Resultado Bruto com Mercadorias, ou Resultado com Mercadorias é a diferença total entre
as Receitas obtidas pelas Vendas e o Custo dessas mercadorias que foram vendidas. Essa diferença
bruta não leva em consideração as demais Receitas e Despesas da empresa, como Receitas de Juros,
Despesas com Aluguéis, Salários, Impostos etc. Elas aparecem quando se deseja conhecer o
Resultado Líquido do Exercício.
O conhecimento desse Resultado Bruto é de grande importância para as empresas
comerciais que trabalham com Compra e Venda de Mercadorias; depois de apurado, adicionamos a
ele as demais Receitas, e dessa soma serão subtraídas as demais Despesas para se obter o Resultado
Líquido.
Poderíamos elaborar uma Demonstração de Resultados de forma dedutiva: se, por exemplo,
no fim do ano de 19X9, a Cia. A apresentasse os seguintes valores:
Se o Resultado Bruto for positivo, isto é, se as Vendas forem maiores do que o Custo das
Mercadorias Vendidas, teremos Lucro Bruto com Mercadorias, se for negativo, teremos Prejuízo
com Mercadorias.
No final, após computadas as demais Receitas e Despesas, será obtido o Resultado Líquido
do Exercício, que pode ser Lucro ou Prejuízo do Exercício.
2. Custo das Mercadorias Vendidas
No exemplo anterior, fornecemos o CMV como valor dado. De que forma foi apurado De
que maneira se pode calcular o valor do Custo das Mercadorias que vendemos? Basicamente,
existem dois sistemas:
No Inventário Permanente, que será exposto a seguir, pode-se utilizar uma Ficha de Controle
para se conhecer o saldo em Estoque. Mas no Periódico só é possível obter tal saldo com averiguação
das existências físicas.
3. Inventário Permanente
3.1 – Contabilização
Mercadorias
a Fornecedores (ou Caixa)
Dessa forma, após cada operação de venda e sua contabilização, teremos a conta de Vendas
atualizada, a de CMV com o total do custo acumulado até a data e a de Mercadorias refletindo o
valor exato do estoque. O encerramento se faz, normalmente, com a transferência das contas de
Vendas e CMV para Resultado.
Dia
01.06.X9 – Estoque inicial de Mercadorias (Ventiladores) de $ 10.000 – dez unidades compradas a
$ 1.000 cada uma;
02.06.X9 – Venda de seis unidades por $ 8.000;
10.06.X9 – Compra de quatro unidades a $ 1.000 cada uma;
23.06.X9 – Venda de seis unidades por $ 8.500.
Contabilização:
Em 02.06.X9 a) Caixa
a Vendas 8.000 (pelo valor da venda)
e
b) CMV
a Mercadorias 6.000 (pelo valor do custo) – ficha
Em 10.06.X9 c) Mercadorias
a Caixa 4.000
Em 23.06.X9 d) Caixa
a Vendas 8.500
e
e) CMV
a Mercadorias 6.000 (ficha)
Observação – O que importa é ter, a qualquer momento, o valor do CMV e estoque, sem que seja necessário
proceder ao levantamento físico. Para isso, basta consultar a Ficha de Estoque. Note que o lançamento da
baixa está efetuado no último dia do mês.
Devem ser analisadas todas as possibilidades de atribuição de valor, sempre com base no
custo (valor de aquisição). As principais são as que se acham relacionadas a seguir.
Com base nesse critério, daremos baixa no custo da seguinte maneira: o Primeiro que Entra
é o Primeiro que Sai (também conhecido por FIFO – first-in-first-out). Assim, à medida que
ocorrerem as vendas, vamos dando baixa a partir das primeiras compras, o que equivaleria ao
raciocínio de que vendemos primeiro as primeiras unidades compradas.
Exemplo: se tivermos um estoque inicial, em 01.09.X9, composto de 30 unidades de carros novos
(iguais), adquiridos por $ 40.000 cada um, num total de $ 1.200.000 e no mês ocorrerem as
seguintes movimentações:
02.09 – Compra de 10 unidades por $ 42.000 cada uma;
03.09 – Venda de 03 unidades por $ 50.000 cada uma;
04.09 – Venda de 28 unidades por $ 45.000 cada uma;
05.09 – Compra de 05 unidades por $ 41.000 cada uma;
06.09 – Venda de 10 unidades por $ 48.000 cada uma;
faremos com que a baixa de cada venda seja feita pelo preço de custo mais antigo em estoque (o
primeiro que entra é o primeiro que sai) (essa movimentação financeira não precisa estar atrelada ao
fluxo físico, se esses automóveis forem realmente iguais entre si):
Ficha de Controle de Estoque
Peps
Automóveis Novos
Entrada Saída Saldo
Data Valor Valor Valor
Quanti- Quanti- Quanti-
19x9 Unitário Total $ Unitário Total $ Unitário Total $
dade dade dade
$ $ $
1-9 30 40.000 1.200.000
2-9 30 40.000 1.200.000
10 42.000 420.000 10 42.000 420.000
3-9 3 40.000 120.000 27 42.000 1.080.000
10 42.000 420.000
4-9 27 40.000 1.080.00
1 42.000 0 9 42.000 378.000
42.000
5-9 9 42.000 378.000
5 41.000 205.000
5 41.000 205.000
6-9 9 42.000 378.000
1 41.000 41.000 4 41.000 164.000
Soma 15 625.000 41 1.661.00 4 41.000 164.000
0
O CMV total do período (01 a 06/09) será, portanto, de $ 1.661.000 e o valor do estoque, $
164.000.
Com base nesse critério teremos, sempre, um valor de estoque baseado nas compras mais
recentes e o do CMV nas mais antigas.
Pode-se fazer o contrário do sistema anterior, dando como custo o valor da última
mercadoria entrada; assim, a Última a Entrar é a Primeira a Sair – UEPS (ou LIFO, last-in-first-
out).
Usando a mesma movimentação do exemplo anterior, teríamos:
O CMV será, agora, de $ 1.665.000, e o valor do estoque final $ 160.000. O CMV estará
baseado nas compras mais recentes, e o estoque final nas mais antigas.
Para evitar o controle de preços por lotes, como nos métodos anteriores e para fugir aos
extremos, existe a possibilidade de se dar como custo o valor médio das compras. Esse valor médio
é bastante alto em sentido, pois pode ser a média das compras do período ou do último mês etc. O
mais utilizado, entretanto, e mais lógico também, é o valor médio do custo existente. Chama-se
Ponderada Móvel, pois o valor médio de cada unidade em estoque altera-se pela compra de outras
unidades por um preço diferente. Assim, ele se calculado dividindo-se o custo total do estoque pelas
unidades existentes.
Fazendo-se o controle por esse critério da movimentação, já utilizado para exemplo,
teremos:
Vemos assim que, se três empresas tivessem adquirido mercadorias nas mesmas qualidades,
pelos mesmos preços, e vendido nas mesmas condições, suas situações reais seriam as mesmas,
com a mesma quantidade de estoque, porém suas demonstrações financeiras seriam diferentes,
porque usaram critérios também diferentes, embora todos se baseassem no custo de aquisição.
Critérios diferentes levam a valores de estoque e resultados líquidos também diferentes.
6. Inventário Periódico
Se tivéssemos feito uma compra total no período, de $ 123.000, essa conta apresentaria o saldo com
esta importância.
Quando procedemos à venda, lançamos a operação por seu valor total de venda; assim:
Clientes (ou Caixa)
a Vendas
Se o total de vendas do período fosse de $ 98.000, seria esse o saldo dessa conta ao final do período.
A conta Mercadorias permanece intacta durante o período e seu saldo, depois da primeira
compra ou venda, já não representa o valor do estoque existente; continuará com o valor do estoque
de Mercadorias encontrado por ocasião do último Inventário realizado.
Para apurarmos não algebricamente, mas de forma contábil, o valor do CMV, basta
transferirmos para uma conta adequada, que vamos chamar de Custo de Mercadorias Vendidas, os
três valores que o compõem.
Assim, serão transferidos, a seu Débito, os valores do Estoque Inicial e das Compras e, a
seu Crédito, os do Estoque Final.
CMV = EI + C - EF
(Débito) (Débito) (Crédito)
É lógico que não existem as contas chamadas Estoque Inicial e Final; estes são valores da
conta de Mercadorias, quando referentes ao início ou ao fim do período. Assim, os lançamentos
para apuração do CMV ficarão:
e
Mercadorias
a Custo das Mercadorias Vendidas (pelo valor do estoque final)
Os saldos de tais contas de Devoluções e Abatimentos, no fim do período, serão jogados contra o
saldo de Vendas, para apuração do valor das Vendas Líquidas:
Vendas
a Diversos
a Devolução de Vendas
a Abatimento sobre Vendas
No Abatimento:
Caixa (ou Fornecedores)
a Abatimentos sobre Compras
No final do mês ou do período, os saldos de tais contas serão lançados na de Compras, se estiver
utilizando o Inventário Periódico, ou na de Mercadorias, se estiver usando o Inventário Permanente.
No Periódico:
Diversos
a Compras
Devoluções de Compras
Abatimentos sobre Compras
No Permanente:
Diversos
a Mercadorias
Devolução de Compras
Abatimento sobre Compras
O custo real de uma mercadoria adquirida não é somente o constante da nota fiscal, mas o
resultante da soma deste com todos os gastos necessários para a colocação do produto em condições
de venda. Normalmente, serão os custos de fretes os que aparecerão com maior freqüência.
Seu registro é feito, normalmente, a débito de conta própria.
No caso, entretanto, de Despesas com Transportes nas Vendas, devem ser lançadas como
despesas normais do período, a serem computadas na apuração do resultado líquido.
No Comprador:
Fornecedores
a Diversos
a Caixa 9.500
a Descontos Financeiros Obtidos 500 10.000
No Vendedor
Diversos
a Clientes
Caixa 9.500
Descontos Financeiros Concedidos 500 10.000
Devem ser abertas contas especiais para Descontos Financeiros Obtidos e Concedidos.
Quanto ao tratamento para elas, há grandes divergências. Muitos autores deduzem tais descontos
dos valores de Vendas e de Compras, exatamente como fizemos com Devoluções, Abatimentos e
Descontos Comerciais.
Normalmente, todavia, seus saldos são transferidos diretamente para a conta de Resultado,
e a demonstração dedutiva ficará:
Vendas $ 10.000
(-) Custo das Mercadorias Vendidas $ 7.000
Lucro Bruto $ 3.000
(+) Descontos Financeiros Obtidos $ 340
Soma $ 3.340
(-) Descontos Financeiros Concedidos $ (50)
(-) Despesas Diversas $ (190)
Lucro Líquido $ 3.100
Exercício Resolvido
Sabendo que o Estoque Final de Mercadorias foi avaliado em $ 3.500 e que o Inicial era de $ 4.000:
a) fazer os lançamentos dos livros Diário e Razão das operações do mês (usando as três contas
básicas);
b) idem com relação aos ajustes e encerramento;
c) elaborar a Demonstração de Resultado de forma dedutiva.
Solução:
Salvador, 01 de outubro de 20X0
Compras
a Caixa 6.500
- 02 –
Clientes
a Vendas 8.000
- 05 –
Devolução de Vendas
a Clientes 1.200
- 06 –
Compras
a Fornecedores 8.000
- 07 –
Fornecedores
a Devolução de Compras 500
- 08 –
Fornecedores
a Abatimentos sobre Compras 800
- 09 –
Clientes
a Vendas 6.000
- 10 –
Fretes sobre Compras
a Caixa 1.000
- 15 –
Fornecedores
a Diversos
a Caixa 6.365
a Descontos Financeiros Obtidos 335 6.700
- 20 –
Abatimentos sobre Vendas
a Clientes 1.000
- 22 –
Diversos
a Clientes
Caixa 4.820
Descontos Financeiros Concedidos 180 5.000
- 30 –
Despesas Diversas
a Caixa 1.500
AJUSTES
- 30 –
Custo das Mercadorias Vendidas
a Diversos
a Mercadorias (EI) 4.000
a Compras 14.500 18.500
- 30 –
Diversos
a Custo das Mercadorias Vendidas
Devoluções sobre Compras 500
Adiantamentos sobre Compras 800 1.300
- 30 –
Custo das Mercadorias Vendidas
a Fretes sobre Compras 1.000
- 30 –
Mercadorias - EF
a Custo das Mercadorias Vendidas 3.500
ENCERRAMENT O
- 30 –
Resultado
a Custo das Mercadorias Vendidas 14.700
- 30 –
Vendas
a Resultado 14.000
- 30 –
Resultado
a Diversos
a Devolução sobre Venda 1.200
a Abatimentos sobre Vendas 1.000 2.200
- 30 –
Resultado
a Diversos
a Despesas Diversas 1.500
a Descontos Financeiros Concedidos 180 1.680
- 30 –
Descontos Financeiros Obtidos
a Resultado 335
08. Em termos de lucratividade, qual sistema (PEPS, UEPS e média ponderada) apura o maior
lucro ?
09. Qual o sistema de apuração de custos que não é aceito pelo fisco e porquê?
12. Como são tratados os descontos comerciais sob o ponto de vista do comprador e do vendedor?
14. Do ponto de vista de quem concede e de quem recebe, como podemos contabilizar os Descontos
Financeiros? Dê Exemplos.