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POLITICA E PODER NA ANTIGUIDADE TARDIA: UMA ABORDAGEM POSSIVEL Renan Frighetto" Hfrighetto@hotmail.com ResuMo: Antiguidade Tardia ou Primeira Idade Média? 0 presente estudo pretende demonstrar, airavés de uma andlise dos aspectos vinculados ao bindmio politica e poder, a viabilidade da aplicagio do conceito “Antiguidade Tardia” para o perfodo de transigao entre os mundos clissico e medieval, ou seja, entre os séculos [II ¢ VIIL de nossa era. Pavaveas-cHave: Antiguidade Tardia, tradigao classica e imperial, monarquics romano-germanicas. IntRoDucio Nam primum tibi mater Hispania est, terris omnibus terra felicio (Pac,Pang.Theod.1V) Omnium terrarum, quaequae sunt ab occiduo usque ad Indos, pulcherrima es, o sacra semperque felix principum xgentiumgue mater Spania... (sid, De Laud Span.,1-3) Aproximadamente dois séculos ¢ meio separam as duas epigrafes que aparecem como praenotandum deste trabalho. Existem outras curiosidades relacionadas a elas que merecem nosso olhar mais atent primeira foi redigida nos ambientes cultivados e de tradicdo pagi da aristocracia senatorial galo-romana do sul da Gilia pelo panegirista Pacato Drepanii, em honra do vitorioso Imperador ‘Teodésio, no ano de 389, logo apés a vitéria militar deste sobre Magno Maximo, ocorrida no ano de 388, em Aquileia. J4 a segunda aparece no comeso do De Laude = Profesor de Hiséria Antiga e Medieval da Universidade Federal do Parand Recebide em 7 de novembro de 2003 Aprovado em 12 de derembeo de 2006 162 Artigos Spaniae, de [sidoro de Sevilha, figura que integrava as mais altas dignidades episcopais catdlicas ¢ personagem de grande importancia politica ¢ cul- tural do reino hispano-visigodo de ‘Toledo na primeira metade do século VI, tendo sido redigida entre os anos de 619 ¢ 624, segundo a opiniao de importantes fildlogos que analisaram esta composi¢ao isidoriana (Rovarcuez Atonso, 1975; Cater, 1986; Fonranve, 2002), Embora sejam escritos em tempos distintos, em espacos dife- renciados ¢ por autores que apresentavam divergéncias religiosas ¢ dogmiaticas, tanto a passagem do panegirico de Teodésio como a pequena parcela do De Laude Spaniae tm, a priori, um ponto em comum: o da glorificagio e a elevacdo da Hispania, terra de origem tanto do grande “Teodésio como o solar que acolheu ¢ converteu os visigodos a “verdadeira £6 oferecendo aqueles as condigdes necessérias para a configuracao de um regnum que se apresentaria como auttntico defensor Christianitatis (Contains, 2002, p. 271-272). Além disto podemos observar outros interessantes elementos de convergencia entre ambos os escritos, como 0 fato indubitavel de que a unidade politica‘ estava diretamente vinculada a propria mater Hispania, Porém, nem Pacato, nem Isidoro foram completamente inovadores em apresentar a Hispania de uma forma tao positiva ¢ favoravel. De fato, antes deles ja o haviam feito escritores da grandeza de Plinio ou de Ploro, de Pompeu ‘lrogo ou de Silio Itélico, todos pertencentes ao universo daquilo que definimos como “mundo clissico” Ora, com esse exemplo encontramo-nos diante daquilo que Momigliano definira como “interagao cultural”, acentuando a idéia de que © presente nfo pode, simplesmente, apagar 0 passado (MomctiANo, 1970, p. 94-95). Ou seja, tanto Pacato como Isidoro tinham conhecimento ~ € muito provavelmente tiveram diante de si manuscritos - da Histéria Natural, de Plinio, ¢ do Epitome da Histéria de Tito Livio, de Tloro, 0 que demonstra que em termos de pensamento existia uma sélida “ponte” entre © passado classico ¢ as realidades vivenciadas quer por Pacato, no século IV, quer por Isidoro de Sevilha, no século VII. Bssas realidades, em nossa opinido, apresentam grandes similaridades ¢ continuidades quando ta- tamos de analisar questdes afetas ao amplo universo que compée o bind- mio poder ¢ politica, sendo, por isso, esteio de um pensamento politico clissico remodelado ¢ adaptado por novas concepgdes ideoldgicas rela- cionadas ao Cristianismo. Continuidades, novas elaboragées tedricas ¢ Cristianismo, eis aqui elementos comuns ¢ fundamentais para apresen- tarmos 0 perfodo entre os séculos III ¢ VIII como caracteristicos da Historia Revista, Golania, v. 11, n. 1, p. 161-177, jan.Jjun, 2006 Antiguidade Tardia, num espago diretamente associado 4 tradicao politica ¢ cultural greco-latina, o mundo mediterranico. ConsiDeRAcOES Por um longo periodo, a historiografia latino-americana evitou utilizar o conceito de Antiguidade Tardia, mantendo-se fiel & tradicional divisio temporal que apresentava aquela como integrante da Alta Idade Média. Nesse caso, 0 preceito da ruptura entre 0 mundo classico ¢ 0 medieval aparecia como evidente e natural: afinal de contas, segundo esse raciocinio, o Império Romano Ocidental acabara de forma abrupla e irreversivel, o Imperator deixava de ser realidade nos territérios ocidenta’ ¢ os “barbaros”, principais responsaveis pela derrocada romana, impu- seram sua vontade em termos politicos ¢ culturais. Contudo, tal pers- pectiva “negativa’, que segue em boa medida algum comentario de Jerénimo, ou mesmo uma parcela inicial do relato de Hidacio de Chaves, deve ser cuidadosamente matizada, pois nem © Império Romano do Ocidente desapareceu in toto, tampouco a idéia ou as virtudes relacionadas a0 Imperator, assim como as tribos que se fixaram no interior dos territérios imperiais, nao foram as grandes responsaveis pela fragmen- tacdo interna do Império, em sta Pars Occidentalis. Quid um dos maiores entusiastas dessa forma de interpretagio, mais interessado em buscar as conexdes politicas ¢ culturais dessa “nova antiguidade” com a tradiga republicana ¢ imperial classicas, tenha sido o Prof. Johannes Straub (1990, p. 649-667), contemporanco do anteriormente citado Arnaldo Momigliano ¢ de Henri Irince-Marrou (1970, p. 60-87), com as quais partilhava sua visio sobre a forga da tradigao que legitimava os detentores do poder politico no campo idcol6gico. Assim, podemos dizer que o conceito de Antiguidade Tardia vai bem mais além da simples visio da estética ¢ do vestuario, revestindo, inclusive, a construgao entre os séculos IIT e VIN de um preceito politico-ideolégico que conectava elementos da tradigao politica cléssica imperial romana, a necessidade ¢ a legitimagao daquela forma de poder mondrquico com as construgdes teéricas que indicavam a relagio entre a centralizacao do poder e as préticas religiosas de cunho monoteista, seja de procedéncia paga, seja de procedéncia crista. Tal perspectiva ideoldgica pode ser rastreada através da andlise das fontes historicas, mais que num simples olhar dos comentarios realizados pela historiografia do século XX. Com efeito podemos observar que nas fontes cristis - como o De mortibus persecutorum, de Lactancio, Renan Frighetto: Politica e poder na Antiguidade Tardia... 163 164 Artigos ou as histérias, de Paulo Orésio ¢ de Isidoro de Sevilha - ¢ nas fontes pagis, como o De Caesaribus, de Aurélio Victor, os panegiticos latinos ea seqiiéncia de varios autores da Historia Augusta, encontramos pontos comuns que indicam um denso processo de continuidades, permanéncias ¢ intercambios politicos e culturais entre obras, a principio, antagénicas. Um primeiro exemplo dos contatos existentes entre as Fontes cristés ¢ as pagas pode ser observado a partir da descrigao oferecida por aqueles relatos dos ritos que acentuavam a associago entre © governante & a sua condic&o sacra. Ou seja, da pratica da adoratio a figura do imperador, caracteristica por certo vinculada ao perfodo do Dominato, em que 0 soberano incorporava ¢ accitava reveréncias quase divinas, afastando-se do modelo de princeps proposto desde Augusto ¢ aproximando-se mais do protétipo do monarca helenistico. Em tom de critica, 0 pagao Aurélio Victor, oriundo da provincia da Africa, referia-se ac Imperador Diocleciano como um homem de origem humilde que se deixara levar “por um espirito cheio de orgulho’, incomum ao verdadeiro cidadio, a tal ponto que, segundo o historiador pagio, “foi o primeiro de todos depois de Caligula e Domiciano que permitiu ser chamado ‘senhor’ publicamente, ser adorado e ser invocado como um deus” (Aur. Vie. De Caesaribus, 39). Parece-nos indubitavel que Aurélio Victor seguia, ao referir-se a Caligula ¢ Domiciano, uma linha de repreensio ~ poderfamos até mesmo afirmar de reprovacao -, caracteristica da literatura pré-senatorial presente em Tacito e SuetOnio (Anos; Hus, 1974, p. 108-110), que langara uma damnatio memoriae sobre aqueles imperadores em razio de suas atitudes despoticas que inclufam, certamente, sua adoragio quase divina, Nunca é demais, recordat que no universo politico-cultural greco-latino, desde 0 periodo classico, a tendéncia & auto-adoracio divina era entendida como pritica de incultos, de nao-civilizados, sendo esta a verdadeira critica que Aurélio Victor dirigia a Diocleciano. Nessa mesma direcio encontramos a critica do cristéo Lactancio ao Imperador Galério, sucessor de Diocleciano como Augusto na Pars Orientalis do Império Romano, nos primérdios do século IV. Também em tom de dantnatio memoriae & figura de Galério, acusado de ser 0 verdadeiro respons4vel pela “grande perseguigio” contra os cristios nos territérios orientais entre 303-311, Lactancio informava que, apés a vitéria sobre os persas, Galério tentou introduzir uma “norma e costume que os siditos se entreguem ao servigo dos reis como escravos ¢ que os reis se sirvam de seu povo como de escravos de sua propria casa” (Lact. De Mort, Persc., 21, 2). E provavel, como bem acentuaram ‘Teja (1999) e Historia Revista, Goidnia, v. 11, 9. 1, p. 161-177, jan./jun. 2006 Bravo (1997), que nessa passagem tenhamos uma clara referéncia da pratica da proskinesis, da reveréncia caracteristica entre os persas ja descrita por Herddoto (Herod., Hist, VII, 136) ¢ integrada no ambito da adoratio latina, entendida como cerceadora da eleutheria, da liberdade Mas, como jé observamos em Aurélio Victor, tal pritica ja vinha sendo utilizada por Diocleciano ¢, certamente, por imperadores que 0 antecederam, Seria 0 caso de Aureliano que, de acordo com Flavio Vopisco ~ um dos bidgrafos que integram a Historia Augusta -, estava dicetamente relacionado ao culto do Sol desde o seu nascimento, quando a piirpura ¢ coroa apareceram como signo de seu futuro imperial (Flav. Vop., Div. Aurel, 1, 3). Notamos, com isso, que, nos autores do século TV, sejam cristdos ou pagios, existem elementos comuns relacionados ao pensamento politico ¢ que ainda idealizam 0 modelo de soberano mais proximo da realidade do periodo alto-imperial. Uma perspectiva notoriamente anacrénica, por cerlo, mas que nos indica a sobrevivéncia das idéias politicas do perfodo classico nesse momento de transicio, embora seja igualmente um sinal inequivoco da tendente sacralizagao da figura do imperador, que tinha como objetivo prioritério reforgar o scu papel de catalizador e centralizador do poder politico no mundo imperial romano Apesar da critica realizada por autores pagios e cristios dessa pratica de adoragio, ieveréncia ¢ distingéo da figura do imperador, elevando-o a uma posi¢io quase divina, que o envolvia num ambiente misterioso ¢ restrito aos mais destacados membros do consistorium imperial (Teis, 1999, p. 42-43), 0 certo é que os imperadores da quarta centiria, no ocidente ou no oriente do mundo imperial romano, preser- varam ¢ potencializaram 0 culto da adoratio/praskinesis. Os exemplos de Constantino, Constincio, Juliano ¢ Teodésio, amplamente analisados pele historiografia contemporanea, bem como pelos relatos, favordveis ¢ desfavoraveis segundo o sistema ético do observador (FINtey, 1985, p. 67) ¢ também pelos motivos que levaram 4 composigéo de determinada obra ~ de autores como Eusébio de Cesarea, Ammiano Marcelino, Paulo Orésio ¢ dos j4 mencionados Lactancio, Aurélio Victor e os panegiristas latinos da Glia -, revelam a manutengao dessa praxis, gue, sem qualquer dtivida, esté relacionada a necessidade da concentracio e centralizacéo dos poderes politicos & volta de um Imperator que fundamenta seu poder ideoldgico em sua condigéo de Sacratissinius. Essa constracao ideolégica mostra nos, também, um grave problema herdado da “crise” do sistema institu- cional da polis/ciuitas da segunda metade do século II: 0 desrespeito ao Renan Frighetto: Politica e peder na Antiguidade Tardia 165 166 Artigos poder imperial centralizado, que acabava por gerar contestagées visiveis nas ages tiranicas ¢ usurpatérias ocorridas desde o século I] ¢ mantidas vivas ao longo da Antiguidade Tardia. Quigd possamos pensar na forca de poderes de cunho regional e local, que, sendo alijados das decisées politicas tomadas na Corte Imperial, rebelavam-se contra esse esqueci- mento (FRicHETTO, 2002a). Alguns poderiam entender essa atitude como “forma de ruptura”, mas deve-se ter em consideracao que uma posigéo de forca seria benéfica para futuras negociaces num mesmo patamar de igualdade, além de ser importante frisar que questionamentos ao poder centralizado existiram, como minimo, desde 0 periodo helenistico. Um exemplo pode clarificar essa argumentacéo: entre 383 ¢ 388, 0 Império Romano teve trés imperatores nominalmente legitimos, Magno Maximo, no cixo Britania—Galias-Hispania, Valentiniano I, na Itdlia, e ‘Teoddsio, nos territérios orientais. De acordo com Maria Vitoria Escri- bano (1990, p. 260-262), houve, inclusive, um reconhecimento inicial da usurpagéo de Magno Maximo por parte dos outros dois imperatores, na medida em que o usurpador vitorioso contava com a aclamatio imperii das legides romanas dos territérios ocidentais, Portanto, parece evidente que a forea dos apoios politico-militares tinha uma efetividade real com relagio as construgdes tebricas ¢ legitimadoras (Frucnerto, 2004c, p. 41- 42). Assim, a aristocracia senatorial de origem romana fixada naquelas reas dominadas pelo usurpador Magno Maximo via nesse chefe militar de origem hispana o interlocutor de suas necessidades junto as cortes imperiais de Milio e Constantinopla. O rompimento dessa confianga comeca a parecer mais evidente a partir de 385, com a execugao de Prisciliano ¢ alguns de seus partidérios em Treveris, que poderiam, com muita probabilidade, ter conexdes clien- telares ¢ de parentesco com Teodésio (Escrisano, 1990, p. 267). Chama a alengao 0 total siléncio de importantes fontes, como Orésio e Z6zimo, sobre a questao priscilianista ¢ que pode ter relacio com a otimizacao de ‘Teoddsio como Princeps Christianus Sacratissimus, enquanto a tinica citagao dircta dos acontecimentos ¢ 0 relato de Sulpicio Severo que parece mostrar-nos a tentativa de Magno Maximo de buscar apoio ¢ reconhe- cimento para sua causa junto a Ambrésio de Milo (Pricerro, 2005b). Ora, nota-se, portanto, que a construgio ideoldgica da “monarquia ideal” nos primérdios da Antiguidade Tardia passava, necessariamente, pela unido dos elementos tedricos relacionados & tradigéo cléssica greco- Iatina e suas “novas” interpretacdes cristas, que visavam reforcar o poder politico e centralizador & volta do Imperator. Contudo, a forca dos poderes, Historia Revista, Goiania, v 11, n. 1, p. 161-177, jan./jun. 2006 de cunho regional, daquelas aristocracias de origem romana, que de nham significativo prestigio politico-militar em suas 4reas de estabele- cimento ¢ influéncia, surgia como contraponto da propasta de unidade imperial que seria enormemente potencializada com a chegada e fixacio nos territérios imperiais dos grupos migratérios de origem germanica no final do século [V. Essa “novidade” pode ser interpretada de duas formas: uma, mais tradicional, que langa sobre esses “novos” grupos migratérios a respon- sabilidade pelo enfraquecimento politico-institucional do Império Roma- no em sta Pars Occidentalis ¢ sua conseqitente desapari¢ao no final do século V; ¢ outra, que busca verificar a paulatina integragao entre os clas nobiliérquicos desses grupos recém-fixados com certos segmentos das aristocracias regionais de origem romana ¢ a tentativa dos primeiros de assumir uma posicéo de destaque ¢ substituicao da j4 fragil autoridade imperial (Frichetro, 2000; Roucut, 1979; Perez Sancuez, 1989). Dessa forma teros a primeira perspectiva como um exemplo tipico de ruptura, atualmente muito contestada por diversos segmentos histo- riograficos, enquanto a segunda perspectiva passa a idéia de que os ger- manos terminaram por adotar grande parte da tradigéo politico-insti- tucional do mundo imperial romano. Provavelmente é nessa linha inter- pretativa que aparece a afirmagio de Garcia Moreno (1989) da “vitéria” da monarquia na Antiguidade Tardia. Parece-nos certo que o historiador espanhal referia-se ao estabelecimento e a institucionalizagio entre os germanos da monarquia de tipo clissico, baseada na tradigio imperial romana. Vale recordar que Aelio Spartianus, em sua Vita Hadriaxi, integrada na Historia Augusta, revelava a intencao do Imperador Adria- no de levar a monarquia praticada entre os romanos aos germanos, para, com isso, integra-los ao Orbe civilizado greco-latino (Ael. Spart. Vit. Hadr., 12). Essa idéia demonstra a intensa relagdo entre romanos e germanos, apresentada igualmente por Ticito, do ponto de vista politico e cultural nas regides limitrofes do Império Romano.! Por outro lado, seguindo as observagdes legadas pelas fontes tardo-antigas de procedéncia greco- latina, essa perspectiva seria compartilhada pelos lideres clanicos de origem germanica, interessados na aproximagao ao ideal politico e civilizacional greco-latino que os incluiria como integrantes e participantes daquela tradi¢4o, Como recentemente indicamos (Fricterto, 2005¢), esse processo de adogdo de uma monarquia ao estilo imperial mais estavel pelos germanes foi lento ¢ paulatino, sendo o modelo hereditério legado por Ronan Frighetto: Politica e poder na Antiguidade Tardia... 167 168 Artigos Teoddsio um exemplo interessante ¢ que deixou marcas indeléveis para os futuros monarcas romano-germanicos. A recepgao da monarquia de tipo classico entre os germanos trouxe uma série de novas interpretacdes, que diferiam e muito da imagem “marcada” por Tacito na virada dos séculos I ¢ II de nossa era: de chefes guerreiros eleitos apenas em casos de guerra, para conduzir 0 povo em armas - grupos que na perspectiva classica viviam da guerra e de forma némade -, passaram a uma condigio de interlocutores entre seu povo ¢ as autoridades imperiais, bem como de responsaveis, na posigao de aliados do Império Romano, pela defesa de determinadas dreas nas quais foram estabelecidos e fixados por meio de pactos de federacao e auxilio - 0 foedus (Fricietto, 2002a) Em termos gerais, contemplamos aqui dois dos elementos basicos e constitutivos da nocdo de monarquia clissica: a autoridade reconhecida ¢ legitimada — em muitos casos, através da utilizacdo da forga sobre todo © grupo politico - ¢ 0 estabelecimento de certos limites territoriais para o exercicio do poder, ¢ que poderia ser extensivo a outras regides sob a forma de hegemon, através da relacio estreita entre membros das aristo- cracias regionais de origem romana ¢ os elementos da nobilitas germinica. Citaremos como exemplo 0 caso que melhor conhecemos, o visigodo, alertando para a possibilidade de que outros exemplos possam ser igual- mente enquadrados nesse mesmo panorama, mas sempre ressaltando as especificidades inerentes a cada caso e que terminam tornando-os seme- Thantes, porém nunca idénticos. Como sabemos, a relacdo entre romanos ¢ godos sempre esteve marcada por momentos de aproximagio, como nos relata Iulii Capitolini, na Vita Maximini Duo, ao referir-se as atividades comerciais existentes na fronteira da Trdcia (Jul, Cap., Max. Duo, 4), ou de conflitividade, como aqueles que culminaram com o estabelecimento do foedus de 332, no reinado de Constantino, e que foram narrados por Paulo Orésio2 Porém, chama-nos a atencao as informacées legadas na parte final do relato orosiano com respeito & sucesso dos reges visigodos que sugerem uma tentativa de mudanga na forma do exercicio do poder por parte dos eleitos para a fungdo régia, Enquanto a triade formada por Alarico, Ataulfo Sigerico aparece umicamente denominada com o epiteto “rei dos godos denotando ainda uma relagéo priméria entre o chefe militar ¢ seus guerreiros (Diaz Marrixzz, 1998), com Valia surge a expressdio regnum associada a sua efetiva escolha pelos godos, bem como ao estabelecimento das pazes entre godos e romanos (Or, Hist., VII, 43, 10; 43, 15). Histéria Revista, Goiénie, w 11, n. 1, p. 161-177, jan./jun. 2006 Hidécio complementa essa informagio ao mencionar que 0 foedus estabelecido em 416 foi firmado entre Valia e Constancio, magister militum nos territdrios ocidentais, sendo este a base da alianca entre godos e roma- nos que terminou por levar os primeiros a combater, em nome do Império Romano do Ocidente, os alanos ¢ os vandalos, nas areas ocidental ¢ sul de Hispania (Hid., Chron., a. 416; a. 417). Como conseqiéncia da atitude de Tealdade de Valia ¢ dos visigodos em relagéo a Constancio ¢ aos romanos, © relato de Hidacio informa que os godos “recebem terras na Aquitania, desde Toulouse até 0 occano” (Hid., Chron., a. 419). Ou seja, pela primeira vez os visigodos sao mencionados pelas fontes coevas como detentores do regaum, onde a delimitacao de um espaco territorial aparece como condigao sine qua non para sua existéncia? (Vatverps Castro, 2000, p. 46). ‘Além disso, vale destacar outro aspecto igualmente importante: os visigodos aparecem comparados aos proprios romanos, visto que desfru- tam do mesmo legado politico-institucional daqueles, sio detentores da monarquia classica e do seu exercicio sobre um reino espacialmente definido. Esse clo com a tradigio politica do passado imperial, a par com a condigdo de aliados do Império Romano Ocidental, retirava-Ihes parte da idéia pejorativa de pertenca a “barbatie”, na medida em que esse conceito sofreu uma intensa readequagio, entre os séculos IV e V, com a inclusio do Cristianismo niceno como diferenga fundamental entre a “barbaric” e o bindmio ciuilitas/christianitas (Prictierto, 2004a, p. 161-163). A insergao completa dos visigodos no orbe civilizado a partir da perspectiva classica, incluindo os elementos politicos e religiosos, deu-se, como sabemos, apés a conversio do Cristianismo ariano 20 niceno tealizada no [I] Concilio de Toledo de 589, no reinado de Recaredo. importante frisar que, mesmo durante 0 perfodo visigodo ariano - desde o século IV até a segunda metade do século VI -, a construcio da imagem modelar do monarca teve por base os elementos da tradigéo imperial romana que buscavam reforcar o carter centralizador do poder monér- quico, De fato, monarcas como Eurico ou Theudis sio apresentados como responsaveis pela criaco e formulacao de leis, funcdo que estava relacionada aos poderes inerentes do Imperator. Essas caracteristicas que colocavam o monarca como herdeire e, inclusive, parceiro do imperador foram acentuadas especialmente no reinado de Leovigildo (568-586), ultimo soberano ariano e primeito a ser definido como rei hispano-visigodo. De acordo com Isidoro de Sevilha, Leovigildo foi “o primeiro que se apresentou aos seus com 0 sélio, coberto pelo vestuario real” e que “em matéria legislativa corrigin tudo aquilo Renan Frighetto: Politica e poder na Antiguidade Tardia... 169 170 artigos que parecia ter ficado confusamente estabelecido por Eurico, agregando muitas leis estabelecidas e retirando as bastante supérfluas” (Isid., Hist. Goth., 51}. Tais elementos mostram a preocupacao dos monarcas visigo- dos arianos de seguir os modelos da monarquia e do exercicio do poder politico vinculados & tradicgao imperial romana ¢ as praticas imperiais em voga no Império Romano do Oriente. Denominadas com a expressiio Imitatio Imperii (Vatverne Castro, 2000}, essas praticas revelam a neces- sidade do soberano de se destacar dos demais nobres que 0 apoiavam ou que cram seus rivais mais diretos. Por isso, signos visiveis desse destaque do tei em relagdo aos membros da nobreza comecam a aparecer nas fontes, assim como as posturas ¢ as agdes do soberano mostram a Lentativa, tanto do ponto de vista tedrico como pratico, de situé-lo como primus super pares, rauito mais que a simples condigéo de primus inter pares. Além do vestuério especial e da promulgacio de cédigos e leis, 0 soberano visigodo aparece também como fundador de cidades e respon- sivel pela cunhagem de moeda (Diaz martnsr7, 1998), pela convocatoria de reunides conciliares do episcopado e pela condugao da guerra.’ Por certo que todos esses atributos podem ser canalizados na figura de Leovigildo, desvelando um proceso de centralizacio 4 volta da figura do rei que devia muito ao seu carater enérgico e aglutinador. H4 uma inequivoca tentativa de copiar e recuperar elementos que também faziam parte da tradicional imagem do poder imperial. Mas a par das construgbes tedricas, que apds Recaredo ganharam um forte tom sacro muito acorde com a imagem imperial construida por Lactancio, Eusébio de Cesérea, Ambrésio de Mildo ou Paulo Orésio, cra fundamental que o monarca fosse, como Constantino ou Teodésio, um vitorioso do ponto de vista politico-militar. Ao fim ¢ ao cabo, a vitoria possuia um amplo significado: © apoio divino, o talento do lider guerreiro, a forca do grupo nobilidrquico que 0 apoiara - todos os aspectos que remetem tanto ao proceso de coesao ¢ unificagio & volta do soberano como & tradigdo imperial romana, ou quem sabe, inclusive, a tradigao consular republicana, pois Cipido Emiliano, Pompeu ¢ César gozaram desses mesmos privilégios em scus momentos. Notamos, portanto, que, para dimensionar 0 efetivo alcance do poder politico exercido pelos monarcas hispano-visigodos do final do século VI ¢ de todo o século VIT, devemos levar em consideragao os aspectos pragmiticos das agdes realizadas pelos soberanos. Esses aspectos aparecem quase sempre vinculados as construgées tedricas que os colocavam como detentores das virtudes tradicionalmente pertencentes Historia Revista, Goiania, v. 11, n. 1, p. 161-177, Jan./jun. 2005 & wadicio imperial romana, Um caso emblemético para poder entender as dificuldades que ensejam a construgao teérica e a realidade pragmatica hos ¢ apresentado por Isidoro de Sevilha, quando de sua descri¢io do soberano Suinthila. Monarca apresentado de forma modelar na Historia Gothorum, detentor de todas as qualidades inerentes ao bom soberano, segundo a tradicao imperial romana, responsavel pela conclusio da obra de unidade politico-territorial iniciada por Leovigildo ao expulsar definitivamente os bizantinos da Hispania no ano de 624 (Isid., Hist. Goth., 62, 63, 64), Suinthila aparecerd de forma completamente inversa no canone 75 do IV Concilio de Toledo de 633, ocorrido dois anos apés a sua deposigao pela revolta nobiliérquica capitaneada pelo futuro rei Sisenando (FricHerro, 1997) ¢ presidido pelo bispo hispalense, ‘Uma contradicao que pode estar relacionada com o deterioramento das relagdes amistosas entre Suinthila e grande parte da nobreza hispano- visigoda ¢ que pode suscitar paralelismos com a deposigéo de Wamba em 680 (FRrIoHE?T0, 2004b, p. 247-251), embora sobre o primeiro tenha recaido a acusagdo de haver praticado atitudes tiranicas que acabaram por levar © soberano, sua esposa ¢ seus filhos 4 excomunhio ¢ & perda de todos os seus bens ¢ titulos (Conc. IV Tol, 2.633, ¢.75). Parece-nos certo afirmar que a vitdria militar ¢ politica de Sisenando levou os bispos reunidos na assembléia conciliar a encontrarem os caminhos legais para validarem e legitimarem uma atitude, a principio, tida como Urdnica. Porém, no momento em que Isidoro de Sevilha ¢ os demais representantes da nobreza eclesidstica hispano-visigoda apresentaram Suinthila como um auténtico tyrannus, langando sobre ele a responsabilidade por sua derrocada, pelo fato de ter realizado agdes contra o Gens Gothorum, ou seja, contra a nobreza hispano-visigoda como um todo. A velha maxima de Hordcio, adaptada por Isidoro de Sevilha em suas Etimologiarum, fazia-se mais que atual para este exemplo: “rei és se agires com retidao, se nao o fizeres, nao sers” (Isid., Etym., 1X, 3, 4). Scguindo essa mesma linha de pensamento, per motivos um pouco distintos, encontramos no final do século VIT outros indicios sugestivos da permanéncia de praticas e idéias tedricas e politicas que remontavam 4 tradigao imperial romana do periodo do principado. De fato, quando observamos o Tomum régio encaminhado pelo monarca Egica aos bispos reunidos no XV Concilio de Toledo de 688, notamos a sobrevivéncia do penisamento isidoriano na medida em que o soberano se queixa de ter sido obrigado a proclamar um duplo juramento ao seu sogro ¢ antecessor Ervigio, que poderia levé-lo a cometer um “crime de perjirio” (Cone. XV Renan Frighetto: Politica e poder na Antiguidade Tardia... m1 172 Artigos Tol., 2.688, Tomunt), atitude esta contréria aos preceitos virtuosos do bom soberano desde o perfodo imperial romano. Contudo, recentemente, apresentamos outro elemento que é indiretamente citado por Fgica, mas que pode ser visto como recuperagdo de praticas politicas comuns da época do principado (Fricnerro, 2005a): referimo-nosa pratica da Adoptio entre Ervigio e Egica, tendo em vista que o primeiro, ao que tudo indica, tinha descendéncia varonil ¢ nao possuia um grau de parentesco direto com o segundo. O teor existente no Tomum é muito sugestivo, pois refere-se a uma escolha dirigida do rei, contrariando a proposta isidoriana da electio entre os membros da nobreza. Claro que podemos pensar numa ampla negociagio entre os varios grupos clanicos da nobreza hispano-visigoda, que chegaram a um consenso em torno do nome de Egica, 0 que reforgaria a idéia da ampla forga politica e militar por ele reunida. Diante de uma posicdo politica mais fragilizada, vinculada provavelmente forma de sua ascensio apés o impedimentum de Wamba (FrictierTo, 2002b), Ervigio buscou a associagio com o grupo politico de Egica, visando 4 manutengio dos beneficios concedidos a seus familiares e aos seus figis mais préximos. Abandonando a pratica politica do consortium, bastante utilizada pelos soberanos hispano-visigodos desde Leovigildo e ao longo do século VII, na qual associava-se 0 filho como co-participe nas tarefas de adminis- tragdo do reino, Ervigio, mesmo que de forma esporadica, retomou uma forma de sucesso muito comum entre os imperadores do perfodo do principado. CoNCLUSOES PARCIAIS Os aspectos politicos relacionados ao exercicio do poder que apre- sentamos neste estudo representam uma infima parcela do vasto universo que definimos como Antiguidade Tardia. Ser4 que poderfamos apresenté- Ia sob o titulo de “Primeira Idade Média’? Com certeza sim, mas deveria- mos nesse caso mudar 0 nosso ponto de vista de uma forma mais ampla, menos segmentada, relacionada ao proceso da longa duragao histérica. Como observamos, muitos elementos do binémio politica-poder esta- vam diretamente relacionados com a tradig&o do pasado imperial, que servia como forca legitimadora para 0 desenvolvimento do exercicio do poder. Os soberanos tardo-antigos, visigodos ¢ hispano-visigodos eram apresentados de maneira tedrica com as virtudes e os modelos do mundo Historia Revista, Goiania, v. 11, n. 1, p. 161-177, jan./jun. 2006 classico imperial romano, além de agirem e desenvolverem uma postura politica também perceptivel naqueles modclos imperiais. Indubitavel- mente que tanto a teoria como a pratica politicas sofreram alteragGes em relagéo a sua matriz. classica primordial, pois o Cristianismo, niceno ou herético, adaptou-os aos novos tempos. Assim, notamos 0 estreito vinculo do Cristianismo com 0 Império Romano e toda a stia tradigéo politica, que seré legada, de forma perene, as monarquias romano-getmanicas tardo-antigas. Nessa linha de continuidades e permanencias das praticas politicas edo exercicio do poder, podemos afirmar a existéncia de ume Antigiidade ‘Tardia em termos metodoldgicos e didaticos, pois as fontes existentes entre os séculos Ill e VIII sustentam essa idéia, Até mesmo esses limites cronolégicos podem ser revistos, repensados e ampliados. Assim o sugere aafirmacao de Paulo Orésio ao indicar a passagem da quinta & sexta era, fazendo coincidir a ascenséo de Augusto com o nascimento de Cristo, uma nova etapa em que a Pax Augusta estaria relacionada ao advento do Cristianismo. Ai nasceria a relagéo entre o Império Romano e o Cristia- nismo, ou, segundo o texto orosiano, os Tempora Christiana.’ Novas perspectivas, novos olhares, sejam cles voltados 4 Antiguidade Tardia ou. 4 “Primeira Idade Média”. Pourics anp poweRIN Late ANTIQUITY: A POSSIBLE STUDY AnstRact: Late Antiquity or First Medieval Age? The present study intends to show, through an analysis of the aspects linked to the binomial concept of politics and power, the feasibility of the application of the concept “Late Antiquity” for the period of transition between the medieval and classical worlds, thatis, between the centuries fll and VIILAC. Ker worns: Late Antiquity, classical and imperial tradition, roman-germanic monarchies. Notas 1. A titulo de exemplo do ponto de vista politico, ver Tuc, Germ, 7; 14. 1. Em Pacato, a unidade politica do mundo imperial culminava na figura do imperador de origem hispana, enguanto, em Isidoro, a unidade politica do reino hispano- visigodo havia sido alcangada pelo vitorioso Suinthila. 2. Or, Hist. Adv Pag., VIT, 28; muito provavelmente soja esta também uma referencia feita por Zos., Hist., I, 34. 3, Definigdo claramente apresentada por Isid, Etym., IX, 3,2:“[..] Regnum universae nationes [...] locis inter sc ordinata atque distincta [ Renan Frighetio: Politica e poder na Antiguidade Tardia... 123 4 Artigos 4, Essas atituides sto apresentadas por Joan, Bic, Ohrone.,a.573,5a.574,25 a575,25 576,3,a.577,2;a 578.4; 2.580,2 5. Or, Hist. Adv. Pag, VI, 22, 9-10; na mesma perspectiva apresentada por Isid., Chrone., 85-86. REFERENCIAS A) Documentacao primaria impressa Ael. Spart., Vit. Hadr = Abtio Seaxtano, De Vite Hadrian. Introdugao, transerigao ¢ tradugio de David Magie, Historia Augusta Volume I - Loeb Classical Library, Cambridge, 1991. p. 2-81. Aur. Vie, De Caesaritus = Auaéito Victor, De Caesaribus, Introducao, traducao e notas de Emma Falque, Eutropio, Breviario. Aurelio Victor. Libro de los Gésares ~ Biblioieca Cidsica Gredos 261, Madrid, 1999. p. 187-252. 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