrigido
200 Situação Semi-Rígida
h = 45 cm

d = 41 cm

Situação Articulada
Momento Fletor (kN.m)
( 10 Etapa) 100

0
(60) k N/m (sobrecarga) -100

-200

-300

( 20 Etapa) γ = 0.41 -400


As,V = 1963 mm 2
-500
Le = 5.8 m
-600

a) carregamentos b) Momentos corrigidos


b) Seções nos apoios
(valores aracterísticos) (valores de projeto)

Figura 8 – Momentos fletores corrigidos (pré-dimensionamento)

Tabela 5 - Momento (k N-m) (efeito da semi-rigidez somente para a sobrecarga)


Vigas S-R Intereixo A Intereixo B Intereixo C
4Pav.
γ = 0.36 γ = 0.41 γ = 0.41 γ = 0.41 γ = 0.41 γ = 0.36
V4 27 66 40 67 40 53
V3 72 130 87 131 87 112
V2 63 140 78 140 79 119
V1 57 143 78 141 81 116

Tabela 6. Momento (k N-m) (efeito da semi-rigidez somente para a sobrecarga)


Vigas S-R Intereixo A Intereixo B Intereixo C
5Pav.
γ = 0.36 γ = 0.41 γ = 0.41 γ = 0.41 γ = 0.41 γ = 0.36
V5 27 63 40 66 37 49
V4 68 131 82 135 79 117
V3 55 146 69 149 66 130
V2 43 159 58 160 57 139
V1 37 161 60 159 62 132

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Quadro A. Estimativa da rigidez à flexão na ligação pilar-fundação


Exemplo - Estaca de Ponta Fator de restrição na base do pilar

Rigidez á flexão na fundação:


Pilar 0 .25 × 30 × 10 6 × 1.4 2
50x50 cm Kf =
2 × 15
K f = 490000 kNm/rad

Fator de restrição na base do pilar:


E c , pilar = 33 × 10 6 kN/m 2

2x2 Estacas I pilar = 0 .8I0 = 0 .8 × 5 .21 × 10 − 3 m 4


Ae = 0.25 m2 −1
φ e = 0.40 m  3 × 33 × 10 6 × 0.8 × 5.21 × 10 − 3 
Ec = 30x106 kN/m2 γ pilar = 1 + 
Le =15 m
 250000 × 4 
e =1,40 m
γ pilar = 0.71

Variação do fator γ em função da distância entre estacas e da redução da inércia do pilar


e (m) Kf (kN.m/rad) I pilar γpilar
1.2 360000 0.5I 0 0.85
1.0 250000 0.7I 0 0.73
1.0 250000 0.8I 0 0.71

Uma vez que foi possível aumentar um pavimento na estrutura, com base nas
ligações viga-pilar, um segundo passo foi testar a estabilidade global por meio do
parâmetro de instabilidade γz . Na Tabela 7 está apresentado o cálculo do
parâmetro de instabilidade para a estrutura semi-rígida com 5 pavimentos, a qual
apresentou um valor inferior a 1.3. Desta forma, observa-se que a estrutura semi-
rígida apresenta um desempenho satisfatório do ponto de vista da estabilidade
global.

Tabela 7 – Cálculo do parâmetro γz para a estrutura semi-rígida com 5 pavimentos


Pavimento Dx (m) Σ Pd (kN) ∆Mtot.,d (kN.m ) M1,tot,d (kN.m ) Parâmetro γz
1 0,0064 2744 18 115
1
2 0,0157 2744 43 230 γz =
279
1−
3 0,0240 2744 66 380 1678
4 0,0299 2744 82 544
γ z = 1.20
5 0,0335 2089 70 408
Soma = 279 1678
Onde:
M1,tot,d - é o momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos de todas as forças horizontais da
combinação considerada, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura;
∆Mtot,d - é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na combinação
considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de
aplicação, obtidos da análise de 1 ª ordem;

Com a finalidade de comparar melhor o desempenho da estrutura semi-rígida


com outras estruturas com ligações articuladas ou mesmo com ligações rígidas,
foram feitas outras análises para duas estruturas articuladas, com 2 e 4
pavimentos, e para duas estruturas rígidas, com 4 e 5 pavimentos. Os resultados

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destas análises, onde se verificou os momentos na base dos pilares mais


solicitados, os deslocamentos horizontais no topo e o parâmetro de instabilidade
γz estão apresentados nas Tabelas 8 e 9. Na Figura 9, estão apresentados os
deslocamentos ao longo dos pilares para todas as 6 estruturas analisadas.
Ao considerar o comportamento semi-rígido das ligações viga-pilar ocorre uma
redução significativa no momento na base dos pilares e nos deslocamentos no
topo das estruturas. Na medida em que se aumenta o número de pavimentos, a
situação semi-rígida se aproxima da situação rígida. No caso da simulação
numérica realizada no presente trabalho, comparando com a situação articulada,
a estrutura poderia passar de 2 para 5 pavimentos. Observa-se assim que
apesar do fato de a ligação semi-rígida empregada apresentar uma capacidade
parcial para transmissão dos momentos fletores, foi possível promover a
semicontinuidade da estrutura pré-moldada.

Tabela 8 - Resumo dos momentos nas bases e deslocamentos no topo


2 Pav. 4 Pav. 4 Pav. semi- 5 Pav. semi- 4 Pav. 5 Pav. rígido
articulado articulado rígido rígido Rígido
Mbase (kN-m) 60 253 95 125 74 121
DX,topo (m) 0.0129 0.1970 0.0220 0.0335 0.0099 0.0173

Tabela 9 – Comparação do parâmetro de instabilidade γ

Ligação viga- Fator de restrição γ ∆Mtot.,d M1,tot,d


n EI pilar Ligação Ligação Dx (m) (kN.m ) (kN.m ) γz
pilar Fundação
Externa Interna
articulada 2 0.5EI 0 0 0.86 0.0129 39 240 1.20
articulada 4 0.5EI 0 0 0.86 0.1970 1021 1012 (-109)
semi-rígida 4 0.7EI 0.36 0.41 0.73 0.0220 143 1012 1.20
semi-rígida 5 0.7EI 0.36 0.41 0.73 0.0335 279 1678 1.20
Rígida 4 0.8EI 1 1 0.71 0.0099 70 1012 1.07
Rígida 5 0.8EI 1 1 0.71 0.0173 151 1678 1.10

3
Pavimento

2 Pav + 4 Pil (Art - 0.5EI) 4Pav + 4 Pil (Art - 0.5EI)

1 4 Pav + 4 Pil (S-R - 0.7EI) 5 Pav + 4 Pil (S-R - 0.7EI)

4Pav + 4 Pil (Rig - 0.8EI) 5Pav + 4 Pil (Rig - 0.8EI)

0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2
Flecha (m)
Figura 9 - Comparações das flechas horizontais para os modelos analisados

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