Gabriel Torreão
18 de setembro de 2008
1 Números Complexos
1.1 Definição
Podemos definir os Números Complexos como os pares (x, y) que respeitem:
i. Igualdade
x1 = x2
(x1 , y1 ) = (x2 , y2 ) ⇒
y1 = y2 ;
ii. Adição
(x1 , y1 ) + (x2 , y2 ) = (x1 + x2 , y1 + y2 )
iii. Multiplicação
z1 − z2 = z1 + (−z2 )
1
y z = (x, y)
x
(a) Representação do número complexo z =
(x, y) no plano complexo.
z+w
2
imaginário e ao número (0, 1), damos o nome de unidade imaginária.
1.6 Módulo
O módulo de um número complexo z = x + iy, denotado por |z|, é dado por
p
|z| = x2 + y 2 ,
o que corresponde ao tamanho do vetor que representa z.
1.7 Conjugado
O conjugado de um número complexo z = x + iy, denotado por z, é dado por
z = x − iy,
o que corresponde à reflexão do vetor no eixo real. Uma propriedade importante
do conjugado é
zz = |z|2 ,
ou seja, um número complexo multiplicado pelo seu conjugado, resulta em um
número real.
3
1.8 Propriedades de Módulo e Conjugado
a. Propriedades de Módulo:
Re z ≤ |z| (1)
Im z ≤ |z| (2)
z |z|
= (4)
w |w|
b. Propriedades de Conjugado:
zw = z w (6)
z+z
Re z = (7)
2
z−z
Im z = (8)
2i
c. Propriedades Mistas
zz = |z|2 (9)
4
y z
θ
x
θ+φ
r
ρ
θ
φ
x
z r
= [cos(θ − φ) + i sen (θ − φ)].
w ρ
Com estas operações, podemos visualizar geometricamente(Fig. 3) a opera-
ção de multiplicação por exemplo, uma vez que nela, o módulo do resultado é o
produto dos módulos e o argumento do resultado é a soma dos argumentos.
Note que arg z = θ só está definido para |z| > 0. Podemos encontrá-lo por
y
tg θ = ,
x
onde x = Re z e y = Im z.
Outra propriedade interessante, devido à reflexão do conjugado no eixo real
é
arg z = − arg z.
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1.9 Fómula de De Moivre e Potências Inteiras
Seja z = r(cos θ + i sen θ), e n ∈ Z, então, decorre imediatamente das operações
da seção anterior
z n = rn [cos(nθ) + i sen (nθ)].
Se n for positivo e z = cos θ + i sen θ, está forma é conhecida com fórmula de
De Moivre.
1.10 Raízes
Seja z = r(cos θ + i sen θ), w = ρ(cos φ + i sen φ) e n ∈ N, temos
√
n
z = w ⇔ z = wn ,
o que leva à
r(cos θ + i sen θ) = ρn [cos(nφ) + i sen (nφ)],
resultando no sistema
( √
r = ρn ρ= r n
⇔ θ + 2kπ
θ + 2kπ = nφ φ= ,
n
por fim
√ √
θ + 2kπ θ + 2kπ
n
z= n
r cos + i sen , k = 0, 1, 2, ... , (n − 1).
n n
Note que a raiz n-ésima de um número complexo possui infinitos valores para
todo valor de k, mas apenas n distintos.
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1.11 Forma de Euler
Podemos ainda representar um número complexo de uma quarta forma. Tendo
em vista as expansões de seno, cosseno e exponencial, temos
z = r(cos θ + i sen θ) = reiθ ,
assim, sendo z = reiθ e w = ρeiφ
i. Multiplicação
zw = rρei(θ+φ)
ii. Divisão
z r
= ei(θ−φ)
w ρ
iii. Pontências
z n = reniθ
iv. Raízes √ √ iθ
n n
z= re n
1.12.2 Vizinhança
Um conjunto V é vizinhança de um ponto z0 se V contém algum disco aberto
com centro em z0 .
1.12.4 Fronteira
Fronteira é o conjunto dos pontos de um conjunto C nos quais toda vizinhança
contém pontos interiores de C e de seu complementar C 0 . Um ponto ou é de
fronteira ou é interior.
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1.12.6 Conjunto Fechado
C é um conjunto fechado se seu complementar C 0 é aberto. Ou, C é fechado se
ele contém todos os pontos de sua fronteira.
1.12.9 Região
Chamamos de região todo conjunto aberto e conexo1 .
2 Funções
Uma função de variáveis complexas é uma lei que, dado um conjunto D ⊂ C,
chamado Domínio, faça corresponder para cada valor z ∈ D um valor w =
f (z) ∈ I, onde I ⊂ C é o conjunto denominado Imagem, conforme o esquema
da Figura 4.
1 Na literatura, por vezes, usa-se domínio como sinônimo de região.
8
Se z é dado na forma algébrica, z = x + iy, teremos então u(x, y) = Re f (z)
e v(x, y) = Im f (z), ou seja
e podemos tratar uma função de uma variável complexa como uma função de
duas variáveis reais.
2.2 Limites
A idéia de limite de uma função de variável complexa é a mesma que a de
funções reais, sua definição, inclusive, em muito assemelha-se a esta.
2.2.1 Definição
Seja z0 ponto de acumulação do domínio D de uma função f , então diz-se que
f tem limite L quando z tende a z0 se dado qualquer > 0 existe δ > 0 tal que
e escrevemos
lim f (z) = L.
z→z0
w
D
z
I
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2.2.2 Limites Infinitos e no Infinito
1. Diz-se que uma função f (z) com domínio D tem limite finito L com z → ∞
se, dado qualquer > 0, existe M > 0 tal que |f (z) − L| < para todo
z ∈ D, |z| > M .
2. Diz-se que f (z) tende a infinito com z tendendo a z0 se, dado qualquer
K > 0, existe δ > 0 tal que |f (z)| > K para todo z ∈ D, |z − z0 | < δ.
3. Diz-se que f (z) tende a infinito com z tendendo a infinito se, dado qualquer
K > 0, existe M > 0 tal que |f (z)| > K para todo z ∈ D, |z| > M .
então:
1.
lim kf (z) = kLf , k∈C
z→z0
2.
lim f (z) + g(z) = Lf + Lg
z→z0
v
y f
c3
k3
c2
k2
k1
c1 u
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3.
lim f (z) · g(z) = Lf · Lg
z→z0
4.
f (z) Lf
lim = , Lg 6= 0
z→z0 g(z) Lg
2.2.5 Continuidade
Uma função f é contínua num ponto z0 , se e somente se as três condições abaixo
são satisfeitas:
i. f (z0 ) existe
ii. Existe
lim f (z0 )
z→z0
iii.
lim f (z0 ) = f (z0 ).
z→z0
Dizemos que uma função f (z) é contínua, se for cuntínua em todos os pontos
de seu domínio.
Da definição de função contínua, podemos fazer algumas observações. A
soma de duas funções contínuas é uma função contínua, assim como seu produto.
O quociente de duas funções contínuas é uma função contínua, exceto nos pontos
que zeram o denominador. E por fim, f (z) = u(x, y) + iv(x, y) é contínua se e
somente se u(x, y) e v(x, y) são contínuas.
δ
z0
z
⇒ L
f (z)
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