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O documento descreve a ação civil ex delicto, que visa a reparação de danos decorrentes de ilícitos penais. Apresenta detalhes sobre sua natureza jurídica, legitimidade ativa, competência, prescrição e influência da sentença penal no processo civil. Explica que a ação busca indenizar a vítima pelos danos materiais ou morais causados por um crime.
O documento descreve a ação civil ex delicto, que visa a reparação de danos decorrentes de ilícitos penais. Apresenta detalhes sobre sua natureza jurídica, legitimidade ativa, competência, prescrição e influência da sentença penal no processo civil. Explica que a ação busca indenizar a vítima pelos danos materiais ou morais causados por um crime.
O documento descreve a ação civil ex delicto, que visa a reparação de danos decorrentes de ilícitos penais. Apresenta detalhes sobre sua natureza jurídica, legitimidade ativa, competência, prescrição e influência da sentença penal no processo civil. Explica que a ação busca indenizar a vítima pelos danos materiais ou morais causados por um crime.
Ao civil ex delitcto a ao que visa a reparao de um dano, quer
seja material ou moral, o qual decorre de um ilcito penal cujo objeto uma sentena penal condenatria transitada em julgado, ou seja, um ttulo executivo judicial, proposta contra o agente causador do dano ou contra quem a lei civil apontar como indenizador. Segundo Guilherme de Souza Nucci, Trata-se de ao ajuizada pelo ofendido, na esfera cvel, para obter indenizao pelo dano causado pelo crime, quando existente.
Logo, esta ao s tem cabimento em hipteses em que a infrao
penal tambm atingir a esfera da responsabilidade civil. A exemplo de infraes penais que no atrairiam a responsabilidade civil e, portanto, no seria passvel da Ao Civil ex delicto, temos os crimes de perigo.
Quanto natureza jurdica, no restam dvidas se tratar de uma ao,
visto que esta cria uma nova relao jurdica, distinta da ao penal, visto que h novo pedido e nova causa de pedir, embora possa ter ou no as mesmas partes.
O Cdigo Penal prev em seu artigo 91, inciso I que:
Art. 91. So efeitos da condenao:
I tornar certa a obrigao de indenizar o dano causado pelo crime;
A legislao, inclusive, incentiva a reparao dos danos ao ofendido ao
conceder uma srie de benefcios ao agente, como o caso da causa de diminuio da pena quando o agente repara o dano ou restitua a coisa ao ofendido, conforme o artigo 16 do Cdigo Penal; a atenuante genrica em virtude da reparao do dano, conforme o artigo 65, inciso III, alnea b, do Cdigo Penal; a substituio das condies genricas da suspenso condicional da pena por condies especficas, conforme artigo 78, 2, do Cdigo Penal; a reparao do dano como condio para a concesso do livramento condicional, salvo impossibilidade efetiva, conforme artigo 83, IV, do Cdigo Penal; a condio para a reabilitao, conforme artigo 94, III, do Cdigo Penal e at mesmo a extino de punibilidade no caso de peculato culposo, quando o dano ressarcido conforme artigo 312, 3, do Cdigo Penal.
J o Cdigo de Processo Penal prev meios mais eficazes vtima para
buscar a reparao do dano, alm de prever a possibilidade do uso das medidas cautelares de sequestro, busca e apreenso, arresto ou mesmo o uso da hipoteca legal.
Os artigos 63 e 64 do Cdigo de Processo Penal utilizam apenas o
termos reparao e ressarcimento, no entanto a satisfao do dano ocasionado pode ocorrer de quatro formas diferentes, so elas:
Restituio: a espcie mais simples de reparao e consiste na restituio
da coisa, caso a leso do bem jurdico tenha sido a provao da coisa, como no crime de furto, por exemplo.
Ressarcimento: para Hlio Tornaghi, consiste no pagamento do dano
patrimonial, de todo o dano, isto , do prejuzo emergente e do lucro cessante, do principal e dos frutos que lhe adviriam com o tempo e com o empregado da coisa.
Reparao: cabvel quando o dano no for passvel de ressarcimento em
espcie, ou seja, quando no puder ser estimado em dinheiro, por sua natureza no patrimonial, com o intuito de confortar a dor sofrida pelo ofendido, exemplo disso seriam os crimes contra a honra.
Indenizao: o meio de compensao por dano causado por ato ilcito
praticado pelo Estado. Como exemplo, podemos citar a absolvio em reviso, em que o Estado tem o dever de indenizar o interessado pelos danos sofridos.
Apesar da diferena etimolgica dos termos, tanto a legislao
infraconstitucional quanto a prpria Constituio Federal ignoram estas diferenas, definindo como indenizao, de forma genrica, qualquer pedido reparatrio.
Influncia da sentena penal no juzo cvel
O ordenamento jurdico brasileiro preza pela separao independncia da jurisdio, ou seja, em regra as decises nas esferas civil, penal, trabalhista, etc, no interferem umas nas outras. No entanto, uma vez que a jurisdio civil se satisfaz com a verdade formal ao passo que a jurisdio penal busca alcanar a verdade real, esta prevalece sobre a jurisdio civil a fim de evitar decises conflitantes resguardando, assim, a segurana jurdica. Esta prevalncia se mostra mais evidente pela leitura do artigo 64 do Cdigo de Processo Penal quando, em seu pargrafo nico, dispe que intentada a ao penal, o juiz da ao civil poder suspender o curso desta, at o julgamento definitivo daquela.
H divergncia doutrinria em relao ao vocbulo poder no citado
artigo, visto que alguns doutrinadores entendem se tratar, na verdade, de um verdadeiro dever de sobrestar o processo civil por parte do juiz, ao passo que outros, como Eugnio Pacelli, por exemplo, entendem tratar de poder discricionrio do juiz, o qual proceder ao sobrestamento aps um juzo de convenincia e oportunidade.
Contudo, apesar do prestgio dado pelo ordenamento jurdico brasileiro
separao da jurisdio, a deciso na justia penal pode influenciar a justia cvel em alguns casos.
Caso ocorra sentena penal condenatria com trnsito em julgado, tal
deciso influenciar na esfera cvel, podendo ser exequvel em tal jurisdio, em que no mais se discutir o que se deve, mas sim o quanto se deve. Tambm nos casos de absolvio do ru, a depender do fundamento, esta pode ou no impedir a propositura da ao civil ex delicto.
So hipteses que NO IMPEDEM a ao civil ex delicto:
a) o despacho de arquivamento do inqurito ou das peas de informao;
b) a deciso que julgar extinta a punibilidade;
c) a sentena absolutria que decidir que o fato imputado no constitui crime;
d) a sentena absolutria por insuficincia de provas;
e) a sentena absolutria em face de causa excludente de culpabilidade.
So hipteses que IMPEDEM a ao civil ex delicto:
a) quando o juiz criminal reconhecer a inexistncia do fato;
b) quando o juiz criminal reconhecer que o sujeito no participou do fato;
c) quando o juiz criminal reconhecer uma causa excludente da ilicitude.
Legitimidade Ativa
O artigo 63 do Cdigo de Processo Civil deixa claro que a ao civil ex
delicto pode ser proposta pelo ofendido, seus representantes legais ou seus herdeiros.
O artigo 68 do mesmo diploma legal dispe que, quando a vtima for
hipossuficiente, a execuo ou a propositura da ao civil ser promovida pelo Ministrio Pblico a requerimento da vtima. No entanto, com o advento da Constituio Federal de 1988, foi criada a Defensoria Pblica, a qual tinha como finalidade defender e orientar juridicamente os interesses das pessoas que possuem baixa renda. Logo, criou-se uma dvida sobre quem seria o legitimado a propor a ao civil quando se tratasse de vtima hipossuficiente.
A questo foi decidida pelo Supremo Tribunal Federal, no RE 147.776-
SP, 1a Turma, de relatoria do Ministro Seplveda Pertence, em 1998. No acrdo restou decidido que, nas localidades em que surgir a Defensoria Pblica, cessar para o Ministrio Pblico a legitimidade para a propositura da ao civil ex delicto em nome das pessoas de baixa renda.
Competncia
A competncia, quando o ttulo executivo for sentena penal
condenatria, conforme previso do art. 575, IV, do CPC, do juzo cvel, devendo ser observada as regras dos artigos 100, pargrafo nico, 575, inciso IV, 275 e inciso I do mesmo artigo, todos do Cdigo de Processo Civil. notvel que a execuo civil da sentena penal condenatria foi desvinculada do juzo penal, por bvio, em razo da separao da jurisdio e da competncia em razo da matria.
Prescrio
Em relao a prescrio da ao penal, esta no gera reflexos na ao
civil ex delicto, em razo da independncia entre ambas. Logo, O fato de um delito penal encontrar-se prescrito, no mais podendo ser este objeto de apreciao e condenao pelo juzo criminal, no obsta o fato de a vtima, ou de seu representante legal ou herdeiros, poderem intentar, sem sede de juzo civil, ao reparatria dos danos ocasionados pelo delito penal.
No entanto, h, tambm, a prescrio para a propositura da prpria ao
civil reparatria, seja para a execuo da sentena penal condenatria, seja para a propositura da ao em sede de processo de conhecimento. A prescrio, neste caso, rege-se pelo art. 206, 3, inciso V, do Cdigo Civil, onde dispe que prescreve em trs anos a pretenso da reparao civil.
O incio da contagem do prazo respeita o artigo 189 do Cdigo Civil,
onde se dispe que violado o direito, nasce para o titular a pretenso, a qual se extingue, pela prescrio, nos prazos que aludem os arts. 205 e 206, logo, o incio da contagem se d a partir da violao do direito.
Nota-se que, diferentemente do processo penal, onde h diferentes
prazos prescricionais a depender do delito praticado, o prazo para a propositura da ao ex delicto nico, independentemente do delito que gerou o dano e a obrigao de repar-lo.
Ademais, o Cdigo Civil, em seu artigo 200, determina a suspenso do
prazo prescricional quando houver pendncia da ao penal.
Concluso
Em regra, o direito brasileiro preza pela separao da jurisdio,
deixando de forma clara e determinada a competncia de cada juzo a depender da matria, lugar, pessoa ou funo. No entanto, diversos ilcitos penais podem acarretar prejuzos na esfera civil e no apenas na esfera penal, portanto, a fim de fazer valer o direito como um todo, no s a punio pelo cometimento de infrao penal recai sobre a pessoa do agente, como tambm os reflexos de suas aes na esfera civil acarretam responsabilidade patrimonial do mesmo.
Nesse cenrio, a ao civil ex delicto se presta a alcanar a reparao
dos danos causados pelo autor de infraes penais, tornando-se um mecanismo eficiente na concretizao de direitos e no acesso justia, que se opera no mbito civil.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Proc Penal e Execuo Penal. 8
edio, revisada, atualizada e ampliada. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.