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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Ramon Pereira dos Reis

CONJUGALIDADES HOMOSSEXUAIS NA MÍDIA TELEVISIVA: O


DISCURSO MIDIÁTICO PAUTANDO AS RELAÇÕES HOMOCONJUGAIS
EXPOSTAS NO SERIADO QUEER AS FOLK.

BELÉM
2010
Ramon Pereira dos Reis

CONJUGALIDADES HOMOSSEXUAIS NA MÍDIA TELEVISIVA: O


DISCURSO MIDIÁTICO PAUTANDO AS RELAÇÕES HOMOCONJUGAIS
EXPOSTAS NO SERIADO QUEER AS FOLK.

Trabalho de Conclusão de Curso


orientado pela Profª. Dra. Cristina
Donza Cancela, apresentado à
Faculdade de Ciências Sociais do
Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade Federal
do Pará, como requisito para a
obtenção de diploma de Bacharel e
Licenciado Pleno em Ciências
Sociais.

BELÉM
2010
Ramon Pereira dos Reis

CONJUGALIDADES HOMOSSEXUAIS NA MÍDIA TELEVISIVA: O


DISCURSO MIDIÁTICO PAUTANDO AS RELAÇÕES HOMOCONJUGAIS
EXPOSTAS NO SERIADO QUEER AS FOLK.

Trabalho de Conclusão de Curso


orientado pelo Profª. Dra. Cristina
Donza Cancela, apresentado à
Faculdade de Ciências Sociais do
Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade Federal
do Pará, como requisito para a
obtenção de diploma de Bacharel e
Licenciado Pleno em Ciências
Sociais.

Banca Examinadora

________________________________
Profª. Dra. Cristina Donza Cancela
Orientadora

_________________________________
Prof. Msc. Izabela Jatene de Souza
Examinadora

Apresentado em: 04/02/2010.

Conceito: Excelente

BELÉM
2010
AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares: Eliane Helena (mãe), Zila Reis (avó), Elias Santana (avô),
Elielza Reis (tia) e Graça Reis (tia), pelo empenho que me foi disponibilizado, por
sempre me ajudarem e me darem força para eu continuar estudando. Especialmente à tia
Graça, a quem eu não tenho nem palavras para agradecer o quanto fez e o quanto faz
por mim, e à minha eterna “mãezona” Zila Reis (in memorian), que durante toda minha
infância cuidou de mim e sempre me teve como um filho, me dando abrigo, educação,
alimentação, etc. Sou muito grato pelos cuidados concedidos a minha pessoa.
À professora e orientadora Cristina Donza Cancela, pela sensibilidade que teve em
me aceitar como seu orientando, pela compreensão nos momentos em que estive
ausente, aos incentivos disponibilizados para eu continuar pesquisando sobre tal tema,
às indicações de leitura e, por fim, pela confiança concedida ao meu trabalho.
Aos demais professores (as) pertencentes ao Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade Federal do Pará, em especial: Izabela Jatene, Carmen Isabel,
Mônica Conrado, Wilma Leitão e Suelene Pavão, com as quais tive um contato mais
próximo e, pelos constantes diálogos em sala de aula, nos eventos científicos e nos
corredores da UFPA, foram de fundamental importância para a minha formação
enquanto acadêmico.
À Casa do Estudante Universitário do Pará – CEUP, por ser um espaço que ajuda
muitos universitários oriundos tanto de municípios fora da região metropolitana de
Belém quanto de diversas regiões do país e do mundo e, que possuem poucos recursos
para manter seus estudos em Belém, dessa forma, agradeço pela acolhida que tive, por
parte de todos os moradores, desde 2005, pelo constante aprendizado e por me fazer dar
valor às relações com o outro.
Aos amigos e parentes que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
construção desta monografia, que me alegraram quando precisei; que me acalmaram
quando estive sem paciência; que me deram conselhos. Especialmente, a Priscila
Figueiredo (prima) pela paciência dispensada a minha pessoa e pela ajuda com alguns
materiais didáticos; a Josiane Neves que diversas vezes cedeu seu computador para eu
digitar; ao José Luiz quando emprestou seu notebook para minhas pesquisas e
digitações; ao Luciano Cássio pela ajuda em diversas vezes, nas quais estive doente, nas
alegrias e tristezas, sou imensamente feliz e grato por tê-lo como amigo; ao William
Borges por ter me acolhido quando precisei; pelas constantes indicações de leitura e
pelas ajudas nos momentos de dificuldade; aos meus queridos amigos Wanderson
(Gasparzinho), João Paulo e Alice, pelas palavras carinhosas de incentivo.
Aos amigos e colegas de turma, que através de constantes debates em salas de
aula, questionamentos, posicionamentos, serviram como importantes propiciadores de
reflexões e compreensões a cerca da nossa realidade. Especialmente ao Edyr Oliveira
Júnior por ter me apresentado e indicado o seriado Queer as Folk, o que futuramente se
converteria em meu objeto de pesquisa e a Lucivane Lopes por ter sido gentil em me
emprestar os DVDs.
A todos os meus informantes, que contribuíram de forma bastante significativa
para a construção da pesquisa de campo e concretização deste trabalho.
Por fim, a todos os integrantes do Movimento Universitário em Defesa da
Diversidade Sexual – Grupo Orquídeas, pelo acolhimento, incentivo, sugestões de
leitura, nos momentos de tristeza e de felicidade, nos vários eventos, enfim, por toda
uma trajetória que me possibilitou: rever conceitos, resignificar práticas, ampliar meus
horizontes e lutar por uma sociedade mais justa e equânime. Em especial, aos
amigos(as): Milton Ribeiro, nas várias vezes que conversamos, debatemos, trocamos
textos, sugestões de leituras e pelas frases emblemáticas – “Tu tens que ler!”, “Tu tens
que comprar tal livro!”; a Elane Pantoja pelo incentivo, pelas conversas, empréstimo de
livros e ao Robson pela indicação de leituras, disponibilização de artigos, etc.
À minha querida tia Graça
Reis, dedico esse trabalho por
ter me dado oportunidade de
crescimento intelectual e social,
assim como pelo esforço e
confiança depositados sobre
mim.
“Deve-se falar do sexo, e falar
publicamente, de uma maneira que não
seja ordenada em função da demarcação
entre o lícito e o ilícito, mesmo se o locutor
preservar para si a distinção (é para
mostrá-lo que servem essas declarações
solenes e liminares; cumpre falar do sexo
como de uma coisa que se deve
simplesmente condenar ou tolerar mas
gerir, inserir em sistemas de utilidade,
regular para o bem de todos, fazer
funcionar segundo um padrão ótimo. O
sexo não se julga apenas, administra-se.
Sobreleva-se ao poder público; exige
procedimentos de gestão; deve ser
assumido por discursos analíticos”

Michel Foucault
RESUMO

O presente trabalho se propõe a compreender como se estabelecem e / ou se constroem


as relações homoconjugais masculinas e femininas expostas no seriado norte-americano
Queer as Folk, especificamente na primeira temporada deste. Enfatiza-se o papel
exercido pela Cultura no processo de socialização dos indivíduos, estabelecendo
condutas sociais de comportamento, que por vezes se tornam hegemônicas, como o fato
de associarmos, nas relações, as mulheres ao aspecto sentimental e os homens ao sexual,
dando a entender que são posições da natureza humana. Procura-se, ainda, destacar a
função desempenhada pela mídia televisiva, no que concerne a exposição das questões
mencionadas acima, funcionando como importante veículo de informação, assim como
um significativo produto de reflexão, estimulando nosso pensamento crítico. Através
das entrevistas, feitas com telespectadores do seriado (5 homens e 5 mulheres), e da
análise das falas, identificamos que apesar de estarmos trabalhando com algo que não
foi produzido no Brasil, conseguimos encontrar certa disposição, receptividade e
semelhança, por parte dos informantes, com algumas situações do cotidiano de gays e
de lésbicas da nossa realidade. Concluímos, portanto, que falar de conjugalidade
homossexual ou homoconjugalidade em um determinado produto midiático, é ter em
mente que estamos lidando com a representação de aspectos culturais, sociais,
econômicos, de um lócus específico, nesse caso, procuramos, com bastante delicadeza,
ponderar as considerações de maneira clara e objetiva, sempre tentando fazer relação
com o contexto local. A cultura, nesse sentido, é significativa para pensarmos a
simbólica estruturante dos pares homossexuais: a maneira de se vestir; de falar; de
estabelecer relacionamentos; A mídia, então, repassa aquilo que visualiza, de maneira
dramática ou não.

Palavras – Chave: Conjugalidade homossexual; Cultura; Gay; Lésbica; Mídia; Queer as


Folk.
ABSTRACT

This study aims to understand how to establish and / or build homoconjugality


relationships male and female exposed in American series Queer as Folk, specifically in
this first season. It emphasizes the role played by culture in the socialization process of
individuals, providing social conducts of behavior, which sometimes become
hegemonic as the fact that we associate, in relationships, women and the sentimental
aspect to men sexually, giving understand that these are positions of human nature. The
aim is to also emphasize the role played by the television media, regarding the exposure
of the issues mentioned above, functioning as an important vehicle of information, as
well as a significant product of reflection, stimulate our critical thinking. Through
interviews conducted with viewing of the show (5 men and 5 women), and the analysis
of discourse, we identified that although we are working with something that was not
produced in Brazil, we find certain willingness, openness, and similarly, by informants,
with some real-world situations of gays and lesbians in our reality. We therefore
conclude that talk of homosexual conjugality in a particular media product, keep in
mind is that we are dealing with the representation of cultural, social, economic, one
particular locus in this case, we, quite gently, consider considerations in a clear and
objective, always trying to make our relationship with the local context. Culture in this
sense, it is significant to think through the symbolic structuring of homosexual couples:
a way of dressing, talking, to establish relationships; The media then passes what they
display, dramatically or not.

Keywords: Homosexual Conjugality; Culture; Gay; Lesbian; Media; Queer as Folk.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida


ENUDS – Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual
EUA – Estados Unidos da América
GLS – Gays, Lésbicas e Simpatizantes
LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
PFLAG – Pais, Familiares e Amigos de Lésbicas e Gays
QAF – Queer as Folk
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
TV - Televisão
UFPA – Universidade Federal do Pará
SUMÁRIO

Resumo................................................................................................................................ 8

Abstract............................................................................................................................... 9

Introdução............................................................................................................................ 12

Capítulo 1 - Conhecendo o seriado Queer as Folk.......................................................... 17

1.1 Ambientação em QAF – A Cidade de Pittsburgh.......................................................... 18

1.2 Descrição dos personagens principais........................................................................... 19

1.3 A 1ª temporada.............................................................................................................. 21

1.4 Comunidade LGBT de Pittsburgh................................................................................. 30

Capítulo 2 - Relacionamentos homoconjugais expostos no seriado QAF..................... 31

2.1 Mulher = Afeto; Homem = Sexo?................................................................................. 31

2.2 Como as personagens lésbicas e gays do seriado encaram as relações


homoconjugais?................................................................................................................... 35

2.3 Fidelidade / Infidelidade............................................................................................... 40

2.4 Diálogos com a pesquisa de campo............................................................................... 42

Capítulo 3 - Os percursos da pesquisa – “Olhar, Ouvir e escrever”............................ 46

3.1 O fazer antropológico.................................................................................................... 46

3.2 Entre idas e vindas........................................................................................................ 47

3.3 Sujeitos e falas............................................................................................................... 49

Considerações Finais........................................................................................................... 63

Referências bibliográficas................................................................................................... 65

Apêndices
12

INTRODUÇÃO

Ao longo da minha trajetória acadêmica, no curso de ciências sociais da


Universidade Federal do Pará, diversas vezes me peguei pensando qual seria meu tema
de trabalho de conclusão de curso – TCC-, confesso que tinha receio de escolher algo
que não desse resultado ou não conseguir orientador (a). Desde 2005, até os dias atuais,
pude notar que as questões relacionadas ao gênero e a sexualidade me chamavam muita
atenção, especialmente aquelas que versavam sobre homossexualidade. Eu ficava,
bastante, instigado a discutir essas questões, pois quando fazia pesquisas sobre tal tema,
eu percebia que existiam diversos debates acerca dessa temática, o que me possibilitou
um alargamento da minha visão, me fazendo perceber que homossexualidade não se
resume, apenas, ao gay e a lésbica, mas também ao universo da diversidade sexual.
De 2005, até a metade do curso, me perguntava como trabalhar a temática da
homossexualidade em um TCC: qual seria o meu objeto de pesquisa; em qual discussão
iria focar; ao longo do tempo, fui amadurecendo essa idéia. Foi então que, em outubro
de 2007, sem nenhuma pretensão, recebi um convite de um amigo do curso (Alan
Michel) para uma viagem a Goiânia, não sabia, ao certo, do que se tratava. Inicialmente,
eu teria que me vincular ao Movimento Universitário em Defesa da Diversidade Sexual
– Grupo Orquídeas1-, e participar das reuniões deste coletivo de estudantes da UFPA,
das mais diversas áreas de conhecimento (Administração, Enfermagem, Estatística,
Direito, Ciências Sociais, Psicologia, etc.) e que, aos poucos, começavam a trazer à
tona, nos espaços desta Universidade, as questões LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais), sendo que mais tarde, tratariam estas a partir do viés da
diversidade sexual.
Em 2007, me vinculei, de fato, ao Grupo Orquídeas, do qual eu faço parte até
hoje, e fiz a minha primeira viagem a outro Estado. Naquela ocasião, iríamos ao V
Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual – ENUDS-, conheci diversas
pessoas, tive contato com novas leituras, etc., meu leque de oportunidades havia sido
ampliado, eu estava, cada vez mais, confiante em trabalhar a homossexualidade em meu
TCC.

1
O Movimento Universitário em Defesa da Diversidade Sexual – Grupo Orquídeas- é um coletivo
organizado, porém não-institucionalizado, por estudantes da Universidade Federal do Pará, que se reúnem
desde agosto de 2007 com o propósito de disseminar a prática da aceitabilidade e do não preconceito com
relação às pessoas que destoam do padrão heteronormativo imposto pela sociedade (Disponível em:
<http://www.organizacaonosmulheres.com.br/admin/artigos_acai/Diversidade_Sexual_em_Belem.pdf>).
13

Quando retornei a Belém tive certeza de que, seguia no caminho certo, só


precisava definir meu objeto de pesquisa, diante de tantas possibilidades que tinha
conhecido, ficava um pouco difícil. Até que, em 2008, quando o ENUDS teve sua
edição em Belém, nas dependências da UFPA, organizado pelo Grupo Orquídeas,
resolvi escrever um trabalho sobre Telenovela e Homossexualidade, pois a questão
midiática sempre me chamou atenção, principalmente, no que concerne ao influenciar
ou não o comportamento das pessoas. O trabalho produzido havia sido interessante, só
que ocorreram alguns contratempos e a pesquisa não foi finalizada.
No último ano do curso, em 2009, depois de idas e vindas, meu tema começava
a se definir, minha intenção inicial era falar sobre a representação de casais gays e
lésbicos nas telenovelas brasileiras, mas em algumas conversas com a orientadora, tive
que modificar minha abordagem, pois para uma análise dessa natureza eu teria que ter o
produto midiático (telenovela) em mãos e, de fato, eu não o possuía, tentei ir atrás, mas
percebi que não iria conseguir. Até que, num determinado momento, um amigo do
curso (Edyr Júnior) comentou comigo a respeito de um seriado norte-americano
chamado Queer as Folk (QAF)2 que tratava, especificamente, sobre o universo LGBT e,
além disso, eram representados alguns casais de gays e de lésbicas. Eu, com a ajuda de
Edyr e de Lucivane (amiga do curso), tive acesso a 1ª temporada do seriado e, percebi
que tinha em mãos um material significativo para análise. Agora, meu novo tema iria
focar na conjugalidade homossexual masculina e feminina representada no seriado
QAF.
A escolha do tema acima se deu por diversos fatores: escassez de trabalhos
acadêmicos, nessa área, na região norte, em especial na UFPA3; por eu fazer parte do
Grupo Orquídeas, coletivo organizado, porém não-institucionalizado, que se preocupa
em discutir a diversidade sexual nos seus mais diversos campos; e, finalmente, por

2
Na tradução para a versão brasileira, o seriado teve como título Os Assumidos.
3
Ao pesquisar no caderno de Antropologia na Amazônia – balanços e resumos de dissertações (1994-
2004) eu encontrei apenas a dissertação: “Tribos Urbanas” em Belém: Drag Queens – rainhas ou
dragões? – de Izabela Jatene de Souza, como uma das que trabalhou especificamente com essa questão na
antropologia, sendo que, as dissertações sobre gênero e / ou sexualidade trabalharam-no numa perspectiva
heterossexual (homem e mulher). Indo mais além, em algumas pesquisas bibliográficas que fiz na
Biblioteca Central da UFPA, eu encontrei pouquíssimos trabalhos sobre homossexualidades, como por
exemplo: “„Bonecas da pista no horizonte da cidadania: uma jornada no cotidiano travesti” – Dissertação
de Mestrado defendida por Rubens da Silva Ferreira, no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos em 2003;
“Análise da investigação dos determinantes do comportamento homossexual humano” – Dissertação de
Mestrado defendida por Aline Beckmann Menezes do Curso de Psicologia, no Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas em 2005; “Demandas homoeróticas e adoção em Belém” – Tese de Doutorado
defendida por Eli do Socorro Pinheiro Teixeira, pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, no
ano de 2007.
14

tentar compreender, a partir da mídia, como tais relacionamentos são colocados para a
sociedade e, como esta encara isso.
Inicialmente, tive dificuldades para encontrar bibliografia adequada nas
bibliotecas, pois a produção de trabalhos, desse porte, ainda é muito pouco. Minha
bibliografia de base foi bastante diversificada e atual, mesclando o pensamento de
autores clássicos com outros mais atuais, havendo, também, a constante pesquisa em
periódicos.
A discussão teórico-metodológica está pautada, não somente, em mostrar como
são representados os casais de gays e de lésbicas no seriado em questão, mas também
em analisar como são construídas essas relações para o feminino e para o masculino,
como tais posições identitárias se comportam. Tudo isso, tendo como principais
suportes teóricos, os seguintes autores: Fry & MacRae (1991) pela delicadeza e
sensibilidade as questões homossexuais no Brasil, assim como ao entendimento das
relações homoconjugais femininas e masculinas; Paiva (2007) pela percepção apurada
com as questões da gestão da intimidade nas parcerias homoeróticas masculinas; Nunan
(2007) ao tecer considerações significativas sobre os conflitos potenciais entre desejo e
norma social e suas conseqüências no âmbito das relações amorosas estáveis entre
homens; Heilborn (2004) constituindo-se enquanto um trabalho exemplar sobre as
articulações entre igualitarismo, gênero e identidade sexual; Hall (2006) nos dando a
possibilidade de pensar a identidade como algo que deve ser entendido enquanto um
processo histórico-sócio-cultural, dentro de um contexto pós-moderno; Louro (2004)
atentando para as considerações a respeito dos estudos queer, que nos possibilitam
pensar em construções pós-identitárias de gênero e sexualidade, bem como de mudanças
nos paradigmas sociais, não dialogando a partir de binarismos; Zanforlin (2005) por ter
construído uma dissertação que tem como objeto de análise o próprio seriado, o que se
tornou significativo para a construção desta monografia.
O seriado em questão é uma adaptação4, do original britânico, ele é composto
por 5 temporadas, sendo que o nosso ponto de análise foi a 1ª temporada5 que possui 22
episódios. Cada episódio está descrito, no apêndice deste trabalho, em formato de ficha

4
A adaptação desse seriado foi uma co-produção de Daniel Lipman e Ron Cowen.
5
A primeira temporada do seriado televisivo Os Assumidos foi baseada na série britânica criada por
Russel T. Davies. Queer as Folk foi transmitida não apenas na Inglaterra, mas em vários países da
Europa, como também nos Estados Unidos e no Brasil, pelo canal de TV a cabo Eurochannel.
15

descritiva, contendo informações da sinopse de cada episódio, personagens principais,


duração, principais aspectos e falas dos personagens6.
Os 22 episódios mostram o universo LGBT da cidade de Pittsburgh,
Pensilvânia: os conflitos, as amizades, as festas, os relacionamentos, as famílias, etc.7
Ao todo, são sete personagens principais: Brian, Justin, Ted, Emmett, Michael, Lindsay
e Melanie. Mas, no 1º capítulo eu acrescento mais três personagens (Debbie, David e
Vic), por compreender que os três foram importantes para o desenvolvimento da trama.
A proposta de cada capítulo se deu pelos anseios da pesquisa, ou seja, cada um
deles possui abordagens específicas. O próprio título já nos mostra o que será
trabalhado, facilitando o entendimento pelos leitores.
No 1º capítulo, intitulado “Conhecendo o seriado Queer as Folk”, as colocações
feitas estão voltadas, especificamente, ao QAF. Ao longo desse percurso, inicio
mostrando um breve histórico do seriado, falando sobre este, os autores, o ano de
exibição, enfim, sobre todo o universo que permeia a série. Mais adiante, faço um
exercício de mapeamento geográfico, ou seja, falo sobre o contexto de ambientação, a
cidade de Pittsburgh, Pensilvânia. Ao longo da minha pesquisa, percebi que esta cidade
é bastante receptiva às questões LGBT, diversos são os lugares que podemos encontrar,
destinados a esse público, que vão desde boates até grupos de pais e mães que têm
filhos gays e filhas lésbicas. Por fim, descrevo o perfil de cada personagem principal e,
por conseguinte, toda a 1ª temporada, destacando a questão dos relacionamentos
homoconjugais masculinos e femininos, representados no seriado.
No segundo capítulo, nomeado “Relacionamentos homoconjugais expostos no
seriado QAF”, procurei dar enfoque na discussão que se faz sobre os relacionamentos
homoconjugais masculinos e femininos, não apenas mostrando a representação deles no
seriado, mas também fazendo relação com a pesquisa de campo, utilizando-a como
ferramenta que nos ajuda a entender, um pouco mais, sobre a nossa realidade. Procuro
analisar os relacionamentos entre gays e lésbicas, no sentido de perceber se, de fato, na
realidade paraense, dizer que as lésbicas só querem saber de afeto e os gays só de sexo,
é verdade? Até que ponto se pode dizer que isso é convenção cultural? Uma das minhas
intenções, neste capítulo, é saber como tais relações se constroem, tanto para o feminino

6
Metodologia utilizada pela estudiosa Heloísa Buarque de Almeida.
7
Enfocando o cotidiano de um grupo de amigos na faixa etária dos trinta e poucos anos, que se conhecem
desde a adolescência, a série inova em seu modo de representar casais formados por pessoas do mesmo
sexo, sem repetir jargões e caricaturas estereotipadas quando se trata de representar o(s) sujeito(s)
homossexual(ais), tratando-os como jovens comuns que convivem no espaço sócio-midiático e das
baladas das grandes urbes (ZANFORLIN, 2005, p.11)
16

quanto para o masculino, procurando fazer uma relação com aquelas expostas no
seriado e às do nosso cotidiano: Será que há semelhanças? Diferenças? Como se
constroem as práticas e as representações? Dessa forma, será de fundamental
importância fazer um diálogo entre a pesquisa de campo e o seriado.
Enquanto proposta para o 3º capítulo “Os percursos da pesquisa – Olhar, ouvir e
escrever”, dou espaço aos informantes, tendo como construção, específica, a pesquisa
de campo. É importante fazer esse exercício de dar voz aos informantes, pois é uma
constante prática que os antropólogos costumam fazer, nos possibilitando dar cabo à
discussões entre prática e teoria. Nesse sentido, o olhar, o ouvir e o escrever são
atividades essenciais ao trabalho de campo.8 Por fim, enquanto colocações a posteriori,
faço considerações a respeito do trabalho de campo e do seriado que servirão de base
para futuros questionamentos e próximos trabalhos, pois entendo que é possível ir
sempre além, contribuindo com novos posicionamentos, resignificando conceitos,
pesquisas, etc.
Vale ressaltar que, em nenhum dos capítulos a discussão se esgota, é importante
que o leitor tenha em mente que as questões pontuadas foram objeto de reflexão e
resignificação. Dessa forma, cabe a todos nós nos questionarmos e termos sempre uma
postura crítica, somente assim podemos avançar nas discussões, pois o conhecimento
não é algo dado, estanque, e sim, construído.
Portanto, quero frisar a importância de um trabalho como este, que traz à tona
discussões recorrentes na atualidade e se propõe a verificar se a mídia interfere, ou não,
na conduta pessoal dos sujeitos. Trabalhar com conjugalidade homossexual, a partir de
determinado produto midiático, não é, apenas, identificar que existem casais
homossexuais, é também, se posicionar enquanto sujeito transformador, fazendo com
que a sociedade em geral alargue a visão e não fique restrita somente ao pensamento do
senso comum que não aceita que dois homens e duas mulheres possam ter um
relacionamento.

8
OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. O trabalho do antropólogo. São Paulo: Editora UNESP, 1998.
17

CAPÍTULO 1 – CONHECENDO O SERIADO QUEER AS FOLK9:

Fonte: http://www.gayload.blogspot.com/2009_01_01_archive.html, acesso em 17/08/09.

Queer as Folk é o nome de duas séries televisivas, do gênero drama, que


obtiveram bastante sucesso, ambas criadas por Russell T. Davies. A série original
começou a ser produzida em 1999, pela Red Production Company para o canal aberto,
Canal 4, do Reino Unido. Contava os conflitos diários de três homens gays vivendo em
Manchester.
Posteriormente, o seriado foi adaptado, por Ron Cowen e Daniel Lipman 10, em
uma co-produção: Estados Unidos – Canadá, e começou a ser transmitido em 2000, nos
seguintes canais de televisão a cabo: Showtime (EUA) e Showcase (Canadá). Contava a
história de cinco homens gays e um casal de lésbicas que viviam em Pittsburgh,
Pensilvânia.
Houve algumas diferenças óbvias entre os dois seriados: primeiro na quantidade
de personagens e tramas principais: na versão inglesa apareciam apenas três
personagens masculinos gays e, por conta do menor número de atores as relações que se
estabeleciam eram de densidade menor, se comparadas à versão americana, pois todos
os acontecimentos envolviam um número maior de pessoas e isso fazia com que o
seriado se tornasse mais envolvente.

9
O nome do seriado é uma brincadeira com um ditado inglês, de “ninguém é tão estranho como nós”
(“nobody is so weird as folk”), para “ninguém é tão gay como nós” (“nobody is so queer as folk”). No
Brasil o seriado foi exibido com o título “Os assumidos”.
10
A proposta dos produtores é falar de pessoas tão comuns quanto outras quaisquer, que poderiam “viver
na porta ao lado” sem apelar para símbolos comuns à imagem do gay. Sem estigmas, de gestos, roupas,
modos de falar, rompendo com a “virtualidade” da prática homossexual (ZANFORLIN, 2005, p.60).
18

Um segundo aspecto a versão americana teve um total de cinco temporadas e a


britânica somente duas, isso se deve ao fato de que a versão americana obteve mais
sucesso do que a inglesa e não se preocupou em mostrar cenas de nudez e sexo como
aconteceu na versão britânica.
Terceiro aspecto: as cenas de nudez não estavam presentes na versão inglesa,
mas podiam ser encontradas na americana, devido ao fato de que nesta era transmitido
em canais de televisão a cabo, e na versão britânica não.
A série original não obteve tanto sucesso, talvez pelo fato de ter sido exibida em
canal aberto e consequentemente não expunha totalmente a intimidade das personagens,
diferente da versão americana, que “abusava” de cenas de nudez e sexo e era
transmitida por um canal fechado. Durante três anos consecutivos, Queer as Folk foi a
série com maior índice de audiência do canal Showtime (NUCCI; MELO;
CARVALHO (Orgs.) Apud ZANFORLIN, 2004). Vale ressaltar, que minha análise irá
se deter na versão americana deste seriado, especificamente na 1ª temporada, composta
por 22 episódios.
No Brasil, o seriado estreou em 2001, sendo transmitido pelo canal pago
Cinemax. Até hoje, os DVD‟s da série não foram lançados no Brasil, estando apenas
disponíveis na internet para quem queira baixar os episódios ou para aqueles que
pretendem comprá-los.

1.1 – Ambientação em QAF - A cidade de Pittsburgh11:

Fontes:<http://en.wikipedia.org/wiki/Pittsburgh,_Pennsylvania>,<http://pt.wikipedia.org/wiki/Pittsbu
rgh>, acesso em 18/07/09.

11
As informações a respeito da cidade de Pittsburgh foram retiradas do site:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/pittsburgh>, acesso em 18/07/09.
19

Pittsburgh, também por vezes escrita em português como Pitsburgo ou


Pittsburgo, é a segunda cidade mais populosa do Estado americano da Pensilvânia.
Apenas a cidade de Filadélfia possui mais habitantes. Pittsburgh está localizada no
sudoeste do Estado, sendo a sede de Condado de Allegheny.
No final do século XIX, e isto até meados da década de 1960, Pittsburgh foi o
maior pólo siderúrgico e o maior produto de aço do mundo. De fato, o codinome de
Pittsburgh é “Cidade do Aço”. Por causa das siderúrgicas instaladas na região –
altamente poluidoras – Pittsburgh também foi codinomeada por alguns como “Cidade
Enfumaçada”. Porém, a maior parte das siderúrgicas – que passaram a enfrentar a
concorrência cada vez maior de siderúrgicas estrangeiras – fecharam ou saíram da
cidade. Em seu lugar, vieram indústrias de alta tecnologia, especialmente biotecnologia
e robóticas, levando Pittsburgh a ser codinomeada pela Wall Street Journal como
Roboburgh. Pittsburgh é uma das maiores produtoras de equipamentos robóticos do
mundo, fora o Japão.
Pittsburgh é um centro importante de fundações e organizações de caridade e
filantrópicas, como a Heinz Foundation, que tem uma longa história de apoio a
atividades culturais e artísticas, que fizeram de Pittsburgh um pólo artístico e cultural no
país. Além disso, Pittsburgh é um importante pólo de educação superior dos Estados
Unidos, especialmente na área de medicina.

1.2 – Descrição dos personagens principais12:

Nome - Brian Kinney / Ator - Gale Harold: É um executivo de 29 anos,


solteiro, possui um alto padrão de vida. Foi criado por um pai, a maior parte do tempo
ausente e alcoólatra, e uma mãe obsessivamente católica. Possui uma vida bastante
agitada: trabalha pela manhã e sai constantemente à noite para paquerar e encontrar com
os amigos. No primeiro episódio descobre que é pai. Mais adiante irá se relacionar com
Justin.

Nome - Justin Taylor / Ator - Randy Harrison: Justin é estudante do colegial,


tem 17 anos e mora com os pais. Justin perde sua virgindade com Brian aos 17 anos e
acaba se apaixonando por ele. Ele sai de casa depois de ter publicizado sua orientação

12
A descrição dos personagens foi retirada do site: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Queer_as_Folk >, acesso
em 18/07/09
20

sexual para o pai e para a mãe, pois ambos não o aceitam. Futuramente, Justin irá morar
com Debbie (mãe de Michael), e mais tarde com Brian.

Nome - Michael Novotny / Ator - Hal Sparks: É o melhor amigo de infância


de Brian, e também está a ponto de fazer 30 anos. No princípio da série, Michael
trabalha numa loja de departamento chamada The Big Q e é um fanático por histórias
em quadrinhos e pelo super – herói “O Capitão Astro”. Michael nutre um amor
platônico por Brian. Nos episódios iniciais, ele mora com o amigo Emmett, mas
conhece David com quem irá morar junto e terá um relacionamento.

Nome - Emmett Honeycutt / Ator - Peter Paige: Emmett é o mais


extravagante do grupo, por conta do modo de se vestir, com roupas justas e coloridas, e
pelo jeito afeminado. No início do seriado trabalha numa loja de roupas chamada Torso.
Divide apartamento com Michael. Está sempre próximo do seu melhor amigo Ted, com
quem sai pra dançar, trocar confidências, etc. Emmett está sempre em busca da sua
“alma-gêmea”.

Nome - Ted Schmidt / Ator - Scott Lowell: É um contador de 33 anos, que está
sempre com baixa auto-estima, pois se acha feio e fora dos padrões de beleza. Está
apaixonado platonicamente por Michael. É introvertido e sempre se queixa de seu
aspecto físico. Tem o costume de visitar páginas pornôs e é amante da ópera e da boa
comida. Constantemente sai a noite para falar com os amigos, se divertir nas boates, nos
bares e, também para flertar com os rapazes.

Nome - Lindsay Peterson / Atriz - Thea Gill: Amiga íntima de Brian desde o
colégio e mais adiante se converterá na mãe de seu filho, Gus. Trabalha como
professora de arte, mas no tempo livre procura sempre estar com seu filho. Os pais
católicos protestantes de Lindsay não aceitam sua homossexualidade e seu
relacionamento com Melanie. Lindsay e Melanie moram juntas e cuidam do bebê Gus.

Nome - Melanie Marcus / Atriz - Michele Clunie: Melanie mora com Lindsay
e trabalha como advogada. Melanie sempre questiona o fato de Brian não conceder a
paternidade a ela, por esse motivo, diversas vezes briga com Lindsay, pois se sente
isolada, por não poder ter direitos sobre a criança.
21

Nome - Debbie Novotny / Atriz - Sharon Gless: Uma membra ativa do


PFLAG (pais, familiares e amigos de lésbicas e gays), Debbie possui uma relação
bastante respeitosa com o filho Michael e com todos os amigos dele. Acolhe todos os
garotos na sua casa, especialmente a Justin, que vive com ela, depois de fugir de casa.
Ela trabalha no Liberty Dinner, e em casa cuida de seu irmão Vic.

Nome - Vic Grassi / Ator - Jack Wetherall: É o irmão de Debbie e mora junto
com ela. Trabalha como chefe de cozinha e também é hospedeiro para os negócios
empresariais de Emmett. Mais tarde tem uma discussão com Debbie e morre por
complicações de AIDS.

Nome – David Cameron / Ator – Chris Potter: Personagem que aparece a


partir do 5º episódio do seriado. É fisioterapeuta, mora sozinho, tem um filho chamado
Hank, possue um nível de vida de alta qualidade e, futuramente conhecerá Michael, com
quem irá ter um relacionamento.

1.3 – A 1ª temporada:

O seriado Queer as Folk (QAF)13 tem como ambientação a cidade de Pittsburgh,


Pensilvânia, e enquanto cenário principal da trama, a boate Babylon, voltada ao público
GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) sendo caracterizada num lugar que toca música
eletrônica, possui dançarinos no estilo go go boys, dark room, bebidas e drogas.
Habitando juntamente nesse espaço, está presente o grupo de amigos: Brian, Michael,
Justin, Emmett e Ted, Além da boate, tal grupo costuma freqüentar o bar Woody‟s, onde
eles se reúnem para beber, fumar, flertar, conversar, outro espaço de convivência, é o
restaurante-lanchonete Liberty Diner, local onde trabalha a mãe do personagem Michael
(Debbie) e o garoto Justin, há também uma academia, onde Brian, Michael, Ted e
Emmett costumam frequentar. Tais espaços se configuram como elos de sociabilidade14,

13
A sigla foi utilizada tendo como referência o trabalho de Marina Fisher Nucci (UERJ); Ana Paula Lopes
de Melo (UERJ) e Marcos Castro Carvalho (UERJ): Conjugalidades homossexuais nos seriados
televisivos Queer as Folk e The L Word: onde gênero e sexualidade se cruzam, apresentado no
Fazendo Gênero 8 – Corpo, Violência e Poder, em Florianópolis, de 25 a 28 de Agosto de 2008.
14
(...) a própria sociedade, em geral, significa a interação entre indivíduos. Essa interação surge sempre a
partir de determinados impulsos ou da busca de certas finalidades. Instintos eróticos, interesses, objetivos,
impulsos religiosos, objetivos de defesa, ataque, jogo, conquista, ajuda, doutrinação e inúmeros outros
22

pois é lá que ocorrem as relações sexuais, os encontros, os acontecimentos divertidos, as


tensões, os romances, etc. Além disso, esses lugares estão imbricados um ao outro, pois
mantém conexão entre si e estão localizados na mesma avenida, Liberty Avenue
(Avenida Liberdade).
Além do grupo de amigos, ainda estão presentes na primeira temporada, o casal
de lésbicas (Lindsay e Melanie), a amiga de Justin (Daphne), o tio de Michael (Vic), a
mãe de Michael (Debbie), a mãe de Justin (Jennifer) e o namorado de Michael (David).
As representações iniciais de Queer as Folk colocam em cena a boate Babylon,
com todo seu aparato tecnológico, de luzes e sons característicos, além da exacerbação
de corpos masculinos semi-nus. Nesse cenário toma forma a narrativa de Michael,
direcionada ao telespectador:
“Você precisa saber que tudo gira em torno do sexo. É verdade! Dizem que os
homens pensam em sexo a cada 28 segundos, mas os gays pensam nisso a cada 9
segundos. Seja no supermercado, na lavanderia, ou fazendo compras você pode estar
paquerando um cara gostoso melhor do que aquele da noite anterior. É por isso que
estamos na Babylon à uma da manhã. E quem quer estar na cama sozinho quando se
pode estar aqui sabendo que a qualquer momento é possível vê-lo, o homem mais
bonito da face da terra. Isto é...até amanhã à noite”. Em seguida a câmera se foca em um
homem musculoso e descamisado: “Este sou eu. 1,81 de altura, 1,22 de tórax, 43
centímetros de bíceps, 70 centímetros de cintura, o próprio deus grego. Bem que eu
gostaria”. Novamente ocorre um movimento de câmera e passa-se a focar a personagem
Michael de fato: “OK. Este sou eu. Michael Novotny, o tipo de vizinho gracinha, 29
anos, 1,75, 68 quilos, 23 centímetros, circunsisado. É exagero. Mas quem é sincero
depois da invenção do cybersex?”
É importante pensarmos esta fala de Michael a partir da “narrativa da
revelação”, conceito desenvolvido por Dennis Allen, em sua análise sobre como as
relações homoeróticas, foram apresentadas no seriado norte-americano Melrose Place.
O autor detectou, em seus estudos, que a “narrativa da revelação” é a única história que
pode ser contada nos programas por ele estudados. Ou seja, a presença dos
homossexuais nas histórias apenas envolvia a suspeita de suas orientações, que é

fazem com que o ser humano entre, com os outros, em uma relação de convívio, de atuação com
referência ao outro, com o outro e contra o outro, em um estado de correlação com os outros. Isso quer
dizer que ele exerce efeitos sobre os demais e também sofre efeitos por parte deles. Essas interações
significam que os portadores individuais daqueles impulsos e finalidades formam uma unidade – mais
exatamente, uma “sociedade” (SIMMEL, 2006, p. 59-60).
23

revelada, somente, próximo ou no final das tramas. A este tipo de narrativa, Allen
denomina „narrativa da revelação‟, que existe para constituir um sub-tema da narrativa
da heterossexualidade e incorporar o inevitável ciclo do amor, casamento, família de
forma tradicional. Este investimento interpretativo exclui a alteridade ou marginalidade
da homossexualidade (COLLING Apud OLIVEIRA, 2002, p. 166).
Diferente do que foi colocado acima, o seriado Queer as Folk foge a regra da
“narrativa da revelação”, pois não dialoga com discursos que colocam a
homossexualidade em campos periféricos de debate, mostrando o universo LGBT sem
encobrimentos das questões que dizem respeito ao amor, aos formatos de família, aos
relacionamentos, etc., e, nem tampouco encobre o fato das personagens serem gays ou
lésbicas15.
Percebe-se, a partir do que foi exposto acima, que este seriado, assim como
outras produções televisivas, está direcionado a um público consumidor específico, e
tem no seu roteiro e configuração das personagens uma prática discursiva que, ao
mesmo tempo em que produzem mudanças sociais nas concepções de relacionamentos e
de sexualidade, também reforçam padrões morais hegemonicamente aceitos (NUCCI;
MELO; CARVALHO (Orgs.) Apud HAMBURGUER e ALMEIDA, 2004). Ao analisar
o seriado Queer as Folk, especificamente os 22 episódios16 da primeira temporada, é
perceptível que há uma gama de questões que podem ser trazidas a baila, por exemplo, a
questão do uso das drogas, da AIDS, da velhice, etc., mas a minha intenção é focar na
questão, a princípio, de como o discurso midiático explora as relações homoconjugais
masculinas e femininas, a partir de um determinado produto midiático, que é a televisão
e, mais adiante perceber, a partir desses discursos, como são estabelecidas e/ou
construídas tais relações.
Analisando a veiculação de seriados como Queer as Folk, em programas de TV,
estimula-nos a pensar e refletir a cerca da identidade, enquanto termo que agrega
valores culturais, sociais, econômicos, etc. Nesse sentido, a construção imagética nesse
seriado, está embasada a partir de uma lógica idealizante, na qual dialoga com o
telespectador a partir de modelos identitários identificadores, que servem para atrair, ou
não, o público.

15
O que diferencia Os Assumidos de outros seriado que possuem entre suas personagens homossexuais é
uma nova disposição em relação à forma de representá-los. Primeiro, o seriado foi pensado para o público
gay, para levar para as telas de veículo massivo, a televisão, o estilo de vida e as relações vivenciadas no
cotidiano, que envolvem família, trabalho, doenças, relacionamentos amorosos, etc.
16
Todos os 22 episódios estão descritos no apêndice.
24

A importância deste seriado para o público em geral, está no fato de que, apesar
de ser uma série voltada ao público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais), ela se vale para mostrar como é construído o espaço de convivência
dessas identidades e também serve como modelo de identificação, daquilo que
chamaríamos de “ser gay” e “ser lésbica”. As construções estereotipadas, tais como
branco / classe média alta / heterossexual, são reformuladas e resignificadas a partir das
relações homossexuais17, todavia reforça padrões de gênero que se assemelham aqueles
esperados das relações heteronormativas. Tais aspectos serão trabalhados mais adiante.
Podemos pensar, a partir dessa lógica, que a construção da identidade pode ser
reformulada e transformada, visto que as construções das relações existentes são
estereotipadas, portanto passíveis de modificação, ou seja, a identidade é realmente algo
formado, ao longo do tempo, através de processos inconscientes, e não algo inato,
existente na consciência no momento do nascimento (HALL, 2006, p. 38).
Ao longo do preenchimento das 22 fichas de cada episódio, pude perceber o
quão é enfática a questão dos relacionamentos, numa amplitude bem maior para os
personagens homens do que para as personagens mulheres. Isso fica claro na sinopse de
cada episódio e nas falas dos personagens, é como se a mulher tivesse sido colocada em
segundo plano.
Os espaços de convivência entre homens e mulheres são distintos, por exemplo:
gays sempre aparecem na boate, no bar, na sauna, na rua, flertando, transando, reunidos
entre amigos, enquanto que, quando aparece o único casal de lésbicas, elas estão sempre
em casa, quase não saem, não aparecem flertando, sempre estão discutindo a relação, o
universo delas se restringe ao trabalho e a casa. Nesse sentido, o olhar que lançamos a
esses indivíduos está ligado ao estabelecimento de pólos de convivência distintos, onde
diríamos que os homossexuais masculinos se comportam no âmbito do espaço público e
as homossexuais femininas no âmbito do espaço privado18.

17
O trabalho de Ângela Cristina S. Marques, apresentado no XXV Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação – Salvador/BA – 1 a 5 de Setembro de 2002, com o tema: Da Esfera Cultural à Esfera
Política: a representação da homossexualidade nas telenovelas e a busca por reconhecimento, é
significante para o entendimento relacional com o seriado, pois ela diz que, quando questões polêmicas,
como a homossexualidade, é abordada, por gêneros midiáticos específicos, como a telenovela, elas
ganham uma dimensão de visibilidade capaz de instaurar um debate público que convoca indivíduos e
grupos a se posicionarem diante de tais questões. Reflexivamente, esses indivíduos e grupos formulam
idéias e posturas capazes de pôr em movimento discursos que, ao se encontrarem com a fala dos “outros”,
conferem uma nova dinâmica as relações de sociabilidade e estimulam a reconfiguração das identidades
individuais e coletivas.
18
Nas sociedades ocidentais as mulheres têm sido tradicionalmente socializadas para valorizar intimidade
e compromisso em seus relacionamentos, a botar as necessidades dos outros em primeiro lugar, a serem
25

Adentrando na especificidade deste trabalho, o seriado Queer as Folk representa


a conjugalidade homossexual por um casal de lésbicas (Melanie e Lindsay) que
possuem um filho (Gus), pelo casal de gays (Michael e David) e também por outro casal
de gays (Brian e Justin). Entende-se aqui que a conjugalidade

(...) não é aquela que emerge de um fato jurídico. É, isto sim, o que expressa
uma relação social que condensa um „estilo de vida‟, fundado em uma
dependência mútua e em uma dada modalidade de arranjo cotidiano, mais do
que propriamente doméstico, considerando-se que a coabitação não é regra
necessária (HEILBORN, 2004, pp. 11 e 12)

Atentando para o modo como tais relações se estabelecem, no caso das


mulheres, a personagem Lindsay, que irá gestar o bebê (Gus) pára de trabalhar como
Professora de Arte, para se dedicar exclusivamente à criança, enquanto que a sua
parceira (Melanie), continua sua vida normal, trabalhando como Advogada e garantido
o sustento da família. No caso dos homens, o casal que se forma a partir do 5º episódio
(Michael e David), estabelece sua relação da seguinte forma: Michael é Supervisor em
uma loja de departamentos (Big Q) e não garante as despesas da casa, por outro lado,
David que é Fisioterapeuta, tem uma vida independente financeiramente ficando
encarregado de bancar os custos mensais da casa. Por outro lado, o casal Brian e Justin,
a princípio com uma relação bastante conturbada, é percebido de maneira que, Brian –
Publicitário de sucesso -, independente financeiramente, arca com as despesas de Justin,
que ainda estuda no colegial e é dependente de Brian.
De forma analítica, com relação ao casal de lésbicas, uma das mulheres carrega
consigo características estereotipadas, conhecidas pelo senso comum com “femininas” –
ser compreensível, doce e frágil -, num viés diferente, a outra mulher do casal
desempenha um papel “masculinizado” – é forte, independente e trabalha fora, ou seja,
garante todo o sustento da família. Nesse sentido, podemos dizer que o seriado reproduz
certa lógica de gênero, onde a família torna-se o local da “feminilidade”, e a rua, o
trabalho, espaço para a “masculinidade”.
Passando para os casais masculinos, as relações que se estabelecem, são sempre
mostradas como relações descompromissadas e que, mesmo quando um casal se forma
como é o caso dos personagens de David e Michael, os comportamentos são de um
casal que quer ter uma vida livre: poder sair com os amigos, ser visto pelos outros, ser

excepcionalmente afetivas e sensíveis, e a esconderem reações competitivas ou agressivas (NUNAN


Apud ROTH, 1985). Os homens, por sua vez, são socializados para valorizar independência,
competitividade e realização profissional (NUNAN Apud JABLONSKI, [1991] 1998).
26

desejado por outras pessoas. Isso pode ser percebido em um dos diálogos entre David e
Michael, no 18º episódio, quando o personagem Michael descobre que David foi à
sauna:

David: “Eu fui à sauna”


Michael: “O que foi fazer lá?”
David: “Apenas dar uma volta. Ouça, não é algo que faço sempre, Michael... É a
primeira vez desde que estamos juntos”
Michael: “Não quero falar disso”
David: “Não, você deve saber”
Michael: “O quê?... Que você transa por aí?”
David: “Eu não transei”
Michael: “E depois você vem pra casa transar comigo. Se me transmitiu algo...”
David: “Não, eu disse que não transei!... Eu apenas me masturbo”
Michael: “Apenas. Eu não entendo. Não sou suficiente pra você?”
David: “Sim, claro que é, Michael”
Michael: “Então, por que fez isso?”
David: “Eu não sei... Acho que foi pela excitação... Quero que os caras...me achem
atraente. Não sei, às vezes...preciso sair sozinho”
Michael: “Você é um mentiroso”
David: “É a verdade. Michael”
Michael: “Dane-se você e a sua verdade”

Deste modo, a figura do homem é colocada enquanto ser que está propenso ao
sexo, de forma natural e supostamente incansável. A trama envolve o telespectador, a
partir da exacerbação da figura do homem, centrando-o no discurso e na imagem. É
importante atentar para o caráter puramente volátil das relações homoconjugais entre
homens: o relacionamento entre tais sujeitos se faz presente em apenas um curto
período de tempo, não sendo necessário estabelecer um vínculo mais duradouro. O
prazer de estar com a pessoa acaba logo após o ápice do sexo. Isso fica explícito no
diálogo entre Brian e Justin, no 2º episódio:

Justin: “Você não namora ninguém”


Brian: “Mikey andou conversando com você”
27

Justin: “Você transa com todo mundo... Ele é feio. Você nem conhece ele. E eu... Eu
realmente...”
Brian: “Eu transei com você. O que aconteceu na noite passada foi apenas uma
diversão. Eu queria você e você me queria. Foi tudo o que aconteceu”
Justin: “Uma transa?”
Brian: “O que pensava que tinha sido? Olha, eu não acredito no amor. Eu acredito em
sexo. É honesto. É eficiente. Você sai com o máximo de prazer e o mínimo de
compromisso. Amor é uma coisa que os heteros dizem que existe, só pra terem uma
razão pra transar e depois acabam machucando um ao outro. Porque foi tudo baseado
em mentiras pra começar. Se é isso que você quer. Então vai e encontre uma linda
garotinha...e case-se com ela”
Justin: “Não é isso que eu quero. Eu quero você”
Brian: “Você não pode me ter. Estou muito velho. Você é muito jovem pra mim. Você
tem 17. Eu tenho 28”
Justin: “29”
Brian: “Tudo bem. 29. Mais um motivo. Agora vai fazer a sua lição de casa”

Vale ressaltar, que não podemos generalizar e dizer que todos os casais
homossexuais masculinos e homossexuais femininos se comportam da mesma forma19,
visto que não existe um único estereótipo da homossexualidade na mídia. Dessa forma,
identidades corporais podem se conformar ou não às regras de gênero e sexuais, esta
apontam para a tríade heterossexual20: sexo – gênero – sexualidade, ou seja, o indivíduo
nasce com um sexo determinado, em seguida compõe sua identidade de gênero a partir
de seu órgão genital e, mais adiante, engloba em seu arcabouço corpóreo a maneira
como irá expor seus prazeres e desejos com o sexo oposto.
Para a maioria da população, em geral, condicionada ao pensamento
heterossexista, as afirmações expostas acima são bastante polêmicas e provocadoras,
pois fogem à regra do que para as convenções sociais deve ser determinante: pênis –
masculino – heterossexual – relacionamento afetivo-sexual com mulheres / vagina –
feminino – heterossexual – relacionamento afetivo-sexual com homens.

19
Ver LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho – ensaios sobre sexualidade e teoria queer, Belo
Horizonte: Autêntica, 2004
20
Ver Idem
28

A partir das produções acadêmicas voltadas para uma perspectiva de gênero,


bem como mais recentemente, com a Teoria Queer, podemos dizer que tais padrões
homoconjugais: homem – ativo – trabalha fora de casa / mulher – passiva – dona de
casa, podem ser colocados em cheque no seriado, visto que, nem todos os homens são
ativos e trabalham no espaço público e, nem todas as mulheres possuem relação de
passividade e são donas de casa.
É notável que, ao observar o seriado, há certo equilíbrio entre o número de
casais masculinos e femininos: num total são dois casais masculinos (Michael e David,
Brian e Justin). E ainda as relações rápidas de Emmett e Ted, e apenas um casal
feminino (Lindsay e Melanie). Inclui-se aqui, a questão da falta ou diminuição de
relações sexuais entre as mulheres que formam o casal feminino, apontando para uma
concepção de gênero que não associa a mulher ao sexo.
Podemos também pensar esta questão a partir da abordagem tratada por Maria
Luiza Heilborn (2004), ao comparar casais homossexuais femininos e masculinos, ela
observa como os ideais de igualdade, mais presentes nos casais femininos, acabam por
resultar em uma menor eroticidade. As mulheres homossexuais levariam ao extremo
aquilo que é preconizado para a conjugalidade igualitária, sendo que isso parece
implicar menor eroticidade da relação (HEILBORN, 2004, p.189). Para as mulheres
haveria uma relação associada ao amor romântico, diferente dos homens, que encaram
as relações a partir de um amor sexual (ênfase na libido). Porém, em contrapartida ao
pensamento masculino puramente sexual, a série mostra, numa determinada cena, um
casal de homossexuais masculinos que estão juntos há 50 anos.
O binarismo masculino / feminino se faz presente no entorno das relações
polares entre “ativo” e “passivo”21, não se limitando apenas ao ato sexual, assim como
na interação entre “papéis sexuais”, onde o “falo” representa a discussão central nas
relações. Podemos exemplificar essa lógica a partir deste esquema: penetrador =
dominante / penetrado = dominado. O fato é, portanto, que, “atividade” significa poder
em relação à “passividade”, que faz com que as relações de poder da vida cotidiana
possam ser algumas vezes invertidas temporariamente no ato sexual de coito anal (FRY
& MACRAE, 1991, p.51).

21
A superioridade social do “ativo” sobre o “passivo” é nitidamente expressa nas palavras de gíria que
usamos para falar das relações sexuais como “comer” e “dar”, “ficar” por “cima” e “abrir as pernas”.
Quem “come”, vence, como um jogador de xadrez que tira as peças de seu adversário do tabuleiro,
“comendo-as”. Quem “come” está “por cima” e quem está por cima é quem controla. Quem “dá” ou
quem “abre as pernas” é quem se rende totalmente (FRY & MACRAE, 1991, p.48).
29

Esta imagem, que se torna recorrente na série, é transposta às personagens tidas


como “passivas” que são representadas enquanto dependentes financeiramente, e estão
localizadas num ambiente privado, como por exemplo: Brian e Justin: Brian é
publicitário, desempenha o papel de ativo na relação e é independente financeiramente /
Justin é estudante do colegial, desempenha o papel de passivo na relação e é dependente
dos pais; David e Michael: David é fisioterapeuta, desempenha o papel de ativo na
relação e é independente financeiramente / Michael é supervisor em uma loja de
departamentos (Big Q), desempenha o papel de passivo e é “dependente”
financeiramente de David; Melanie e Lindsay: Melanie é advogada, desempenha o
papel de ativo na relação, é aquela que trabalha fora para garantir o sustento da família /
Lindsay é professora de arte, desempenha o papel de passivo e é dependente de
Melanie.
Considera-se, que as relações identitárias lineares, tais como: lésbicas / família /
estabilidade conjugal / maternidade / afetividade e, gays / corpos / sexo / relações
voláteis / espaço público, se constituem enquanto estereótipos que reafirmam e
rearticulam a lógica heterossexual. Tomamos como base, o que Goffman (2008), diz
acerca do conceito estigma:

(...) o estigma envolve não tanto um conjunto de indivíduos concretos que


podem ser divididos em duas pilhas, a de estigmatizados e a de normais,
quanto um processo social de dois papéis no qual cada indivíduo participa de
ambos, pelo menos em alguma conexões e em algumas fases da vida. O
normal e o estigmatizado não são pessoas, e sim perspectivas que são geradas
em situações sociais durante os contatos mistos, em virtude de normas não
cumpridas que provavelmente atuam sobre o encontro. Os atributos
duradouros de um indivíduo em particular podem convertê-lo em alguém que
é escalado para representar um determinado tipo de papel; ele pode ter de
desempenhar o papel de estigmatizado em quase todas as situações sociais,
tornando natural a referência a ele, como eu o fiz, como uma pessoa
estigmatizada cuja situação de vida o coloca em oposição aos normais.
Entretanto, os seus atributos estigmatizadores específicos não determinam a
natureza dos dois papéis, o normal e o estigmatizado, mas simplesmente a
freqüência com que ele desempenha cada um deles. E já que aquilo que esta
envolvido são os papéis em interação e não os indivíduos concretos, não
deveria causar surpresa o fato de que, em muitos casos, aquele que é
estigmatizado num determinado aspecto exibe todos os preconceitos normais
contra os que são estigmatizados em outro aspecto (GOFFMAN, 2008,
p.148-149).

Apoiando-se no que Judith Butler coloca: A instituição de uma


heterossexualidade compulsória e naturalizada exige e regula o gênero como uma
relação binária em que o termo masculino diferencia-se do termo feminino, realizando-
se essa diferenciação por meio das práticas do desejo heterossexual (BUTLER, 2004,
30

p.45). Como indagação a posteriori, podemos pensar como irão se comportar as relações
daqueles indivíduos que correspondem à norma, contudo, no seu convívio social se
relacionam, a partir de práticas e de desejo, com pessoas do mesmo sexo?
Diante de tais colocações, o seriado em questão se articula a partir de uma lógica
predominante, a heterossexista, apesar de conseguirmos visualizar que este é um
produto midiático, voltado a um público específico, o determinante heterocentrista ainda
é muito forte, por exemplo: colocação das personagens lésbicas em segundo plano, o
ativo ser superior ao passivo, enfatizar os relacionamentos homossexuais masculinos ao
invés de colocá-los em pontos de igualdade com os femininos.

1.4 – Comunidade LGBT de Pittsburgh22:

Pittsburgh é de perto uma cidade, que volta seus olhos para a comunidade gay e
lésbica. Isto, em grande medida devido à multiplicidade de atividades, bares, festas, e
simpatia que a cidade estende a qualquer pessoa disposta a dar uma olhada. Esta cidade
oferece um diverso ciclo de entretenimento, e geralmente possui um calendário
completo por eventos de esportes, artes e cultura, e também a famosa Pittsburgh Gay
PrideFest - Parada do Orgulho Gay de Pittsburgh.
A comunidade gay e lésbica foi bem acolhida em Pittsburgh desde finais dos
anos 70, e a cidade teve uma coordenação gay, desde 1990 que impede a discriminação
baseada na orientação sexual. Pittsburgh também é o palco do popular Festival Anual de
Cinema Gay e Lésbico que atrai milhares de gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros,
escritores, diretores e atores.

22
As informações a respeito da Comunidade LGBT de Pittsburgh foram retiradas dos sites:
<http://www.associatedcontent.com/article/32668/pittsburghs_gay_lesbian_community.html>,
<http://pittsburgh.about.com/od/glbt/Gay_Lesbian_Gay_in_Pittsburgh.htm>, acessados em 18/07/09.
Traduzido pela ferramenta de idiomas do site: <http://www.google.com.br >
31

CAPÍTULO 2 - RELACIONAMENTOS HOMOCONJUGAIS EXPOSTOS NO


SERIADO QAF:

2.1- Mulher = afeto; Homem = sexo?

As explanações a seguir trazem à baila a discussão que se faz sobre


relacionamentos homoconjugais masculinos e femininos, explorando não apenas a
maneira como tais casais são representados no seriado Queer as Folk, assim como
fazendo relação com a pesquisa de campo, no sentido de utilizá-la como ferramenta que
nos ajuda a entender, um pouco mais, sobre a nossa realidade.
Procuro, enquanto objetivo geral, compreender como se constroem as relações
homo-masculinas e homo-femininas no seriado mencionado anteriormente.
Parafraseando (PAIVA, 2007, p.341): o foco analítico do trabalho recaiu sobre o
“artesanato” dessas relações revelando a dimensão da sociabilidade do dia-a-dia, das
micro-redes relacionais, da economia dos sentimentos. Acredito que diversos são os
fatores para se tentar entender como se estabelecem tais conjugalidades. Na maioria dos
casos, convencionou-se culturalmente em dizer que existem identidades de gênero que
já estão determinadas desde o nosso nascimento, ou seja, na nossa sociedade, é comum
ouvirmos da maioria das pessoas, que: mulher é mais afetuosa, mais romântica,
enquanto que o homem é mais sexo e menos romântico23. Seguindo essa lógica,
podemos dizer que:

A socialização de gênero na nossa cultura ensina os homens a serem mais


interessados em sexo e em variedade sexual do que as mulheres. Por outro
lado, para muitas mulheres, independente de sua orientação sexual, sexo e
amor estão intimamente ligados, o que faz com que relações casuais sejam
menos atraentes (NUNAN, 2007, p.59)

Tais construções convencionais de gênero podem ser percebidas no seriado, pois


numa análise rápida e com poucas elocubrações teóricas, é perceptível a existência de
diferenças entre homens e mulheres homossexuais, tanto nas relações sexuais como nas

23
A declaração “É uma menina!” ou “É um menino!” também começa como uma espécie de “viagem”,
ou melhor, instala um processo que, supostamente, deve seguir um determinado rumo ou direção. A
afirmativa, mais do que uma descrição, pode ser compreendida como uma definição ou decisão sobre um
corpo. Louro Apud Butler (1993) argumenta que essa asserção desencadeia todo um processo de “fazer”
desse um corpo feminino ou masculino. Um processo que é baseado em características físicas que são
vistas como diferenças e às quais se atribui significados culturais. Afirma-se e reitera-se uma sequência
de muitos modos já consagrada, a sequência sexo-gênero-sexualidade. O ato de nomear o corpo acontece
no interior da lógica que supõe o sexo como um “dado” anterior à cultura e lhe atribui um caráter
imutável, a-histórico e binário (LOURO, 2004, p.15)
32

sociais. O casal de lésbicas é mostrado desde o início da série, como um casal que já
está firmado: as duas têm um filho, são mostradas enquanto personagens que se
restringem ao ambiente da casa, e, apesar das discussões, na maioria das cenas
aparecem demonstrando carinho uma pela outra. No caso dos homens: são,
constantemente, mostrados com os amigos, na boate, no bar, não possuem relações fixas
com os parceiros e, se contentam, muito mais, com o prazer sexual.
A princípio, quando assistimos pela primeira vez QAF, não nos damos conta que
apesar de existirem modelos conjugais, que destoam, aparentemente, de padrões
heterossexuais (homem e mulher), no entanto, no momento dos pares estarem juntos
numa casa, num apartamento, por exemplo, ocorrem situações semelhantes à de um
casal heterossexual, ou seja, no caso das personagens lésbicas do seriado (Lindsay e
Melanie), ao manterem conjugalidade, elas estabelecem papéis identitários de gênero:
Lindsay – dona de casa – mãe – “dependente” financeiramente de sua parceira / Melanie
– trabalha fora – se considera o “pai” na relação – paga as contas. No lado masculino,
podemos mencionar dois casais: Justin – dependente dos pais – mora inicialmente com
a família e depois vai morar com amigos – nas práticas sexuais se comporta como
“passivo” / Brian – Publicitário – mora sozinho – nas práticas sexuais se comporta
como “ativo”; O outro casal: Michael – “dependente” financeiramente de David – se
comporta como “passivo” / David – Médico – mora sozinho – se comporta como
“ativo”24.
Apesar de Heilborn (2004); Nunan (2007) destacarem que: no par homossexual
é abolida a classificação do gênero, prevalecendo a expectativa de independência
econômica entre os parceiros, percebemos, no seriado, uma diferenciação no sentido do
ser independente tanto financeiramente quanto sexual, ou seja, a série não coaduna com
o pensamento das autoras acima, estabelecendo hierarquias entre os sujeitos masculinos
e femininos. As discussões, no seriado, giram em torno da questão do “falo”, onde
quem o possui ocupa a posição de dominador e o que não o possui é dominado. No caso
feminino, há uma pequena diferença: o discurso das mulheres não registra a vigência de
uma gramática da cópula25 nos termos “passividade / atividade” como ocorre entre os
homens gays (HEILBORN, 2004, p.180). Mas, ainda assim, o seriado estabelece

24
A utilização das aspas nas palavras: pai, dependente, ativo e passivo, faz-se necessário, pois
entendemos que são representações sociais, por esse motivo não se pautam a partir de uma lógica
determinista e / ou generalizante.
25
A gramática da cópula também pode ser traduzida para o termo economia das relações amorosas
(passivo / ativo) utlizado por Paiva (2007), mais acessível ao entendimento.
33

padrões hierárquicos, tanto para gays quanto para lésbicas, não dizendo respeito apenas
ao âmbito sexual, assim como ao financeiro.
Dentro dessa homocorporalidade26, podemos destacar questões que dizem
respeito ao âmbito da casa e da rua, enquanto categorias de análise que nos ajudam a
entender uma possível lógica da construção das relações entre gays e lésbicas, pelo fato
de que as personagens “passivas” são constantemente representadas enquanto
“dependentes” na questão financeira e ligadas ao âmbito privado (casa). Para DaMatta
(1997) “casa” e “rua”
(...) são categorias sociológicas para os brasileiros, estas palavras não
designam simplesmente espaços geográficos ou coisas físicas comensuráveis,
mas acima de tudo entidades morais, esferas de ação social, províncias éticas
dotadas de positividade, domínios culturais institucionalizados e, por causa
disso, capazes de despertar emoções, reações, leis, orações, músicas e
imagens esteticamente emolduradas e inspiradas (DAMATTA, 1997, p.15).

Nesse sentido, associar as lésbicas ao ambiente da casa e os gays ao ambiente da


rua, se constituem enquanto domínios culturais institucionalizados que no Brasil bem
como no seriado são fortemente marcados, mas isso não quer dizer que tais categorias
ocupam uma posição estática e absoluta, pelo contrário, há uma movimentação dos
sujeitos no espaço urbano, rua e casa se reproduzem mutuamente, posto que há espaços
na rua que podem ser fechados ou apropriados por um grupo, categoria social ou
pessoas, tornando-se sua “casa”, ou seu “ponto” (DAMATTA, 1997, p.55). Apesar de
haverem diferenças econômicas, culturais, sociais, entre os Estados Unidos e o Brasil,
no momento em que visualizamos algumas cenas, percebemos que os padrões sexuais
(masculinos e femininos) são parecidos aos do Brasil, ou seja, as personagens femininas
(heterossexuais e homossexuais) são, na maioria das vezes, representadas
desenvolvendo atividades ligadas ao âmbito do privado, da casa; no caso dos
personagens masculinos, tais sujeitos se movimentam no espaço urbano e, de certa
forma, podemos associar essas práticas às considerações feitas por Roberto DaMatta.
No percurso de QAF, o único casal de lésbicas que é representado, aparece como
um modelo de conjugalidade convencional (heterossexual) e, tal qual nesse modelo,
decidem ter um filho. Brian, então, teria sido escolhido por ser amigo de Lindsay desde

26
Tal termo pretende ser um descritor de contatos sexuais entre homens e mulheres e sem que haja a
centralidade da sexualidade, que é uma figura por demais histórica. (HEILBORN, 2004, p.15)
34

a época da faculdade. Logo no primeiro episódio, percebemos a inserção das


personagens lésbicas na trama, através da maternidade27.
Ao representar o casal de lésbicas, o seriado recorre, inicialmente, ao estereótipo
mais recorrente ao universo feminino, que é a relação intrínseca da mulher com a
maternidade. Segundo (ZANFORLIN Apud HALL, 1997), o estereótipo reduz, exagera,
simplifica, essencializa, naturaliza e fixa a diferença, demarcando fronteiras de fácil e
reducionista identificação.
Dessa forma, a construção estereotípica28 além de funcionar como marcador de
identidades, é uma forma de excluir os indivíduos que não se enquadram em um
determinado perfil e / ou padrão.
Fry & MacRae (1991), em um dos estudos clássicos sobre homossexualidade,
destacou que no Brasil os papéis sexuais são rigidamente separados:

Desde a mais tenra infância, meninos e meninas são educados para se


portarem como homens e mulheres mais tarde. Os homens deveriam ser
fortes, trabalhadores capazes de sustentar sua família, interessados em futebol
e outras atividades definidas como masculinas e, sobretudo, não deveriam
chorar... As mulheres, por outro lado, aprendem as tarefas de casa e lhes é
imbuído o que se chama de instinto materno. Ao contrário dos homens, não
podem ter relações sexuais antes de casar, chegando ao casamento ainda
virgens. Além disso, ainda neste Brasil popular, uma vez casadas, não
deveriam demonstrar muito gosto pelo sexo (FRY & MACRAE, 1991, p.41-
42).

Dentro da perspectiva dos autores destacados acima, temos uma noção de que as
percepções identificadoras dos gêneros masculinos e femininos, tais como: mulher –
carinhosa – ambiente da casa e homem – sexo – ambiente da rua, são concepções
embasadas pela cultura, pelos significados apreendidos de educação, comportamento,
etc.
Especificamente, ao falarmos de gays e de lésbicas, percebemos que existe um
universo que possui características específicas, tanto nas práticas sexuais quanto nas
sociais, com relação a essa questão, novamente Fry & MacRae (1991) puderam
constatar, numa pesquisa feita com homossexuais masculinos e femininos em São

27
É pela maternidade que a mulher realiza integralmente seu destino fisiológico; é a maternidade sua
vocação “natural”, porquanto todo o seu organismo se acha voltado para perpetuação da espécie
(ZANFORLIN Apud BEAUVOIR, 1980, p.248).
28
Ao mencionar o termo construção estereotípica procuro estabelecer relação com o que Goffman (2008)
diz sobre estigma, no qual está ligado com a nossa rotina de relações sociais diárias com “outras pessoas”
previstas sem atenção ou reflexão particular... O termo estigma, portanto, será usado em referência a um
atributo profundamente depreciativo, mas o que é preciso, na realidade, é uma linguagem de relações e
não de atributos. Um atributo que estigmatiza alguém pode confirmar a normalidade de outrem, portanto
ele não é, em si mesmo, nem honroso nem desonroso (GOFFMAN, 2008, p. 12-13)
35

Francisco, que os homens tendem a ter relações sexuais muito mais freqüentes que as
mulheres.

De forma menos objetiva, qualquer freqüentador do meio lésbico pode


chegar à mesma conclusão, pois é comum se encontrar casais de mulheres
que, apesar de se considerarem um par ou um “caso”, mantém pouquíssimas
relações sexuais uma com a outra. Muitas vezes é o vínculo afetivo que é
considerado mais importante, ou então o contato sexual pode ser mais uma
questão de carícias feitas em várias regiões do corpo do que um contato
voltado essencialmente para os órgãos genitais. Outro dado constatado é que,
embora haja uma tendência para os homossexuais de ambos os sexos serem
mais promíscuos que seus equivalentes heterossexuais, no geral as lésbicas
têm “casos” mais duradouros que homens, além de serem mais “fiéis” às suas
parceiras do que eles. Recentemente tem até sido difundida a posição de que
as sexualidades masculina e feminina seriam intrinsecamente diferente, tanto
as mulheres heterossexuais quanto as homossexuais dariam muito menos
ênfase à genitalidade que os homens, sendo mais adequado considerar a sua
sexualidade como difusa em seu corpo inteiro e muito menos centrada na
experiência de um clímax cujo modelo geralmente é a ejaculação masculina.
Isto serviria para explicar as grandes diferenças geralmente encontráveis no
comportamento sexual de homossexuais de ambos os sexos (FRY &
MACRAE, 1991, p.106-107)

A partir deste subitem, podemos vislumbrar possíveis considerações a respeito


das determinações identitárias dos papéis sexuais masculinos e femininos, que
envolvem práticas sexuais assim como sociais. Sem a intenção de esgotá-las aqui,
espero que seja propiciadora de reflexões e compreensões acerca de tais convenções
culturais.

2.2- Como as personagens lésbicas e gays do seriado encaram as relações


homoconjugais?

Neste subitem, começarei minha explanação mostrando alguns diálogos entre as


personagens gays e as personagens lésbicas e, em seguida farei as análises. No diálogo a
seguir Brian e Michael conversam (ambos falam sobre o encontro de Michael com
David):

Michael: É estranho ter um encontro.


Brian: Deixe que abra a porta do carro e puxe a cadeira pra você.
Michael: Me refiro a isso. É tão... Hetero! Já esteve em um encontro de verdade?
Brian: Uma vez... terminei trepando com o garçom.
Michael: Eu não sei o que fazer ou o que dizer.
Brian: Seja você mesmo!
36

Michael: Isso fará a noite voar. Porque não podemos ir direto pro sexo?
Brian: O motivo de um encontro, ou como me foi explicado, por aqueles que costumam
fazer isso, é conhecer bem a outra pessoa antes de trepar com ela.
Michael: Que idéia idiota! E se não gostar dele?

O próximo diálogo será do casal de lésbicas (Lindsay e Melanie), na ocasião da


cena, elas conversam com Justin sobre o fato da personagem Daphne (colega de escola
de Justin) estar “apaixonada” por ele, pois Justin e Daphne tinham transado, sendo que
foi a primeira vez que Justin se envolveu sexualmente com uma garota e, era a primeira
relação sexual de Daphne:

Lindsay: Bem, isso porque não é tão fácil para a maioria das mulheres separar amor e
sexo como os homens fazem.
Melanie: Sim. Isso foi sempre o que me incomodou nos homens, especialmente em se
tratando da sua primeira vez.
Lindsay: Quero dizer, ali você está permitindo que alguém entre em seu corpo.
Melanie: Digo você nunca esteve tão perto de alguém em toda a sua vida.
Lindsay: E antes que você se dê conta, você está apaixonado por essa pessoa, que a faz
sentir de uma forma que você nunca tinha sentido antes.
Melanie: Então você entende porque Daphne deve estar apaixonada por você.

Analisando, inicialmente, o casal masculino, verificamos a partir da fala da


personagem Michael, que há um pensamento de exclusão na questão dos encontros
homossexuais masculinos, a simbologia do termo “encontro”, na fala, parece estar
associada somente ao ambiente heterossexual, como se não houvesse a possibilidade de
se estabelecerem encontros entre homossexuais masculinos. Além disso, a questão do
sexo é bastante enfática no diálogo, pelo fato de não se ter uma representação
significativa para os casais homo-masculinos29. Nesse sentido, os gays seriam capazes
de separar amor e sexo e, portanto, de desfrutar de sexo casual sem envolvimento
emocional (NUNAN Apud ALMEIDA NETO, 1990)
No caso das lésbicas, apesar de se falar em amor e sexo, a maneira de pensar do
casal homo-feminino deixa claro que há uma separação entre tais termos, onde o

29
(...) quando irrompe nos mapas da simbólica sexual binária (homem / mulher), a homossexualidade é
alojada no território do marginal, do desvio, do estrangeiro (PAIVA, 2007, p.247)
37

primeiro está ligado à afetividade, ao carinho, e o segundo, ao prazer sexual, à libido.


Nesse sentido, o amor está ligado às relações de caráter fixo, que já estão firmadas, que
envolvem compromisso, e, o sexo está ligado ao prazer e não se configura como
construtor de uma relação30.
Diante dessa problemática, Heilborn (2004) tece considerações significativas:

(...) a maior parte do problemas ligados à condição homossexual é este corte


entre afetividade e sexualidade resultante da ausência de instituições
familiares que cimentam as relações heterossexuais. Prolongando-se muito
raramente mais do que alguns meses ou poucos anos, a relação do casal é
frequentemente tomada hipotética desde o começo por dramas, angústias e
infidelidades. À falta de um modelo de vida social própria, o casal
homossexual, imagem sobredeterminada pela norma heterossexual, é um
ideal sentimental raramente realizado (HEILBORN Apud POLLAK, 1988,
p.51).

Observamos que mesmo entre casais homo-masculinos e homo-femininos,


existem relações de poder que permeiam o binarismo homem / mulher e mantém
representações tradicionais e arraigadas socialmente, tais relações têm como base
direcionamentos hierárquicos, traduzidos geralmente por percepções heterossexuais.
Concernente ao sexo, como foi mostrado anteriormente, há uma regulação, por
parte de leis, que configuram o poder. O que significa, em primeiro lugar, que o sexo
fica reduzido, por ele, a regime binário: lícito e ilícito, permitido e proibido
(FOUCAULT, 1988, p.93).
Vale ressaltar, que as relações homoconjugais masculinas e femininas não se
restringem ao caráter puramente sexual. Devemos mencionar aqui, as relações
estabelecidas no cotidiano, para isso, utilizaremos alguns diálogos presentes em
episódios da primeira temporada.
No diálogo a seguir, Melanie e Lindsay levam o filho (Gus) ao hospital, pois ele
está doente:

Enfermeiro: Quais são os sintomas?


Melanie: Diarréia, vômito, febre.
Enfermeiro: Sabe a temperatura?
Lindsay: Quase 40º.
Melanie: Nós nos preocupamos com desidratação.
30
Sob os auspícios do amor, o lesbianismo grafa de forma exagerada os limites de sua traduzibilidade e
revela que sua artimanha é justamente dialogar com o pensamento lá onde consideramos domínio oposto
à razão, a saber, a afetividade, que no “amor entre mulheres” é levada às últimas conseqüências
(HEILBORN Apud MUNIZ, 1989, p.49-50).
38

Enfermeiro: Vamos checar. Quem é a mãe?


Lindsay: Sou a mãe biológica.
Enfermeiro: Venha comigo! Você espera aqui (para a Melanie).
Lindsay: Nós somos um casal.
Enfermeiro: Neste caso, tem os papéis da adoção?
Lindsay: Adoção?
Melanie: Ainda não... planejamos.
Enfermeiro: Só os guardiões legais podem entrar.
Melanie: Pare de falar e leve-o agora.
Lindsay: Volto quando souber algo.
Melanie: Amo você. (Ela vai falar com a recepcionista). Com licença, preciso ir lá
dentro. Minha parceira esqueceu a manta e não quero o bebê...
Recepcionista: Senhorita, ou seja lá o que for... já foi explicado que só os pais ou
guardiões legais podem acompanhar o bebê.
Melanie: Acredito que deve ser explicado a você que sou eu quem o ama, alimenta,
troca, limpa sua sujeira, paga as contas, e ouça aqui! (Ela tinha baixado a cabeça e não
olhava para Melanie). Passo a noite acordada preocupada com que ele cresça, seja feliz
e amado e não ouse dizer que não tenho o direito de estar com ele (Brian chega nesse
momento).
Brian: O que está havendo?
Melanie: Não me deixaram entrar lá.
Brian: Por quê?
Melanie: Não sou guardiã, estou enlouquecendo.
Brian: É a maldita burocracia? (o enfermeiro chega).
Melanie: Com licença, este é o pai.
Enfermeiro: Eu o levo até lá.
Brian: Ela também vai.
Melanie: Não se preocupe, vá e dê isso a ele (a manta).

No diálogo a seguir, no bar, Ted, Emmett e Brian, conversam com Michael


sobre o fato de ele ter um namorado:

Ted: Se anda com um namorado e fala como um namorado.


Ted /Emmett: Só pode ser um namorado.
39

Brian: Dá pra calarem a boca? É ótimo Mike ter um caso mais sério.
Michael: Não é nada sério, só saímos duas vezes.
Ted: Consideramos isso um relacionamento.
Emmett: Logo estarão trocando alianças.
Ted: Numa cerimônia onde 200 convidados já transaram com um ou dois pombinhos.
Emmett: Nos prometa que não vão usar ternos brancos iguais.
Michael: Isso nunca vai acontecer!
Emmett: Então é bom tomar cuidado com os sinais.
Michael: Que sinais?
Ted: Como quando ele lhe dá flores.
Emmett: Ou convida-o para passar o fim de semana nas montanhas.
Ted: Onde só verá o teto do quarto.
Emmett: E o aviso mais importante: quando ele conhece sua mãe e ela o convida para
jantar.

No primeiro diálogo, fica evidente, apesar do cuidado, do amor, da atenção dada


ao filho, naquela sociedade o preconceito é muito forte, o qual esbarra na questão da
adoção. Se torna latente no diálogo o fato das legislações não assegurarem direitos civis
semelhantes aos estipulados a casais heterossexuais: direito à herança, partilha da bens,
declaração conjunta de renda, adoção, dentre outros31.
No segundo diálogo, os amigos de Michael conversam com ele sobre
relacionamentos: o que se pode considerar como um relacionamento sério? Nessa
economia dos sentimentos existem sinais que indicam quando se está namorando ou
não? A questão da construção dos relacionamentos homoconjugais masculinos é muito
presente, praticamente em todo o seriado, pelo que se observa, ao longo da primeira
temporada, os amigos Ted, Emmett, Michael, Brian nunca experimentaram
relacionamentos de longa duração32 e apenas estabeleceram vínculos muito rápidos.
Esta realmente parece ser a tônica dos relacionamentos, e os sujeitos estão bastante

31
Do mesmo modo, a falta de rituais que marquem a união, assim como a inexistência do direito de casar-
se legalmente exclui estes casais de validação social e legal. Dito de outra forma, para casais
homossexuais resta a confusão que os membros da família de origem experienciam no processo de tentar
entender seus papéis com relação ao novo casal. A ausência de uma festa de casamento ou de uma
cerimônia equivalente tende a confirmar o estigma com relação aos homossexuais, perpetuando a crença
de que estes casais devem ser mantidos em segredo (NUNAN, 2007, p.49).
32
Para identificar relacionamentos homoconjugais longos e estáveis utilizo a variação que Paiva (2007)
utilizou na sua pesquisa – de 3 a 21 anos.
40

avisados a respeito da instabilidade e do não-lugar33 sobre o qual se assenta o vínculo de


amor mantido por eles (PAIVA, 2007, p.271).
Constantemente temos visto que existe certa necessidade tanto dos gays quanto
das lésbicas do seriado em tentar buscar um modelo de relacionamentos, no qual seja
possível se basear construir e / ou estabelecer parcerias e, além disso, para que sejam
reconhecidos pela sociedade. Assim, na ausência de validação social, legal e religiosa,
assim como na falta de modelos de relacionamentos nos quais se espelhar com
freqüência criam suas próprias normas conjugais (NUNAN Apud SIMON, 1996).

2.3- Fidelidade / Infidelidade:

A problemática da fidelidade / infidelidade também faz parte das micro-redes


relacionais das personagens gays e lésbicas, em uma das cenas Melanie e Lindsay são
mostradas em casa realizando o chá de bebê de Gus, com algumas amigas. Nesse dia,
Melanie conhece Marianne (amiga do casal) com quem terá um envolvimento sexual.
Abaixo segue um diálogo entre Melanie e Marianne num bar:

Melanie: É tão bom. Algumas vezes faria qualquer coisa por um cigarro.
Marianne: É bom saber disso. Por que não se permite quando tem vontade?
Melanie: Deixei de fumar quando o bebê nasceu. Lindsay se preocupava com os efeitos
da fumaça. E está certa.
Marianne: Ela é do tipo que está sempre certa?
Melanie: Sobre quase tudo. (dão um gole de vinho e se olham) Você foi um consolo. No
chá só falavam de bebês. Amo meu filho, mas às vezes...
Marianne: Às vezes você precisa de outra coisa.

Ao final dessa conversa, as duas vão à casa de Marianne e lá elas transam.


No caso masculino, o próximo diálogo mostra Michael e David, os dois
conversam sobre o fato de David ter ido à sauna.

David: Eu devia ter contado a verdade. É sobre ontem à noite.


Michael: Quando disse que gozaria pela quarta vez, eu sabia que estava mentindo.

33
A partir dos estudos antropológicos, podemos dizer que a união homossexual apresenta-se como o
estado zero das relações sociais, como não-relação (PAIVA Apud BALANDIER, 1976, p.41).
41

David: Não, quando disse que tinha um jantar de negócios, era mentira. Eu fui à sauna.
Michael: (De pé, gritando) O que foi fazer lá?
David: Dar uma volta. Não é algo que faço sempre, Michael. É a primeira vez desde que
estamos juntos.
Michael: Não quero falar disso.
David: Você deve saber.
Michael: Que transa por aí?
David: Eu não transei.
Michael: E depois vem pra casa transar comigo. Se me transmitiu algo...
David: Disse que não transei! (Grita) Eu apenas me masturbo.
Michael: Apenas... Não sou suficiente pra você? Por que faz isso?
David: Não sei! Acho que pela excitação. Quero que os caras me achem atraente, sei lá!
Às vezes preciso sair sozinho...
Michael: Você é um mentiroso.

Falar de fidelidade / infidelidade não é um dos focos deste trabalho, perpasso por
essas questões porque se faz necessário, tendo em vista que quando mencionamos esses
termos nos estudos sobre relacionamentos, voltamos nosso olhar àquilo que já foi dito
anteriormente, onde os papéis sociais34 / sexuais masculinos e femininos
frequentemente se encontram em espaços estigmatizantes que indicam quase como uma
vocação ao compromisso, uma característica ao ser mulher. A partir de algumas cenas,
observamos que a personagem Lindsay se sente obrigada a agradar Melanie, é afetuosa,
paciente, e cumpre seu dever de parceira através de uma “obrigação” com o ato sexual,
por mais que esteja cheia de afazeres e cansada. Já Melanie procura o sexo que não
encontra em casa, com uma parceira eventual, numa típica alusão ao “marido infiel”
(ZANFORLIN, 2005, p.126).
A infidelidade, portanto, é apresentada como uma característica estritamente
relacionada ao gênero masculino. Vale ressaltar, que isso não é algo fechado, estanque.
O fato é que os homens são criados para pensar que sua própria masculinidade está

34
Destaca-se que as representações da relação entre Melanie e Lindsay foram estabelecidas sob a
orientação dos papéis sociais determinados pelo gênero biológico, como também pode ser observado na
relação entre David e Michael. Este último assume o papel da mulher que cobra fidelidade do marido, ao
dizer, por exemplo: “não sou suficiente para você?”. Ou seja, “as pessoas socialmente „femininas‟ se
relacionam com as socialmente „masculinas‟. As mulheres e bichas se relacionam co os homens e os
homens e mulheres-macho se relacionam com as mulheres” (ZANFORLIN Apud FRY & MACRAE,
1983, p.45).
42

sempre a ser provada por um desempenho sexual tanto potente quanto freqüente
(ZANFORLIN Apud FRY & MACRAE, 1983, p.49).

2.4- Diálogos com a pesquisa de campo:

As considerações seguintes dizem respeito a uma parte da pesquisa de campo,


especificamente à 17ª pergunta do questionário35, que diz: Como você percebe, no
seriado, que gays e lésbicas encaram as relações homoconjugais?
Na pesquisa, que será detalhada no próximo capítulo, foram entrevistadas
somente aquelas pessoas que assistiram a primeira temporada do seriado QAF. Os
nomes dos informantes foram trocados pelos dos personagens principais da primeira
temporada do seriado. A seguir mostrarei 4 entrevistas (2 homens e 2 mulheres),
referentes à 17ª pergunta.
Pergunta: Como você percebe, no seriado, que gays e lésbicas encaram as
relações homoconjugais?
Jennifer (21 anos, sexo feminino, orientação sexual heterossexual, não se atribui
identidade de gênero / sexual, ensino superior incompleto) respondeu36:

“Bom, eu acho que aí é... já vai mais parte do ser humano, né?! É a questão de tentar
se compreender... tentar... eles tentam sempre buscar, né?! A relação perfeita e, pra
isso vai passando, vai conhecendo e, à noite saindo... e aí uma relação dá certo, depois
não dá mais, e é isso que o seriado tentar mostrar, que é interessante, também, como
eles mostram, né?! Essa procura, essa busca, o fato de às vezes eles descobrirem de
uma amizade, mesmo, que pode ser algo mais, pode ter um significado maior e acredito
que seja isso.

Daphne (27 anos, sexo feminino, orientação sexual feminina [heterossexual],


não se atribui identidade de gênero / sexual, ensino superior incompleto) respondeu37:

“Eu acho que não existe muito a diferença entre homens e mulheres encarar a relação
conjugal. Em todos, e não só os homens, o que existe é uma diferença, mesmo, cultural,

35
O questionário com todas as perguntas utilizadas na entrevista estão no anexo do trabalho.
36
Entrevista concedida no dia 15 de agosto de 2009, no município de Belém – Pará.
37
Entrevista concedida no dia 10 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
43

de educação, entre homem e mulher. O homem, ele foi educado, quando criança, que
não tem aquela coisa: „Ah! Ele é gay, ele é homo, ele é isso, ele é aquilo outro, ou ela é
isso, ela é aquilo outro... é aquela coisa: mulher é educada pra se preservar, pra
cuidar, pra manter relações estáveis, o homem é educado pra caçar, pra pegar, pra
ficar com todo mundo, então existe a relação, aí, nessa base, mas a partir do momento
que ser adulto, independente da identidade sexual que assume, acho que todos querem
a mesma coisa”

Brian (28 anos, sexo masculino, orientação sexual homossexual, identidade de


gênero / sexual gay, ensino superior completo) respondeu38:

“Eu acho que vai da cabeça de cada um. Tem uns lá que têm uma idéia bem romântica,
como o Michael, né?! Ele já... é Michael, né?! [risos]. O Michael, ele tem uma idéia
bem romântica, assim... tal... os dois juntos, mesmo, e tem outras pessoas que... ali na
série, que já não tem essa idéia, não idealizam uma pessoa, não imaginam um
relacionamento só os dois juntos, é igual vida real, mesmo, né?!”

Michael (23 anos, sexo masculino, orientação sexual masculina [heterossexual],


a identidade de gênero / sexual depende do contexto e das pessoas, ensino superior
incompleto) respondeu39:

“É como eu falei naquela hora, também, sobre os meus amigos aqui, os homens curtir,
curtir, curtir, e as mulheres ficar e construir algo, tanto é que os personagens mais
experientes que nós temos, todos eles estão solteiros, eles podem estar buscando, mas o
que fica claro ali é que eles estão buscando o quê? Eles estão buscando alguém pra
aquela hora, pra depois não. O seriado já começa com as lésbicas casadas, elas já
moram juntas, tanto é que no início, uma delas tem o filho, e o filho é pra duas, então
essas relações que são colocadas ali, de homens e mulheres, perpassa muito por essa
questão de, querendo ou não, fazendo essa associação, se é certo ou errado, não sei
quem a cabe julgar. Mas, o homem, mesmo, gay, ele ainda tem aqueles traços
machistas: de pegar, de ficar, de ter o outro, e a mulher ainda é aquela coisa de: estar
na casa, construir algo, ficar, ter relacionamento, ter as nossas coisas junto, então só

38
Entrevista concedida no dia 20 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
39
Entrevista concedida no dia 06 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
44

muda o gosto, o hetero que fica lá com a mulher, mas ele fica com uma agora e fica
com outra depois, o homossexual lá que fica com outro homem, mesma coisa! Ele fica
com um aqui, fica com outro ali, fica com outro que ele quer ficar, o que ele quer é
manter as relações sexuais dele e, com a mulher já é mais diferente”.

Inicialmente, falar das representações midiáticas de casais gays e lésbicos é,


muito mais, do que apenas veicular informações,

(...) a mídia também produz saberes, formas específicas de comunicar o que é


masculino e feminino. As maneiras como são valorados os gêneros implicam
manutenção ou subversão de comportamentos, sentimentos e interdições que
ajudam a moldar a vida de homens e mulheres (BORGES, 2007, p.370).

Dentro desse viés midiático de representação, existe, muito mais, uma questão
cultural do que um determinismo biológico, pois antes de falarmos de gays e de
lésbicas, que são consideradas identidades sexuais, há um registro sexual no momento
do nosso nascimento, dizendo que seremos homens ou mulheres e que devemos nos
comportar e atuar, na sociedade, por meio de condutas pré-estabelecidas.
Pelo que foi visto na primeira temporada do seriado, tal produto midiático
transmite uma lógica identitária de pensamento e, alguns informantes, por exemplo,
Michael, se apropria dessas idéias e as transmite num discurso relacional com o
machismo e com características que devem estar intimamente ligadas ao gênero
masculino e ao gênero feminino, no caso de colocar o homem sempre em uma posição
de superior e a mulher sempre numa condição de inferior e, além disso, associar o
gênero feminino aos relacionamentos mais estáveis e o gênero masculino aos
relacionamentos mais voláteis.
Por outro lado, de acordo com a fala da informante Daphne, o que prevalece não
são diferenças entre como os gays e lésbicas encaram as relações homoconjugais, “o
que existe é uma diferença, mesmo, cultural, de educação”. Os gêneros

(...) “masculino” e o “feminino” são criações culturais e, como tal são


comportamentos apreendidos através do processo de socialização que
condiciona diferentemente os sexos para cumprirem funções sociais
específicas e diversas. Essa aprendizagem é um processo social. Aprendemos
a ser homens e mulheres e a aceitar como “natural” as relações de poder entre
os sexos. A menina, assim, aprende a ser doce, obediente, passiva, altruísta,
dependente; enquanto o menino, aprende a ser agressivo, ativo, independente
(ZANFORLIN Apud ALVES E PITANGUY, 1991, p.55-56).
45

No final das contas, todos (gays e lésbicas) querem a mesma coisa, seja com
uma idéia romântica40 de relacionamento ou não, como assinala o informante Brian, ou
seja, os casais homoconjugais, nesse sentido, querem estabelecer relações. Mas que tipo
de relação? Foucault (1988) ressaltou que o personagem homossexual do século XIX
está alocado numa região das sexualidades periféricas e, dessa forma, utilizando-se dos
dispositivos de saturação sexual, que dizem respeito ao espaço e aos ritos sociais do
século XIX, podemos dizer que a sociedade moderna procurou reduzir a sexualidade ao
casal – ao casal heterossexual, numa possibilidade de relação legítima.
O sentido da busca de uma relação, por vezes “perfeita”, como menciona a
informante Jennifer, extrapola binarismos (masculino / feminino; superior / inferior;
certo / errado; lícito / ilícito; legítimo / ilegítimo) e vai em busca da compreensão de
como o ser humano se comporta, quais as atitudes que cada um toma pra si, no sentido
de não generalizarmos tanto a conduta das personagens quanto daqueles que não fazem
parte da ficção.
Tecendo considerações finais a este capítulo, trago à tona a seguinte questão:
Até que ponto é possível considerarmos que as categorias identitárias dos papéis sexuais
/ sociais masculinos e femininos interferem na construção e / ou no estabelecimento de
relações homoconjugais?
Vimos que a lógica das construções homoconjugais não parte do fato de sermos
gays ou lésbicas, e sim dos processos de socialização apreendidos pela cultura,
indicando o que é ser homem e o que é ser mulher. Além disso, devemos destacar que a
condição de classe dos sujeitos também influencia. O seu status social e o fato de
pertencerem às camadas médias as aproximam de certos valores de igualitarismo,
educação para a fidelidade e relacionamentos simétricos. A cultura foi mostrada, ao
longo deste capítulo, como componente fundamental ao entendimento das relações
homoconjugais expostas no seriado Queer as Folk, mas será que, somente dizer que são
construções convencionais de gênero basta? Será que não existiria certa propensão do
ser humano em querer estabelecer relações conjugais estáveis ou não-estáveis com as /
os parceiros / as, visto que, não podemos generalizar e dizer que todos os homossexuais
se comportam da mesma forma? Essas questões não podem e nem devem ser esgotadas
aqui, muito ainda deve ser comentado sobre isso e, serve, também, de reflexão ao leitor.

40
A idéia de um relacionamento romântico se configura a partir do entendimento de um amor romântico,
estruturado pela afeição e tido como o motivador do “casamento” contemporâneo, o qual focaliza a
procura de um ser insubstituível e único (HEILBORN, 2004).
46

CAPÍTULO 3 – OS PERCURSOS DA PESQUISA – “OLHAR, OUVIR E


ESCREVER”41:

3.1 – O fazer antropológico:

Adentraremos, neste capítulo, no universo do trabalho de campo, percebendo as


pormenoridades do fazer antropológico, enviesado pelas considerações teóricas de
OLIVEIRA (1998) e CLIFFORD (1998).
Entre idas e vindas a campo, pude entender e / ou compreender o quão
necessário é fazer pesquisa de campo, não somente pelo fato de recolhermos falas de
informantes, mas também pela importância de considerarmos o aspecto empírico como
artefato primordial para a construção de trabalhos que fazem diálogos entre a teoria e a
prática.
Dentro desse arquétipo construcional, é significativo situarmos o leitor dentro de
um determinado contexto, mostrando os caminhos que foram percorridos pelo
pesquisador. Nesse sentido, fazer pesquisa de campo, tal como é proposta na
metodologia deste trabalho, é descrever densamente o objeto pesquisado; é ter o olhar, o
ouvir e o escrever, apurados e aguçados. Tais aspectos são constantemente ressaltados
na obra de Roberto Cardoso de Oliveira: Se o olhar e o ouvir constituem a nossa
percepção da realidade focalizada na pesquisa empírica, o escrever passa a ser parte
quase indissociável do nosso pensamento (OLIVEIRA, 1998, p.31-32).
Um dos aspectos que devem ser levados em consideração é a entrevista,
enquanto um importante mecanismo para trabalharmos o exercício do ouvir, tendo em
mente, que toda e qualquer pesquisa de campo, não retrata fidedignamente todos os
pormenores, cabendo ao pesquisador transpor, a partir de sua subjetividade, tudo aquilo
que conseguiu perceber. A relação que se estabelece entre informante e pesquisador é
uma relação não-dialógica, ao passo que somente será superada a partir do momento em
que o informante se tornar “interlocutor”, ou seja, quando ele se tornar sujeito de sua
própria história, por isso, é importante utilizarmos as vozes dos informantes neste
trabalho, as quais servirão de base para análise da realidade empírica. Dentro desse
aspecto, ressalto uma característica que deve ser enfatizada, para o melhoramento desta

41
Procuro me apropriar de tais termos, por entender a importância deles para o campo das Ciências
Sociais e, de maneira especial, ao fazer antropológico (OLIVEIRA, 1998, p.17-35)
47

metodologia, que é a inserção do observador participante, mobilizando a mais completa


variedade de interações e utilizando a interpretação descritiva (CLIFFORD, 1998).
Por fim, enquanto último aspecto metodológico, a ser utilizado, enfatiza-se a
questão da transcrição, tanto dos dados teóricos quanto dos empíricos. Esta parte deve
ser feita com o mínimo de cuidado, cada transcrição deve estar delineada de acordo com
o contexto do trabalho, não podendo ser feita aleatoriamente, por esse motivo, o
pesquisador precisa ser observador participante em todos os momentos, desde a análise
do seriado, até o momento da entrevista. No que concerne ao aspecto da transcrição
(escrever), Roberto Cardoso de Oliveira diz que:

Devemos entender, assim, por escrever o ato exercitado por excelência no


gabinete, cujas características o singularizam de forma marcante, sobretudo
quando o compararmos com o que se escreve no campo seja ao fazermos
nosso diário, seja nas anotações que rabiscamos em nossas cadernetas. E se
tomarmos ainda Geertz por referência, vemos que na maneira pela qual ele
encaminha suas reflexões, é o escrever “estando aqui”, portanto fora da
situação de campo, que cumpre sua mais alta função cognitiva. Por quê?
Devido ao fato de inciarmos propriamente no gabinete o processo de
textualização dos fenômenos sócio-culturais observados “estando lá”. Já as
condições de textualização, isto é, de trazer os fatos observados – vistos e
ouvidos – para o plano do discurso, não deixam de ser muito particulares e
exercem, por sua vez, um papel definitivo tanto no processo de comunicação
interpares – isto é, no seio da comunidade profissional -, como no de
conhecimento propriamente dito (OLIVEIRA, 1998, p.25)

Portanto, a partir das considerações feitas neste subitem, é que esta pesquisa
pôde ser construída, enfatizando principalmente a pesquisa de campo, enquanto
validação dos estudos antropológicos, e também como propiciadora de discussões, que
vão muito além do campo teórico e, adentram em um universo empírico, possibilitando
a nós pesquisadores, reformularmos e resignificarmos conceitos padronizados, e
construirmos um trabalho que supere a relação não-dialógica entre informante e
pesquisador.

3.2 – Entre idas e vindas...

Partimos agora para a especificidade desta pesquisa, considerando as constantes


incursões do pesquisador a campo e levando em conta as vozes dos informantes.
Inicialmente, quando delimitamos o nosso objeto de pesquisa (o seriado Queer
as Folk), eu e minha orientadora, pensávamos em como faríamos a pesquisa de campo,
perguntávamo-nos: Quais seriam os informantes? Utilizaríamos questionário de
perguntas? Partimos, então, para a análise da parte, que é a representação da
48

conjugalidade homossexual em QAF, para depois relacionarmos a um contexto maior,


enviesado a partir das discussões recorrentes sobre identidade, percebida aqui como
termo pertinente ao entendimento das relações homoconjugais.
Podemos pensar, ao analisar uma parte específica que este método está
relacionado àquilo que James Clifford aponta ao falar de etnografia, propondo
primeiramente a análise de partes específicas de determinadas sociedades, para depois
chegar a uma análise mais geral. De certa forma, nessa antropologia interpretativista42,
seriam estudadas “micro-etnografias”, para se chegar ao entendimento de uma “macro-
etnografia”. O objetivo não é contribuir para um completo inventário ou descrição de
costumes, mas sim chegar ao todo através de uma ou mais de suas partes (CLIFFORD,
1998, p.30).
Depois de identificarmos o objeto a ser estudado, tivemos que delimitá-lo ainda
mais, pois se tratava de um seriado com cinco temporadas e mais de cinqüenta episódios
no total, e isso não seria possível, ou melhor, não ficaria satisfatório para um período de,
apenas, seis meses43. Dessa forma, minha análise se deteve na primeira temporada de tal
produto midiático, composto por vinte e dois episódios.
A partir de tais especificações, delimitações, das idas e vindas assistindo o
seriado e das constantes orientações, buscávamos, em diversos momentos, tentativas de
aprimoramento e sofisticação da metodologia utilizada. Em um dos diálogos que tive
com a orientadora, ela me apresentou uma metodologia utilizada por Heloísa Buarque
de Almeida, estudiosa de questões referentes à mídia, onde ela analisa determinado
produto midiático, a partir de fichas catalográficas, nas quais coloca todas as
informações que são pertinentes de determinada novela, seriado, programa de TV, por
exemplo.
Tal proposta metodológica, intitulada, por mim, de ficha descritiva44, foi
bastante significativa ao meu trabalho, facilitando, consideravelmente, ao
encaminhamento das minhas análises, sem eu ter que precisar, sempre, rever os
episódios, o que demanda muito tempo. Além disso, é um importante auxílio aos

42
CLIFFORD, James. A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro:
Editora UFRJ, 1998, p. 17-62.
43
O curto período de tempo desta pesquisa deve ser levado em conta, pois equivale a estilísticas do
trabalho de campo propostas por Clifford (1998, p. 28-29).
44
Foi um total de 22 fichas descritivas, contidas no apêndice deste trabalho, que incluem: nome do
episódio, número do episódio, sinopse, principais aspectos, personagens principais, falas importantes e
duração de cada episódio.
49

leitores, em especial, aqueles que nunca assistiram o seriado e, que porventura queiram
saber mais sobre a série.
A pesquisa de campo, propriamente dita, foi elaborada através da coleta de
dados empíricos, a partir de entrevistas semi-estruturadas com telespectadores da
primeira temporada do seriado. Foi aplicado um questionário45 com 25 perguntas para
um total de 10 informantes (5 homens e 5 mulheres)46, na faixa etária entre 18 a 28
anos, onde a maioria está cursando o ensino superior. Vale lembrar, que os nomes dos
informantes foram trocados pelos nomes dos personagens principais.
Ao longo das minhas incursões a campo, diversos foram os momentos, nos quais
pensei que não fosse conseguir realizar as entrevistas. Desde o primeiro momento,
quando um colega de sala (Edyr) me recomendou a série, eu sabia que seria difícil, no
sentido de encontrar pessoas dispostas a me concederem entrevistas, em especial
mulheres (tanto homossexuais quanto heterossexuais). Diversas vezes, senti que havia
certa barreira entre informante e pesquisador, talvez pelo fato de ser uma série polêmica
e questionada pela sociedade, aqueles informantes com orientação sexual heterossexual,
poderiam ter receio de falar a respeito de um produto voltado ao público GLS e, dessa
forma serem tidos como homossexual.
Buscando certa ética na pesquisa, sempre deixei claro, no início de cada
entrevista, que a identidade pessoal (nome) dos informantes seria preservada.
Ainda assim, apesar das explicitações feitas acima, procuro entender que tal
questão não é tão simples, não basta, apenas, dizer que determinado indivíduo tem
receio de participar de pesquisas com tema dessa natureza, porque no final será taxado
de homossexual. Acredito que isso está intimamente relacionado ao tema e, indo mais
além, à escassez de pesquisas antropológicas sobre gênero e sexualidade no Brasil, em
especial, na região norte47

45
O questionário aplicado, possui quatro momentos: um primeiro momento, no qual podemos visualizar
um pequeno perfil de cada informante; em seguida, focalizamos em perguntas específicas sobre o seriado;
no terceiro momento perguntávamos sobre conjugalidade homossexual, mesclando com questões sobre
QAF; por fim, trouxemos à tona questões mais atuais que dizem respeito à como a homoconjugalidade é
vista / percebida / encarada pela sociedade brasileira / paraense.
46
Vale ressaltar que, no momento das entrevistas, não direcionamos nossa pesquisa, apenas, à
comunidade LGBT, ou seja, nossa intenção não era entrevistar somente gays e lésbicas, mas sim, aquelas
pessoas que assistiram a primeira temporada do seriado.
47
Apesar da reputação de ser aberta à pesquisa sobre sexualidade, a Antropologia como disciplina só
relutantemente tem dado apoio a esse trabalho. A pesquisa e a teoria antropológicas desenvolveram-se
lentamente, partilhando um paradigma teórico estável (o modelo de influência cultural) desde os anos 20
até os 90. Embora fosse além das estruturas determinista e essencialista ainda comuns na biomedicina, o
trabalho antropológico ainda assim considerava aspectos importantes da sexualidade como universais e
transculturais (VANCE, 1995, p. 29)
50

3.3 – Sujeitos e falas:


Neste subitem, inicialmente, procuro traçar o perfil dos informantes, através de
uma tabela de dados, que será exposta a seguir e, mais adiante, faço análise das falas,
levando em consideração aquelas mais convenientes ao tema pesquisado.
Tabela de dados
Já viveu ou vive
Identidade Já teve Frequenta o
Orientação alguma situação
Informantes Idade Escolaridade de Gênero / relacionamentos circuito GLS de
Sexual48 de
Sexual49 homoeróticos51? Belém52?
conjugalidade50?
Depende do
Ensino Superior Masculino
Michael 23 contexto e Não Sim Não
Incompleto [Heterossexual]
das pessoas

Ensino Superior Masculino


Emmett 25 Gay Sim Sim Não
Incompleto [Homossexual]

Ensino Superior
Brian 28 Homossexual Gay Sim Sim Não
Incompleto

Ensino Médio
Justin 18 Homossexual Gay Sim Sim Não
Completo

48
O termo orientação sexual foi utilizado por referir-se ao sexo das pessoas que elegemos como objetos
de desejo e afeto. Hoje são reconhecidos três tipos de orientação sexual: a heterossexualidade (atração
física e emocional pelo “sexo oposto”); a homossexualidade (atração física e emocional pelo “mesmo
sexo”); e a bissexualidade (atração física e emocional tanto pelo “mesmo sexo” quanto pelo “sexo
oposto”) (Formação de Professores (as) em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-
Raciais – Curso Gênero e Diversidade na Escola, 2009, p. 7)
49
A partir das respostas dos informantes, percebemos que não estamos trabalhando apenas com a
categoria identidade de gênero (performance), assim como com identidade sexual, pois ao falarmos de
identidade de gênero nos referimos à maneira como alguém se sente, se identifica, se apresenta para si e
para os demais e como é percebido / a como “masculino” ou “feminino” ou, ainda, uma mescla de ambos
independente tanto do sexo biológico quanto da orientação sexual (GDE, 2009, p. 7). No caso da
identidade sexual: al igual que ocorre com el gênero respecto al sexo, determinadas sexualidades (es
decir, sentimientos, prácticas, deseos, pensamientos...) se marcan culturalmente y devienem em
identidades. Así, surgen identidades sexuales basadas en el sexo de las personas que participan en las
mismas como: homosexualidad, heterosexualidad y bisexualidad. Pero las identidades basadas em La
sexualidad acaban siendo mucho más amplias y complejas: gay, lesbiana, queer, sadomasoquista,
asexual, dominatrix... (SÁNCHEZ; GALÁN Org, 2006, p. 143-156).
50
O termo conjugalidade é baseado naquilo que Heilborn (2004) fala, dizendo respeito a modalidades de
arranjo cotidiano, nesse sentido levamos em conta o namoro como possível formato de conjugalidade e,
não resumimos este ao aspecto coabitacional.
51
A intenção da pergunta foi de tentar identificar se o informante já teve algum contato homocorporal, o
que não se resume apenas ao ato sexual, podendo, também, serem consideradas as relações de afeto e
carinho.
52
Tal como na pergunta anterior, a intenção foi de perceber se, algum dos informantes, já tiveram contato
com o circuito GLS de Belém, pois este não se resume somente a boates, mas também a mostras de
filmes, paradas da diversidade sexual, saunas, bares, etc.
51

Ensino Superior
Ted 20 Homossexual Gay Não Sim Não
Cursando

Ensino Superior
Lindsay 21 Heterossexual Nenhuma Não Sim Não
Cursando

Ensino Superior
Debbie 23 Heterossexual Feminino Não Não Não
Cursando

Ensino Superior
Melanie 19 Bissexual Bissexual Não Não Sim
Incompleto

Ensino Superior
Jennifer 21 Heterossexual Nenhuma Não Não Sim
Incompleto

Ensino Superior Feminino


Daphne 27 Nenhuma Não Não Sim
Incompleto [Heterossexual]

Fonte: Pesquisa de campo, 2009.

Tecendo considerações a respeito da tabela, além de termos o perfil de cada


informante, percebemos, a partir das respostas, como eles encaram e se posicionam
dentro do contexto ao qual estão inseridos.
Falar sobre orientação sexual, identidade de gênero e identidade sexual, num
primeiro momento, talvez sejam questões complicadas, pois parecem muito próximas e
parecidas, mas numa análise mais aprofundada veremos que se constituem enquanto
importantes categorias de análise, dizendo respeito a um discurso identificatório; é
como alguém se posiciona em meio à sociedade; é a maneira como eu quero que as
pessoas me reconheçam.
De maneira simples, falar de orientação sexual é considerar a homossexualidade
(atração física e emocional por indivíduos do “mesmo sexo”); a heterossexualidade
(atração física e emocional por indivíduos do “sexo oposto”); e a bissexualidade
(atração física e emocional tanto por indivíduos do “mesmo sexo” quanto pelo “sexo
oposto”), nesse sentido, responder que determinada orientação sexual é masculina ou
feminina, tal como alguns informantes responderam, não cabe, pois falar de masculino e
feminino é referir-se ao gênero e, este é muito mais do que falar de características
sexuais, isso
52

(...) remite a los diferentes contenidos socioculturales que se dan a esas


características biofisiológicas entre hombres y mujeres estableciendo
comportamientos, actítudes y sentimientos masculinos y femininos y
jerarquizándolos de modo que se da mayor valor para los que se identífican
com lo masculino (SÁNCHEZ; GALÁN (Org.), 2006, 146).

Do mesmo modo, quando falamos em identidade de gênero (masculino e


feminino) e identidade sexual (travesti, transexual, gay, lésbica, bissexual, etc.),
acontecem algumas confusões, alguns autores preferem trabalhar somente com uma
categoria, outros não gostam de trabalhar com o termo identidade, por entenderem que
este delimita o sujeito e engaveta-o numa determinada classificação, preferindo
trabalhar com o termo performance53, entendido como algo transitável e maleável. O
que podemos dizer é que tais categorias dizem muito dos discursos de afirmação que
cada um dos informantes traz consigo: a maneira como eles se identificam, se sentem,
se apresentam para si e para os demais, as práticas, os desejos, os pensamentos, tudo
isso visualizado através de um contexto sócio-cultural. No que concerne a essa questão,
é importante mencionarmos um trecho da entrevista de Michael54 (23 anos, sexo
masculino, orientação sexual masculino, a identidade de gênero / sexual depende do
contexto e das pessoas, ensino superior incompleto):

Pesquisador - Você se atribui alguma identidade de gênero?


Michael – Eu não gosto, muito, de falar dessa questão de atribuir identidade a
isso, porque a gente é uma coisa tão volúvel, né?! A gente sempre tá um pouco aqui um
pouco acolá... não sei... em determinados locais eu posso dizer que eu sou hétero, em
outros eu posso dizer que eu sou gay, outros eu sou bi, tudo depende, muito, da ocasião
e das pessoas com quem eu tiver perto.

Falar de conjugalidade homossexual, a princípio, é dizer que estamos tratando de


casais homossexuais masculinos e femininos e que, não necessariamente precisam
estabelecer vínculos coabitacionais, dessa forma, apesar de não termos 100% de
informantes gays e lésbicas, fez-se necessário questioná-los sobre possíveis situações de
conjugalidade que já viveram ou que vivem. O que nos chama atenção aqui são as

53
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2004.
54
Entrevista concedida no dia 06 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
53

entrevistas de Melanie e Lindsay, ambas namoram, mas não acreditam que o namoro
possa ser uma forma de estabelecer conjugalidade:55

Pesquisador – Atualmente, você vive alguma situação de conjugalidade? Já


viveu?
Melanie – Não. Atualmente, eu tenho um namorado menino [risos]. Eu to no
“bunitinho”. (Melanie, 19 anos, sexo feminino, orientação sexual bissexual, identidade
de gênero / sexual bissexual, ensino superior incompleto).56
Lindsay – Na verdade, eu sou solteira convicta, mas namoro, namoro sério, há
um ano e alguns meses, ele sabe, eu não sei quantos anos?... 1 ano e 9 meses, é uma
relação estável né?!, mantida fielmente, e tal, mas que eu mantenho, assim, não por
pressão...esse tipo de coisa...é porque eu gosto mesmo, mas casar...esse tipo de
coisa...nunca fui casada, não sou viúva, não sou nada, só sou solteira, mesmo,
namorando [risos]. (Lindsay, 21 anos, sexo feminino, orientação sexual heterossexual,
não se atribui identidade de gênero / sexual, ensino superior cursando).57

Quando perguntamos aos informantes sobre a possibilidade de já terem tido


relacionamentos homoeróticos, procuramos identificar quais deles já tiveram algum
contato homocorporal (beijos, carícias), o termo relacionamento homoerótico não está
ligado, única e exclusivamente, à denotação sexual, mas também à afetiva. Vale
mencionar as respostas de dois informantes sobre essa questão:

Pesquisador - Você já teve relacionamentos homoeróticos?


Michael – O que seria um relacionamento homoerótico?
Pesquisador – O que tu acha que é um relacionamento homoerótico?
Michael – Porque assim... Se a gente levar em consideração o relacionamento
homoerótico como sendo aquele onde tu manténs relações sexuais com as pessoas do
mesmo sexo, eu posso dizer que eu ainda não tive não! Agora se tu levas em
consideração o homoerotismo como sendo qualquer outro tipo de... de... a palavra
certa seria, assim, não de sentimento, mas, por exemplo, algo mais não tão sexual, eu

55
A partir destas respostas, pode-se perceber que algumas informantes femininas levam ao extremo o
termo conjugalidade, referindo-o apenas ao contrato firmado, tal qual num casamento, onde os pares se
comprometem a morar juntos.
56
Entrevista concedida no dia 20 de agosto de 2009, no município de Belém – Pará.
57
Entrevista concedida no dia 05 de setembro de 2009, no município de Belém – Pará.
54

posso dizer que sim, então vai depender, muito, do que seria esse homoerótico, se tá
relacionado com a questão de tu manter relação sexual, então eu nunca tive, mas se tu
me perguntar, se tu já beijastes alguém do mesmo sexo, eu vou te dizer que já! Tu já
tocaste, já! Mas nunca passou disso. (Michael, 23 anos, sexo masculino, orientação
sexual masculino [heterossexual], a identidade de gênero / sexual depende do contexto e
das pessoas, ensino superior incompleto).58
Lindsay – Olha, se beijar amiga conta? [risos] Já beijei uma amiga, mas foi
assim... a gente tinha bebido e tava na sacanagem, eu com um cara e ela com outro, e
acabou rolando um beijo, mas só isso! Agora relação sexual, mesmo, nunca rolou.
(Lindsay, 21 anos, sexo feminino, orientação sexual heterossexual, não se atribui
identidade de gênero / sexual, ensino superior cursando).59

Ao longo das entrevistas, a maioria dos informantes respondeu que não costuma
freqüentar o circuito GLS de Belém, vale ressaltar que tal circuito não se resume
somente a boates, assim como está relacionado a mostras de filmes, saunas, bares,
paradas da diversidade sexual.

Às vezes a gente vai pra... muito raro a gente ir pra boate gay, tem certos
lugares, que eu acho sei lá... deploráveis, muito ruins... assim... que não tem como ficar
lá, mas a gente gosta de filmes que tem essa temática de... e a gente vai [...] De assistir
programas. (Justin, 18 anos, sexo masculino, orientação sexual homossexual,
identidade de gênero / sexual gay, ensino médio completo).60
Eu não sou muito de balada... já fui, sabe?! Mas eu não curto mais... agora eu
tenho... outros... Não é só de balada, de tudo isso que envolve né?! O meio, aí eu não
sou. Quando tem alguma coisa ou outra de cultura, que não seja só uma boate. Por
exemplo, tava tendo, acho que foi ano retrasado que teve um mostra de filmes, só filmes
GLS, eu adorei aquilo! Aí eu vou lá, porque eu adoro ver, sabe? Tudo que envolve tema
perto do teatro, aí eu vou que eu quero ver. Agora envolvido no mundo de balada, não!
(Brian, 28 anos, sexo masculino, orientação sexual homossexual, identidade de gênero /
sexual gay, ensino superior completo).61

58
Entrevista concedida no dia 06 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
59
Entrevista concedida no dia 05 de setembro de 2009, no município de Belém – Pará.
60
Entrevista concedida no dia 20 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
61
Entrevista concedida no dia 20 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
55

Dessa forma, entendemos que a maioria das respostas “não” se deu ao fato de
termos utilizado a palavra freqüentar, denotando freqüência aos informantes, o que, de
fato, não caberia, pois alguns deles não freqüentam, mas já tiveram contato.

Não, eu não freqüento, mas eu já fui. Eu fui num bar uma vez só, há muito tempo
atrás, mas esse negócio de freqüentar, ir toda vez, não. Eu fui uma vez só. (Michael, 23
anos, sexo masculino, orientação sexual masculino [heterossexual], a identidade de
gênero / sexual depende do contexto e das pessoas, ensino superior incompleto).62
Não, não freqüento. Já freqüentei uma vez, uma boate, um restaurante, pra fazer
entrevistas informais e... deixa eu ver o que mais... Ah! E encontros de academia,
encontros acadêmicos. (Debbie, 23 anos, sexo feminino, orientação sexual
heterossexual, identidade de gênero feminina, ensino superior cursando).63

Neste momento, voltaremos nossas análises para as questões específicas do


seriado, dizendo respeito a quantidade de informações que os informantes possuem
sobre o produto televisivo em questão, por exemplo: Onde ficou sabendo da existência?
Por quê resolveu assistir? O que entende pelo termo Queer as Folk? O que mais lhe
chamou atenção? Vale ressaltar, que as questões 8 e 964 foram feitas especificamente
aos LGBT‟s, porque precisávamos colher informação de pessoas que levam a vida fora
de padrões heteronormativos, afinal de contas, estamos trabalhando com a representação
de personagens gays e lésbicas num seriado e, nada melhor do que a opinião de um
desses indivíduos, para nos possibilitar uma visão mais específica da questão.
A maioria dos sujeitos desta pesquisa ficaram sabendo da existência do seriado
QAF através de um(a) amigo(a), sendo que diversos foram os fatores que os levaram a
assisti-lo (pela temática LGBT, por ter relação com a própria história de vida, por
curiosidade, etc.):

Porque quando eu fiquei conversando com esse amigo, eu tava passando... eu


tava me apaixonando, pela primeira vez, por um rapaz, aí a história é em torno disso:
do garoto de 17 anos que se apaixonava por um cara mais velho e eu tava com 16 e

62
Entrevista concedida no dia 06 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
63
Entrevista concedida no dia 25 de agosto de 2009, no município de Belém – Pará.
64
Questão 8: Somente para LGBT‟s. Você acha que o seriado retrata a realidade LGBT brasileira?
Questão 9: Somente para LGBT‟s. Você consegue se visualizar ou visualizar algum de seus amigos em
algum dos personagens principais da 1ª temporada do seriado? Se sim, de que maneira?
56

tava me apaixonando por um cara mais velho, aí por isso... rolando uma identificação,
eu quis ver o seriado (Justin, 18 anos, sexo masculino, orientação sexual homossexual,
identidade de gênero / sexual gay, ensino médio completo).65
Porque, na verdade, eu acho interessante essa... é uma visão deles como se fosse
por eles e, não por uma coisa estereotipada, assim, tipo um homem hétero falando de
um homem gay, não! Ficou parecendo uma coisa mais gay falando de gay66, ficou uma
coisa muito mais livre do que aquela coisa estereotipada: gay é bagunceiro, só quer
saber de sacanagem, no seriado eles querem mesmo, só saber de sacanagem, mas eles
têm alguma coisa na cabeça, também. Eles têm os seus pensamentos, as suas viagens, e
tal, e eu achei isso interessante, aí eu fui assistir (Lindsay, 21 anos, sexo feminino,
orientação sexual heterossexual, não se atribui identidade de gênero, ensino superior
cursando).67

Com relação à significação do termo Queer as Folk68, apenas quatro informantes


tinham uma noção do que seria (“gente estranha”; “pessoas diferentes”; “pessoas
estranhas”), os demais não sabiam ou não lembravam.
Dentre os aspectos destacados, foram diversas as situações que chamaram a
atenção dos informantes, sendo que a maioria deles destacou a relação de amizade entre
mães e filhos, cabe destacar aqui, o que o informante abaixo destacou, entendendo como
uma possível relação do seriado com a nossa realidade:

O cotidiano homossexual, apesar de ser um país diferente do nosso,


culturalmente, e na questão, também, econômica que influencia, bastante, nos hábitos e
costumes. Eu destacaria esse cotidiano, que apesar dessas distinções, eles são muito
próximos, pra mim... assim... gay vai ser gay independente do lugar onde esteja, apesar
de não haver um consenso entre códigos sociais entre os gays, mas há uma certa

65
Entrevista concedida no dia 20 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
66
Numa das entrevistas de um dos produtores e escritores do seriado, Ron Cowen, elucidada no trabalho
de Zanforlin (2005, p. 61), ele diz o seguinte: Primeiro, nós fazemos [o seriado] para nos divertir, nós
podemos ter bons momentos e dizer o que realmente queremos dizer. Segundo, nós o fazemos para
nossos amigos gays e para uma audiência gay, nós nunca pensamos – e não digo isso para insultar – em
héteros quando escrevemos o seriado. Nós não pensamos, “Oh, será que vamos ofendê-los?”
67
Entrevista concedida no dia 05 de setembro de 2009, no município de Belém – Pará.
68
Na versão para o Brasil, o seriado teve como título Os Assumidos, mas se formos ao pé da letra ou,
então, numa análise científica, o termo anterior foge aquilo que, de fato, deveria significar. Na linguagem
coloquial americana, o termo queer significa efeminado; bicha; viado, mas, quando num movimento de
resignificação feito por Louro (2004, p. 7) ele se torna estranho, raro, esquisito. O título ainda é composto
pela preposição as que significa como e, pela palavra Folk que significa pessoa(s). Nesse sentido, Queer
as Folk tem como significação: Estranho como as pessoas; Pessoas “estranhas”.
57

similitude acerca dos comportamentos, eu acho que isso foi interessante na série
(Emmett, 25 anos, sexo masculino, orientação sexual masculino [homossexual],
identidade de gênero / sexual gay, ensino superior incompleto).69

Um dos aspectos importantes a se destacar, foi a adjetivação as cenas vistas:


fortes, extravagantes, bonitas, porém a maioria deles destacaram que houve muita
exacerbação do sexo, mas apesar de identificarem que houveram muitas cenas de sexo,
elas foram verossímeis parecidas com a realidade e, por falar em realidade, todos eles,
de alguma forma, conseguiram relacionar o seriado com a realidade brasileira e / ou
paraense:

São realidades um pouco diferentes, mas com relação ao preconceito, é bem


parecida (Melanie, 19 anos, sexo feminino, orientação sexual bissexual, identidade de
gênero / sexual bissexual, ensino superior incompleto).70
A questão dos hábitos (do sair, da noite, das festas, das boates, da paquera, dos
comportamentos, dos grupos de homossexuais (Emmett, 25 anos, sexo masculino,
orientação sexual masculino [homossexual], identidade de gênero / sexual gay, ensino
superior incompleto).71
Alguns pontos, poucos pontos. Se esconder no trabalho, não dizer que é gay. A
questão do mais afeminado ser visto com mais preconceito; a questão dos guetos
(Daphne, 27 anos, sexo feminino, orientação sexual feminino [heterossexual], não se
atribui identidade de gênero, ensino superior incompleto).72
A homofobia, o grupo, as amizades, o assumir-se pra família (Ted, 20 anos,
sexo masculino, orientação sexual homossexual, identidade de gênero / sexual gay,
ensino superior cursando).73

Quando perguntamos, aos informantes, o que eles entendiam pelo termo


conjugalidade homossexual ou homoconjugalidade, todos, sem exceção, têm a idéia de
ser algo ligado ao casal, tal como numa relação vivida a dois, na mesma casa; uma
relação de companheirismo. Apenas uma informante enfatizou que: “A relação

69
Entrevista concedida no dia 15 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
70
Entrevista concedida no dia 20 de agosto de 2009, no município de Belém – Pará.
71
Entrevista concedida no dia 15 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
72
Entrevista concedida no dia 10 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
73
Entrevista concedida no dia 01 de setembro de 2009, no município de Belém – Pará.
58

homossexual feminina é mais consistente que à dos gays, que é mais passageira”
(Lindsay, 21 anos, sexo feminino, orientação sexual heterossexual, não se atribui
identidade de gênero, ensino superior cursando).74
Na fala da informante acima, podemos, de fato, relacionar com tudo aquilo que
foi dito anteriormente. Vale ressaltar, que não podemos generalizar e dizer que todas as
relações homoconjugais femininas são, sempre, mais consistentes que às masculinas, o
que existem são diferenças de classe, de cultura, de educação.
Algumas respostas nos levam a crer que quando falamos no tema em questão,
estamos trabalhando com posições preconceituosas, nas quais alijam os casais
homossexuais de um processo de reconhecimento social, deixando-os a margem, pois
aquilo que é intrigante aos informantes, quando se fala em homoconjugalidade, é a
maneira como a sociedade trata tais casais: “Na forma de falar, no jeito de se
expressar” (Ted, 20 anos, sexo masculino, orientação sexual homossexual, identidade
de gênero / sexual gay, ensino superior cursando);75 “Pelo espanto que as outras
pessoas têm ao tema” (Daphne, 27 anos, sexo feminino, orientação sexual feminino
[heterossexual], não se atribui identidade de gênero / sexual, ensino superior
incompleto);76 “Pela falta de igualdade entre homos e héteros” (Justin, 18 anos, sexo
masculino, orientação sexual homossexual, identidade de gênero / sexual gay, ensino
médio completo);77 “Pela maioria das pessoas acreditarem que os gays não são fiéis”
(Brian, 28 anos, sexo masculino, orientação sexual homossexual, identidade de gênero /
sexual gay, ensino superior completo).78
Com relação a nossa realidade, foi bastante enfático perceber que todos os / as
informantes identificaram que existem diferenças entre as relações homoconjugais
masculinas e femininas, todos ressaltaram que, no caso masculino está ligado ao sexo e
no feminino ao sentimento. Vale notar que, não pensamos dessa forma, e sim que
existem diferenças e, “essa diferença está na questão do gênero, na criação histórica de
homens e mulheres” (Emmett, 25 anos, sexo masculino, orientação sexual masculina
[homossexual], identidade de gênero / sexual gay, ensino superior incompleto).79
Quando perguntados se haveria alguma distinção entre os casais de gays e de
lésbicas expostos no seriado com aqueles percebidos no nosso cotidiano, percebemos,

74
Entrevista concedida no dia 05 de setembro de 2009, no município de Belém – Pará.
75
Entrevista concedida no dia 01 de setembro de 2009, no município de Belém – Pará.
76
Entrevista concedida no dia 10 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
77
Entrevista concedida no dia 20 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
78
Entrevista concedida no dia 20 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
79
Entrevista concedida no dia 15 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
59

apesar de se tratar de países diferentes (Estados Unidos e Brasil), com culturas


diferentes, realidades sócio-econômicas distintas, ocorrem “diferenças no padrão de
vida e nos costumes sim, mas não na relação” (Emmett, 25 anos, sexo masculino,
orientação sexual masculina [homossexual], identidade de gênero / sexual gay, ensino
superior incompleto);80 “A diferença não é bem da relação, e sim, do meio” (Daphne,
27 anos, sexo feminino, orientação sexual feminino [heterossexual], não se atribui
identidade de gênero / sexual, ensino superior incompleto);81 Procurando, ainda, fazer
associação com as práticas, tanto sexuais quanto sociais, representadas pelos
personagens, com àquelas do cotidiano dos informantes, em diversos aspectos a maioria
deles conseguiu estabelecer certa co-relação: “Pode ser na questão sexual, mas nem
tudo gira em torno disso” (Michael, 23 anos, sexo masculino, orientação sexual
masculino [heterossexual], a identidade de gênero / sexual depende do contexto e das
pessoas, ensino superior incompleto);82 “Podemos associar ao cotidiano do mundo gay
(flertar, imaginário noturno, o sair, conflitos existentes)” (Emmett, 25 anos, sexo
masculino, orientação sexual masculina [homossexual], identidade de gênero / sexual
gay, ensino superior incompleto).83
Com relação à última parte do questionário, aquela que diz respeito a como os
informantes se colocam, se posicionam, no que concerne a questão da conjugalidade
homossexual. Na realidade atual, perceber se os homossexuais masculinos e femininos
querem estabelecer relações é fundamental para esta pesquisa, pois denota compreensão
do contexto local ao qual estamos inseridos, dessa forma, destacamos algumas
respostas: “Não conheço, muito, sobre isso. Entre as pessoas que tenho contato, poucos
são os que mantem” (Michael, 23 anos, sexo masculino, orientação sexual masculino
[heterossexual], a identidade de gênero / sexual depende do contexto e das pessoas,
ensino superior incompleto);84 “Acho que sim. As mulheres dão o primeiro passo para
uma relação estável” (Lindsay, 21 anos, sexo feminino, orientação sexual
heterossexual, não se atribui identidade de gênero / sexual, ensino superior cursando);85
“Isso é relativo, dependendo da classe social, nem todo mundo quer ter
relacionamento” (Debbie, 23 anos, sexo feminino, orientação sexual heterossexual,

80
Idem.
81
Entrevista concedida no dia 10 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
82
Entrevista concedida no dia 06 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
83
Entrevista concedida no dia 15 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
84
Entrevista concedida no dia 06 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
85
Entrevista concedida no dia 05 de setembro de 2009, no município de Belém – Pará.
60

identidade de gênero / sexual feminino, ensino superior cursando);86 “Acho que sim, gay
é muito carente, eles ficam sempre buscando uma pessoa certa” (Brian, 28 anos, sexo
masculino, orientação sexual homossexual, identidade de gênero / sexual gay, ensino
superior completo).87
Todos concordaram que a temática LGBT foi trabalhada, pelo seriado, de
maneira interessante, eles (os produtores) “souberam escrever de forma sucinta e que
não ficasse de mau gosto” (Jennifer, 21 anos, sexo feminino, orientação sexual
heterossexual, não se atribui identidade de gênero / sexual, ensino superior
incompleto);88 é um produto que “mostra a realidade dos jovens” (Ted, 20 anos, sexo
masculino, orientação sexual homossexual, identidade de gênero / sexual gay, ensino
superior cursando);89 “A linguagem é bem interessante, não é clichê” (Melanie, 19 anos,
sexo feminino, orientação sexual bissexual, identidade de gênero / sexual bissexual,
ensino superior incompleto);90 “Não ficou segmentado, mostrou tudo, as pessoas são
diferentes” (Brian, 28 anos, sexo masculino, orientação sexual homossexual, identidade
de gênero / sexual gay, ensino superior completo);91
Nesse sentido, trabalhar essa temática, em seriados, mas não somente nestes, é
fundamental, pois “são questões que precisam ser repassadas à sociedade” (Debbie, 23
anos, sexo feminino, orientação sexual heterossexual, identidade de gênero / sexual
feminina, ensino superior cursando)92, além disso, “deveria ter mais espaço pra
trabalhar a conjugalidade homossexual na televisão e no cinema” (Justin, 18 anos, sexo
masculino, orientação sexual homossexual, identidade de gênero / sexual gay, ensino
médio completo)93, essa e outras questões devem ser repassadas para quebrar
preconceitos, “é importante trabalhar as relações homossexuais como se trabalha
outros tipos de relações, pra não ficar no estereótipo (homossexual-pegador)”
(Daphne, 27 anos, sexo feminino, orientação sexual feminina [heterossexual], não se
atribui identidade de gênero / sexual).94
Enquanto última questão, sobre a aceitação e a não aceitação das relações
homoconjugais, finalizando as análises com pensamentos diversos, alguns acreditam

86
Entrevista concedida no dia 25 de agosto de 2009, no município de Belém – Pará.
87
Entrevista concedida no dia 20 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
88
Entrevista concedida no dia 15 de agosto de 2009, no município de Belém – Pará.
89
Entrevista concedida no dia 01 de setembro de 2009, no município de Belém – Pará.
90
Entrevista concedida no dia 20 de agosto de 2009, no município de Belém – Pará.
91
Entrevista concedida no dia 20 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
92
Entrevista concedida no dia 25 de agosto de 2009, no município de Belém – Pará.
93
Entrevista concedida no dia 20 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
94
Entrevista concedida no dia 10 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
61

que ainda há preconceito, mas com o passar dos tempos isso vai diminuindo: “Ainda há
um preconceito com relação a isso, mas tá sendo quebrado, com o tempo vai ser algo
corriqueiro” (Ted, 20 anos, sexo masculino, orientação sexual homossexual, identidade
de gênero / sexual gay, ensino superior cursando);95 “Ainda existe muito preconceito.
Mas tá melhorando, as pessoas estão aceitando mais” (Jennifer, 21 anos, sexo
feminino, orientação sexual heterossexual, não se atribui identidade de gênero / sexual,
ensino superior incompleto);96 “Aqui, ainda há aquele preconceito meio velado, as
pessoas ainda olham com uma cara meio „torta‟, não gostam de ficar perto, isso tá
mudando. Os jovens, já não têm, mais, tanto preconceito quanto os mais velhos, mas
ainda rola sim, preconceito às escondidas por aqui” (Lindsay, 21 anos, sexo feminino,
orientação sexual heterossexual, não se atribui identidade de gênero / sexual, ensino
superior cursando).97
Outro aspecto ressaltado pelos informantes é com relação ao respeito: “Ninguém
é obrigado a aceitar, somos obrigados a respeitar. É uma questão de respeito!”
(Emmett, 25 anos, sexo masculino, orientação sexual masculina [homossexual],
identidade de gênero / sexual gay, ensino superior incompleto);98 “Tudo que é minoria,
é difícil. Você tem que se respeitar, e tem muito gay que não faz isso, para depois exigir
o respeito dos outros” (Brian, 28 anos, sexo masculino, orientação sexual homossexual,
identidade de gênero / sexual gay, ensino superior completo).99
A questão da criação também influencia: “Vivemos numa sociedade livre, cada
um pensa da forma que acha mais conveniente e, essa questão vai de cada pessoa, e
principalmente por conta da criação de cada pessoa” (Justin, 18 anos, sexo masculino,
orientação sexual homossexual, identidade de gênero / sexual gay, ensino médio
completo).100
Pra que nós consigamos chegar a uma possível aceitação, “precisamos do apoio
da mídia, de mais debate, de mais conversa” (Melanie, 19 anos, sexo feminino,
orientação sexual bissexual, identidade de gênero / sexual bissexual, ensino superior
incompleto).101

95
Entrevista concedida no dia 01 de setembro de 2009, no município de Belém – Pará.
96
Entrevista concedida no dia 15 de agosto de 2009, no município de Belém – Pará.
97
Entrevista concedida no dia 05 de setembro de 2009, no município de Belém – Pará.
98
Entrevista concedida no dia 15 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
99
Entrevista concedida no dia 20 de junho de 2009, no município de Belém – Pará.
100
Idem.
101
Entrevista concedida no dia 20 de agosto de 2009, no município de Belém – Pará.
62

A fala acima é, sem dúvida, enfática, nos fazendo refletir a cerca de todo o
contexto colocado anteriormente, percebendo que, apesar de estarmos lidando com um
produto midiático não produzido no Brasil, preservando especificidades regionais, mas
ainda assim, atinge nossa realidade e nos coloca a pensar sobre sua importância para o
debate ao qual nos propomos.
Acostumamo-nos, a assistir TV sem nos preocuparmos com posturas críticas e,
isso equivale àquilo que foi colocado ao longo deste capítulo; assistimos somente por
prazer? A mídia constrói produtos a partir do que visualiza em determinada cultura e,
isso pode, ou não, se assemelhar com outras culturas, de alguma forma. Apesar de
trabalharmos com um seriado, onde muitos informantes, no momento das entrevistas,
não conseguiam nem pronunciar o nome Queer as Folk, o que, de fato, não é o ponto
mais importante, queremos dizer é que não precisamos ir muito longe para encontrar um
contexto semelhante ao nosso, tanto que em alguns momentos das entrevistas, alguns
informantes foram enfáticos em dizer que as cenas tinham sido muito verossímeis e se
aproximavam da nossa realidade.
Portanto, volto a reafirmar que, para avançarmos no debate, é preciso
discutirmos, debatermos, repassarmos as informações, termos posturas críticas e não
aceitarmos que as condutas heterossexistas sejam as corretas, pois elas impõem padrões
heteronormativos de comportamento e excluem os indivíduos que destoam deste.
63

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao fim de mais uma etapa e, esperamos que todas as colocações


feitas, anteriormente, sirvam de questionamento para futuras análises. Enquanto
objetivo geral, eu acredito que ele foi alcançado, pois procuramos entender e
compreender como se constroem as relações homoconjugais representadas no seriado
Queer as Folk e, ainda, relacionar tais questões com o contexto local, a partir da
percepção e da fala de cada informante na pesquisa de campo.
Gostaria de reafirmar que, falar de conjugalidade homossexual em QAF, isso se
constitui como, apenas, um dos aspectos abordados por este produto midiático, tendo
em vista a existência de diversos temas dentro de um mesmo seriado, como: a adoção
por pares homossexuais; o “coming out”; a AIDS; fidelidade e infidelidade entre casais
homo-masculinos e homo-femininos.
Algo interessante a notar foi às questões pontuadas, do início ao fim, desta
monografia, concernentes ao significado da cultura e da mídia para a sociedade, ou seja,
a partir do contexto ao qual estamos inseridos; das identidades de gênero e / ou sexuais
que adotamos, percebemos que a cultura, tendo como um dos aparatos a mídia, constrói
hábitos e costumes; influencia na maneira de pensarmos, de nos comportarmos, de nos
posicionarmos, etc.
A mídia, enquanto ponto analítico deste trabalho pode funcionar como um
espelho da cultura, reafirmando, ou não, questões já pontuadas no nosso cotidiano, mas
que, às vezes, precisam ser visualizadas para um melhor entendimento. A mídia tem o
potencial de chegar aos espaços mais longínquos possíveis, atingindo desde as classes
mais baixas até as mais altas, um bom exemplo disso é a televisão e, nos dias atuais, a
internet. No caso do seriado em questão, um produto midiático que foi transmitido para
o Brasil somente em canal pago, mas com o avanço da tecnologia e da informação hoje
pode ser visto pela internet, atingindo tanto o público heterossexual quanto o
homossexual.
A proposta deste trabalho foi bastante significativa, pois se preocupou, desde o
início, a atingir todo e qualquer tipo de leitor, não somente pela linguagem, mas também
por outros fatores metodológicos. Fez-se necessário, então, ancorando-se numa
metodologia utilizada pela estudiosa de mídia – Heloísa Buarque de Almeida – que
criássemos um compêndio de fichas descritivas, todas afixadas no anexo deste trabalho,
com as principais informações de cada episódio. Dessa forma, entendemos que, para os
64

leitores leigos sobre o seriado, isso facilitaria a compreensão das análises, encaminhadas
nesta pesquisa, no momento da leitura de cada episódio e, para aqueles que já assistiram
o seriado, tais questões acima se tornam de fácil acesso e compreensão. Além disso,
cada capítulo foi pensado e trabalhado de acordo com as necessidades do tema e, de
maneira específica.
É significativo ressaltar que, quando falamos em conjugalidade homossexual,
não estamos lidando, necessariamente, com casais homo-masculinos e homo-femininos
que possuem um contrato firmado (casamento), estamos de acordo com aquilo que
Heilborn (2004, p.11-12) coloca sobre conjugalidade, sendo aquela que não emerge,
única e exclusivamente, de um fato jurídico, expressando uma relação que condensa um
“estilo de vida”, embasado em uma dependência mútua e em uma dada modalidade de
arranjo cotidiano.
O leitor deve ter em mente e, eu corroboro com o pensamento a seguir de que a
cultura molda os nossos comportamentos, hábitos, costumes e, o que ficou claro neste
trabalho é que existem diferenças no estabelecimento de relações homoconjugais, tanto
para gays quanto para lésbicas. Tal como foi mostrado no decorrer, essa questão está
intimamente ligada com a maneira que somos e que fomos educados, mais
especificamente, aos processos de socialização. Apesar das diferenças culturais,
econômicas, sociais entre Estados Unidos e Brasil, no que diz respeito à representação
dos personagens gays e lésbicos é bastante parecido com o Brasil.
Não cabe, agora, entrarmos em detalhes, temos de perceber é que, não podemos
e nem devemos excluir a economia dos sentimentos dos pares masculinos de uma
possível conjugalidade. Gays e lésbicas, seja na ficção ou na realidade, exercem
estilísticas de conjugalidade diferenciada e, como várias vezes foi mostrado, um dos
fatores, se não o maior, que propiciam essa diferença, é a cultura.
Por fim, espero que minhas indagações tenham contribuído de alguma forma,
para o conhecimento e esclarecimento das questões que foram colocadas. Espero, ainda,
ter alcançado aquela parcela da sociedade que não consegue acreditar que exista a união
entre iguais.
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APÊNDICE I – QUESTIONÁRIO DE PERGUNTAS

TEMA: CONJUGALIDADES HOMOSSEXUAIS NA MÍDIA TELEVISIVA: O


DISCURSO MIDIÁTICO PAUTANDO AS RELAÇÕES HOMOCONJUGAIS
EXPOSTAS NO SERIADO QUEER AS FOLK

Idade:
Sexo que foi registrado ao nascer:
Orientação sexual:
Escolaridade:
Identidade de gênero:

1ª- Onde você ficou sabendo da existência deste seriado?


2ª- Por que você resolveu assistir o seriado Queer as Folk?
3ª- O que você entende pelo termo Queer as Folk?
4ª- Quais aspectos, da 1ª temporada do seriado, você destacaria?
5ª- O que mais lhe chamou atenção no seriado?
6ª- Como você considera as cenas expostas no seriado?
7ª- Você consegue fazer relação do seriado com a realidade a sua volta? Se sim, qual /
quais?
8ª- Somente para LGBT‟s. Você acha que o seriado retrata a realidade LGBT brasileira?
9ª- Somente para LGBT‟s. Você consegue se visualizar ou visualizar algum de seus
amigos em algum dos personagens principais da 1ª temporada do seriado? Se sim, de
que maneira?
10ª- Você tem amigos LGBT‟s? Se sim, você consegue relacioná-los com algum perfil
dos personagens principais mostrados na 1ª temporada do seriado?
11ª- Quais os pontos positivos e negativos da veiculação de imagens pela mídia
televisiva?
12ª- No seriado, diversas vezes se enfatiza a questão dos relacionamentos
homoconjugais. Nesse sentido, o que você entende pelo termo “Conjugalidade
Homossexual” ou “Homoconjugalidade”?
13ª- Para você, o que é mais intrigante quando se fala em Conjugalidade homossexual?
14ª- Você acha que há diferença (s) entre relações homoconjugais masculinas e relações
homoconjugais femininas? Se sim, qual / quais?
15ª- Você acha que há distinção entre as relações homoconjugais expostas no seriado e
às que você percebe no seu cotidiano? Por quê?
16ª- Dentre as situações colocadas, com relação às práticas sexuais e sociais
representadas no seriado, de que maneira podem ser feitas associações com aquelas
vivenciadas em nosso meio ou em nossa trajetória?
17ª- Como você percebe, no seriado, que gays e lésbicas encaram as relações
homoconjugais?
18ª- Você considera, na realidade atual, que homossexuais masculinos e homossexuais
femininos querem estabelecer relações homoconjugais com os / as parceiros / as?
19ª- Somente para LGBT‟s. Você consegue definir características de uma relação
homoconjugal? Ela seria diferente da heterossexual em algum aspecto?
20ª- Você acha interessante a maneira como foi abordada a temática LGBT no seriado?
Por quê?
21ª- Você considera importante trabalhar a temática da conjugalidade homossexual em
seriados?
22ª- O que você pensa sobre a aceitação ou não aceitação das relações homoconjugais
na sociedade brasileira?
23ª- Atualmente, você vive alguma situação de conjugalidade? Já viveu?
24ª- Você já teve relacionamentos homoeróticos?
25ª- Você costuma freqüentar o circuito GLS de Belém?
APÊNDICE II – FICHAS DESCRITIVAS

FICHA DESCRITIVA 1

Seriado: Queer as Folk

1º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O seriado inicia mostrando a Boate Babylon, voltada para o público GLS
(gays, lésbicas e simpatizantes), no interior da boate diversas pessoas estão se
divertindo, na maioria homens, que exibem seus corpos, malhados ou não, habitando
juntamente com GO GO Boys, drag queens e lésbicas. O clima é bastante divertido,
alguns bebem, fumam, usam alguma droga, transam no dark room. Diante de tais
situações o grupo de amigos: Michael, Emmett, Ted e Brian, também se encontram na
boate. Uns bebendo, outros beijando. Após a saída desse grupo de amigos da boate
babylon, o personagem Brian encontra Justin, que mais tarde irá se juntar ao grupo, e
fica interessado por ele, os dois seguem em direção à casa de Brian. Depois de algumas
conversas na cama com Justin, Brian descobre que ele é virgem e que tem apenas 17
anos. Nesse momento, no outro lado da cidade de Pittsburgh, Michael (melhor amigo de
Brian) volta para casa com o amigo (Emmett) que mora com ele e, se depara com o
rapaz que o seguia. Michael convida-o para entrar, os dois começam a se beijar, mas
Michael é interrompido por Brian, que liga para sua casa e diz que seu filho acaba de
nascer e que está vindo buscá-lo para ir ao hospital. Chegam ao hospital: Michael, Brian
e Justin e encontram diversas pessoas numa sala juntamente com Lindsay, Melanie e o
recém-nascido (Gus), filho de Brian e Lindsay, por inseminação artificial. Em seguida,
aparecem Michael e Brian em uma das sacadas do hospital, Brian está pensando no que
aconteceu, na responsabilidade de ter um filho e Michael o conforta. Na volta da
conversa, Brian e Michael retornam ao quarto onde está Lindsay e Melanie, Brian fica
um tempo sozinho conversando com Lindsay sobre a relação dos dois e sobre o novo
filho. Os três (Michael, Brian e Justin) saem do hospital e seguem em direção à casa de
Brian, onde Michael deixa Justin e Brian e volta para sua casa no carro de Brian. No dia
seguinte, são mostrados Brian e Justin acordando depois de uma noite cheia de
acontecimentos, Brian nem se dá conta das coisas que aconteceram na noite anterior,
por exemplo, o fato de ter ficado com Justin e ter recebido a notícia de que é pai. Na
cena seguinte, é mostrada a vizinhança homofóbica de Michael, pelo fato de alguns
garotos terem pixado, com a palavra “faggo” (bicha; veado) e amassado algumas partes
do carro de Brian. Michael vai até a casa de Brian e o encontra ficando com Justin e, é
perceptível que Michael está com ciúme da relação dos dois, os três saem em direção as
rotinas diárias: Brian trabalha como publicitário em uma empresa, Michael é supervisor
na loja de departamentos Big Q e Justin é estudante do colegial. O episódio finaliza
mostrando Brian e Michael indo para o trabalho no carro pixado e as pessoas em
Pittsburgh comentando sobre a pixação feita no carro.

Principais aspectos do episódio:


- Vida noturna na boate babylon;
- Os relacionamentos homossexuais masculinos (a maneira que eles se estabelecem);
- O fato de um casal de lésbicas terem um filho, como sendo uma das qualidades delas
(vontade feminina);
- Filhos = assumir responsabilidades;
- Mulher (Lindsay) = feminino = sensível (fala de Lindsay);
- Filhos: realidade não-vivenciada pelo personagem Brian;
- A presença masculina é necessária no crescimento de um bebê do sexo biológico
masculino (fala de Brian).

Personagens: Michael, Emmett, Ted, Brian, Justin, Lindsay, Melanie, Daphne (amiga de
Justin da Escola), Gus.

Duração: 42 minutos e 11 segundos.

Falas:
Michael: “É fastidioso ver aquele monte de lésbicas bajulando ele e fazendo voz de
bebê... É o que as mulheres fazem com os bebês” – (Michael falando para Brian depois
deste saber da existência de seu filho).

Michael falando para Brian no hospital: “Você vai dar boa noite pra Lindsay. Vai pra
casa. Vai dormir. Acordar e trabalhar pelos próximos vinte anos pra sustentar seu filho”
Diálogo entre Brian e Lindsay no quarto do hospital: Lindsay: “Estou me sentindo um
pouco sensível... Quem iria imaginar. Você e eu. Pais” / Brian: “É bem assustador
meninos e meninas. Você acha que é tarde demais pra devolver ele? A gente pode
tentar... Eu teria comido você, sabe? Mas eu tive medo que a sua mulher me desse uma
surra” / Lindsay: “Nós tivemos muitas chances antes...” / Brian: “Eu teria aproveitado
mais se pudesse”. / Lindsay: “Até que não foram ruins” / Brian: “Agora você me diz
isso?... Quer dizer que eu poderia ter sido hetero esse tempo todo?” / Lindsay: “Eu não
quis dizer isso” / Brian: “Acho que está bom como está”.

Brian e Justin tomando banho falam sobre Lindsay: Justin: “Ela devia querer muito um
filho” / Brian: “A maioria das mulheres querem” / Justin: “Até mesmo as lésbicas?” /
Brian: “Lésbicas são mulheres”.

Brian e Justin ainda no banheiro: Justin: “Minha mãe diz às vezes que preferia que eu
não tivesse nascido” / Brian: “Deve ser porque ela vai passar o resto da vida com um
menino mal educado” / Justin: “Então, você vai criar ele (Gus)?” / Brian: “Eu?... Sem
chance... As mães dele vão, mas estarei por perto para suprir a presença masculina, tão
necessária na vida dos garotos.” / Justin: “Aposto que Melanie pode fazer isso melhor
que você”.
FICHA DESCRITIVA 2

Seriado: Queer as Folk

2º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando a rotina de todos os personagens principais: Ted,


Emmett, Justin, Michael e Brian. Ted trabalha como Contador e nas horas vagas do
trabalho, ele costuma ver vídeos pornôs na internet; Emmett trabalha numa loja de
roupas – Torso; Justin é Estudante do colegial; Michael trabalha como Supervisor em
uma loja de departamentos – Big Q; Brian é Publicitário. Esse grupo de amigos se
depara com várias situações, do dia-a-dia, consideradas homofóbicas. Justin comenta,
com sua amiga Daphne, os momentos quando ficou com Brian, ele diz a ela que o ama,
enquanto isso, Brian, depois de uma reunião de negócios, transa com um cara
desconhecido na banheiro da empresa. Um dos lugares onde o grupo se encontra é a
academia, lá eles batem papo, paqueram, transam na sauna da academia. Michael, em
seu ambiente de trabalho, é questionado sobre sua sexualidade, mas ele afirma, para os
colegas, que é hetero, com medo de uma possível demissão, nesta ocasião, Marly
(colega de trabalho de Michael) o convida para um happy hour com os colegas, onde
estaria Tracy (Colega de Michael e possível namorada dele), ele aceita o convite. Os
amigos de Michael (Ted e Emmett) conversam, na academia, sobre o happy hour de
Michael, em um bar hetero. Michael está preocupado com o que vai falar ou que vai
fazer. Justin não presta mais atenção no que sua mãe diz, pois está apaixonado por
Brian, mas não se dá conta de que Brian não quer nada sério com ele. Melanie, Lindsay
e Brian, conversam sobre o caso dele assinar os papéis concedendo paternidade à
Melanie. Ted, Emmett, Brian, Michael e Justin se encontram no Bar Woody‟s, um dos
outros lugares em que eles freqüentam. Michael cobra a Brian responsabilidade de
Justin. Justin e Michael vão até o Liberty Diner (local de encontro dos amigos e é onde
trabalha a mãe de Michael – Debbie). É mostrado o casal de lésbicas: Lindsay cuida do
bebê e Melanie fica observando, em seguida, o casal começa a se beijar, mas são
interrompidas pelo choro do bebê. Debbie e Michael estão voltando para a casa quando
encontram Vic – Tio de Michael e irmão de Debbie – pensando nas contas a pagar.
Michael vai para o antigo quarto e relembra alguns momentos nos quais esteve com
Brian. O episódio termina na cena aonde Justin vai à casa de Brian e o encontra com
outro cara, ele diz que só quer conversar, mas Brian manda Justin ir embora. Brian, a
pedido do cara desconhecido, vai atrás de Justin e explica que o que aconteceu entre
eles foi apenas uma transa, pois ele não acredita em amor, e sim em sexo. Justin não
aceita e fica muito triste, pois o que ele quer é Brian, a sua intenção é namorá-lo.

Principais aspectos do episódio:


- Características masculinas: Homem tem sempre que falar de garotas; tem que saber
consertar a pia – Falas dos colegas de trabalho de Michael;
- Gays tem que expor aos colegas de trabalho que são gays, sem mentiras;
- A questão do ativo e passivo: Ativo (superior – “homem de verdade”), Passivo
(inferior) – Fala de Emmett;
- Ser “obviamente gay” – Falas de Ted e Emmett;
- Estar no “mundo hetero” sem parecer ser gay;
- A questão do amor e do namorar: relações homossexuais masculinas.

Personagens: Ted, Emmett, Michael, Brian, Daphne, Marly e Tracy (colegas de


Michael), Jenifer (mãe de Justin), Debbie, Lindsay, Melanie, Vic, Gus.

Duração: 38 minutos e 40 segundos.

Falas:
Diálogo de Michael com Marly na Big Q: Marly: “Sabe, nunca ouvi você dizer que
gosta de alguma garota” / Michael: “Bem...” / Marly: “Na verdade, nunca ouvi você
falando de garotas. Você gosta de garotas, não é mesmo?” / Michael: “Claro!” / Marly:
“Então você vai sair com a gente... Depois do trabalho? Vamos levá-lo pra tomar uns
drinks” / Michael: “Eu acho que não posso”.

Conversas entre Michael, Ted e Emmett na academia: Michael: “Foi tudo uma
armadilha...” / Emmett fala para Ted: “Hei, ta vendo aquele cara de short vermelho?...
Eu poderia malhar durante 100 anos e nunca teria um corpo igual aqueles...” / Michael:
“Fingiu que não gostava dela, só pra saber o que eu diria” / Emmett: “Shawn Petters
levou ele pra casa achando que o cara era ativo” / Ted: “E...” / Michael: “E eu caí na
dela!” / Emmett: “E ele descobriu que o cara é totalmente passivo” / Ted: “Eu bem que
poderia ter descoberto isso” / Emmett: “É tão desanimador... Será que não tem mais
homem de verdade? / Michael: “Agora eles estão esperando que eu encontre com eles” /
Ted: “No Steroid City?” / Michael: “Não. Em um bar hetero... Tem alguém me ouvindo
aqui?!” / Emmett: “Tem uma garota nova no trabalho interessada em você... A gorducha
da Marly armou uma para você encontrá-la com os outros depois de trabalho, e agora
você tem que ir – ou eles podem suspeitar de você... Olha lá o Sr. Peck Tech!... O que
acontece se desconfiarem?” / Ted: “Poderiam demiti-lo” / Michael: “Ou passar o resto
da minha vida como auxiliar de gerente” / Emmett: “A solução é fingir que você gosta
de boceta?” / Ted: “Olha, ele não é como você, OK?” / Emmett: “O que você quer dizer
com isso?” / Ted: “Significa que ele não é obviamente gay” / Emmett: “Você está me
acusando de ser óbvio?” / Ted: “Se a carapuça servir em você...” / Emmett: “Eu poderia
ser muito homem se quisesse... Sabe, baixar o tom de voz, parar de gesticular com as
mãos, ter certeza que meu rosto não tem expressão fácil alguma, nunca, nunca usar
palavras como... „Fabuloso‟ e „Divino‟, falar sobre sei lá, falar de mulheres e jogo e de
esportes. Mas prefiro ser uma fogueira gigante do que ser uma pequenina chama de
vela” / Ted: “E que fogueira gigante!” / Emmett: “Obrigada” / Ted: “tudo bem, mas
Michael está no mundo hetero, e acredite, não é nada fácil. Você tem que fazer o que
precisa ser feito”

Michael e Tracy falando de relacionamentos: Tracy: “Tipo, dá pra acreditar que ele não
sabia consertar uma pia?” / Michael: “Sério?!” / Tracy: “Ele me ligou no trabalho
dizendo o que eu devo fazer? Eu disse: Não me importo com o que faça. Compre
argamassa, use uma rolha, use goma de mascar, mas conserte isso!”

Michael e um colega de trabalho no bar: Colega: “Você assiste futebol?” / Michael:


“Constantemente” / Colega: “Então... O que você acha? / Michael: “O que eu acho?...
Eu acho... Que devido ao passe livre, perdemos alguns dos melhores jogadores. Ainda
assim, nossa defesa continua forte, mas precisa de um novo esquema do nosso
coordenador pra mover a bola” / Colega: “É exatamente o que eu digo!

Michael conversando com Brian: Brian: “Existem apenas dois tipos e heteros nesse
mundo. Aqueles que odeiam você na sua frente e aqueles que odeiam você pelas
costas”.
Brian e Justin: Justin: “Você não namora ninguém” / Brian: “Mikey andou conversando
com você” / Justin: “Você transa com todo mundo... Ele é feio. Você nem conhece ele.
E eu... Eu realmente...” / Brian: “Eu transei com você. O que aconteceu na noite passada
foi apenas uma diversão. Eu queria você e você me queria. Foi tudo o que aconteceu” /
Justin: “Uma transa?” / Brian: “O que pensava que tinha sido?... Olha eu não acredito
no amor. Eu acredito em sexo. É honesto. É eficiente. Você sai com o máximo de prazer
e o mínimo de compromisso. Amor é uma coisa que os heteros dizem que existe, só pra
terem uma razão pra transar e depois acabam machucando uma ao outro. Porque foi
tudo baseado em mentiras pra começar. Se é isso que você quer. Então vai e encontre
uma linda garotinha... E case-se com ela” / Justin: “Não é isso que eu quero. Eu quero
você” / Brian: “Você não pode me ter. Estou muito velho... Você é muito jovem pra
mim. Você tem 17. Eu tenho 28” / Justin: “29” / Brian: “Tudo bem. 29... Mais um
motivo... Agora vai fazer a sua lição de casa”
FICHA DESCRITIVA 3

Seriado: Queer as folk

3º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando o grupo de amigos: Michael, Ted, Emmett, no


batizado de Gus, na casa de Lindsay e Melanie. A cerimônia que acontecerá será um
Brisket – Bris – (Cerimônia de circuncisão), pois Melanie é judia e, de acordo com a
cultura dela, é necessário haver esse ritual. O episódio todo gira em torno dessa
cerimônia, participam dela: Michael, Emmett, Ted, Katsuo (ficante de Emmett e garoto
de programa, mas Emmett ainda não sabe), Lindsay, Melanie, Tia de Melanie e Brian,
que chega somente na hora da circuncisão. Brian não aceita que seu filho seja
circuncisado e briga com o casal de lésbicas, ele alega ter direitos sobre Gus, pois é o
pai biológico dele. Brian chega e interrompe o ritual de circuncisão, ocorrendo, dessa
forma, o cancelamento da cerimônia. Melanie e Lindsay discutem por conta do que
Brian fez e, também porque não há espaço para ele na vida delas. O episódio mostra
como cada um dos personagens principais estabelece seus relacionamentos: Ted não
acredita que pode ficar com alguém, se acha feio e sem auto-estima; Michael está preso
num sentimento puramente platônico que sente por Brian; Emmett conhece um cara
japonês (Katsuo) e pensa que ele quer algo sério, mas depois Emmett irá descobrir que
Katsuo é garoto de programa; Brian leva uma vida descompromissada, fica com vários
caras diferentes por dia, e sempre ressalta que suas relações não possuem nenhum tipo
de compromisso; Justin não esquece Brian e continua atrás dele, mas Brian não dá a
mínima, apenas transa com Justin. Ted acaba de conhecer Blake na boate babylon e o
leva para casa, ao chegar à casa de Ted ele é envolvido por Blake, até que nem se dá
conta de que tomou exageradamente GHB (droga líquida), na água que Blake ofereceu a
ele. O episódio termina mostrando Emmett, Michael, Daphne, Brian e Justin, na
Babylon, sendo que Brian e Justin terminam a noite juntos.

Principais aspectos do episódio:


- Diferenças entre homens e mulheres não tem haver com o fato e ser gay ou hetero –
Fala de Michael;
- A criação do filho pelas lésbicas: associação das lésbicas com a heterossexualidade –
Opinião de personagens homens;
- A questão de ser pai biológico: direitos que são conferidos ao inivíduo;
- Sexo se faz com estranhos – Fala de Ted;
- Travesti: homem ou mulher? – Fala de Daphne;
- Instantaneidade dos relacionamentos homossexuais masculinos.

Personagens: Michael, Lindsay, Melanie, Brian, Emmett, Katsuo, Shirley (Tia de


Melanie), Justin, Daphne, Blake (ficante de Ted), Debbie, Vic e Gus.

Duração: 42 minutos e 8 segundos.

Falas:
Michael pensando: “Depois de uma semana que o bebê nasceu, graças a grande
contribuição de Brian Kinney. Lindsay e Melanie estavam em festa. Elas convidaram
todas as lésbicas mais próximas e mais queridas, alguns parentes e...nós, os amigos do
pai, para a casa delas. Foi muito bom, o cheiro da comida, e todas as flores espalhadas
pra onde você olhasse. Não é a mesma coisa que ir a casa de um amigo, com cheiro de
roupa suja e muitas fitas pornôs espalhadas por onde você olhasse. Vendo elas em seu
lindo lar com o seu lindo bebê. Abraçando uma a outra. Eu desejei por um instante em
ser uma lésbica. Mas quando lembrei que teria que comer uma boceta, então eu desisti!
Eu percebi o quanto homens e mulheres são diferentes. E não tem nada a ver com o fato
de ser gay ou hetero. É que, a forma que eu vejo. As mulheres sabem como se relacionar
seriamente, os homens não. Pelo menos não os homens que eu conheço”

Michael e Brian: Brian: “Eu disse, eu não vou para o Munchers Brunch. E está dito!” /
Michael: “Olha, não vai ser por elas. É pelo seu filho!” / Brian: “Meu filho! Ele é meu
filho apenas quando querem meu dinheiro” / Michael: “Porque puní-lo não
comparecendo?” / Brian: “Olha, ele sequer vai saber se estou por lá” / Michael: “Você
não pode ter certeza” / Brian: “Eu li em algum lugar...” / Michael: “Onde?. Marvel
Comics?... Que os bebê reagem as coisas, mesmo quando ainda está no útero. Como,
por exemplo, tensão e discórdia afetam eles profundamente, enquanto que tocando
Mozart e coisas do tipo os tornam super inteligentes” / Brian: “Bem, o que você acha do
fato de ouvir duas sapatas transando uma com a outra pelos últimos nove meses afetarão
ele? Nossa! Ele concerteza vai crescer pra ser hetero!” / Michael: “Mais uma razão pela
qual ele precisa de um pai”

Tia Shirley e Melanie: Melanie: “Tia Shirley, diga alguma coisa... Eu não acredito que
você esteja sem palavras” / Tia Shirley: “Estou emocionada por vocês duas... É muita
sorte um garoto ter duas mães. Pra quê ele vai precisar de um pai, não é mesmo? O seu
tio Bem foi um péssimo pai. Nunca tinha tempo para a família. Sempre caçando
mulheres. É bem melhor pra vocês serem lésbicas por que... Um pau duro não tem
consciência alguma”

Emmett conversando com os amigos sobre Katsuo: Emmett: “Ele não é lindo. O nome
dele é Katsuo. Ele dá a uma simples lambida um novo significado” / Michael: “Onde
você encontrou ele?” / Emmett: “Ele me encontrou... Eu estava tomando um drink no
Lizard Lounge. Ele chegou e começou a jogar conversa fora. Ele não fala uma palavra
em inglês. E a única coisa que sei em japonês é Sony e Toyota” / Michael: “Então como
é que você conversa com ele?” / Emmett: “Existem outras formas além da fala”

Rabino explicando o ritual de circuncisão: “Na vida de cada garoto judeu, existem três
passos pra se tornar um homem. Primeiro o Bris. Depois o seu Bar Mitzvah e
finalmente o seu casamento. Por 3.500 anos, o ritual da circuncisão, tem sido o sinal
fundamental do acordo entre Deus e Israel. Melanie, você poderia, por favor, colocar
seu filho no colo da mãe?”... Brian chega ao meio da cerimônia, interrompendo-a e
convocando Lindsay e Melanie a irem para cozinha...

Melanie, Lindsay e Brian: Melanie: “Que diabos você pensa que está fazendo? Entrando
aqui, interrompendo uma cerimônia religiosa” / Brian: “Você deveria ter pedido a
minha permissão antes pro quê? Pra circuncisar o meu filho?” / Melanie: “Não temos
que pedir sua permissão. Somos os pais dele” / Brian: “Eu sou pai biológico, e isso me
dá mais direitos que você” / Melanie: “Vejo que alguém andou estudando direito” /
Lindsay: “Olha, esse não é o momento pra termos essa conversa... Com a casa cheia de
convidados” / Melanie: “E desde quando você começou a se preocupar com seu filho?...
Considerando que você não tem visto ele desde que nasceu” / Brian: “Bem, eu não sou
muito bem aceito por aqui” / Melanie: “Sem essa, você tem estado muito ocupado
trepando com qualquer coisa que se mexa” / Lindsay: “Por favor, vamos parar com
isso?... Por que importa pra você se Gus for circuncisado?” / Brian: “Ele está nesse
mundo a menos de uma semana, e já existem pessoas que não irão aceitá-lo pelo que ele
é, que mutilaram ele ao invés de deixá-lo do jeito que ele é, deixá-lo do jeito que ele
nasceu. Bem, eu não vou deixar isso acontecer”... O Rabino interrompe a discussão e, a
cerimônia não volta ao normal e termina sem a circuncisão.

Ted e Michael: Michael: “Então que todos sabem que não se transa com os amigos” /
Ted: “Ah, certo. OK. Sexo é algo que se faz apenas com estranhos. Sim. Com pessoas
que você nunca mais vai ver. A menos que você encontre eles pela rua. Mas nunca com
alguém que você se importa. Quem inventou essas regras malucas, hein?”
Daphne falando para Justin quando vê um travesti: “Oh meu Deus! Olha pra isso. Isso é
uma mulher ou um homem?”

Lindsay e Melanie conversando: Lindsay: “Então, por quanto tempo isso vai continuar?
Ou você pretende nunca mais falar comigo?” / Melanie: “O que você gostaria que eu
disesse?” / Lindsay: “Qualquer coisa” / Melanie: “OK, que tal, eu tenho uma casa cheia
de comida que nem sequer foi tocada e um filho não circuncisado. Que tal isso?” /
Lindsay: “Olha, Brian vai retirar o seguro de vida. Ao menos ele concordou em fazer
isso. Isso é algo, não é mesmo?” / Melanie: “Oh, prêmio de consolação...” / Lindsay:
“Isso era muito importante pra você semana passada” / Melanie: “E ainda essa era tarde,
mas agora eu fui humilhada, na frente dos meus amigos, meus parentes, Rabino Protesh.
E você deixou ele fazer isso” / Lindsay: “Eu” / Melanie: “Você convidou ele pro Bris.
Claro, sei que não é muito importante pra você ou pra ele, mas é um ritual muito
importante na família” / Lindsay: “Sabe, existem muitos homens que acham a
circuncisão uma prática cruel e bárbara” / Melanie: “Não me importo com o que os
homens pensam do pau deles. Me importo o fato de Brian ser mais importante que eu.
Mas, sabe por que estou surpresa? Ele sempre foi mesmo” / Lindsay: “Por favor. Vamos
ter que passar por tudo isso de novo? Não quero conversar sobre isso” / Melanie: “Sim,
e eu não queria que Brian fosse o pai do bebê em primeiro lugar. Mas não, você tinha
que colocar ele no caminho. Tinha que ser ele ou mais ninguém. Agora ele faz parte da
nossa vida pra sempre, gostando ou não”
FICHA DESCRITIVA 4

Seriado: Queer as Folk

4º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O Episódio inicia mostrando os amigos: Emmett, Michael e Brian, no


Restaurante Liberty Dinner, relatando o que fizeram na noite passada. Emmett ficou
com um sado masoquista, Michael com um esportista e Brian continua ficando com
Justin. Os amigos vão visitar Ted que está em coma no hospital e acabam conhecendo a
mãe de Ted (Margareth Schmidt). Numa outra cena, a mãe de Justin (Jennifer) está
vendo alguns desenhos dele e descobre, em uma das páginas, o nome de Brian, escrito
diversas vezes. Os amigos conversam, no hospital, sobre o fato de Ted ter sido
influenciado por Blake a tomar GHB. A mãe de Ted critica o fato de o filho ter ficado
com um homossexual, pois se seu filho fosse hetero isso não teria acontecido. É
mostrado o dia-a-dia de Justin no colegial, aparece ele masturbando um colega de classe
(Chris Hobbs). Emmett, Brian e Michael vão à academia e depois à sauna, todos eles
estão preocupados com o estado de Ted. Será que Ted irá acordar do coma? Nesse
sentido, Ted pode contar com os amigos, principalmente com Michael, este diversas
vezes vai ao hospital visitá-lo. Ted declara, em seu testamento, Brian como o
responsável pela sua vida, mas Brian não aceita ser o responsável por isso e se conforta
indo à Babylon e ficando com outros caras. Justin consegue diferenciar sexo de amor,
por isso ele ama Brian, e o procura novamente. Os amigos acabam descobrindo que Ted
é apaixonado por Michael, pois ao vasculharem o apartamento dele descobrem várias
fotos fixadas na porta do guarda-roupa de Ted. Justin, depois de sair de casa, vai morar
na casa de Debbie e Vic. O episódio gira em torno do coma de Ted e da “descoberta”,
pela mãe de Justin, da sua homossexualidade. Brian e Justin transam na casa de Debbie,
especificamente no quarto que era de Michael. Aos poucos, eles vão se envolvendo cada
vez mais e sem se perceberem estão construindo um relacionamento.

Principais aspectos:
- A questão das influências;
- Respeitar a orientação sexual, mas não aceitar os relacionamentos;
- Sexo é diferente de amor – Fala de Justin;
- Definição do que é ser homossexual;
- É perceptível, no seriado, que aos relacionamentos homossexuais masculinos é dada
muita ênfase às relações sexuais. Sexo é fundamental para eles, e não importa qual seja
o perfil. No caso das lésbicas, quase não aparecem cenas de sexo, elas, quase sempre,
aparecem discutindo a relação.

Personagens: Brian, Michael, Emmett, Mãe de Ted (Margareth Schmidt), Justin,


Jennifer, Daphne, Chris Hobbs (colega de classe de Justin), Debbie, Lindsay, Melanie,
Gus.

Duração: 47 minutos e 9 segundos.

Falas:
Conversa entre Michael, Emmett e a mãe de Ted no hospital: Michael: “Sra. Schmidt,
estamos indo pro trabalho. Se precisar pode ligar pro meu celular, se...” / Sra. Schmidt:
“Disseram que ele tomou uma overdose de uma droga que eu nunca ouvi falar” /
Emmett: “Bem, ele não usava drogas...” / Michael: “Ele deve ter conhecido alguém... E
o levou pra casa” / Sra. Schmidt: “Posso perguntar uma coisa Michael?” / Michael:
“Claro” / Sra. Schmidt: “Se meu filho fosse hetero, se tivesse levado uma garota pra
casa, você acha que ela teria ido embora. E deixado ele para morrer?”

Daphne e Justin conversando sobre a masturbação que Justin fez em Chris Hobbs:
Daphne: “Mas pensei que você gostasse do Brian” / Justin: “Eu e Chris?... Isso não é
amor Daph... Foi apenas sexo”

Debbie e Michael conversando sobre o fato de ser gay: Debbie: “Ninguém sabe se é a
natureza ou criação ser gay. Agora dizem que dá pra saber pelo tamanho do dedo
indicador. Embora todos os dedos do Michael sejam normais. Ele deveria ter três filhos
e uma barriga de cerveja. Mas ele é tão gay o quanto pode ser!”
FICHA DESCRITIVA 5

Seriado: Queer as Folk

5º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando a casa de Brian, especificamente a cama de Brian,


e juntamente com ele um cara desconhecido (provavelmente algum rapaz da noite
anterior). Nesse momento Lindsay e Gus aparecem na casa de Brian, pela manhã, e
Lindsay convida Brian para almoçar na casa dela, pois Melanie, Lindsay e Brian
precisam entrar em acordo com relação à criação de Gus. É mostrado Michael em seu
trabalho na Big Q. A mãe de Justin o leva a terapeuta, para uma tentativa de entender
sua sexualidade (suas vontades). Brian aparece trabalhando na empresa. Emmett, Ted e
Brian conversam com Michael sobre o fato de ele esconder dos colegas de trabalho sua
homossexualidade, principalmente de Tracy, a garota que gosta dele. Nesse sentido,
alguns personagens pensam diferente sobre algumas situações, por exemplo: Brian não
acha necessário revelar a homossexualidade para os pais, ele vive normal assim,
levando em conta que ele é um publicitário bem sucedido. Melanie sente que Brian
interfere no seu relacionamento com Lindsay. Justin gosta de Brian, mas ele não
percebe isso. Michael teve que se consultar com um fisioterapeuta, por conta de ter
machucado o pescoço quando trabalhava, então acaba conhecendo seu futuro namorado
(David – fisioterapeuta). Jennifer procura conhecer os ambientes que Justin costuma
freqüentar: Bar Woody‟s, Liberty Dinner. Marvin (Empresário) e Brian vão à Babylon e
o colega de trabalho de Brian conta um pouco de sua vida. Marvin assedia moralmente
Brian. E a questão que se coloca: Transar ou não no trabalho? É apenas uma questão de
negócios? David vai até o local onde Michael trabalha para convidá-lo a um jantar,
Michael aceita. Ted e Emmett comentam sobre o encontro de Michael com David.
Brian o ajuda a se vestir. Brian é convidado por Marvin a ir a casa dele para trabalhos
sexuais, mas no final Brian não aceita. Brian não quer acordo com o casal de lésbicas, é
perceptível que ele gosta muito de seu filho e não irá conceder a paternidade à Melanie.
David e Michael se conhecem no jantar (é perceptível a diferença de classe entre os
ambos). David, na volta do jantar, é enfático com Michael, não o quer apenas para
transar, sendo que Michael pensava que ele fosse logo querer transar.
Principais aspectos do episódio:
- A terapia como um método para entender a homossexualidade;
- Revelar ou não revelar a homossexualidade aos pais? / Revelar ou não revelar a
homossexualidade aos amigos, colegas de trabalho?;
- Casal de Lésbicas = Família alternativa – Fala de Lindsay e Melanie;
- Namorar é algo que aprendemos a pensar, não é algo natural – Fala de Brian;
- Encontro... É tão hetero – Fala de Michael: Discurso que qualifica o encontro como
algo que está intimamente ligado aos casais heterossexuais;
- O primeiro encontro tem que ter transa – Fala de Michael.

Personagens: Brian, Lindsay, Marly, Tracy, Michael, Jennifer, Justin, Debbie, Ted,
Emmett, Daphne, David, Marvin, Melanie, Gus.

Duração: 46 minutos e 34 segundos.

Falas:
Conversa entre Jennifer, Justin e a Terapeuta: Jennifer: “Costumávamos dividir coisas.
Nós... Gostávamos um do outro. Mas agora eu... Eu falo com ele, ele bate a porta, sai
correndo. Ele mente. Diz que vai dormir na Daphne, mas sei que não. E descobri
coisas” / Terapeuta: “Que tipo de coisas?” / Jennifer: “Desenho. Esboços que ele faz,
de... Homens nus. Eu quero... Saber” / Terapeuta: “Se ele pode ser gay?” / Jennifer: “Ele
tem apenas 17 anos. Jovem demais pra ter essas vontades, ser... Justin, como você pode
saber quem você é?” / Terapeuta: “Justin, Você tem algo a dizer?” / Justin: “Eu gosto de
pau. Quero ser fodido por pau. Quero chupar um pau. E sou muito bom nisso” /
Terapeuta: “Bem. É um começo”

Diálogo entre Brian e Michael: Michael: “Não posso. Onde trabalho eles riem de gays”
/ Brian: “Os únicos gays que valem a pena rir são os que não dizem a verdade. Não seja
um desses babacas que escondem Mikey. E pare de controlar ela (Tracy)”

Diálogo entre Brian e Justin: Brian: “Deveria ir para casa. Sua mãe deve estar muito
preocupada” / Justin: “Ela é patética... Ela me levou pra perder tempo em um terapeuta”
/ Brian: “Talvez ela esteja tentando entendê-lo” / Justin: “Não quero que ela me
entenda... Quero que me deixe sozinho... O que os seus pais fizeram quando
descobriram que você era... Sabe, gay?” / Brian: “Eles não fizeram nada. Porque nunca
disse a eles” / Justin: “Não disse?” / Brian: “Não é a vida deles... Não preciso de
aprovação deles”

Melanie e Lindsay conversando: Lindsay: “Como podemos? Ele é o pai de Gus” /


Melanie: “Como se eu precisasse lembrar” / Lindsay: “Sabe, poderíamos ser uma
família alternativa” / Melanie: “O que significa „duas mães‟” / Lindsay: “Sou eu quem
tenho a assinatura da Newsweek... Sei o que significa. Apenas não existe nada de
alternativo com a gente. Estamos fodidas como qualquer outra família na história do
mundo” / Melanie: “Então. O que você quer?” / Lindsay: “Quero ser uma boa mãe...
Quero estar com você”

Diálogo entre Brian e Justin: Brian: “Olha, já disse, não sou seu namorado. Não sou seu
parceiro, não sou sequer seu amigo. Você não é nada pra mim” / Justin: “Eu poderia
ser... Se me desse uma chance” / Brian: “Onde aprendeu a falar assim? Assistindo
algum dramalhão adolescente?” / Justin: “Preciso de você!” / Brian: “Não. Você pensa
que precisa... Porque é isso que você aprendeu a pensar. „Precisamos um do outro‟.
Bem, isso não passa de besteira. Você precisa de você mesmo. Você é o único com
quem pode contar”

Diálogo entre Jennifer e Debbie no Bar Woody‟s: Jennifer: “Então não acha que foi
porque o sufoquei demais?” / Debbie: “Você sufoca uma costela de porco, mas não um
filho... As pessoas são o que são... Escuta... Eles falam muito e agem duramente, mas a
verdade é que, a coisa que ele tem mais medo, mais do que o pai descobrir e meter a
porrada nele, é que você deixe de amá-lo” / Jennifer: “Eu nunca faria isso” / Debbie:
“Então tenha certeza que ele sabe que não a perdeu”

Diálogo entre Marvin e Brian na Babylon: Marvin: “Casei jovem, antes de descobrir.
Entrei no lance de ter uma família. Quando descobri o que eu era, estava tarde para
mudar as coisas. Amo minha esposa e meus filhos. Porque iria destruir tudo isso?” /
Brian: “Então você toma conta dos negócios quando está fora?” / Marvin: “Exatamente”
/ Brian: “Cara esperto Marvin” / Marvin: “Você é um cara esperto também”
Diálogo entre Michael e Brian: Michael: “É estranho ter um encontro” / Brian: “Faça
ele abrir a porta do carro pra você e puxe a sua cadeira” / Michael: “Me refiro a isso. É
tão... Hetero! Já esteve em um encontro de verdade?” / Brian: “Uma vez... Terminei
trepando com o garçom” / Michael: “Eu não sei o que fazer ou o que dizer!” / Brian:
“Seja você mesmo”/ Michael: “Isso fará a noite voar... Porque não podemos apressar
direto por sexo?” / Brian: “O motivo de um encontro, ou como me foi explicado, por
aqueles que costumam fazer isso, é conhecer bem a outra pessoa antes de trepar com
ela” / Michael: “Que idéia boba... E se você não gostar deles?” / Brian: “Pior ainda. O
que você faria?”

David e Michael conversando: David: “O que está fazendo?” (Michael tentando fazer
sexo oral em David) / Michael: “Eu pensei... Quero dizer, eu não...” / David: “Convidei
você pra conhecer você melhor, não porque eu queria uma transa rápida”

Conversa entre Ted, Emmett e Michael na Babylon: Emmett: “Alguém deve ter comido
algo que não fez bem” / Michael: “Apenas perdi meu tempo. Ele pagou o jantar e nem
quis transar” / Emmett: “Talvez tenha uma problema de próstata ou apenas um
testículo” / Michael: “Ou talvez ele não goste de mim” / Emmett: “Por que ele não
gostaria de você?” / Michael: “Mesma razão que todo mundo. Não sou o Brian” /
Emmett: “Isso é uma bobagem” / Ted: “Ele deve ter gostado de você. Por que ele teria
pedido você pra sair?” / Michael: “Eu não sei” / Ted: “É apenas a sua insegurança” /
Emmett: “Talvez ele seja o tipo de cara que não transa antes do encontro” / Michael:
“Não me importo. Vou encontrar alguém que me queira”
FICHA DESCRITIVA 6

Seriado: Queer as Folk

6º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: Michael está arrasado por achar que o seu primeiro encontro com David foi
horrível. Justin encontra Melanie e Lindsay e propõe ajudá-las com Gus. Ted e Emmett
conversam sobre relacionamentos, Ted procura nos classificados parceiros que sejam
compatíveis com seu perfil. Michael vai ao consultório de David pedir desculpas pelo
que fez no final do primeiro encontro, eles voltam. Lindsay descobre os desenhos de
Justin e acha interessantíssimo e, então dá força a ele pra inscrevê-los na Mostra de Arte
do Centro de Gays e Lésbicas. Ted e Emmett vão conhecer um grupo de solteiros e Ted
resolve marcar um encontro com um rapaz. David e Michael tem sua primeira transa.
Ted e Roger decidem sair para se conhecer, os dois vão a um restaurante e conversam
sobre relacionamentos. Os amigos, na academia, conversam sobre relacionamentos.
Transar no primeiro encontro ou não? Chega o dia da exposição dos desenhos de Justin
na Mostra do Centro de Artes de Gays e Lésbicas. David sente que Brian pode
atrapalhar o relacionamento dele com Michael, pelo fato de serem amigos de infância.
Aí vem a questão: as amizades atrapalham os relacionamentos? Ou os relacionamentos
atrapalham as amizades? Emmett ao conversar com Ted, diz que sexo nunca é a coisa
certa. Estão na galeria: o casal de lésbicas, Michael, David, Brian, Justin, Ted, Emmett,
Roger, Debbie, Jennifer. Debbie relata a Emmett uma das qualidades de Michael: ajudar
os amigos com os relacionamentos, mas não admite ver seu filho ainda preso
contemplando um sentimento platônico por Brian. A mãe de Justin prestigia os quadros
do filho, mas fica assustada ao ver Brian, ela acha ele muito velho para se relacionar
com Justin. Ted e Roger são estimulados a transar vendo os quadros, só que percebem
que não são parecidos na hora do sexo e Ted tem certeza que foi tudo engano. Roger
não é o tipo de Ted, eles discutem e Roger vai embora. Debbie e Jennifer conversam
sobre o envolvimento de Justin com Brian Kinney, a mãe alega que há uma diferença
muito grande de idade e, gostaria que o filho se envolvesse com pessoas da faixa etária
dele. Debbie fala a Jennifer que Brian é extremamente desejado por todos. Os amigos:
Brian, Justin, Daphne, Michael, David, Ted, Emmett se encontram na Babylon para
comemorar a venda do quadro de Justin. Ted reencontra Blake na Babylon e percebe
que ainda gosta dele. O episódio termina quando Michael e David chegam à casa de
David e este pergunta em quem Michael pensa quando fecha os olhos, e ele porre,
somente ri, nesse mesmo momento, numa outra cena, Brian aparece transando com um
cara, este está chupando ele e, ele está olhando fixamente para o quadro de Justin (Será
que ele gosta mesmo de Justin? Será que Michael gosta, de fato, de David?

Principais aspectos do episódio:


- Gays não querem ter filhos gays – Fala de Brian;
- Influência da criação na vida dos filhos: criado por duas lésbicas precisará de
influência feminina (associação das lésbicas com o masculino) – Fala de Michael;
- Associação da homossexualidade com profissões tidas como femininas – Fala de
Jennifer;
- Ênfase no ato de transar: “Tudo que fazemos, tudo que usamos, é uma tentativa
consciente ou inconsciente para transar” – Fala de Ted;
- Dificuldade em estabelecer relacionamentos sérios e duradouros nas relações
homossexuais masculinas;
- Encontrar a “pessoa adequada”;
- Relacionamento de homens mais velhos com homens mais novos.

Personagens: Michael, Brian, Justin, Daphne, Lindsay, Melanie, Gus, Ted, Emmett,
David, Roger, Jennifer, Blake.

Duração: 45 minutos e 53 segundos.

Falas:
Diálogo entre Brian e Michael na loja de gibi: Michael: “Veja. É a nova boneca Mulher
Electra. Vou comprar para Gus” / Brian: “Eu não quero um filho gay” / Michael:
“Criado por duas lésbicas... Precisará de influência feminina”

Diálogo entre Daphne e Justin: Daphne: “Sua mãe sabe que está comprando jóias?” /
Justin: “Ela aprova tudo... E se não aprova. Finge com medo... Que eu fuja e vire
cabeleireiro” / Daphne: “Eu odeio você... A mina é uma chata sem nenhum motivo” /
Justin: “E esses (jóias) aqui” / Daphne: “É muito bicha!” / Justin: “Sem essa. É o
símbolo da nossa amizade”
Diálogo entre Ted e Emmett: Ted: “Já me decidi... Chega de saunas, bares e clubes,
você não me verá mais na Babylon” / Emmett: “Ora, não pode deixar que um coma de
nada o deprima. O que acha?” / Ted: “Você parece um lixo” / Emmett: “É isso mesmo.
Vou levar” / Ted: “Você não entende. Tudo o que fazemos, tudo o que usamos, é uma
tentativa consciente ou inconsciente para transar” / Emmett: “É verdade, há muita
ênfase em sexo. Mas porque não comprar roupas justas?” / Ted: “Porque tragicamente,
alguns de nós não nascemos para usar lycra” / Emmett: “Cheque os anúncios. Talvez
encontra alguém para não sair” / Ted: “Sabe, uma coisa que eu não entendo nesses
anúncios. Porque falam em lamber mamilos e penetração? Seria bem mais difícil... Veja
este aqui no centro. Pegadinha: encontre gays solteiros... Para conversar... Sem
escolhas, nem rejeição, cara a cara”

Diálogo entre Ted e Roger num restaurante: Roger: “Ele tem um sorriso bonito” / Ted:
“Entre outros atributos” / Roger: “Sei que ele é uma boa pessoa” / Ted: “Aposto que é
muito inteligente” / Roger: “Normalmente, eu pensaria... Em alguma cantada patética...
Como: Nunca o vi por aqui antes? Você é novo?” / Ted: “Ou, conheço você de algum
lugar? Não? Deve ser de sonho?” / Roger: “Ou, quando começaram a contratar modelos
aqui?” / Ted: “Você é pior que eu! Você quer que eu vá... Ao banheiro para tentar cantá-
lo... Ou...” / Roger: “Não! Nunca funcionou mesmo... É um flerte inútil” / Ted: “É tão
bom estar fora desse mundo” / Roger: “Preciso confessar algo. Não fui a reunião só para
anunciar... Um concerto de Sondheim” / Ted: “Foi o que achei” / Roger: “Esperava
encontrar alguém com quem pudesse me relacionar” / Ted: “Alguém... Adequado” /
Roger: “Exatamente. Alguém adequado”

Diálogo entre Ted e Emmett: Emmett: “Já transaram?” / Ted: “Não... Quer falar baixo”
/ Emmett: “Quando vão transar?” / Ted: “Quando soubermos que é a coisa certa” /
Emmett: “Sexo nunca é a coisa certa... Alimentar os pobres é a coisa certa... Contratar
deficientes é a coisa certa. Doar sangue” / Ted: “Tudo bem. Já entendi”

Diálogo entre Jennifer e Debbie: Jennifer: “Pensei... Tudo bem, ele está tendo
experiências... Mas com garotos da idade dele. Esse homem... deve ter uns 30 anos” /
Debbie: “Ainda não, mas vou dizer o que você achou” / Jennifer: “Não está certo” /
Debbie: “Acontece” / Jennifer: “Se o pai dele descobrir!”
FICHA DESCRITIVA 7

Seriado: Queer as Folk

7º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando Justin e Daphne indo a uma loja de piercing e
tatuagem. Justin coloca um piercing. Importante notar a narrativa de Michael quando ele
está conversando com David no Liberty Diner (Michael acredita que seja bom ter um
namorado, mas poucos gays têm e, ele chega à conclusão: ninguém quer ter
compromisso) e, nessa mesma ocasião, Debbie conhece David e o convida para um
jantar na casa dela. Ela fica impressionada por David ser Fisioterapeuta. Os pais de
Justin discutem sobre a homossexualidade dele e, a mãe de Justin revela ao marido
quem é a pessoa com quem seu filho está se envolvendo: Brian Kinney. Brian, Justin,
Ted e Emmett se encontram no Woody‟s Bar, para falar sobre o jantar de Michael e
David e, Brian e Justin conversam. Enquanto o pai de Justin (Craig) olha para os
desenhos e outras coisas do filho, no mesmo momento, numa outra cena, Brian, na sua
casa, e Justin são mostrados transando. Brian aparenta estar com ciúme da relação de
Michael com David, ele acredita estar perdendo o amigo. Os pais de Justin conversam
com ele e, eles procuram entrar em acordo, Craig menciona chamar a polícia. Os pais
não acreditam que Justin possa gostar de Brian, pois acham que ele é muito novo para
decidir sobre isso. O jantar de Michael e David ocorreu tudo bem, Debbie, Vic, Michael
e David, conversaram, comeram, beberam e depois o casal foi transar, pois não faziam
isso há muito tempo, nessa ocasião, David convida Michael a passar um final de semana
numa casa nas montanhas. Brian continua ficando com caras desconhecidos, mas nem
se dá conta de que está marcando um encontro, ao telefone, com a pessoa errada, o pai
de Justin, o qual tem ódio dele. Michael se preocupa com o que acontecerá no final de
semana com David, Ted e Emmett o confortam e dizem que vai ser bom, pois David
gosta de Michael. Brian conversando com Lindsay, ele não acredita que um
relacionamento entre homens pode dar certo. Justin e Chris Hobbs brigam no vestiário
da escola, por conta de Chris estar fazendo alguns comentários homofóbicos. Michael e
David chegam à casa de David nas montanhas. David conta um pouco de sua vida a
Michael: diz que tem um filho, que já foi casado com uma mulher, mas afirma que
sempre foi gay, só não queria admitir pra si mesmo, então, David, depois desse fato
decidiu que seria sempre sincero consigo e com os outros, inclusive Michael. Brian na
Babylon, com Ted e Emmett, se sente estranho. Brian, dentro do carro, parado no
semáforo é atropelado pelo carro do pai de Justin. No dia seguinte, Michael e David
transam ao ar livre, mas alguns minutos depois, Michael liga para Brian para saber
como ele está e descobre que Brian sofreu um acidente, então pede a David para voltar.
David fica decepcionado, ao chegar à casa de Brian ele está festejando. Os pais de
Justin continuam a discutir com ele, Craig quer levá-lo ao internato. David resolve lutar
por Michael, apesar de Brian atrapalhar, às vezes. David, na Babylon, pede a Brian que
deixe Michael em paz pra viver sua vida.

Principais aspectos do episódio:


- Todos os gays sonham em ter um namorado e pensam em como seria a vida a dois.
Mas poucos têm. Ninguém quer compromisso – Fala de Michael;
- Os pais sempre sabem, ou desconfiam da homossexualidade dos filhos;
- Nem todo rapaz quer jogar futebol – Fala do pai de Justin;
- Compromissos = relacionamento sério = aliança;
- Não é certo homens mais velhos se relacionarem com garotos (associação da AIDS à
homossexualidade) – Fala dos pais de Justin;
- O pensamento dos amigos sobre o relacionamento de Michael e David se baseia
sempre no ato sexual;
- Ter filho custa caro;
- Relacionamentos = romântico = Lindsay. Para ela gays precisam ter relacionamento;
- Sempre fui gay, só não queria admitir – Fala de David;
- Sendo um grande empreendedor... Achei que se me esforçasse me tornaria outra coisa,
até hetero – Fala de David (Discurso da homossexualidade camuflada – Tentativa de
aceitação pela sociedade);
- Aprender a ser homem (nós aprendemos a ser isso ou aquilo)

Personagens: Justin, Daphne, Michael, David, Debbie, Craig, Brian, Ted, Chris Hobbs,
Emmett, Vic, Lindsay, Melanie, Jennifer.

Duração: 41 minutos e 59 segundos

Falas:
Diálogo entre Michael e David no Liberty Diner (Michael inicia conversando com
David, e logo após a conversa, câmera para e começa a narrativa de Michael: David: “Já
notou que todo mundo está nos azarando?” / Michael: “Esqueci de avisar que a turma
não vem aqui pela comida” / Narrativa de Michael: “Todos sonham em ter um
namorado. Imaginam como vai ser... E como seria bom partilhar a vida, os sonhos... E o
fio dental” / David: “Incomoda quem quer comer” / Narrativa de Michael: “Por que tão
poucos têm um? É porque todos mentimos. Ninguém quer compromisso. Como ter um
namorado”

Diálogo entre Pai (Craig) e Mãe (Jennifer) de Justin: Jennifer: “Craig... Não vai dizer
nada?” / Craig: “Justin não é gay. Os desenhos que achou... Devem ser um trabalho da
escola. E a cueca, concerteza é dele” / Jennifer: “Não é do tamanho dele” / Craig: “Isso
não é motivo para suspeitar” / Jennifer: “Ele mesmo me contou” / Craig: “Não importa,
não quer dizer nada. Garotos sempre acham isso. Estão confusos e com medo” /
Jennifer: “Ele não está confuso, nem com medo. Ele tem certeza. Nós também sempre
soubemos” / Craig: “Não, eu nunca soube” / Jennifer: “Mas desconfiava” / Craig: “Não,
você desconfiava. Ele não é gay, é...” / Jennifer: “O que? Sensível? Diferente? Um
artista?” / Craig: “Ele é mesmo... Nem todos rapaz quer jogar futebol” / Jennifer:
“Devia falar com ele” / Craig: “E dizer o que? Sua mãe acha que você é homossexual” /
Jennifer: “Converse, antes que ele se exponha a algo pior... Se já não tiver” / Craig:
“Está dizendo que ele anda fazendo coisas?” / Jennifer: “Ele já tem 17 anos! Não é mais
ingênuo” / Craig: “Por que não me contou?” / Jennifer: “Porque prometi a ele” / Craig:
“Essa é ótima. Não tenho o direito de saber o que se passa por aqui? Justin!” / Jennifer:
“Ele não está. Disse que ia ver Daphne, mas sei que não foi” / Craig: “Então, onde ele
está?” / Jennifer: “Outra noite eu o vi em um bar gay” / Craig: “Não posso acreditar,
Jen! Deixa que vá a estes lugares?” / Jennifer: “Eu não sabia” / Craig: “Vou dar um
basta nisso agora mesmo” / Jennifer: “E tem mais, ele está saindo com alguém” / Craig:
“Quem é o garoto? Vou ligar para os pais dele” / Jennifer: “Não é um garoto, é um
homem. O nome dele é Brian Kinney”

Os amigos: Ted, Emmett, Brian, Justin e Michael conversando: Emmett falando para
Michael: “Se anda como um namorado, e fala como um namorado, só pode ser um
namorado” / Brian: “Dá pra calar a boca? É ótimo Mikey ter um caso mais sério” /
Michael: “Não e nada sério. Só saímos duas vezes” / Ted: “Consideramos isso um
relacionamento” / Emmett: “Logo, estarão trocando alianças” / Ted: “Numa cerimônia
onde os 200 convidados... Já transaram com um ou dois, pombinhos” / Emmett: “Mas
prometam que não vão usar ternos brancos iguais” / Michael: “Isso nunca vai
acontecer!” / Emmett: “Então é bom tomar cuidado com os sinais” / Michael: “Que
sinais?” / Ted: “Como ele lhe dá flores” / Emmett: “Ou convida-o pra passar o fim de
semana nas montanhas” / Ted: “Onde você só verá o teto do quarto” / Emmett: “E o
aviso mais importante. Quando ele conhecer sua mãe e ela o convidar para jantar”

Discussão entre Craig, Jennifer e Justin: Jennifer fala para Justin: “Não é certo um
homem da idade dele fazer isso. Fazer sexo com você. E... Apesar de você achar que o
ama, tenho certeza que ele não o ama” / Justin: “Não é verdade” / Craig: “Ele é um
adulto. É ilegal ele ter relação com um menor” / Jennifer: “Querido, não é sua culpa.
Sabemos que esse homem seduziu você” / Justin: “Ele não me seduziu. Eu o quis” /
Craig: “Justin. Por Deus! Você é muito jovem para saber o que quer” / Jennifer: “Craig,
prometeu ficar calmo” / Craig: “Estou calmo... E como fica a AIDS?” / Justin: “Ele usa
camisinha. Eu mesmo ponho nele” / Craig: “Meu Deus! Vou chamar a polícia” /
Jennifer: “Não vai chamar ninguém. Quer que todos saibam?” / Craig: “Vai deixar esse
monstro... Esse violador de crianças livre?” / Justin: “Ele não me violentou, e não sou
uma criança. Eu o amo, mais do que qualquer coisa na vida. Tudo o que quero é ficar
com ele” / Craig: “Nunca mais fale assim... E não vai mais vê-lo” / Justin: “Vou sim,
não me interessa o que diga” / Craig: “Não, não vai não”

Ted, Emmet e Michael, conversando sobre David: Ted: “Tem direito a uma vida
especial” / Emmett: “Certo. Pegou tudo?” / Michael: “Cinco calças jeans... Sete blusas,
quatro casacos e dez camisetas” / Ted: “Quanto tempo vai ficar?” / Michael: “O fim de
semana” / Ted: “Certo. Uma cueca... Uma caixa de camisinhas e lubrificante. Está
pronto” / Michael: “Lembro quando minha mãe me levou à Atlantic City... E passei mal
de tanto comer bala” / Emmett: “Veja só, já está sendo pessimista” / Michael: “Não sou
pessimista, apenas não sei o que fazer todo o final de semana” / Emmett e Ted falando
para Michael: “Vejamos, você chegam, então transam. Desarrumam a mala, então
transam. Vão passear, então transam” / Michael: “E depois de transar?” / Emmett:
“Conversam e se conhecem” / Michael: “E se eu ficar sem assunto? Se eu disser uma
besteira a ele... Se perguntar o que está fazendo lá com um idiota?” / Emmett: “Pare de
se preocupar” / Michael: “Só quero que ele goste de mim” / Ted: “Ele já gosta. E gosta
muito de você” / Emmett: “Vá. E divirta-se bastante...”

Diálogo entre Lindsay e Brian: Brian: “Quanto?” / Lindsay: “Dois mil... Quem saberia
que era tão caro ter um filho?” / Brian: “Com certeza, não sabíamos” / Lindsay: “Posso
dizer que o amo muito?” / Brian: “Vocês estão atrás do meu seguro de vida” / Lindsay:
“E é extremamente generoso?” / Brian: “Quase que não sobrou nada para „Garanhões na
espuma‟” / Lindsay: “É neste fim de semana?... Vai com Michael?” / Brian: “Ele foi
para as montanhas com o Proctologista” / Lindsay: “Fisioterapeuta” / Brian: “Tanto faz”
/ Lindsay: “Parece romântico... Caminhadas em uma lareira aconchegante” / Brian:
“Pisando em cocô de urso, sendo picado por mosquitos. Garanto que depois de dois
dias... Vai querer ter ficado comigo na Babylon” / Lindsay: “Não apostaria isso... Ele
pode gostar da mudança. Sem falar dele estar com alguém que o quer” / Brian: “Eu
disse que estaria feliz por ele e Dave. Não podia ficar a vida toda... Indo a Boates.
Estava na hora de assentar... E amadurecer” / Lindsay: “Como você fala bobagem! Você
não entende como duas pessoas queiram ficar juntas” / Brian: “O desejo de dormir na
frente da TV, e discutir sobre, quem irá ao tintureiro?” / Lindsay: “É não querer ficar
sozinho. É saber que é amado. Parece que muitos precisam disso. Inclusive Michael.
Prometa não estragar isso”

Diálogo entre David e Michael na casa nas montanhas: Michael: “Não sabia que tinha
sido casado” / David: “Sete anos... E este é o meu filho. Hank. Ele tem 12 anos. Ele
mora com a mãe em Oregon. Não o vejo com freqüência” / Michael: “Você nem sempre
foi gay?” / David: “Eu sempre fui gay... Só não queria admitir. Sendo um grande
empreendedor... Achei que se me esforçasse me tornaria até outra coisa, até hetero.
Então me casei com Lori e por muito tempo fomos felizes. Construímos este lugar
juntos. Mas foi ficando difícil, negar quem eu realmente era... Quem eu sou. Então eu
contei pra ela. Foi a única coisa justa... Para nós dois” / Michael: “Ela deve ter ficado
perturbada” / David: “Depois que nos separamos... Depois que nos separamos, prometi
a mim mesmo... Que sempre seria sincero comigo mesmo. E que seria sincero com
quem eu amasse. É por isso que estou lhe contando isso”

Pai, mãe e Justin: Pai: “Vamos mandá-lo para um internato” / Mãe: “O quê” / Pai: “É
hora de ser disciplinado. Aprender a ser um homem” / Justin: “Conheço disciplina. E
devia me ver levando com um homem”... O pai dá um tapa em Justin... / Mãe: “Craig!”
/ Justin: “Estou bem, mãe. Não doeu... Se quer me bater, vá em frente. Só que não vou
chorar como uma bichinha. Se quer me mandar ao internato, está bem também. Aposto
que há mais sexo anal no internato do que na Babylon. O que quer que faça, não vai
importar... Porque sempre serei o seu filho bicha...”
FICHA DESCRITIVA 8

Seriado: Queer as Folk

8º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando Tracy e Michael na Big Q: os dois falam sobre a
questão de galgar novos postos no trabalho, por exemplo, a gerência. Em seguida, à
noite, aparecem Brian, Justin, Ted, Emmett e Michael saindo da Babylon e, logo após a
saída, Craig bate em Brian, e Justin, vendo toda a situação, diz que nunca mais voltará a
morar com os pais. Num outro momento, Debbie aconselha Justin, mas ele não pretende
mais voltar pra casa. A mãe de Michael cai no ambiente de trabalho (Liberty Diner) –
ela pode ser considerada uma workaholic (pessoas que vivem para o trabalho) - As
brigas do pai com Justin afetam o relacionamento de Craig com Jennifer. Justin se
preocupa com Brian. Os dois dormem juntos. Jennifer pede a Justin para voltar a casa,
mas ele não aceita. Debbie está debilitada depois da queda e Vic cuida dela. Jennifer vai
ao trabalho de Brian entregar as coisas de Justin, ela passa a responsabilidade de cuidar
do filho a Brian, alegando que ele o seduziu e transou com Justin. Michael, em uma
conversa com seu chefe, se candidata a vaga de gerente de distrito da Big Q, por achar
que é um passo importante para sua carreira. Brian discute com Justin, pois ele ainda é
muito novo e não possui responsabilidade; não sabe lidar com as coisas. Debbie não
consegue ficar parada em casa sem trabalhar, o filho e o irmão a ajudam. Brian, Lindsay
e Gus, saem para comprar um novo carro para Brian, visto que o antigo carro foi
destruído na pancada com o carro do pai de Justin. Brian não suporta os comentários
homofóbicos do proprietário da loja e, a quebra demonstrando a velocidade do carro.
David e Michael são mostrados discutindo a questão de esconder, dos colegas de
trabalho, o fato de ser gay, David é mais experiente e diz que o melhor é contar, é mais
verdadeiro. Brian, Ted e Emmett, conversam sobre a atitude da mãe de Justin em dar a
responsabilidade de criá-lo a Brian. Justin passa a morar com Brian e percebe o quanto
ele se envolve com caras diferentes por dia, então resolve dormir na casa de Lindsay e
Melanie. Michael e Tracy vão a uma festa do chefe da empresa, e este acredita que
Tracy é esposa de Michael e ele se comporta como se ela fosse. Michael, no outro dia,
recebe a notícia do próprio chefe, que ganhou a promoção para gerente. Brian leva
Justin para conversar com os pais, a fim de entrarem num acordo, mas os pais colocam
várias condições para o filho; várias regras, Justin percebe que, dessa forma não pode
viver na casa dos pais, pois não terá espaço. Os amigos e a família, no Liberty Diner,
comemoram a promoção de Michael para gerente de distrito. O episódio finaliza
mostrando Brian e Justin jantando. Justin prepara um jantar em agradecimento pelo que
Brian fez, por ter ajudado.

Principais aspectos do episódio:


- O discurso hetero: “Os heteros dizem algo com „traga sua garota‟”;
- O fato de esconder a homossexualidade.

Personagens: Michael, Tracy, Brian, Justin, Emmett, Ted, Craig, Debbie, Jennifer, Vic,
Daphne, Lindsay, Gus, David, Melanie.

Duração: 45 minutos e 51 segundos.

Falas:
Diálogo entre Michael e Emmett na academia: Michael: “Ele (chefe) quer que eu leve a
minha garota” / Emmett: “Os heteros dizem algo como „traga sua garota‟”

David e Michael conversando: Michael: “O que eu supostamente deveria fazer?” /


David: “Michael, sei o quanto essa promoção é importante pra você... Mas você não
está fazendo certo. Não é justo pra Tracy ou pra você. Acredite. Eu sei, já vivi isso. O
engano, mas por uma boa razão. A única coisa é que, não existe uma boa razão. Existe
apenas o sofrimento que você causa”
FICHA DESCRITIVA 9

Seriado: Queer as Folk

9º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando Emmett fazendo sexo virtual através do bate-
papo. Ele sempre utiliza outro perfil quando está teclando, com características que não
são dele: tipo físico malhado, pegador, ativo, etc. Tudo isso para enfatizar a questão de
que na internet nem sempre se fala a verdade. Brian afirma, para os amigos, que Justin é
apenas temporário. Gus está doente e o casal de lésbicas está indo ao hospital. Brian é
enfático no que diz, ele acha que Justin não deve se preocupar com o pai, pois ele tentou
matar Brian. David mostra os amigos, na foto, a Michael e, ele cobra de David, que quer
conhecer os amigos dele. O nickname que Emmett utiliza na internet aparece para ele,
como se tivesse sido transplantado para a realidade. O casal de lésbicas chega ao
hospital, trazendo Gus que está com febre, vômito, diarréia, e, são tratadas de maneira
homofóbica pela atendente, isso fica perceptível nas falas, Melanie, inconformada com
a situação discute com a atendente, mas Brian chega logo em seguida e ameniza o
ocorrido. Ted, Michael e Emmett, se encontram na academia e conversam sobre a
questão de que, os amigos de David são de outra classe social e que não vai dar certo a
relação de Michael com eles. Melanie conversa com Lindsay sobre Brian conceder a
paternidade a ela, esta alega que isso seria um grande passo, pois facilitaria a vida das
duas e garantiria maior proteção. Ted, Emmett, Brian e Justin, conversam com Michael,
na casa de Brian, sobre como ele deve se comportar no jantar, Brian diz que é melhor,
que ele seja ele mesmo. Melanie, Lindsay, Justin e Brian, conversam, na casa das
lésbicas, sobre o caso da paternidade de Gus. Os amigos se encontram na Babylon e
Emmett recebe algumas dicas com o seu nickname virtual. O jantar com os amigos de
David começa (a princípio constrangedor para todos). Michael nota que os amigos de
David são de mundos diferentes. É perceptível, no jantar, que os amigos de David são
totalmente diferentes de Michael: pelos gestos, como se comportam, pela formação
intelectual de cada um, pelos conhecimentos, sendo que Michael é apenas gerente de
uma loja de departamentos. Melanie e Lindsay são mostradas transando. Brian vai
encontrar seu pai, este é alcoólatra e, sempre que precisa de dinheiro pede ao filho.
Emmett aparece adentrando no universo da internet, como se ele estivesse dentro da
internet, num espaço de bate-papo, um espaço onde ele dá as ordens, ou melhor, seu
nickname. Voltando ao espaço da realidade, Emmett marca um encontro na internet e
vai encontrá-lo. Brian, depois da conversa com seu pai, chega bêbado na casa de
Michael, e comenta que o pai só quer extorqui-lo, Michael o consola. Emmett, depois
de algumas dicas do nickname, se sente poderoso, sua auto-estima sobe (É enfatizada a
questão de tomar a iniciativa nos relacionamentos) Lindsay e Melanie acreditam que
Brian irá assinar os documentos, mas ele não assina. O episódio finaliza mostrando o
momento em que David convida Michael para ir morar junto com ele.

Principais aspectos do episódio:


- Discurso da sociedade: Casais homossexuais masculinos e casais homossexuais
femininos (quem é o pai e quem é a mãe?);
- A sociedade reconhece apenas os tutores legais da criança;
- Diferenças de classes entre grupos de gays: Gays pobres e gays ricos.

Personagens: Emmett, Brian, Ted, Michael, Justin, Gus, Lindsay, Melanie, David, Pai
de Brian (Jack Kinney).

Duração: 43 minutos e 55 segundos.

Falas:
O casal de lésbicas no hospital: Enfermeiro: “Qual de vocês é a mãe?” / Lindsay: “Bem,
fui eu quem deu a luz” / Enfermeiro: “Por que você não entra com ele, então?... E você
(Melanie) pode esperar aqui” / Lindsay: “Na verdade, estamos criando ele juntas.
Somos um casal” / Enfermeiro: “Bom, nesse caso, vocês tem documentos de adoção?” /
Lindsay: “Adoção? Ele é importante pra mim” / Melanie: “Não, ainda não. Tivemos que
arquivar” / Enfermeiro: “Sinto muito... Mas podemos permitir apenas os tutores legais
entrar”... Enfermeira: “Senhor... Ou seja lá o que for... Eu acredito que já ficou claro pra
você, que apenas os tutores legais da criança são permitidos pra ficar com ele”

Conversas na academia (Brian, Ted, Emmett e Michael): Michael: “Tive que lidar com
minha própria crise. David vai dar um jantar, nós e mais dois casais. Um deles é hetero”
/ Brian: “Ele come com heteros?” / Ted: “Você nunca sabe onde as mãos deles
estiveram” / Emmett: “Qual é o problema?” / Michael: “O problema é do que eu vou
falar?” / Ted: “Do que falamos” / Emmett: “Do que fazemos. Com quem fizemos, com
quem queremos fazer” / Michael: “Essas pessoas não são como nós. São professores,
médicos e outras coisas” / Ted: “Somos coisas. Executivo Publicitário, Contador” /
Emmett: “Costureiro a disco trash” / Michael:”O lance é que, depois de dois minutos,
será dolorosamente óbvio que eu não me encaixo e David vai se desfazer e mim”

Brian e seu pai: Pai: “Você é um bom garoto. Estou guardando cada maldito centavo” /
Brian: “Eu sei” / Pai: “Não dê muito duro agora” / Brian: “Obrigado pelo conselho” /
Pai: “Você tem que ter um tempo pras garotas” / Brian: “Eu sempre deixo tempo pras
garotas” / Pai; “Mas não deixem elas prenderem você, certo?” / Brian: “Não se
preocupe comigo pai”
FICHA DESCRITIVA 10

Seriado: Queer as Folk

10º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando David e Michael saindo da Liberty Diner e, David
começa a falar o quanto é bom pra ele, morar junto com alguém. David pede a Michael
que se decida sobre morar junto. Melanie cobra de Lindsay, que é preciso contratar uma
babá para Gus, pois as duas precisam retomar suas vidas normais e Melanie novamente
reclama a questão de ser apenas uma intrusa, por não se sentir mãe de Gus, tal como
Lindsay. São mostrados Brian, Justin e Daphne, na casa de Brian, Justin está mostrando
o apartamento para Daphne e, Brian acorda assustado, se veste e depois sai. Emmett e
Michael conversam sobre o fato de Michael ir morar com David. Emmett apóia a ida de
Michael, mas fica triste porque vai morar sozinho. Justin vai ao aniversário de sua irmã
e conversa com a mãe sobre a possibilidade de voltar a morar com os pais, Justin fica
pensando e depois vai embora. É mostrado Brian chegando a sua casa com um cara
desconhecido, e logo descobre que roubaram seu apartamento. Debbie fica muito feliz
por Michael ir morar com David. Em seguida, aparecem várias cenas em vários lugares:
Lindsay, Brian e Gus, na casa de Lindsay, e Brian relatando o roubo que aconteceu no
seu apartamento; Ted e Melanie conversando, na casa de Ted, sobre Gus. As lésbicas
passam por dificuldades financeiras, como relata Melanie; David e Michael tomam café
com um casal de Gays, que estão a 50 anos juntos, o casal de senhores relata a Michael,
como é ter uma vida a dois. Justin conversa com Daphne na Liberty Diner e pensa em ir
morar em Nova Yorque, visto que Brian pediu pra que ele fosse embora da sua casa, por
conta de Brian ter o culpado pelo roubo. Num ato de loucura, ele ainda leva o cartão de
crédito de Brian. Ted, Emmett, Michael e Brian se encontram no Bar Woody‟s e
conhecem uma cartomante e, de repente, Daphe chega para avisar a Brian, que Justin foi
para Nova Yorque. Debbie está chateada pelo que está acontecendo com Justin e, então
os amigos resolvem ir à Nova Yorque. David chega à casa de Michael no momento em
que ele e Emmett estão se arrumando para a viagem. David e Michael tinham marcado
um jantar com o casal e lésbicas, mas somente David vai. Brian, indiretamente, tem
medo de perder a amizade de Michael para o relacionamento dele com David. É
mostrado o casal de lésbicas se beijando, mas Gus começa a chorar e as interrompe.
Brian e Justin transam num apartamento em Nova Yorque.

Principais aspectos do episódio:


- Ênfase na questão dos relacionamentos;
- A questão da tutoria legal dos filhos;
- Estou apenas dizendo que não é tão fácil para dois homens serem um casal – Fala de
Vic;
- Construir relações duradouras para homossexuais masculinos;
- Viver juntos não é para a maioria e envelhecer também não é? – Fala de um
companheiro do casal de 50 anos.

Personagens: David, Michael, Lindsay, Melanie, Gus, Justin, Brian, Daphne, Emmett,
Vic, Debbie, Ted.

Duração: 40 minutos e 28 segundos.

Falas:
Diálogo entre Michael e David: David: “Michael, eu tenho essa fantasia, é manhã de
domingo e estou deitado na cama, eu ouço a pancada do jornal e o sol entrando pela
janela” / Michael: “Sim” / David: “E um pouco longe. Ouço alguém cantando
calmamente, porque ele não quer me acordar” / Michael: “Bem, isso parece bem
interessante, eu acho” / David: “E assim que olho pela sala. Eu vejo pelo vidro fosco do
banheiro, a forma... Do cara que eu amo” / Michael: “Eu estou lavando o cabelo nessa
hora?” / David: “Estou falando sério, Michael” / Michael: “Eu sei. Desculpa. Isso
parece legal” / David: “É legal. Pode ser legal, vai se muito bom quando você morar
comigo... Você não me deu uma resposta ainda” / Michael: “Estou pensando nisso” /
David: “E” / Michael: “Bem... É um grande passo” / David: “É um grande passo. Claro
que é um grande passo. E eu não quero pressionar você. Mas acredito que quando
alguém sabe o que quer, ele tem que ir atrás. Eu quero você saindo do chuveiro, e quero
que você saiba que não vai embora. Você não gostaria disso também?” / Michael:
“Claro” / David: “Então quando eu tenho uma resposta?” / Michael: “Em breve. Eu
prometo”
Lindsay conversando com Melanie: Melanie: “Tô muito feliz por você estar em casa. E
acho que seria maravilhoso pro Gus ter uma das mães dele com ele. Mas temos que ser
práticas. A menos que você tenha uma solução” / Lindsay: “Brian?... Foi apenas uma
sugestão” / Melanie: “Depois do que ele fez?” / Lindsay: “Apenas lembre, não teríamos
Gus sem eles” / Melanie: “E toda vez que olho pra ele (Gus), beijo ele, abraço ele. Eu
percebi que não tenho direito algum” / Lindsay: “Você ainda é mãe dele, tão quanto eu
sou” / Melanie: “Nem um pouco. Brian tirou isso de mim. Eu não tenho mais direitos ao
nosso filho, como se eu fosse uma total estranha”

Debbie, Vic e Michael: Vic: “Lembro que Roberto e eu demoramos seis meses, pra
finalmente decidir morar junto. E uma semana pra separar” / Debbie: “Como você
soube que ainda estava vendo. Um três dos ex dele. E porque você tem que encher a
cabeça desse menino com suas histórias de terror” / Vic: “Estou apenas dizendo que não
é tão fácil para dois homens serem um casal!” / Debbie: “Você pensa que é fácil pra
qualquer um? Mas se vocês se amam... Vocês devem pelo menos tentar”

David, Michael e um casal de homens mais velhos: Michael: “Não acredito que estão
juntos a tanto tempo” / David: “É por isso que quis que os conhecesse, para ver que é
possível dois homens dividirem uma vida juntos. É o que eu gostaria pra nós” / Casal:
“Vocês estão planejando viverem juntos?” / David: “O Michael ainda não se decidiu.
Mas eu espero” / Casal: “O que está impedindo você?” / Michael: “eu fico nervoso em
cruzeiros. Eu sofro de enjôos atravessando o Susquehanna, então...” / Casal: “Escuta
meu jovem, viver juntos não é para maricas, e envelhecer também não é. E não importa
quais são os problemas, o sacrifício vale a pena. Ter alguém do seu lado pra partilhar
sua vida... E estar junto pra acompanhar a dele”
FICHA DESCRITIVA 11

Seriado: Queer as Folk

11º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: Emmett, Ted, Brian e Michael, coversam pelas ruas de Pittsburgh e falam
sobre os 30 anos de Michael. Justin trabalha na Liberty Diner, enquanto Debbie
descobre que Michael não está mais com David. Emmett e Ted vão a uma farmácia e
encontram um cara que Ted transou e, Ted confessa a Emmett que não usou camisinha,
então os dois resolvem fazer o teste de HIV. Os colegas de trabalho de Michael
comemoram o aniversário dele com uma festinha surpresa. Michael é muito
influenciado por Brian em suas decisões, percebendo isso, a mãe de Michael não aceita
que seu filho se separe de David, por conta das influências de Brian e, por acreditar que
David se preocupa com Michael. Michael, numa outra cena, aparece ligando a David,
mas não tem coragem de falar. Ted e Melanie vão a um Sex Shop comprar presente para
Michael. Emmett e Ted se encontram numa praça e conversam sobre o teste de HIV, os
dois estão preocupados com o resultado. Brian vai até a casa de David convidá-lo para a
festa de aniversário de Michael (30 anos) na casa de Brian. Emmett acha que está com
AIDS, mas ainda não viu o resultado do exame. Brian prepara a festa para Michael, a
princípio ocorre tudo bem, mas em momentos depois, Tracy, que tinha sido convidada
por Brian, chega à festa e descobre, por Brian, que Michael é gay e David é seu
namorado. Emmett está muito preocupado em como ter uma vida com AIDS e conversa
com Vic na festa, este diz que ele precisará viver; saber viver como um homem.
Melanie começa a beber além da conta e é inconveniente com Lindsay, chegando a
dizer que não precisa amamentar, Lindsay fica super chateada. Emmett resolve fazer
uma promessa a Deus: se der negativo o resultado do teste de HIV, ele nunca mais se
envolverá com nenhum homem. Tracy não gosta de Michael ter mentido a ela sobre sua
verdadeira realidade. Michael sai da festa decepcionado com Brian, e os outros amigos
também. Michael vai para a casa de David e os dois se reconciliam. Brian, no outro dia,
conversa com Debbie sobre a amizade dele com Michael, ele diz que essa foi a melhor
saída, se não Michael ainda estaria atrás dele. Emmett e Ted recebem o exame está tudo
bem. O episódio termina com Brian sendo mostrado deitado no chão de seu
apartamento lendo o gibi que tinha dado de presente a Michael.
Principais aspectos do episódio:
- A relação sexual é um componente fundamental nos relacionamentos homossexuais
masculinos: discurso presente na fala de alguns dos personagens masculinos;
- Tudo bem, a transa era ótima. Mas é um tédio ver a mesma pessoa o tempo todo – Fala
de Michael (Nesse discurso, é perceptível o descompromisso do personagem com o
relacionamento;
- Coisas que não se faz com um namorado, de acordo com o personagem Michael: Ir a
bares, sair pra dançar, etc.

Personagens: Brian, Justin, Emmett, Ted, Michael, Debbie, Marly, Tracy, Vic, Melanie,
David, Lindsay, Gus.

Duração: 47 minutos e 14 segundos

Falas:
Michael, Ted, Brian e Emmett conversando: Ted: “Fico atraído com a promessa de sexo
com o fisioterapeuta” / Michael: “A transa não foi tão boa assim” / Emmett: “Parece
que me lembro de algo como uma língua talentosa” / Ted: “E dedos fantásticos” /
Emmett: “Orgasmos sem fim” / Michael: “Tudo bem, a transa era ótima. Mas é um
tédio ver a mesma pessoa o tempo todo” / Brian: “Nunca passei por isso” / Michael:
“Estou pronto para tudo que não se faz com um namorado. Ir aos bares, sair pra dançar”
/ Ted: “Ir para casa sozinho”
FICHA DESCRITIVA 12

Seriado: Queer as Folk

12º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando Brian fazendo exercícios em seu apartamento e,


de repente ele liga para Michael, mas não fala nada (deveria estar arrependido e com
saudades). Na cena seguinte, é mostrado Michael arrumando as coisas para levá-las à
casa de David, ele conta com a ajuda de Emmett que dá forças. Os colegas de trabalho
de Brian percebem que ele nunca mais recebeu ligações de Michael. Brian parece
isolado, ele resolve sair com Ted, já que não há mais a companhia de Michael. Ted e
Emmett se encontram na academia e conversam sobre Brian e, também por Emmett ter
recusado um convite para sair. Lindsay e Melanie começam uma discussão: Melanie
reclama por somente trabalhar para pagar as contas de Gus e não ter espaço na relação e
Lindsay também reclama pelo fato de ser mãe e precisar cuidar de Gus. Brian e Ted vão
ao Bar Woody‟s, Brian relembra das noites quando saía com Michael e, era totalmente
diferente. Os papos com Ted são diferentes, as maneiras de tratar das coisas, as
cantadas, Brian, de fato, estava acostumado com a companhia de Michael. Numa outra
cena, Michael é mostrado fazendo a mudança para a casa de David e os dois planejam
uma noite de amor, nesse mesmo momento, numa outra cena, Brian aparece saindo da
Babylon e indo transar com um cara desconhecido nos arredores da Boate. No sábado,
pela manhã, Michael e David aparecem conversando. Michael está arrumando suas
coisas, logo após terá que ir trabalhar e, ao chegar ao trabalho, Michael escuta algumas
piadas homofóbicas de Marly, mas não fala nada. Tracy resolve ir embora da Big Q. Os
dias são entediantes para Brian, então ele convida Justin para ir dormir com ele. Michael
e David discutem sobre espaço, pois, no início da manhã, Michael havia colocado suas
coisas (brinquedos, pôsters, quadros) em alguns cantos da sala, mas após chegar do
trabalho percebe que as coisas foram retiradas, então os dois discutem e Michael sai.
Emmett, depois de ter feito uma promessa a Deus, conhece um cara (Jimmy), no Bar
Woody‟s, que freqüenta um grupo onde: “ex-gays” dizem que há cura para a
homossexualidade, e este cara convida Emmett a ir visitar o grupo, Emmett vai. Lindsay
cobra de Brian que Gus deveria ser dela com Melanie e não de Lindsay e Brian. Justin
procura Michael para fazê-lo voltar a falar com Brian e, também para entregar o gibi
que Brian tinha dado de presente. À noite, Michael e Brian voltam a se entender na
Babylon, tal como Michael e David, este redecora toda a casa, colocando as coisas de
Michael como estavam.

Principais aspectos do episódio:


- A questão dos espaços nos relacionamentos;
- Nunca se recusa o pedido de um homem bonito... Violação da estrutura social gay –
Ted falando a Emmett;
- Relacionamentos em crise: falta de espaço para transar e para conversar (casal de
lésbicas).

Personagens: Brian, Michael, Emmett, Ted, Lindsay, Melanie, Gus, David, Tracy,
Marly, Justin, Daphne.

Duração: 48 minutos e 3 segundos.

Falas:
Ted falando a Emmett: Ted: “Você está louco?... Não dispensamos caras como eles
(homem com perfil bonito – perfil de beleza aceito pela sociedade)... Você foi flagrado
violando toda a estrutura social gay. Será expulso da comunidade”

Lindsay está arrumando as coisas, quando Melanie chega do trabalho: Lindsay: “Não
ouvi você chegar. Acabei de pôr Gus na cama” / Melanie: “É tarde para vê-lo” /
Lindsay: “Pode vê-lo de manhã” / Melanie: “Ele está dormindo quando saio” / Lindsay:
“Bem, pode sair mais tarde, ou tirar folga à tarde” / Melanie: “Trabalho mais para que
possa ficar em casa” / Lindsay: “Agradeço por trabalhar tanto” / Melanie: “Poderia
demonstrar” / Lindsay: “Achei que demonstrasse. E eu também trabalho... Cuidando do
nosso filho” / Melanie: “É seu filho e do Brian, eu apenas pago as contas” / Lindsay:
“Vamos começar com isso de novo?” / Melanie: “Não vamos fingir que está tudo bem”
/ Lindsay: “Não disse que está tudo bem... Só não acho necessário falar sempre nisso” /
Melanie: “Bem, sou judia e após os neo-nazistas, nós tememos o silêncio” / Lindsay:
“Eu não sou assim. Não preciso expressar tudo o que sinto” / Melanie: “Deveria tentar...
Porque depois do fiasco com Brian, você se afastou física, emocionalmente” / Lindsay:
“Como sempre, está exagerando e sentindo-se rejeitada” / Melanie: “Você nunca quer
transar e raramente quer conversar” / Lindsay: “Não lhe ocorreu que eu possa estar
cansada?” / Melanie: “Eu também estou cansada... Cansada de tentar entendê-la... De
imaginar o que fiz de errado. Em vez de me sentir mais próxima de você, nunca me
senti tão só”
FICHA DESCRITIVA 13

Seriado: Queer as Folk

13º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando Brian, na empresa, conversando com outros dois
publicitários, e Kip Thomas (novato na empresa) chega para ouvi-los, mais tarde Brian
fica sozinho com Kip e transa com ele no ambiente de trabalho. Lindsay e Melanie são
mostradas no chá de bebê de Gus, na casa das duas. Melanie, nessa ocasião, conhece
Marianne, convidada do chá de bebê, e as duas conversam e falam sobre crianças.
Brian, Ted, Emmett e Michael aparecem na Babylon. Emmett e Jimmy aparecem
conversando sobre o fato de Emmett querer abrir mão de algumas coisas para mudar de
vida (voltar a ser heterossexual). Brian e Kip aparecem transando no escritório de Brian.
Numa outra cena, Melanie e Lindsay discutem sobre a criação de Gus, Melanie reclama
que está cansada de trabalhar e sai de casa para fumar. Michael, Ted e Emmett
conversam sobre o que Emmett está fazendo, se desvinculando de todas as coisas,
inclusive dos amigos, ele acredita que poderá voltar a ser heterossexual dessa forma.
Ted e Michael se sentem preocupados com o estado de Emmett, então, os dois vão a
uma peça de teatro de um astro pornô (Zack), e acreditam que se pagarem para Zack ir
visitar Emmett ele poderá voltar a ser o que era antes, visto que ele é fan do ator. Ted
paga mil dólares para Zack ir falar com Emmett, a fim de ajudá-lo, mas quando ele vai à
casa de Emmett, eles não chegam aos finalmente. Melanie se encontra com Marianne
num bar, as duas conversam bastante, depois vão à casa de Marianne e transam. Brian e
Kip têm relações sexuais na casa de Brian e, no dia seguinte, ele vai conversar com
Brian no escritório, e pede a ele que o indique para um cargo maior daquele que ocupa,
pois Brian transou com Kip e ele quer algo em troca e, essa mesma situação acontece na
boate babylon, quando Kip chega com Brian e diz que gays precisam se ajudar, mas
Brian decide que não irá indicá-lo porque o acha inexperiente para o cargo. Lindsay está
no hospital felicitando uma amiga lésbica que acabou de ter um bebê, quando, de
repente, Melanie aparece e conta a Lindsay que a traiu e, Lindsay fica decepcionada. O
relacionamento de Melanie e Lindsay começa a entrar em crise e Melanie resolve sair
de casa para ir morar com uma prima. Brian está no seu emprego e, recebe a notícia:
Kip Thomas o está processando por assédio sexual.
Principais aspectos do episódio:
- Numa relação tem que haver espaço para ambos (As relações são construídas por
contrato);
- Se a pessoa está numa relação, não pode sair, não tem que ter diversão. Deve haver
dedicação – Fala de Brian;

Personagens: Brian, Lindsay, Melanie, Gus, Michael, Ted, Emmett, Justin, Kip Thomas,
Jimmy (colega de Emmett do grupo de “ex-gays”), Zack (astro pornô), Marianne
(ficante de Melanie)

Duração: 42 minutos e 9 segundos.

Falas:
Na boate babylon: Brian: “Está chegando a festa de Providence... Farei as reservas
como sempre... Para nós três” / Michael: “Nós três?” / Brian: “Sim, eu, Emmett e Ted...
Precisamos de um acompanhante mais velho” / Ted: “Como você é espirituoso. Adoro
as suas tiradas” / Michael: “E quanto a mim?” / Brian: “Não pode ir” / Michael: “Por
que não?” / Ted: “Está numa relação... Ou se esqueceu?” / Brian: “Nada de diversão pra
você” / Michael: “David disse que eu posso ir... Desde que me comporte” / Brian:
“Então, para que ir?” / Ted: “Serão mais homens para mim e Emmett”
FICHA DESCRITIVA 14

Seriado: Queer as Folk

14º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando o chefe de Brian pedindo a ele para se afastar da
empresa, pelo período do escândalo que está acontecendo e, que envolve o nome de
Brian. Brian, Ted e Michael se encontram no Liberty Diner para almoçar e Ted sente
falta de Emmett. Numa outra cena, Emmett é mostrado no grupo de ex-gays, lá ele
conhece Heather, com quem ele acha que pode ter um relacionamento heterossexual,
então os dois marcam um encontro. David e Michael aparecem namorando, na cama, os
dois estão comendo e bebendo e, de repente, Ted liga para Michael e começa a falar
sobre Brian, Michael se preocupa com Brian e, David fica chateado, pois para ele não
há espaço a Brian nesse relacionamento. Brian e Melanie se encontram e ele a escolha
como advogada para defender seu caso. Debbie e Vic atrapalham os estudos de Justin,
logo em seguida Michael chega para falar que Brian está sendo processado por assédio
sexual. Michael mente para David, dizendo que sua mãe está doente e ele terá que
cuidar dela, quando na verdade ele vai falar com Brian. Kip procura Brian, mas ele nem
pensa em vê-lo novamente. Ted e Melanie encontram Emmett e Heather na rua, Emmett
e a moça se comportam como um casal de namorados. Ted e Melanie percebem que
Emmeett está se isolando dos amigos. David descobre que Michael está mentindo para
ele, quando vai a casa de Debbie descobre que ela não está doente e que Michael não
está lá, David o encontra no bar woody‟s com Brian, os dois bebem e se divertem.
Melanie e Lindsay, sem querer, se encontram na casa de Brian. Vic, Debbie, Ted,
Michael e Justin estão no woody‟s, eles conversam sobre as mentiras que Michael conta
a David e também sobre a situação atual de Emmett. Brian vai até o consultório de
David falar que, da forma como David leva o relacionamento, não dando espaço a
Michael e proibindo ele de ver os amigos, provavelmente não dará certo. Emmett e
Heather têm a primeira noite, mas não conseguem, pois, no momento das preliminares,
Emmett, ao beijar Heather, pensa em um homem e, Heather pensa em mulher (os dois
estão se enganando). Justin fica com Kip e faz chantagem a ele, dizendo que tem 17
anos e que os pais não podem saber, pois se souberem eles irão chamar a polícia.
Depois disso, Kip retira a acusação contra Brian. No outro dia, Brian e Melanie
descobrem que Kip retirou a acusação. Ted e Michael vão encontrar Emmett, no grupo,
e pedem para ele voltar como era antes. David admite a Michael que o que eles vivem
não é um prisão e reconsidera o fato de Michael poder ir ver os amigos, inclusive Brian,
a hora que ele quiser. Ted, Melanie, Justin e Brian se divertem na Babylon e, Emmett e
Heather aparecem, eles dizem a Melanie e Ted que não fazem mais parte do grupo, pois
contaram suas experiências e disseram que não deu certo.

Principais aspectos do episódio:


- As relações homossexuais masculinas são diferentes das relações homossexuais
femininas;
- Nas relações deve haver espaço para os casais e para os amigos também.

Personagens: Brian, Michael, Ted, Emmett, Heather, David, Melanie, Debbie, Vic,
Justin, Lindsay, Gus, Kip Thomas.

Duração: 47 minutos e 31 segundos

Falas:
Diálogo entre David e Michael: David: “O que foi?” / Michael: “Preciso telefonar para
Brian... David você não entende. Ele vai à falência. Vai perder o emprego” / David:
“Você não entende. Não teremos uma relação como Melanie e Lindsay” / Michael:
“Claro que não. Não somos lésbicas” / David: “Quero dizer... Só há espaço... Nesta
casa, nesta cama, na nossa vida... Para você e eu e não para você, eu e Brian” / Michael:
“Eu sei” / David: “Prometa-me que não se envolverá nos problemas dele. Ele pode ser
processado”
FICHA DESCRITIVA 15

Seriado: Queer as Folk

15º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando Brian, na casa dele, com Gus, Lindsay, Justin e,
Lindsay dá Gus para Brian ficar cuidando, enquanto ela participa de um congresso.
David e Michael estão organizando a casa para esperar o filho de David (Hank). Ted
reencontra um amigo no trabalho (Dale Wexler). Brian, Gus, Debbie e Michael se
encontram na Liberty Diner. Brian resolve deixar Gus com Debbie, porque ele pretende
ir a babylon, mas ela terá que trabalhar, então Justin ficará com o bebê. Brian recebe a
visita do pai (Jack Kinney), ele conta a Brian que está com câncer. São mostrados David
e Hank tomando café, pai e filho conversam, logo em seguida aparece Michael, que fica
tomando café com Hank, mas os dois quase não se falam. David pede que se apressem,
porque terão um dia cheio de atividades. Hank parece estar chateado com a vinda a
Pittsburgh, pois o pai o sufoca com tantas coisas. Ted, Emmett e Brian são mostrados na
Babylon, há uma festa temática (todas as pessoas vão vestidas com roupas de couro).
Michael acha que Hank não está à vontade com ele. Ted, na festa de couro, encontra
Dale, que o convida para tomar um drink na sua casa... Ao chegar à casa do amigo, Ted
descobre que Dale trabalha com apresentações sado masoquistas... O amigo tenta
seduzir Ted, mas ele não permite e vai embora. Ted, na Liberty Diner, é questionado
pelos amigos, por sempre fazer as mesmas coisas; por ser muito previsível. Melanie
briga com Brian, pois ele não ter sido capaz de cuidar do próprio filho, ele o deixou com
Justin. O passeio de David, Michael e Hank é interrompido por um telefonema para
David, ele terá que se deslocar até o consultório e deixar Michael sozinho com Hank.
No Liberty Diner, os amigos recriminam a atitude de Brian, por ter deixado Justin
cuidando de Gus ao invés de ser ele que deveria cuidar, visto que ele é o pai. Michael e
Hank conversam e acabam se entendendo. Brian vai conversar com seu pai e diz a ele
que é gay. David chega em casa e pergunta a Michael como foi o dia, se eles seguiram o
roteiro que estava programado e, Michael diz que isso não aconteceu, o dois ficaram
lendo gibis pelo resto da tarde, era o que Hank queria fazer e, Michael fala a David que
ele enlouquece seu filho com suas programações e Hank não gosta, David não aceita
que Michael fique dando palpite na criação de Hank por David. Ted resolve voltar à
casa de Dale e se rende ao sado masoquismo. David, ao levar Hank para o aeroporto,
escuta do próprio filho o quanto ele é sufocante, pois não dá espaço a ele para escolher o
que quer fazer e, então acaba dando razão a Michael. Brian está, na sua casa, com
Lindsay e Gus, quando recebe a visita de seu pai, depois de algumas conversas, Brian
conta ao pai que Gus é seu neto.

Principais aspectos do episódio:


- Os relacionamentos e os filhos;
- Prática sexual não-convencional: sado masoquismo;
- Assumir paternidade (cuidar dos filhos) – O personagem Brian não consegue assumir
responsabilidades pela vida que leva.

Personagens: Justin, Brian, Lindsay, Gus, David, Michael, Ted, Emmett, Dale Wexler
(amigo de Ted), Debbie, Hank (filho de David), Jack kinney, Vic, Melanie.

Duração: 47 minutos e 54 segundos.


FICHA DESCRITIVA 16

Seriado: Queer as Folk

16º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: Michael e David aparecem se divertindo, comendo, passeando, sendo que


David sempre faz questão de pagar tudo e Michael não se sente bem, porque acha que
deveria contribuir com alguma coisa, Michael se sente estranho. Melanie, depois de ter
discutido com Lindsay e ter ido morar com uma prima, se sente isolada e vai a uma
festa de lésbicas na Babylon, lá ela encontra Ted e Emmett. Brian leva Justin na escola
e, numa das conversas, Justin percebe que Brian se importa com ele. É mostrado Justin
na sala de aula repleta de pessoas homofóbicas e de um professor homofóbico, ele finge
que não escuta os comentários preconceituosos de Chris Hobbs para Justin, que o
chama de “queer” (na linguagem coloquial – veado), e, Justin, antes de ser mandado a
diretoria, responde ao professor e é suspenso. Michael e Brian vão ao banco, Michael
descobre que seus cheques não estão sendo depositados por David, este não aceita as
contribuições de Michael, por achar que não há necessidade e também porque são
ínfimas se comparadas às que ele utiliza por mês. Melanie vai à casa de Lindsay e
descobre que ela está morando com Guillaume, que cuida da casa e de Gus. Emmett,
Ted, Michael e Brian estão no vestiário da academia, quando de repente, Melanie chega
para falar sobre Lindsay aos amigos e, Brian liga para casa de Lindsay e quem atende é
Guillaume. Debbie dá forças a Justin para ele criar uma aliança gay-hetero na sua
escola. David e Michael conversam sobre os cheques que David não depositou e, David
diz que Michael não pode ajudar com um valor muito pequeno perto do que David
mantém a casa por mês e, decide que a partir de agora só farão programas o qual
Michael possa pagar, além disso, David diz a Michael que tinha marcado uma viagem
para os dois a Paris, mas como Michael insiste em pagar, talvez ele desmarque tudo no
outro dia. Brian, Ted, Emmett, Michael e Melanie vão ver Lindsay e saber o porquê de
ela estar morando com Guillaume, Lindsay explica a Melanie que o está ajudando e,
esta não acredita que voltará a morar com Lindsay e Gus. Justin, no woody‟s, conta a
Melanie, Brian, Ted, Emmett, que foi suspenso. Brian tentar ajudar Justin na criação da
aliança gay-hetero. Ted e Emmet conversam, no Liberty Diner, com Michael sobre o
convite de David para ir à Paris, eles acham que Michael está sendo egoísta e não está
dando a David a oportunidade para fazer o que dá prazer a ele. Daphne e Justin tentam
organizar a aliança gay-hetero na escola. Lindsay e Brian estão conversando sobre o
fato de ela se casar com Guillaume e, ela diz que é apenas um acordo para ele conseguir
o Green Card e ela afirma que não quer saber da opinião dos outros. Debbie, Justin e
Daphne iniciam a reunião da aliança gay-hetero, mas a reunião não acontece por conta
do impedimento do professor. Michael aceita o convite de David de ir à Paris. Lindsay e
Guillaume conversam sobre família e sobre o fato de que ele acha que nenhum dos
amigos de Lindsay gosta dele e Melanie aparece para dizer que é besteira o que estão
fazendo e que sente muita falta de Lindsay. Emmett, Ted, Justin e Brian aparecem
ajudando Michael a preparar as malas de Michael para a Viagem. O episódio finaliza
com Justin, na entrada do bar woody‟s, contando para os amigos e outras pessoas, na
frente de Chris Hobbs, que ele o masturbou e, Chris sai furioso.

Principais aspectos do episódio:


- A questão de querer dar conta de tudo, de querer pagar tudo (relação de Michael e
David);
- Definição de espaços nas relações.

Personagens: David, Michael, Emmett, Ted, Melanie, Brian, Justin, Daphne, Guillaume
(amigo de Lindsay), Debbie, Lindsay, Gus, Chris Hobbs.

Duração: 47 minutos e 7 segundos.

Falas:
Michael e David conversando: Michael: “Pare de pagar por tudo” / David: Não
entendo” / Michael: “Você entende. Sempre paga as contas, compra os ingressos” /
David: “E daí?” / Michael: “Eu trabalho. Não precisa me sustentar” / David: “Eu posso
pagar por isso. E daí?” / Michael: “É importante pra mim” / David: “Gosto de levá-lo a
bons lugares. Michael” / Michael: “Eu gosto de ir, mas... Não gosto que pague o tempo
todo. Sinto-me estranho” / David: “Você paga quando pode, não é?” / Michael: “É, e
falando nisso... As despesas da casa deste mês”... Michael quer ser mais independente
financeiramente.
FICHA DESCRITIVA 17

Seriado: Queer as Folk

17º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando Michael descrevendo como foi sua viagem com
David, para Melanie, Lindsay, Gus, Brian, Justin, Ted, Emmett, David, Debbie, depois
que todos foram embora, David e Michael conversam sobre o jantar beneficente que
darão a Senadora, mas Michael comenta a David que não quer convidar os amigos nem
os parentes (Michael se sente envergonhado). Ted, Brian e Emmett encontram Michael
saindo de uma loja e os amigos cobram dele, o porquê de estar se afastando, pois ele
não atende os telefonemas de Brian, não sai com Ted e Emmett, enfim, se tornou outra
pessoa. Brian, na casa de Lindsay, conversa com ela, que está esperançosa com o
casamento. Justin conta a sua mãe, Debbie e Vic, sobre as coisas que estão acontecendo
com ele na escola: queimaram seu armário, não o deixaram criar a aliança gay-hetero.
Brian vai conversar com Michael sobre a mudança de seu jeito, diz que ele é
pretencioso. A mãe de Justin e ele vão conversar com o diretor da escola, mas nada
acontece, o diretor diz que é uma escola tradicional e não pode haver uma aliança gay-
hetero, pois mancharia o nome da escola e também há coisas mais importantes a serem
estudadas. No Liberty Diner, todos ficam sabendo do nome de Michael no jornal e
também que David e ele irão dar um jantar beneficente que contará com a presença de
uma senadora, a mãe dele fica muito feliz e diz a todos que não saberá o que usar na
festa, mas Michael chega e diz que eles não foram convidados. Lindsay recorre a
Melanie para acalmar Gus, ela liga para Melanie e pede que cante uma música. Os
amigos mesmo sem serem convidados, aparecem no jantar e fazem dele uma festa,
nessa ocasião, Debbie, Vic e Justin aproveitam para conversar com a Senadora. Michael
pede aos amigos e parentes que se retirem da festa. No outro dia, Brian encontra com
Guillaume e Gus no supermercado, Guillaume diz que, quando casar com Lindsay,
Brian terá que se afastar. Justin e Debbie, com a ajuda da Senadora, propõem um ato
político de combate à homofobia, na frente da escola. Brian fala para Justin, se culpando
que é um péssimo pai e Justin o consola. Brian não quer que Lindsay vá embora e leve
Gus, então passa os direitos de paternidade a Melanie, o casal de lésbicas volta a se
entender e Guillaume vai embora. A senadora janta na casa de Debbie e Vic com Ted,
Emmett, Brian, Justin e Michael, que aparece para pedir desculpas a todos. Brian e
Justin se encontram fora da casa e ele diz a Justin que o que a senadora está fazendo é
apenas jogo político.

Principais aspectos do episódio:


- A crise nos relacionamentos se dá, tanto para homens quanto para mulheres pela falta
de espaço;
- As lésbicas sonham em casar, ou pelo menos têm a pretensão, isso fica explícito na
fala de Lindsay: “Nunca achei que usaria algo assim. Mesmo que, às vezes, eu sonhe em
ser uma noiva. É verdade... Suponho que até as lésbicas sonhem com isso”.

Personagens: Michael, Debbie, Lindsay, Gus, Brian, Justin, Ted, Emmett, Melanie,
David, Daphne, Guillaume, Vic, Jennifer, Senadora.

Duração: 41 minutos e 59 segundos

Falas:
Brians e Lindsay conversando sobre o casamento: Brian: “O que o noivo vestirá?” /
Lindsay: “Um smoking bem tradicional. Não podemos correr riscos. Deve parecer real”
/ Brian: “É uma maldita farsa” / Lindsay: “Ei, não fique nervoso” / Brian: “Por que não?
Você está louca” / Lindsay: “Nunca achei que usaria algo assim. Mesmo que, às vezes,
eu sonhe em ser uma noiva. É verdade... suponho que até as lésbicas sonhem com isso”
/ Brian: “Só que está casando com a pessoa errada”

Diálogo entre Brian e Justin: Justin: “Será que Gus falará francês antes do inglês?” /
Brian: “Por que não vai dormir?” / Justin: “Lindsay não pode criá-lo sozinha. Por mais
que o ame... Nunca será pai em horário integral”
FICHA DESCRITIVA 18

Seriado: Queer as Folk

18º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando Ted, Brian, Emmett, Michael e Justin na Boate
Babylon, nessa ocasião, Michael conhece um rapaz na boate e é tentado à traição. Brian
a Justin continuam ficando. Justin conta aos amigos que foi admitido em Darthmouth
(Escola Superior de Administração), mas ele afirma que não vai, porque pretende
estudar Arte. Ted reencontra Blake na babylon, ele aparenta estar drogado e tenta se
aproximar de Ted, mas é impedido por Emmett. Depois de sair da boate, Brian vai à
sauna e encontra David que está sendo masturbado por outros caras. Ted, ainda na
boate, vai ao banheiro e encontra Blake caído ao chão, então resolve ajudá-lo e, junto
com Emmett, levão Blake ao hospital, pois ele se drogou demais. No hospital, Emmett
não concordando com o que Ted fez por Blake vai embora e deixa Ted sozinho. Pela
manhã, na casa de Debbie e Vic, Justin recebe uma correspondência do Instituto de
Belas Artes de Pittsburgh e descobre que foi aceito, mas ainda está indeciso. Ted cuida
de Blake no hospital, ele acorda meio atordoado e com vontade de comer doce, nessa
ocasião, Ted conversa com Blake e descobre que ele foi despejado de onde morava.
Emmett, Michael, Brian e Ted conversam, na academia, sobre a noite anterior. Justin
vai até a casa dos pais para dar a notícia à mãe que, ele foi admitido no Instituto de
Belas Artes de Pittsburgh. Brian, David e Michael se encontram no Liberty Diner e,
Brian diz aos dois, olhando para David, que há muita gente falsa no mundo... Brian
ressalta, fora do restaurante, numa conversa sem a presença de Michael, que não quer
que David o magoe. Blake vai passar um tempo morando com Ted e retribui ao que ele
fez com um jantar e os dois terminam ficando. Lindsay e Melanie resolvem fazer uma
surpresa a Justin, elas dão uma espécie de maleta que os pintores usam, mas Justin diz
que vai para Dartmouth. David e Michael conversam e acabam discutindo, porque
David revela a Michael que foi a sauna e que, às vezes vai, porque precisa ser observado
e desejado pelos outros. Michael vai contar o que aconteceu a Emmett, Ted e Bria e, os
amigos o consolam. Michael pensa em fazer o mesmo com David. Ted está procurando
sua carteira que perdeu, nesse momento, Blake aparece e Ted acha que ele pegou a sua
carteira e manda Blake ir embora. Debbie aparece dando conselho a Justin para ele não
desistir de fazer artes, só porque seu pai quer que ele vá estudar em Dartmouth. Michael
vai encontrar um cara, com a intenção de dar o troco em David. Ted está conversando
com Emmett na casa dele e, sem querer acha sua carteira. Ted se sente arrependido por
conta do que fez a Blake. David e Michael voltam a se entender, Michael diz a David
que ficou com um cara, mas percebeu que gosta de David e, o que aconteceu com o
outro cara não significou nada, foi apenas sexo. O episódio finaliza mostrando Justin
desenhando uma jaqueta na porta do seu quarto. É perceptível que Justin não irá para
Dartmouth, pois sua vocação é pintar.

Principais aspectos do episódio:


- O fato de parecer atraente para as outras pessoas (narcisismo);
- Os homens são todos iguais – Fala de Michael;
- Esperava que a monogamia fosse eterna – Fala de Brian;
- Para alguns gays, parece que é impossível ter uma relação fiel e afetuosa;
- Não posso prometer que um dia algo não acontecerá. Somos homens e homens
falham. Só podemos ser realistas sobre isso. Sabendo que isso não significa que não nos
amamos. E veremos o que acontece – Fala de Michael;
- As relações são construídas na base da confiança e também no respeito aos espaços do
outro.

Personagens: Brian, Justin, Michael, Ted, Emmett, Blake, David, Debbie, Vic, Jennifer,
Lindsay, Melanie.

Duração: 50 minutos e 47 segundos.

Falas:
David contando a Michael que foi a sauna: David: “Eu fui à sauna” / Michael: “O que
foi fazer lá?” / David: “Apenas dar uma volta. Ouça, não é algo que faço sempre,
Michael... É a primeira vez desde que estamos juntos” / Michael: “Não quero falar
disso” / David: “Não, você deve saber” / Michael: “O quê?... Que você transa por aí?” /
David: “Eu não transei” / Michael: “E depois você vem para casa transar comigo” /
Michael: “Se me transmitiu algo...” / David: “Não, eu disse que não transei!... Eu
apenas me masturbo” / Michael: “Apenas!” / Michael: “Eu não entendo. Não sou
suficiente pra você?” / David: “Sim, claro que é, Michael” / Michael: “Então, porque
fez isso? / David: “Eu não sei... Acho que foi pela excitação... Quero que os caras... Me
achem atraente. Não sei, às vezes... Preciso sair sozinho” / Michael: “Você é um
mentiroso” / David: “É a verdade. Michael” / David: “É a verdade. Michael” / Michael:
“Dane-se você e a sua verdade”

Michael conversando com Ted, Emmett e Brian: Michael: “Era muito bom para ser
verdade” / Emmett: “Os homens são todos iguais” / Ted: “Menos você, Michael” /
Emmett: “Você é um santo” / Michael: “Não quero ser santo... Quero ser um
desgraçado cruel... Que come quem quiser, sem escrúpulo ou remorso” / Brian:
“Desculpe-me, essa vaga já foi preenchida” / Michael: “Desta vez, não me referia a
você... Estava falando do David” / Emmett: “Eu digo. Termine com ele. Idiota... Mostre
que é muito bom para ele e que ele não o merece” / Brian: “E quem Michael merece?” /
Emmett: “Alguém que o aprecie... Que seja fiel. Alguém para quem ele será... O sol e as
estrelas” / Brian: “Em que filme da Bette Davis você vive?... E o que você achava que
iria acontecer? Esperava que a monogamia fosse eterna?” / Emmett: “Você adora fazer
piadas homofóbicas de mau gosto” / Brian: “Homofóbicas?” / Emmett: “Sim. Só porque
somos gays, é impossível termos... Uma relação fiel e afetuosa?” / Brian: “Não porque
somos gays... Mas porque somos homens” / Ted: “Isso não é diferente do que acontece
com os heteros... Li que 64% deles admitem ter sido infiéis” / Emmett: “Não teria como
saber. Só transei com 32% deles” / Michael: “O que então, eu... Devo permitir que
David faça o que quiser? Com quem quiser?” / Brian: “Não disse isso... Talvez deva
estabelecer algumas... Regras. Decidir o que é aceitável e o que não é” / Michael: “Não
sei se posso fazer isso” / Brian: “Tudo bem. Então volte pra cá. E termine tudo por
causa de uma... Punheta”

Diálogo entre David e Michael: David: “Estava preocupado com você” / Michael:
“Podia ter ligado” / David: “Liguei. Seu celular estava desligado” / Michael: “O que
está fazendo?” / David: “Reorganizando meus CDs. Antes disso, reorganizei meus
DVDs... Meus livros, o armário de remédios... E as taças de vinho. Onde você estava?” /
Michael: “Fora” / David: “Com os garotos? No cinema?” / Michael: “Estava com uma
pessoa. É um cara que conheci naquela noite na Babylon. Ele me deu o telefone dele.
Ele era gostoso e me senti atraído... E pensei... Por que não? Então liguei para ele” /
David: “Não preciso de detalhes. Michael” / Michael: “Sim, precisa. Nós nos
encontramos e... Fomos a casa dele... E começamos o esfrega-esfrega... E ele começou a
me chupar... Quando percebi que eu não queria nada daquilo. Então pedi a ele que
parasse. E... Fui embora e voltei pra casa” / David: “Por quê? Quero dizer... Porque
pediu para ele parar?” / Michael: “Porque aquilo não significava nada. Era só sexo. Com
a gente sempre foi mais do que isso” / David: “Prometo, que nunca mais irei lá. Dou
minha palavra” / Michael: “Não quero que prometa. Talvez não possa manter sua
promessa. E o mesmo vale para mim. Não posso prometer que um dia algo não
acontecerá. Somos homens... E homens falham. Só podemos ser realistas sobre isso.
Sabendo que isso não significa que não nos amamos. E veremos o que acontece”
FICHA DESCRITIVA 19

Seriado: Queer as Folk

19º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando Brian transando com dois caras na sua casa e, de
repente, recebe um telefonema, a pessoa no outro lado da linha diz que seu pai morreu,
mas mesmo assim Brian continua transando. Ted, Michael, Emmett e Justin aparecem
no Liberty Diner e, mais tarde, Brian chega e fala a todos que seu pai morreu. Justin e
Daphne conversam, na escola, sobre a morte do pai de Brian e, Justin conhece o novo
namorado de Daphne. Ted, Emmett, Michael e Brian se encontram na babylon, Michael
fica assustado por Brian estar se divertindo, ao invés de estar cuidando do velório do
pai. Justin e Daphne conversam sobre a primeira vez de Daphne e, ela resolve que seja
com Justin e ele conta aos amigos no bar woody‟s, estes dão algumas dicas para Justin.
Ted encontra Blake no woody‟s e pede desculpas por tê-lo mandado ir embora e
acusado de roubo. Brian vai à casa dos pais dele, na companhia de Michael, Brian leva
algumas roupas e objetos do pai e conversa com a mãe. Blake vai à casa de Ted pedir
ajuda, ele precisa ficar alguns dias, pois foi despejado de onde morava, Ted, então aceita
e os dois terminam a conversa se beijando. Michael, Ted, Emmett, Brian, Lindsay e
Melanie vão ao enterro do pai de Brian e Michael o consola. Depois do enterro, todos
vão à casa do pai de Brian prestar a última homenagem. Lindsay começa a lembrar de
alguma situação... Michael relata outra situação: quando ele e Brian eram mais novos
saíram para um jogo de boliche juntos ao pai de Brian, mas Michael não conta o que
realmente aconteceu. Justin e Daphne, depois da escola, vão transar. É a primeira vez de
Daphne e a primeira vez de Justin com mulheres. No dia seguinte, Daphne e uma amiga
vão procurar Justin e, Daphne age de maneira diferente, parece estar gostando de Justin
não apenas como amigo. Emmett aparece dando conselhos a Ted sobre Blake, Emmett
acredita que Blake voltará a se drogar, mas Ted não quer acreditar. Emmett aparece na
babylon falando com Blake e pedindo para ele se afastar de Ted. Justin conta a Lindsay
e Melanie que transou com Daphne, as duas explicam a Justin o porquê de Daphne se
comportar dessa forma, como se estivesse apaixonada por ele. Brian e Michael vão ao
boliche relembrar tempos passados. Justin vai encontrar Daphne no trabalho dela, ele
diz que não é para ela achar que, só porque eles transaram uma vez ela precise tratá-lo
como namorado. Ted encontra Blake caído no chão do bar e o leva para casa. Brian,
junto com Michael, vai a uma rua jogar uma bola de boliche, que pertenceu ao pai dele,
como uma forma de prestar uma última homenagem a sua morte.

Principais aspectos do episódio:


- Gays e meninas heteros dormindo juntos. Isso não é um final do fim do mundo? – Fala
de Ted (discurso de exclusão)
- Bem, isso porque não é tão fácil para a maioria das mulheres separar amor e sexo
como os homens fazem – Fala de Lindsay;
- Para as mulheres: sexo e amor não se separam apenas se complementam (sexo também
é compromisso).

Personagens: Brian, Emmett, Ted, Michael, Justin, Daphne, Blake, Mãe de Brian,
Lindsay, Melanie, Irmã de Brian.

Duração: 46 minutos e 33 segundos.

Falas:
Emmett, Ted e Brian conversando, no Woody‟s, sobre a primeira vez de Justin com
Daphne: Emmett: “Ela quer que você transe com ela?” / Ted: “Gays e meninas heteros
dormindo juntos. Isso não é um sinal do fim do mundo?” / Brian: “Já esteve com uma
garota?”

Lindsay e Melanie conversando com Justin: Lindsay: “Bem, isso porque não é tão fácil
para a maioria das mulheres separar amor e sexo como os homens fazem” / Melanie:
“Sim. Isso foi sempre o que me incomodou nos homens” / Lindsay: “Especialmente em
se tratando da sua primeira vez. Quero dizer, ali você está permitindo que alguém entre
em seu corpo” / Melanie: “Digo, você nunca esteve tão perto de alguém em toda a sua
vida” / Lindsay: “E antes que você se dê conta, você está apaixonado por essa pessoa
que a faz sentir de uma forma que você nunca tinha sentido antes” / Melanie: “Então
você entende porque Daphne deve estar apaixonada por você?”
FICHA DESCRITIVA 20

Seriado: Queer as Folk

20º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: Passados um ano, Ted, Emmett, Blake, Michael, Justin, Brian e Debbie se
encontram no Liberty Diner, eles conversam sobre a festa do rei da babylon e todos se
programam pra ir até lá. Michael convida David para ir à festa, mas, a princípio fica
indeciso se vai. Estão na babylon: Ted, Emmett, Blake, Brian, Justin, Michael e David,
Blake é instigado, por alguns amigos antigos, a usar drogas, mas ele não aceita e pede a
Ted para confiar nele. Os amigos de Ted, a princípio, não gostam de Blake,
principalmente Michael e, então Ted resolve se afastar dos amigos, ele fica junto a
Blake num outro canto da boate. As apresentações dos rapazes, na babylon, começam.
Brian continua ressaltando a Justin que eles não são um casal. Vic é mostrado no
banheiro de um shopping e, de repente, um cara desconhecido aparece e começa a
conversar e se insinuar a Vic. Emmett conhece um rapaz, com o qual acha que irá passar
o resto da sua vida. David conversando com Michael e Brian, diz que os gays só
pensam em corpos musculosos. Justin diz a apresentadora (Drag Queen) da festa que
está muito triste, pois um cara o fez de capacho e, ela o aconselha a fazer com que esse
cara o note; fazer com que ele dê valor a Justin. Vic liga para o trabalho de Debbie e diz
a ela que está sendo acusado por exibicionismo indecente. Emmett e seu novo ficante
(Brent) conversam, se beijam, mais tarde ele apresenta Brent aos amigos e eles o
aceitam, mas Ted fica chateado, pois o mesmo não aconteceu quando ele apresentou
Blake. Futuramente haverá um desencontro, na babylon, Emmett descobre que Brent
conheceu outro cara e que ele não quer mais ficar com Emmett. Depois desse fato,
Emmett vai embora da boate decepicionado. Os amigos pedem a Ted que cuide de
Blake. Debbie vai pedir ajuda a Melanie. Ted parece não confiar no que Blake diz.
David é inscrito, por Brian, no concurso... Em seguida é chamado para fazer sua
apresentação, Michael não acredita no que David está fazendo. Melanie e Debbie vão à
delegacia e descobrem que, para Vic ser liberado terá que ser pago uma fiança no valor
de cinco mil dólares. Justin resolve se inscrever no concurso, para que assim, Brian dê
valor a ele e não o trate como capacho... Justin é eleito o novo rei da babylon e, ele
dispensa a companhia de Brian para sair com outro cara. Melanie e Debbie vão à
procura dos amigos, na babylon, para ajudar Vic. Blake ajuda Debbie e, em seguida
Michael pede desculpas a ele... Vic pode então sair da cadeia. No Liberty Diner se
encontram Ted, Emmett, Michael, Brian, Blake, eles conversam sobre a noite passada…
Emmett encontra Brent, mas eles não voltam a ficar, pois Brent já está com outro...
Todos os amigos aplaudem a chegada de Justin, no Liberty Diner, que comenta que não
quer nada sério com o cara que ficou na babylon, dando a entender que quem ele quer é
Brian.

Principais aspectos do episódio:


- Homossexualidade e velhice;
- Gays mais velhos são excluídos de alguns ambientes? Precisam aparentar serem mais
jovens?

Personagens: Debbie, Justin, Ted, Blake, Emmett, Michael, Brian, David, Vic, Melanie,
Lindsay, Brent.

Duração: 49 minutos e 3 segundos.


FICHA DESCRITIVA 21

Seriado: Queer as Folk

21º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando, em Pittsburgh, a festa do prêmio “Publicitário do


ano”, e o vencedor é Brian Kinney... Brian flerta com o entregador do prêmio e depois
transa com ele, no mesmo lugar da festa. Vic relata a Melanie, Debbie, Michael e Justin
sobre o que aconteceu no mictório do banheiro masculino... Eles conversam sobre o
acontecido, Melanie diz que levarão Vic a julgamento. Brian, depois de transar, recebe
uma proposta do rapaz que estava transando: trabalhar em Nova Yorque. Michael chega
a casa e David começa a relatar uma situação que o está incomodando: David terá que
passar um tempo com o filho, porque os atuais pais de Hank pediram divórcio e, David
acha que deve estar perto do filho nesse momento. Ted ajuda Blake a conseguir um
emprego... Os dois vão ao Liberty Diner e encontram Michael, Emmett, Brian e Justin,
na ocasião, Brian conta a todos que recebeu uma proposta para ir trabalhar em Nova
Yorque, os amigos ficam preocupados, principalmente Justin, pois acha que irá perdê-
lo. Ted pede ajuda a Melanie para conseguir emprego a Blake, por sorte, Melanie tem
vaga no escritório. Emmett leva uma torta a Vic, a fim de consolá-lo. Justin pede a
Brian que não vá embora, e pergunta a Brian o que será da vida dele? Ted e Blake vão
comprar roupas a Blake e os dois começam a se pegar no provador da loja. Vic vai a
julgamento e se declara inocente. Justin aparenta estar triste, pois acredita que Brian vai
embora e nunca mais irá vê-lo... Na casa de Debbie, Michael consola Justin. Numa
outra cena, Michael e David aparecem transando pelo telefone. Lindsay e Gus vão à
casa de Brian dizer para ele pensar no que está fazendo. Ted leva Blake à entrevista de
emprego. Vis e Debbie discutem... Ele se acha patético, pois achava que ainda poderia
ter os mesmos desejos de quando era jovem. Ted, Emmett e Michael estão no Woody‟s
conversando sobre a mudança de Brian para Nova Yorque... Brian, em sua casa, recebe
um telefonema e, fica sabendo que não haverá trabalho em Nova Yorque, pois a vaga já
foi preenchida. David chega da viagem e fala a Michael que precisará morar junto com
seu filho, ou seja, se mudar de Pittsburgh e ir morar em Portland, mas quer que Michael
vá junto. Michael e Brian vão ao cinema e se lembram de alguns momentos juntos.
Michael, assim como os outros sentirão muita falta quando Brian for embora, mas eles
ainda não sabem que Brian não irá mais. Ted está em casa quando Blake chega do seu
primeiro dia de trabalho... Quando Blake está tomando banho, Ted descobre, no bolso
do casaco de Blake, que ele continua usando drogas, pois pega um frasco cheio de
pílulas brancas. Os amigos festejam o julgamento de Vic, que foi um sucesso... David e
Michael conversam e, ele diz a David que quer ir morar com ele.

Principais aspectos do episódio:


- O sucesso na vida de um gay;
- Dar mais tempo a família;
- Amigos, Família x Namoro, União.

Personagens: Brian, Vic, Melanie, Justin, Debbie, Michael, David, Ted, Blake, Lindsay,
Gus, Emmett.

Duração: 45 minutos e 46 segundos.


FICHA DESCRITIVA 22

Seriado: Queer as Folk

22º Episódio (não possui título) – 1ª Temporada

Sinopse: O episódio inicia mostrando Brian transando com um cara e, nesse mesmo
momento, aparecem várias cenas sobrepostas a essa, dos amigos telefonando um ao
outro para saber onde está Brian... Todos os amigos preparam uma surpresa a Brian, a
festa de comemoração aos seus 30 anos. David e Michael estão fazendo as malas, ou
melhor, apenas David, que faz praticamente tudo e, Michael cobra isso dele, que não
precisa sempre fazer tudo, tem que dar espaço a Michael. Ted e Emmett vão ao trabalho
de Blake, e descobrem que ele falta e que não leva sério o trabalho. Vic, Debbie e
Jennifer conversam com Justin sobre o seu baile de formatura... Jennifer acha que Justin
não deveria se privar de ir ao baile. Ted se desentende com Blake, pois ele chega
drogado em casa. Emmett, Brian e Michael aparecem na babylon e, Emmett ressalta que
aquela pode ser a última vez que saem juntos. Brian fala a Michael para ele parar de
deixar David fazer tudo por ele. Brian, na babylon, encontra Justin e ele convida Brian
ao seu baile de formatura. Ted e Emmett se encontram no Liberty Diner... Emmett
consola Ted que está decepcionado com Blake. Justin e Daphne conversam, na escola,
sobre o baile de formatura, eles não querem ir, mas depois mudam de idéia. Brian
conversa com Lindsay sobre o fato de chegar aos 30... Ele resolve se presentear. David
e Michael vão a sua festa de despedida, na antiga casa de Michael... Estão na festa:
Debbie, Vic, Justin, Michael, David, Emmett, Ted, Blake, Lindsay, Melanie e Gus... Os
amigos se despedem do casal, exceto Brian, que está em casa se drogando e se
masturbando até utilizar sua última força, mas Michael chega para impedir que ele se
mate. Michael e David discutem na festa... Michael diz a David, que não gosta quando
David quer resolver tudo. Ted, novamente, leva Blake a rehabilitação, mas no dia
seguinte, Blake foi embora. No outro dia, na casa de David e Michael, os dois
conversam e David acha melhor Michael repensar se vai ou não, pois ele aparenta não
ter certeza do que quer. Na casa de Debbie, Justin mostra a Melanie, Lindsay, Debbie,
Vic e Emmett, estará vestido no baile (smoking). Justin e Daphne são mostrados no
baile... Brian chega ao baile e dança a valsa com Justin... Depois da valsa, os dois saem
da festa e vão para o estacionamento, trocam carícias, beijos, e cada um vai para um
lado, quando de repente, Justin é acertado com uma paulada na cabeça por Chris Hobs,
Brian o leva ao hospital. No aeroporto, Michael está quase embarcando quando recebe o
telefonema de Brian, então decide que não vai mais com David. A cena final mostra
Brian, super triste, junto com Michael no hospital.

Principais aspectos do episódio:


- Homofobia: o colega de classe dá uma paulada na cabeça de Justin;
- A questão da construção do sentimento de amor (relação de Brian e Justin).

Personagens: Brian, Michael, Justin, Lindsay, Emmett, Ted, Melanie, Vic, Jennifer,
Debbie, Blake, Daphne, Gus, David, Chris Hobbs.

Duração: 49 minutos e 23 segundos.

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