Anda di halaman 1dari 6

Foi algo que você comeu?

NEUROCIÊNCIA

Suzana Herculano-Houzel

Meu avô era médico e, entre sabedorias variadas e a capacidade


de nos adivinhar doentes com um olhar, tinha um truque infalível
para descobrir o que tinha nos feito mal: perguntava o que menos
gostaríamos de comer naquela hora, aquilo cuja simples idéia já
nos deixava enjoadas ("ovo de Páscoa de chocolate crocante com
morango", respondi uma vez, com engulhos). Ele estava aplicando
o que não sabia ser neurociência pura: a memória dos nossos
estados fisiológicos, monitorados e registrados em permanência por
uma parte do córtex chamada ínsula.

A ínsula, uma ilha de córtex abaixo da superfície do cérebro, ganha


cada vez mais atenção por seu papel na representação dos estados
internos do corpo, tanto aqueles que associamos a emoções e a
acontecimentos externos – um aperto no peito de apreensão, os
músculos crispados de tensão – quanto aqueles que informam
sobre as vísceras. Dor de barriga, enjôo, dor de cabeça e todos os
mal-estares que resultam de alterações indesejáveis no corpo são
trazidos à atenção do restante do cérebro pela ínsula, que recebe
das vísceras informações sobre o estado destas e permite que se
tomem as providências adequadas.

Além de sinalizar quando algo não vai bem no corpo, a ínsula é


capaz de associar à sensação física um registro da sua causa. Se o
chocolate fica mal digerido no estômago, seus odores podem ser
detectados no ar exalado e levados ao conhecimento da ínsula, que
os associa ao mal-estar. Feita a associação, basta o cheiro de mais
chocolate, ou a simples idéia dele, para evocar na ínsula... mais
mal-estar.

Para que tanto mal-estar? Para nos manter à distância do que fez
mal, oras, tanto durante o enjôo quanto depois dele. Ratos de
laboratórios privados de suas ínsulas perdem a capacidade de
evitar água com drogas enjoativas e bebem à vontade, intoxicando-
se. Com uma ínsula normal, o primeiro enjôo costuma bastar. Ainda
bem: em um mundo sem rótulos, é fundamental que quem
sobreviver a uma refeição tóxica ou estragada recuse provar dela
uma segunda vez.

Por isso, não como mais goiabas. Nada contra a fruta, e talvez eu
pudesse comê-la hoje impunemente. Mas passei tão mal por causa
de uma quando criança que meu cérebro resolveu me manter longe
delas. Não preciso nem me preocupar em ficar conscientemente à
distância: minha ínsula faz isso por mim até hoje.

SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista, professora da


UFRJ, autora do livro "Fique de Bem com o Seu Cérebro" (Editora
Sextante) e do site O Cérebro Nosso de Cada Dia

(www.cerebronosso.bio.br)

suzanahh@folhasp.com.br

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0805200807.htm

-----------------------------

Livros publicados: SHH

 neurocientista: SUZANA HERCULANO-HOUZEL

Fique de bem com o seu cérebro (2007)


Por que o bocejo é contagioso? (2007)
O Cérebro em Transformação (2005)
Sexo, Drogas, Rock'n'Roll & Chocolate (2003)
O Cérebro Nosso de Cada Dia (2002)

Fique de bem com seu cérebro


Suzana Herculano-Houzel
Editora Sextante, 2007
208 p., R$ 19,90

Este livro foi escrito para quem deseja alcançar o bem-estar e torná-
lo algo cada vez mais intenso e freqüente em sua vida. Suzana
Herculano-Houzel mostra o melhor caminho para a conquista desse
objetivo: ficar de bem com o próprio cérebro, isto é, cuidar para que
ele funcione da melhor maneira possível − sempre.
Aqui você conhecerá uma série de descobertas recentes da
neurociência e saberá de que modo elas podem ajudar você a
manter o cérebro saudável. Com um texto claro e cativante, a
autora apresenta uma abordagem prática desse assunto, com dicas
que estimularão você a arregaçar as mangas e se dedicar a obter
mais paz e felicidade no dia-a-dia.
Cada um dos 15 capítulos deste livro contém informações a
respeito de um aspecto relacionado ao bem-estar. Entre outras
coisas, você aprenderá que é essencial:

- Cuidar bem da sua saúde física − o cérebro precisa do corpo.


- Identificar e cultivar os seus prazeres − eles são a base do bem-
estar.
- Ouvir as suas emoções − elas são imprescindíveis para as boas
decisões.
- Sorrir e buscar a felicidade − ela torna o corpo mais saudável.
- Saber a diferença entre tristeza e depressão − para respeitar a
primeira e tratar a segunda.
- Tirar proveito do estresse agudo − é surpreendente, mas ele tem
efeitos benéficos.
- Lidar com a ansiedade − em doses saudáveis, ela é uma benção.
- Fazer as pazes com os remédios − às vezes os medicamentos
são realmente necessários.
- Combater o estresse crônico − um vilão causador de muitos males
físicos e mentais.
- Exercitar-se regularmente − isso pode funcionar como um "exilir
da juventude".
- Dormir bem e bastante − descubra a importância das sonecas
para o cérebro.
- Cultivar os relacionamentos − o isolamento é um fator intenso de
estresse social.

--------------------

Por que o bocejo é contagioso?

e outras curiosidades da neurociência do cotidiano


Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2007

Há perguntas que nós fazemos todos os dias e, mesmo assim,


nunca conseguimos responder: por que sentimos medo de filmes de
terror? Por que suamos frio? Por que comer chocolate é tão bom?
Por que fui contar aquele segredo? O que não desconfiamos é que
as respostas para todas estas questões estão na neurociência.

Em Por que o Bocejo é Contagioso?, a neurocientista Suzana


Herculano-Houzel responde a 80 dessas perguntas que tanto nos
intrigam no cotidiano. Tudo isso de um modo simples, fácil de
entender e, ao mesmo tempo, de acordo com as pesquisas mais
recentes em sua área. A publicação inaugura ainda a série Ciência
da Vida Comum, nova coleção de divulgação científica da Zahar,
que apresenta para o leitor as aplicações da ciência e da tecnologia
em nossas vidas cotidianas.

--------------------

Cérebro em Transformação
Ed. Objetiva, 2005.

Cabeça de adolescente é um mistério: tédio, paixão, bobeira,


ansiedade, e muita, muita irresponsabilidade. Em O Cérebro em
Transformação, da neurocientista Suzana Herculano Houzel, você
vai descobrir que nem só de hormônio vive a adolescência. Na
verdade, tudo o que ocorre entre os 11 e os 18 anos é fruto de uma
grande revolução química e neurológica. Daí as súbitas mudanças
de humor, as inúmeras questões, a insegurança.
Numa abordagem original, Suzana Herculano revela que a
adolescência é um período necessário e desejável da vida. O que
acontece então na cabeça do adolescente é muito mais do que uma
simples enxurrada hormonal. Seu comportamento é fruto de um
cérebro adolescente, que passa por uma grande reformulação.

--------------------

Sexo, Drogas, Rock'n'Roll... & Chocolate

O Cérebro e os prazeres da vida cotidiana


Vieira & Lent Casa Editorial, Rio de Janeiro, 2003. 2a edição.

O que nos faz querer mais? Por que tudo o que envolve sexo,
música, comida e drogas dá prazer? O que todos os prazeres
cotidianos têm em comum? Respostas a essas e outras perguntas
você encontra neste livro, escrito em linguagem acessível e bem-
humorada.

--------------------

O Cérebro Nosso de Cada Dia

Descobertas da neurociência sobre a vida cotidiana


Vieira & Lent Casa Editorial, Rio de Janeiro, 2002. 8a edição.

A neurociência é o conjunto de áreas da ciência que se interessam


pelo sistema nervoso: como ele funciona, se desenvolve, evolui, é
alterado por substâncias químicas, e como resultado disso tudo
produz a mente e os comportamentos. Neste, que foi o primeiro
livro da neurocientista Suzana Herculano-Houzel, você descobre
como a neurociência explica vários aspectos da vida cotidiana, da
dificuldade de lembrar dos sonhos às vantagens cognitivas das
mães, passando pela razão da falta de originalidade da ficção
científica e pela descoberta intrigante das falsas memórias. Um livro
escrito em linguagem ágil, acessível e bem-humorada, para o leitor
não-especialista curioso com o que traz dentro da própria cabeça.

Anda mungkin juga menyukai