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Desde 1996, a miisica recuperou seu status de disciplina educational e voltou a estar presente nas escolas. No entanto, apés trés décadas de auséncia, perdeu-se a tradi¢ao da educagio musical. Por isso, além de oportuno, é necessério repensar os mo- dos de implantagio de seu ensino e de sua pritica, Essa é a pro- posta de Marisa Trench de Oliveira Fonterrada neste instigante De tramas e fios: um ensaio sobre miisica e educacéo, Como ponto de partida, Fonterrada considera o quanto a educagio musical decorre de hébitos, valores, condutas e vis6es cde mundo da sociedade a cada época, Entretanto, deixa claro que a miisica é uma parte necessaria, e no petiféri, da cultura hu- mana, merecendo ocupar um lugar proeminente no sistema edu- cacional. Em face disso, defende a necessidade de combater vigo- rosamente a indigéncia cultural a que a escola esta submetida e de reconhecer a relevancia das artes e, particularmente, da mi- sica, no processo educativo. De tramas e fios 176 MARISA TRENCH DE OLVEIRA FONTERRADA, de uma rede de relagdes, e & desse modo que se constroem 0 conhe- ‘Gmentoea experitncia do sujeito. oque esti sendo enfatizado aqui é uma visio de educagio musical endo lum método de ensino de misica. Na verdade, esta é uma dea em que ‘0s métodos devem ser esquecidos, porque sio a antitese da mente cria- iando se descobre que se inventou um sistema para o ensino da ir dele! (Paynter, 1992, p.30) composigdo, entdo €o momento de des Boris Porena Da Italia, na década de 1960, surgem as propostas de um miisico «quase desconhecido entre nés, mas nem porisso menos importante, Boris Porena. Como nas propostas anteriores, os procedimentos su- geridos por Porena apontam para o desenvolvimento de umaescuta idade de professor ¢ aluno, Nao se trata de um método, mas de uma col ténea de propostas, pensadas para um ou varios instrumentos, can- to, orquestra, em que o foco da abordagem do fenémeno musical £0 procedimento kidico, como, aliés, o titulo de seu livro sugere: Kinder- musik (miisica para criangas]. Porena dé poucas explicagdes de sua proposta, mas apresenta um vasto material, agrupado de acordo com diferentes tépicos e graus de dificuldade bastante variados, Para o autor, o professoré a chave para a aplicagdo de suas idéias, pois as propostas exigem dele uma cons- tante atitude criativa, ¢ os textos, mediagio. ‘A maior parte dos textos contidos em Kindermusik, tanto os cons- tituidos por palavras quanto os constituidos por notas musicais, no podem ser transmitidos da maneira que esto, necessitando de me- diacdo, que inclui, entre outras [fungées), a “tradugo” dos textos numa linguagem mais adequada ao grau de desenvolvimento geral ¢ especifico, individual ecoletivo dos destinatirios (Porena,s.d.,p.124), A idéia de mediagao defendida por Porena aponta para a neces- sidade de formagio e paz de assumir a res inhada musica contemporiinea eoestimulo cri rcifica do professor de miisica, s6 assim, ca idade a ele conferida por Porena: a de oe TRAMASEFIOS «177 * , capaz de responder pela execu do projeto. Para conhe- hor a proposta de Porena, o sumério de Kindermusik pode ser sclucidativo do que qualquer explicagio: jos adois sis/consoantes Dez materiais para mais de dois executantes Dez coordenagses Dez encontros de percussio com ou sem intervengdes estranhas Dez utilizagdes heterodoxas Dez projetos ambiciosos Assessdes sio separadas umas das outras por interkidios: Interlidio I Seis exereicios p Dez exercicios ito exercicios para a conquista progressiva do espago cromitico a conquista progressiva do espace diatonico Interliidio I1~ para quatro ou seis flautas doves ¢ instrumento com trastes ick[O cuco reconquis: ‘Uma das obras, Der wiedergewonnene ke tado], apresenta um interessante processo de composislo, em que uma melodia é distribuida pontilhisticamente por muitas vozes encoberta por notas que funcionam como uma espécie de cortina, impedindo aidentificagio da melodia. A cada repetisao, algumas das notas vio sendo abandonadas, apartir dealguns critérios previamen te expostos pelo autor, até 0 momento em que a nostra, distribufda entre as partes. mples melodia se Interlidio IIT~ dez canones diversos Entre eles, Un'aca un’ombra — pega coral a virias vozes: ‘Trés coros rituais Interlidio IV dois contrapontos a trés Mottetto Duas faguetas pentafénicas 178 MARISA TRENCH DE OLVEIRA FONTERRADA Interlidio V Para quatro violinos ou dois pianos Para v Duas marchas Micrometamorphosen para quatro instrumentos iguais, O que importa destacar nesse autor é semelhante ao que se viu nos outros autores examinados neste segmento, é a nao linearidade de propostas, com aulasabertas, com cardter de “oficina”, além da\ tividade, tanto do professor quanto dos al entos de rede e nio de énfase posta na cr nos. Também aqui, a atuagio se dé em proced hha, como era comum nos mestres anteriores. Murray Schafer Na mesma via percorrida pelos trés educadores apresentados, inserem-se as polémicas idéias de Schafer, que acredita maisna qua- lidade da audiglo, na relacdo equilibrada entre homem e ambiente, eno estimulo a capacidade criativa do que em teorias da aprendiza. gem musical e métodos pedagégicos. Suas posigbes a respeito desse tema vém sendo construidas hi bastante tempo, desde a década de 1960, como resultado da propria pratica ede suas reflexdes a respeito das suas (nem sempre bem-sucedidas) experiéncias escolares durante a infancia ea adolescéncia, Via de regra, as idéias de Schafer ganham adeptos entusiastas, a0 ‘mesmo tempo que chocam as facsdes conservadoras, nio pela prio- consagrados educadores musicais deste século, mas pela pouca importincia que dé ao ensino de teoria da miisica. Outra de suas posigdes polémicas diz respeito ao repertério usualmente utilizado no ensino de misi- ridade que confere a escuta, énfase encontrada nos m a, pois, noseu entender, acrianga, isenta de atitudes preconceituosas normalmente encontradas entre os adultos, tem capacidade para ntoamiisica do pasado quantoa de vanguarda, e deve ser a tomar contato com produgdes de varios estilos e épo- petRAMAsE FOS 179 Quando jovem, Schafer participou do Projeto John Adaskin, no Canada, que propunha trazer compositores para como duplo objetivo de estimular osestudantes a desenvolver habili- ddades criativas e motivar os compositores a escrever para criangase hafer teve oportunidade intro da escola, \dolescentes. A partir dessa experiéncia, testar suas idéias na area da educagao musical. Observando os alunos das escolas canadenses em que esteve durante 0 projeto, Schafer percebeu que o foco do ensit leitura e na memorizacio, sendo que raramente eram levados a srnem estimulados a ouvir o que eles ou outras pessoas tocavam, uu cantavam, a despeito das inovagées que surgiam no ambito da produgao artistica contemporanea. Com Schafer, o treinamento e as regras rigidas sio substituidos por propostas destinadas a estimular os estudantes na busca de res- tas is questdes que ele Ihes propée, favorecendo, assim, o di 0 aberto € a discussio. Embora, ao contrario de Paynter e Self, hafer nunca tenha lecionado em escolas, a no ser em projetos es- poridicos, em que seus contatos com os alunos foram de curta du- ragio, ele logo descobriu a boa relagio que mantém com criangas € ovens, o queo levou a desenvolver técnicas de trabalho inovadoras, juelhe conferiram uma firme reputagio. fama internacional na érea da edlucagio musical, apesar de que, como cle préprio afirma, “no evidéncia de que tenham tido um real impacto no Canada” (Schafer, comunicagio pessoal, apud Adams, 1983, p.22), Asatividades que Schafer prope podem ser executadas dentro fora da sala de aula, com grupos de qualquer faixa etéria e com nfase no som ambiental. Essas atividades tanto podem ser uti lo especifico de miisica como em atividades e funcionam como uma e ide masica continuava centrado extraclasse ou mesmo fora da escol iede“guer co, na qual brincar com sons, montar e desmontar sonoridades, ha” cultural, para lembrar uma expressio de Umberto

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