Histórico da cláusula 4ª
A cláusula 4ª é um passivo trabalhista que tramita há mais de 20 anos na Justiça
e diversos julgamentos já foram realizados. A ação encontra-se atualmente no Supremo
Tribunal Federal e cerca de 15 mil trabalhadores de diversas empresas do polo de
Camaçari têm direito ao passivo. Há muitos anos o Sindicato vem realizando
mobilizações e grandes assembleias pelo pagamento da cláusula 4ª.
A história da cláusula quarta começa em 1989. A Convenção Coletiva dos
trabalhadores químicos foi ratificada pelo antigo SINDIQUÍMICA e pelo SINPER
(Sindicato patronal). Nesta convenção, a CLÁUSULA 4ª determinava que “na ausência
de Lei que discipline os reajustes salariais, as empresas teriam que corrigir os salários
de seus funcionários, no percentual correspondente a 90% do Índice de Preço ao
Consumidor (IPC) do mês anterior, ou outro índice oficial que viesse a substituí-lo,
complementando a diferença entre a correção monetária e o índice acumulado, sempre
que o resíduo atingisse os 15%”. Ainda deixava claro que “as empresas teriam de
manter a política convencionada nesta cláusula na hipótese de nova lei que introduza
política salarial menos favorável”.
O Direito
Ocorre que a cláusula só foi cumprida até março de 1990, quando o então
presidente Fernando Collor de Mello tentou barrar a inflação, como anunciou com um
único golpe, o famoso Hipon (lembrando um golpe de judô). O tom tragicômico do ato
está no fato de que tal manobra foi favorável apenas para o patronato; pois, no mês
anterior a este fato, a inflação chegou a 84.32%, o que implicaria no reajuste mínimo a
ser concedido, gravitando em torno de 75.88%. Acontece que, para o desespero da
categoria, o famigerado reajuste não foi repassado. Então, a cláusula 4ª é a dívida, com
juros e correção monetária, que os empresários têm com os trabalhadores (que
laboravam naquelas empresas quando do descumprimento da convenção); dívida esta,
que envolve cerca de 20 mil trabalhadores da categoria.
A ação
A partir do ano de 1990, o antigo SINDIQUÍMICA, hoje Sindicato dos
Químicos/Petroleiros (BA), mobilizou-se para que as empresas cumprissem a
Convenção, entrando com uma ação junto à Justiça Trabalhista, para que fosse
garantido o direito do trabalhador.
O processo
Atualmente, a ação está tramitando no STF (Superior Tribunal Federal),
esperando julgamento que determinará o termo final da questão. “Não se pode alterar
um contrato em vigor principalmente prejudicando a parte mais fraca, até porque não
era aumento e sim reajuste de salário. Não podemos transformar a Constituição em
documento lírico”. Essa frase foi proferida pelo Ministro do STF, Marco Aurélio,
quando do julgamento da Cláusula 4ª pela Segunda Turma.