O estado de necessidade, regulado pelo Artigo 24 [82] de nosso Cdigo Penal, o trata
conjuntamente como causa de justificao e causa de exculpao, conhecida como
teoria unitria do estado de necessidade[83].
Outros autores entendem que o ato pode se caracterizar pelo excesso. Ou seja,
excedendo-se o agente na conduta de preservar o bem jurdico, responder por ilcito
penal se atuou dolosa ou culposamente. Cita-se como exemplo o agente que,
podendo apenas ferir a vtima, acaba por causar-lhe a morte. Poder haver o excesso
doloso ou culposo[89]. Apesar do silncio acerca da questo do conflito entre bens
jurdicos de igual valor, esta opinio pode ser entendida em nosso caso em questo
como se fosse somente autorizado juridicamente a leso corporal dolosa. Ou seja, no
havia a necessidade da morte da vtima, mas somente a subtrao de um de seus
membros para servir de alimento enquanto no eram resgatados. A morte de
Whetmore, se ocorresse, seria considerada como excesso culposo e no seria
reconhecida a descriminante do estado de necessidade. Por outro lado, ainda h de
se analisar o excesso fortuito, ou seja, o excesso sem dolo ou culpa, que no
descaracteriza a descriminante, luz do inciso III do art. 484 do Cdigo de Processo
Penal que obriga a incluso de quesitos de excesso culposo e excesso doloso quando
reconhecida qualquer excludente de ilicitude[90] .