A noo histrica do coronelismo, dos antigos grandes proprietrios rurais, que, durante
a Repblica Velha, detinham forte poder poltico sobre os municpios e controlavam os
eleitores pelo voto de cabresto, no est to distante do coronelismo poltico ou do
coronelismo eletrnico praticado atualmente no Brasil. Pelo contrrio, o conceito
introduzido por Vitor Nunes Leal diz respeito adaptao desse sistema de poder frente
s novas conjunturas polticas, que na forma do coronel eletrnico substitui a propriedade
da terra pela concentrao dos meios de comunicao, mantendo sua influncia sobre a
opinio pblica.
Desde o fim da ditadura militar, as relaes de coronelismo e clientelismo se deram no
mais de forma autoritria, mas norteadas pelos benefcios e pelos interesses particulares.
Deste modo, nos municpios e regies mais isoladas, as parcerias entre o poder local e o
poder estatal garantem a certos grupos ou famlias a concentrao da propriedade de
canais de rdio e televiso e, ao mesmo tempo, o controle poltico dessas reas. A lgica
privada do espectro radioeltrico e a poltica de outorgas de radiodifuso servem como
bases para a construo dessas oligarquias, ao passo que dificultam o acesso
informao e possibilitam a dominao ideolgica de tais populaes, prejudicando, ainda
mais, o exerccio poltico do cidado.
Enfim, citando um artigo da prpria professora Suzy: "[...] se, por um lado, a interrupo
da censura prvia dos contedos poderia configurar maior liberdade aos canais, o
coronelismo eletrnico, por outro lado, esvaziou esta possibilidade, trazendo consigo uma
disciplina mais flexvel, pela qual a programao regional ou local passou a se vincular
estreitamente aos interesses eleitorais dos proprietrios de concesses e licenas de
retransmisso televisivas."