27 de outubro
29 de outubro
31 de outubro
No quero falar disso por medo de fazer literatura- ou sem estar certo de que no o ser-,
embora, de fato, a literatura se origine dessas verdades.
2 de novembro
15 de novembro
15 de novembro
21 de novembro
Perturbao, deserdamento, apatia: somente, por lufadas, a imagem da escrita como coisa
que apetece, porto, salvao, projeto, em suma amor, alegria. Suponho que a devota
sincera tem os mesmo impulsos para com seu Deus.
21 de novembro
Sei agora de onde pode vir a Depresso: relendo meu dirio do ltimo vero, sinto-me ao
mesmo tempo encantado (tomado) e decepcionado: portanto, a escrita em seu mximo
afinal irrisria. A Depresso vir quando, do fundo da tristeza, no poderei me agarrar nem
mesmo escrita.
31 de maio de 1978
Pois:
O Trabalho pelo qual (dizem) samos das grandes crises (amor, luto) no deve ser liquidado
apressadamente; para mim, ele s se realiza na e pela escrita.
19 de agosto de 1978
Continuo (dolorosamente) espantado de poder- finalmente- viver com minha tristeza, o que
quer dizer, literalmente, que ela suportvel. Mas- sem dvida- porque posso, bem ou mal
(isto , com o sentimento de no o conseguir) diz-la, frase-la. Minha cultura, meu gosto pela
escrita me d esse poder apotropaico, ou de integrao: ntegro, pela linguagem.
Minha tristeza inexprimvel, mas, apesar de tudo, dizvel. O prprio fato de que a lngua me
fornece a palavra intolervel realiza, imediatamente, certa tolerncia.
17 setembro de 1978
15 de dezembro de 1978
Sobre o fundo de angstia, de pnico (assdio, tarefas, maledicncia literria), bola de tristeza
que sobe: [...]
18 de janeiro de 1979
Desde a morte de mam., no tenho mais vontade de construir nada- salvo na escrita. Por
qu? Literatura= nica regio da Nobreza (como era mam.)
22 de julho de 1979
Todos os salvamentos do Projeto malogram. Reencontro-me sem nada para fazer, sem
nenhuma obra diante de mim- exceto as tarefas repetidas da rotina. Toda forma do Projeto:
mole, no resistente, fraco coeficiente de energia. Para qu?