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Projeto de divulgagao tecnoldégica EDIFICIOS ae Pc elie rae te Ildony H. Bellei bab 2? edicao revisada Ct. tae a ns enn GALPOES INDUSTRIAIS EM ACO © Copyright Editora Pini Ltda. Todos os direitos de reprodugao ou tradugao reservados pela Editora Pini Ltda. Dados Internacionais de Catalogacao na Publicagao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Bell, tidony Hélio Eciffcios industriais em ago/ lidony Belle == 2.ed.~~ Sao Paulo : Pini, 1998, Projeto de Divulgagao Tecnolégica FEM Bibliogratia. ISBN 85-7266-091-7 1. Construgéo em ferro © ago 2. Edificios Industriais |. Thtulo, 98-0169 c0D-693.71 Indices para catalogo sister 1. Eadffcios industriais : Construgdes em ago 693.71 2. Ago : Edfcios industriais : Construgdes 693.71 Coordenagao editorial: Mariza Passos Coordenagao de livros: Raquel Cardoso Reis Projeto grafico © servigos editoriais: GAZ Editoragdo EletrOnica SIC Ltda, Paginagao (24 edigao): Fernando Ponzeto Alves Capa: Lucia Lopes Revisdo: Josué Lima ¢ Mauricio José de Oliveira Servigos graficos e industrials: José Pereira da Siva e Wilson T. Pinto Editora Pini Ltda Rua Anhaia, 964 - 0130-900 - Séo Paulo, SP Fone: (011) 224-8811 - Fax: (011) 224-0314 E-maitlivros@pinicom.br 1" edigao, dezembro/o4 tiragem: 3,000 exemplares 2tedicdo, margo/98 Nota do patrocinador A FEM cumpre agora uma etapa bastante avangada no processo de difusao da construgao metdlica no Brasil. O presente trabalho abre, em definitivo, a porta para o mercado das estruturas em a¢o, pois, além das generalidades, mostra como se desenvolve um projeto guisa de manual. E o primeiro livro de cunho prdtico sobre o assunto, escrito por um profissional com mais de 30 anos de experiéncia no ramo e aproximadamente 50.000 t projetadas: um dos pioneiros nessa atividade em nosso pais. O préprio autor concorda que pretende desmistificar a estrutura metdlica, garantindo 0 acesso ao projeto, dos cdiculos e dos demais desdobramentos. Como precursora da estrutura metélica no Brasil, a FEM sempre primou pela formagao profissional, responsavel pelo seu permanente desenvolvimento tecnolégico. Assim, durante muitos anos, manteve uma escola de desenhistas de estruturas metdlicas, formando profissionais que hoje prestam servicos em varias partes do pals. Assim ocorre também com o treinamento de montadores, soldadores e outros profissionais. A participagao da FEM na edig&o deste livro, para ocupar uma lacuna na bibliografia técnica, 6 consequéncia de seu pioneirismo. Ha algum tempo caiu a primeira dificuldade que persistia no campo da construgao metélica, que era a escassez da matéria-prima, 0 ago: 0 pals hoje é um dos maiores produtores mundiais. A segunda dificuldade era 0 acesso a informagées técnicas cunhadas a partir da pratica profissional. Este livro de lldony Hélio Bellei cumpre esse papel. ‘Armando Guerra Jr. Presidente da FEM Apresentacao Conhego 0 autor, ilustre engenheiro Iidony H. Bellei, ha mais de duas décadas. No inicio de nosso conhecimento, ele ja era o responsavel pelos projetos da Fabrica de Estruturas Metdlicas, tendo passado do desenho a chefia, em mais de 30 anos ligados a estrutura metdlica. Técnico altamente competente, alia ainda qualidades humanas que o fazem estimado por todos. Dentro desse quadro, recebi com honra e satistagao a incumbéncia de falar sobre seu livro "Edificios Industriais em Ago", pois mesmo antes de folhed-lo sabia que seria obra respeitdvel. Ao analisd-la, ndo nos enganamos. E um trabalho em que 0 autor transmite toda a experiéncia de uma vida ligada as construgées metélicas. A obra 6 tecnicamente rigorosa, sendo ao mesmo tempo pratica. Seus 21 capitulos sao ilustrados com mais de 600 referéncias e tratam de assuntos normalmente no abordados por outros autores, como ventilagao natu- ral, escadas, sistemas de aguas pluviais, projeto de execugao em oficinas e nogées sobre fabricagao. O livro é de muita valia ndo s6 para o protissional experiente como para o recém- formado, sendo inclusive excelente texto para as escolas de engenharia. Dentro de sua grandeza humana, o engenheiro lidony sempre diz que recebeu muito da sociedade. Hoje, com sua obra, ele retribui a sociedade o que dela recebeu. engenhelro Aluizio Fontana Margarida novembro/1994 Prefacio da 2? edi¢ao Nesta edigdo fizemos uma ampla revisao corigindo uma série de pequenos erros de colocagao, bem como de impressao, sendo que 0 contetido basico do livre néo sofreu qualquer alteragao. Esperando que esta edieao tanto quanto a primeira, seja também util aos profissio- nais, professores e alunos, estarei aberto a receber criticas e sugestes no sentido de melhorar sempre o livro, para que 0 mesmo possa continuar a ser uma fonte permanente de consulta. O Autor Prefacio As razées que nos levaram a escrever este livro se fundamentam, essencialmente, em transmitir aos profissionais que militam no setor, e aqueles que nele pretendem se iniciar, nossa experiéncia de trés décadas em projetos de estruturas de aco, especialmente no setor de edificios industriais de porte médio e pesado. Nosso objetivo foi fazer um livro pratico, bem ilustrado, com mais de 600 figuras, partindo do pressuposto de que os profissionais tenham conhecimento basico das normas de cdlculo em ago. O nosso livro preenche uma lacuna, pois nao nos detivermos simplesmente no cdlculo de pegas isoladas. Vamos muito além, apresentando todas as condigdes para que o profissional ou estudante possa desenvolver um bom projeto de um edificio industrial com e sem ponte rolante. Ollivro esta pautado em 21 capitulos. Vai da parte geral (cap. 1 a 5), passa pelas partes que compéem um edificio industrial (cap. 7 a 15), termina com o detalhamento, a fabricagéo, a protegao e a montagem (cap. 17 a 21), que sao as outras fases necessérias a execuedo das estruturas, sobre as quais damos apenas nogdes ge- rais, pois, devido a sua complexidade, merecem um livro a parte. Na parte de orientagao e de calculo, nos baseamos na especificagéo do AISC - American Institute of Stee! Construction, no método das tensdes admissiveis, por se tratar de processo de célculo bem sedimentado, no qual tivemos a maior parte de nossa experiéncia. A longo do livro, fazemos varias referéncias 4 nova norma brasileira de ago NBR 8800, cujo método de calculo é dos estados-limites, naquilo que ela normaliza ou especifica, independentemente do método de céiculo. Além da parte basica, composta por 21 capitulos, introduzimos quatro apéndices, endo: A - Resumo e adaptagao da especificagao do AISC/89; B- Tabelas de comprimento efetivo de flambagem para colunas com inércia variével; C- Tabelas em geral de pertis, chapas de piso, trilhos etc.; D - Projeto completo com memoria de cdiculo de todas as pegas que compéem um edificio industrial com vao de 20 m, altura de 9 m, comprimento de 48 m e ponte rolante de 10 tf, em pértico de alma cheia. indice Capitulo 1 - Introdugao 1 4.1 - Histérico 1 1.2 - Vantagens das estruturas de aco 1 1.3 - Campo de aplicagao 2 1.4 Fatores que influenciam 0 custo de uma estrutura 2 1.5 - Principals fases na construgao de uma obra 3 1.6 - Método de dimensionamento 4 Capitulo 2 - Agos estruturais e seus produtos 7 2.1 - Classificagao 7 2.2 - Propriedades de agos estruturais 8 2.3 - Principais tipos de agos estruturais 12 2.4 - Produtos de aco para uso estrutural 14 2.5 - Comparagao dos custos dos agos por produtos e sua resisténcia 19 Capitulo 3 - Ligagdes com solda 21 4 - Introdugao 21 3.2 - Vantagens e desvantagens 23 3.3 - Classificagdo dos tipos de solda 24 3.4 - Resisténcia minima do metal de solda 30 3.5 - Simbologia de soldagem 32 3.6 - Simbologia de exames nao destrutivos 42 3.7 - Inspegao e controle de qualidade 44. Capitulo 4 - Ligagdes parafusadas 53 4.1 - Introdugao 53 4.2 - Tipos de parafuso 53 4.3 - Conex6es tipo fricgdo @ tipo esmagamento 56 4.4 - Resisténcia dos parafusos 57 4.5 - Artuelas 64 4.6 - Normas aplicvels 64 4.7 - Furos 64 4.8 - Pega longa e ligagdes de grande comprimento 65 49 - Distncia minima de um furo as bordas 65 4.10 - Espagamento minimo e maximo entre furos 66 4.11 - Resisténcia minima das conexdes 67 4.12 - Calgos 67 4,13 - Tipos de juntas parafusadas 68 Capitulo 5 - Cargas e combinagées de cargas 77 5.1 - Introdugdo 77 5.2 - Carga permanente 77 5.3 - Cargas acidentais verticais (sobrecargas) 77 5.4 - Cargas devidas a pontes rolantes 77 5.5 - Cargas devidas ao vento 86 5.6 - Temperatura 108 5.7 - Combinagbes de cargas para calculo da estrutura suporte 108 Capitulo 6 - Edificios industrials 111 6.1 - Definigdes 111 6.2 - Tipos de edificios industriais 111 6.3 - Edificios com vaos simples 111 ios com vaos muliplos 118 6.5 - A construgao como um todo 122 6.6 - Requisitos estruturais 122 6.7 - Pegas que compSem um galptio 123 6.8 - Classificagao dos galpdes 123 6.9 - Deslocamentos 123 6.10 - Juntas de dilatagao 124 Capitulo 7 - Chapas de cobertura e tapamento 133 7.4 = Chapas de ago 133 7.2 - Chapas de aluminio 134 7.3 - Chapas de fibrocimento 135 7.4 - Chapas translicidas 135 75 - Chapas tipo sanduiche 136 7.6 - Detalhes construtivos 137 Capitulo 8 - Tergas, vigas de tapamento, cumeeiras e escora do beiral 139 8.41 - Tergas 139 8.2 - Vigas de tapamento 139 8.3- Cumecira 145, 8.4 Tirantes das torgas e das vigas de tapamento (correntes) 145 8.5 - Escora do beiral 146 Capitulo 9 - Contraventamentos 151 9.1 - Definigao 151 9.2 - Contraventamentos horizontais 151 9.3 - Contraventamentos verticais 154 Capitulo 10 - Vigas de rolamento 161 10.1 = Definigao 161 10.2 - Tipos de secdo 161 10.3 - Relagdes para pré-dimensionamento 163 10.4 - Flechas admissiveis 163, 10.5 - Contraflecha 163 10.6 - Intertigagao entre vigas de rolamento 164 10.7 - Resistancia a fadiga 164 10.8 - Enrijecedores (nervuras) 164 10.9 - Soldas 168 10.10 - Tensées locais em vigas de rolamento 170 10.11 - Informagdes adicionais 172 10.12 - Interligagao de vigas de alturas diferentes 173 10.13 - Ligagao da viga com coluna 173 10.14 - Detalhes construtivos nao recomendados 176 10.18 - Para-choque 177 10.16 - Trilhos 178 Capitulo 11 - Vigas de cobertura 193 11.1 - Introdugao 193, 11.2 - Vigas de cobertura em alma cheia 194 11.3 - Vigas de cobertura em armacées (tesouras @ treligas) 196 11.4 - Espessura das chapas de ligagdo e espagadores 203 11.5 - Detalhes construtivos 211 Capitulo 12 - Colunas 213 12.1 - Definigao 213 12.2 - Colunas de alma cheia e altura constante 214 12.3 - Colunas trelicadas de altura constante 217 12.4 - Colunas-suporte de vigas de rolamento 218 12.5 - Esbeltez limite 221 12.6 - Emendas de colunas 222 12.7 - Consoles em colunas 224 12.8 - Comprimento efetivo de flambagem 224 12,9 - Base de coluna 232 12.10 - Recomendagées 247 Capitulo 13 - Escadas, corrimaos e passadico 13.1 - Escadas 251 18.2 - Contimaos 254 13.3 - Passadigo 256 Capitulo 14 - Ventilagao natural 14.1 - Consideracdes gerais 257 14.2 - Entradas de ar 258 14.3 - Safdas de ar 259 14.4 - Detalhes construtivos 260 Capitulo 15 - Calhas e tubos de descida 15.1 - Definigéo 263, 15.2 - Calhas 263 15.3 - Tubos 265, 15.4 - Dimensionamento 265, Capitulo 16 - Fadiga 16.1 - Introdugao 271 16.2 - Faixa admissivel de variagéo de tensdes 273 Capitulo 17 - Detalhamento de estruturas de ago 17.1 = Introdugéo 281 17.2 - Sistemas de detalhamento 282 Capitulo 18 - Nogdes sobre fabricagao 293, 18.1 - ConsideragGes gerais 293 18.2 - Principais etapas na fabricagao 298 18.3 - Tolerancias de fabricago 301 Capitulo19 - Limpeza e protegao das estruturas 313 19.1 -Introdugao 313 19.2 - Limpeza 313 19.3 - Protegdo 315 19.4 - Especiticagao de pintura 317 19.5 - Informagées adicionais 318 qq &&_~—eT—Ecx_—~Z&{_—>E_— Capitulo 20 - Transporte 321 20.1 - Meios de transporte 321 20.2 - ArrumagSes para transporte 321 20.3 - Gabaritos 321 Capitulo 21 - Montagem 325, 21.1 - Consideragdes gerals 325 21.2 - Principais etapas da montagem 325 21.3 - Ligagdes de campo 327 21.4 Tensdes de montagem 332 21.5 - Estocagem no canteiro de obras 332 21.6 - Equipamentos 333 21.7 - Tolerancias de montagem 333 21.8 - RecomendagSes gerais 339 Bibliografia 341 APENDICE A Dimensionamento de elementos 345 APENDICE B Tabelas de comprimento efetivo de flambagem fator k - 381 APENDICE C Tabelas em geral 1 a 45-391 APENDICE D Projeto completo de um galpao em pértico de alma cheia 441 CAPITULO / os Introdugao 1.1- Histérico As primeiras obras em ago datam de 1750, quando se descobriu a maneira de produzi-lo industrialmente. Seu emprego estrutural foi feito na Franga por volta de 1780, na escadaria do Louvre e no Teatro do Palais Royal, e na Inglaterra, em 1757, onde se fez uma ponte de ferro fundido. Porém, a sua grande utilizagao nos edificios deu-se por volta de 1880 nos Estados Unidos, principalmente em Chicago. 0 inicio da fabricacao em ferro no Brasil deu- se por volta de 1812. Acredita-se que a primeira obra a usar ferro pudliado, fundido no Brasil, no Estaleiro Maua, em Niterdi, Fu, foi a Ponte de Paraiba do Sul, no Estado do Rio de Janeiro, com cinco vaos de 30 metros, cuja data de construgdo é de 1857, estando em uso até hoje. A primeira obra em que se usou aco importado em ediffcios no Brasil foi o Teatro Santa Izabel, em Recife. Como o Brasil é um pais em crescimento, o setor industrial 6 0 grande consumidor de estruturas metalicas, absorvendo a maior parte da produgao. Em 1921 foi implantada a Companhia Siderirgica Belgo-Mineirapara produzir fio maquina, arame farpado, perfis leves etc. Em 1940 foi instituida no Brasil a Comisséo Executiva do Plano Sidertirgico Nacional, e em plena guerra (1941) foi fundada a Companhia Si ca Nacional, que entrou em operaco em 12 de outubro de 1946 com a finalidade de produ- zit chapas, trilhos e perfis na bitolas americanas. Para consolidar o mercado, entraram em operagao na década de 60 a Usiminas e a Cosipa, para a produgéo de chapas. A partir dai, grandes expansdes foram realizadas no setor siderirgico, produzindo 0 Brasil, hoje, perto de 25 milhdes de toneladas de aco. O Brasil, que até a década de 70 ainda era um importador de aco, passou hoje a exportador. Para ajudar a difundir 0 uso do ago nas construgées, a Companhia Siderurgica Nacional criou, em 1953, como um dos seus Departamentos, a FEM-Fabrica de Estruturas Metali- as, hoje com sua nova razdo social FEM - Projetos, Construgdes e Montagens S.A., que iniciou a formagéo de mao-de-obra qualificada e do ciclo completo do ago, com a fabricago de varias obras importantes, tais como: Edificio Avenida Central, no Rio de Ja- neiro; Edificio Santa Cruz, em Porto Alegre; Edificio Garagem América, em Sao Paulo. Desde entao foi surgindo um grande numero de fabricantes, projetistas, desenhistas e pro- fissionais do ramo. 1.2- Vantagens das estruturas de ago ‘Sao as seguintes as principais vantagens das estruturas de aco: 1 - Alta resisténcia do material nos diversos estados de tensa (tracéo, compressao, flexao etc.), 0 que permite aos elementos estruturais suportarem grandes esforgos apesar da area relativamente pequena das suas segdes; por isso, as estruturas de aco, apesarda 2 Editicios industriais em ago ‘sua grande densidade (7.850 kg/m*), so mais leves do que os elementos constituidos em conereto armado. 2- Os elementos de ago oferecem uma grande margem de seguranga no trabalho, o que se deve ao fato de o material ser Unico e homogéneo, com limite de escoamento, ruptu- ra e médulo de elasticidade bem definidos. 3 - Os elementos de ago sao fabricados em oficinas, de preferéncia seriados, e sua monta gem é bem mecanizada, permitindo com isso diminuir o prazo final da construgao. 4 - Os elementos de aco podem ser desmontados e substituides com facilidade, o que permite reforgar ou substituir facilmente diversos elementos da estrutura. 5 - Possibilidade de reaproveitamento do material que nao seja mais necessario a constru- go. A pequena desvantagem dos elementos de aco carbono é a sua suscetibilidade a corro- 840, 0 que requer que eles sejam cobertos com uma camada de tinta ou seja empregado outro método de protegao. Para minorar este pequeno problema, as usinas nacionais estao fabricando os agos de alta resisténcia a corrosao atmostérica, tals como: USI-SAC 50 e 41, COS-AR-COR 500 € 400, e Niocor, os quais apresentam uma resisténcia a corroso da ordem de duas a quatro vezes a do ago carbono, dispensando qualquer protecao, a nao ser em casos especiais (regides marinhas e industriais agressivas). 1.3- Campo de aplicagao ‘Atualmente, as estruturas de aco so aplicadas em praticamente todos os setores constru- tivos. Entre estes, nos deteremos na aplicagao em galpdes industriais, nosso objetivo ao longo deste trabalho, onde desenvolveremos um projeto completo de galpao com ponte rolante, 1.4 - Fatores que influenciam o custo de uma estrutura Tradicionalmente 0 ago tem sido vendido por tonelada e, conseqiientemente, discutindo-se © custo de uma estrutura de ago impée-se que se formulem seus custos por tonelada de estrutura acabada. Sé que se ignora 0 fato de grande nlimero de fatores que tém influéncia significativa no custo final, por tonelada, de uma pega de ago fabricada. No projeto, detalhe, fabricagao e montagem de uma estrutura de ago, os seguintes fatores influenciam 0 custo de uma estrutura: a) selegao do sistema estrutural; b) projeto dos elementos estruturais individuais: ©) projeto e detalne das conexées; d) processo a ser usado na fabricago e) especificacées para fabricagdo e montagem; f) sistema de protegao a corroséo; g) sistema a ser usado na montagem; h) sistema de protegao contra fogo ete. Aselecao do mais eficiente sistema estrutural, compativel com o processo de fabricagao, 6 fundamental para se otimizar os custos. Economia na fabricacao e montagem sé é possivel como resultado de conexées bem elaboradas durante a fase de detalhamento, de acordo Introdugao 3 com as premissas de projeto. A especificagao é a que maior influéncia tem nos custos de fabricagdo e montagem, onde se determinam a qualidade do material e as tolerancias requeridas. Outro item importante é a protecao contra a corrosao, que, em muitos casos, pode chegar a até 25% do valor da estrutura. Se 0 projeto e o detalnamento nao sao executados pelo fabricante, e este 6 desconhecido, @ importante deixar op¢des no projeto para uso de conexées soldadas ou parafusadas, ou, mesmo, o detalhamento propor solugées alternativas de acordo com a sua fabricagao. Em geral, 0 custo de uma estrutura metélica pode ser apresentado da seguinte maneira Projeto estrutural 1% a 3% Detalhamento 2% a 6% Material e insumos 20% a 50% Fabricagao 20% a 40% Limpeza e pintura 10% a 25% Transporte 1% a 3% Montagem 20% a 38% Outro fator que mede 0 custo de fabricagao e montagem 6 a quantidade de estrutura contida em um desenho de fabricacao. Assim, podemos dizer que se o peso das peas contidas em um desenho for menor que 2 toneladas, a estrutura € leve e de custos mais elevados do que uma que contenha 8 toneladas por desenho. 1.5 - Principais fases na construgao de uma obra As principais fases que precedem a construgdo de qualquer tipo de edificio, ou, mesmo, qualquer tipo de obra, sao: Arquitetura: Onde @ desenvolvido todo 0 estudo da obra, materiais de acabamento, di- mensées, caracteristicas de ventilacdo, iluminagao, formato etc. Uma arquitetura de- senvolvida para 0 ago torna este material mais competitivo, tirando partido da sua me- Ihor resisténcia e menores dimensées das secoes etc, Projeto estrutural: ¢ onde se da corpo ao projeto arquitet6n:7o, calculando-se os elemen- tos de sustentacdo, ligagdes principais, tipos de aco, cargas nas fundagées, especiti- cando se a estrutura sera soldada ou parafusada etc. E uma das etapas mais importan- tes, pois um projeto ruim pode causar prejuizo econémico ao fabricante e ao construtor. Vale aqui a citacéo do Johnstom/Lim. em seu livro "Basic Steel Design’ ‘Um bom projetista estrutural pensa de fato em sua estrutura tanto quanto ou mais do que pensa no modelo matematico que usa para verificar os esforgas internos, baseado nos quis ele deverd determinar 0 material necesséiio, tipo, dimensao e localizagao dos membros que conduzem as cargas. A “mentalidade da engenharia estrutural” é aquela capaz de visualizar a estrutura real, as cargas sobre ela, enfim, ‘sentir’ como estas cargas sao transmitidas através dos varios elementos até as fundagdes. Os grandes projetistas so dotados daquilo que as vezes se tem chamado “intui- 40 estrutural’. Para desenvolver a ‘intuico e sentir’, o engenheiro torna-se um observador arguto de outras estruturas, Pode até mesmo deter-se para contemplar 0 comportamento de uma drvore projetada pela natureza para suportar as tempestades violentas; sua flexibilidade é fragil nas folhas € nos galhos diminuidos, mas crescente em resisténcia e nunca abandonando a continuidade, na ‘medida em que os galhos se confundem com o tronco, que por sua vez se espalha sob sua base no sistema de raizes, que prevé sua fundagao e conexdo com 0 solo". Sondagens do solo: E de fundamental importancia para o delineamento das estruturas, pois se 0 solo € de ma qualidade o calculista da estrutura deve evitar engasta-la as 4 Edificios industriais em ago 1.6- fundagdes, o que as tornaria muito onerosas. Porém, se o solo for de boa qualidade, poder- se-ia perfeitamente engasté-las. Portanto, o tipo de solo pode definir o esquema estrutural Detalhamento: Onde o projeto estrutural é detalhado pega por pega, visando atender ao ‘cronograma de fabricagao e montagem, dentro das recomendagées do projeto, procu- rando agrupar ao maximo as pegas. Devido as particularidades de cada fabrica, no que diz respeito aos tipos de equipamento e porte, cada fabricante adota o tipo de detalhamento que Ihe é mais adequado. (Cap. 17) Fabricagao: E onde as diversas partes (pegas) que vao compor uma estrutura sao fabricadas, usando-se as recomendagées de projeto quanto a solda, parafusos, tole- rancias, controle de qualidade ete. Cada fabricante tem sua prépria maneira de dar seqiéncia a fabricagao das pegas. (Cap. 18) Limpeza e protegao: Apés a fabricagao, as peas que v4o compor a estrutura sao prepa- radas para receber protegao contra a corrosao e, apés a limpeza, a estrutura deve ser pintada ou galvanizada (Cap. 19), ou mesmo deixada no estado natural, se for em ASTM-AS588 ou similar e a sua localizagao assim o permit. Transporte: E preciso, ja na fase inicial de projeto e detalhamento, indicar o tamanho das pegas, procurando, dentro do possivel, evitar transporte especial. (Cap. 20) Montagem: E onde as pegas vao se juntar, uma a uma, para compor uma estrutura, neces- sitando-se de um planejamento, visando especificar os equipamentos a serem usados, 0 ferramental e a seqiéncia de montagem. E 0 coroamento de toda a obra, @ quando sabemos se houve ou ndo um bom projeto A seguranga da estrutura pode ser determinada fazendo-se a combinagao de um bom projeto, bom detalhamento, boa habilidade na fabricagao e bons métodos de monta- gem. A maneira de montar influi na economia final, uma vez que é durante a constru- G40 que na maioria das vezes as estruturas desabam. Pode-se dizer que uma constru- a0 desaba por causa da falta de estabilidade tridimensional. A maioria das falhas ocorre durante 0 processo de montagem e raramente depois que a estrutura esta pron- ta. (Cap. 21). Controle de qualidade: Atua em todas as fases, estabelecendo os procedimentos de solda, inspecionando peas, verificando se esto dentro das tolerancias de normas ete. Manutengdo: Apés a conclusao da obra, é necessario fazer-se um plano de inspecao, 0 que depende do local e uso das estruturas. Outro requisito de servigo importante é a média de vida da estrutura, juntamente com os problemas de corrosao, devido as con- digdes atmosféricas, umidade e outros. Em seus projetos, 0 engenheiro deve evitar solugdes que acumulem agua e sujeira, para evitar corrosdo. Deve, também, deixar acesso facil aos locais que necessitem de manuten¢do de pintura e inspe¢ao por toda a vida da estrutura. Toda estrutura deveria ser visitada e inspecionada pelo projetista ou seu preposto apés um, tr8s, cinco, dez, quinze, vinte e mais anos. Método de dimensionamento O método de dimensionamento a ser adotado neste trabalho sera o Método das Tenses Admissiveis. Quando 0 dimensionamento se efetua_com base no Método das Tensdes Admissiveis, considera-se que a estrutura, submetida as cargas previstas em normas, fun- cione nas condigdes normais de projeto. Uma estrutura tem a resisténcia necessatia se as tensdes causadas em seus elementos pelas cargas estabelecidas (por normas) nao ultra- passam as tensdes admissiveis estabelecidas, que sao iguais a uma determinada parte da Introdugao 5 tensao limite do material; esta 6 considerada igual ao limite de escoamento, no caso do ago. A relagao entre tensdo de escoamento e tensdo admissivel chama-se fator de seguranga. CARA Minds, DEFLEXAO. Fig. 1.1 - Curva - Carga de Deflexdo indicando marsem de seguranca O fator de seguranga previsto tem por finalidade absorver: 1 - Aproximagdo e incertezas no método de analises 2 - Qualidade de fabricagéo 8 - Presenga de tensées residuais e concentragao de tensdes 4 Alteracdo para menos nas propriedades fisicas do material 5 - Alteragdo para menos na seco transversal dos membros 6 - Locagao € intengo de uso da estrutura 7 - Incerteza dos carregamentos Esta claro, entdo, que o fator de seguranga nao implica maior seguranga para car- gas maiores e sim muitos fatores envolvidos. Em geral, 0 fator de seguranga FS é dado por: eS PL = Carga limite Pa = Carga admissivel de trabalho ATabela 1.1 mostra, de acordo com a equagao acima, os fatores de seguranga dados pela especificagdo do AISC. O fator de seguranga é 1,67 para barras tracionadas, 1,67 para colunas curtas, 1,92 para colunas longas e 2 ou mais para parafusos e soldas. Dentro da mesma analogia, temos para vigas esbeltas 1,67 e para segdes compactas 1,70. 6 Edificios industriais em ago Tabela 1.1 - Fator de seguranga para elementos estruturais esmagamento) Elemento Critériode | Cargatimite | carga Fator de estrutural | dimensionamento | >, admissivelPa guranga Regime FyA ogry A Y__s67 Membros Elastica | osFy Resistencia & Para A-36 tracionados rupture FuA ogry A fu 4 (eesisténcia | mH a tragao) | o6Fy "154 Regime eléstico Fy (pedis néo M,=0.6 Fy W —_ = 167 Vigas, compactos) osFy | Regime elastco | mP=Fyz | M,-o.66ryW FyZ 42 (pers compactos) o66Fy W066 ore Depende vg 4 FsH167 Couns | Carga maxima | Formula L . (instabiidade) ara ast t colina ==130 + F.S=192 i Resistencia a Paratusos ruptura por | Depends do @eata | cisalhamento | comprimento | 1,54 Apn resistencia | deumparatuso | dajunta ‘aie (juntas a (") Baseado na especiicagso do AISC/89 (As detormagées para a carga de ruptura de um membo tracionado sto tals, que 0 fator de seguranga indicado nests ‘62808 pode néo ser significative, Ha, também, consideravelsvariagSes, depandando do tpo de ago. CAPITULO Acos estruturais e seus produtos “= * 2.1 - Classificagao © ago um composto que consiste quase totalmente de ferro (98%), com pequenas quantidades de carbone, silicio, enxofre, fésforo, manganés etc. O carbono @ o materi- al que exerce o maior efeito nas propriedades do aco. Suas propriedades sao bem detinidas. Entre elas, podemos citar: a alta resisténcia mecnica (comparada com qual- quer material disponivel) e a dutibilidade (capacidade que 0 ago tem de se deformar antes da ruptura). Os agos utilizados em estruturas sao divididos em dois grupos: a¢os carbono e acos de baixa liga. 1- Ago-carbono Os agos-carbono sao os tipos mais usuais, nos quais o aumento de resisténcia em relagao ao ferro puro é produzido pelo carbono e, em menor escala, pela adigo de manganés. Em estru- turas usuais de ago, utiizam-se agos com um teor de carbono equivalente maximo de 0,45%, para se permitir uma boa soldabilidade. O aumento do teor de carbono eleva a resisténcia ea dureza (redugo da dutibilidade); porém, 0 ago resulta mais quebradigo e sua soldabilidade diminui consideravelmente. Entre os acos-carbono mais usados em estruturas, podemos citar © ASTM A36 e A570, @ os ABNT NBR 7007, 6648, 6649, 6650; DIN St37. 2+ Agos de baixa liga Os agos de baixa liga so os agos carbono acrescidos de elemertos de liga em peque- na quantidade, tais como: niébio, cobre, manganés, silicio, etc. Os elementos de liga provocam um aumento de resisténcia do aco, através da modificagao da microestrutura para grdos finos. Gragas a este fato, pode-se obter resisténcia elevada com um teor de carbono da ordem de 0,20%, permitindo, ainda assim, uma boa soldabilidade. Entre estes, podemos citar como mais usuais: 0 ASTM A572, A441, os ABNT NBR 7007, 5000, 5004; DIN St52 etc. Com uma pequena variagdo na composigao quimica e com adigo de alguns componen- tes, tais como vanadio, cromo, cobre, niquel, aluminio, esses agos podem ter aumentada sua resisténcia a corroséio atmosférica de duas a quatro vezes. So chamados acos de baixa liza e alta resisténcia mecAnica e resistentes a corrosao atmosférica, sendo conhe- cidos também como a¢os patinaveis. Entre eles podemos citar: o ASTM A588, os ABNT NBR 5920, 5921, 5008. As usinas nacionais produzem estes agos com os seguintes no- mes comerciais: Niocor, produzido pela CSN SAC, produzido pela Usiminas COS-AR-COR, produzido pela Cosipa 8 Edificios industriais em ago Fig. 2.1 - Perda de espessura em ambiente industrial agressivo 3- Agos com tratamento térmico ‘Tanto os agos-carbono como os de baixa liga podem ter sua resisténcia aumentada pelo tratarnento térmico. Os parafusos de alta resisténcia utlizados na fixac&o de estruturas sao fabricados com ago carbono, sujeito a tratamento térmico (ASTM A325), bem como 0 ago de baixa liga (ASTM A490). 2.2 - Propriedades dos a¢os estruturais Para compreender © comportamento das estrututas de ago é essencial que o calculista esteja familiarizado com as propriedades do ago. Os diagramas tensdo-deformagao repre- sentam uma informagao valiosa e necessaria se para entender como sera o comportamen- to do ago em uma determinada situacao. 2.2.1 = Tensio - Deformacao O conhecimento das caracteristicas de elasticidade, inelasticidade, fratura e fadiga de um metal é bom para avaliar sua aplicagao para a construgao de um membro estrutural e para determinado uso particular. Elasticidade @ a capacidade que tém os metais de voltar a sua forma original apos sucessivos ciclos de carregamento e descarregamento (carga e descarga). A fa ga de um metal ocorre quando ele é submetido a solicitagoes repetidas de tensdes acima de sua capacidade limite, através de sucessivos ciclos de carga e descarga. Dutilidade é a capacidade que tem o metal de se deixar deformar sem sofrer fratu- ras na fase inelastica, isto 6, além do seu limite elastico (limite de elasticidade). ‘Submetido a uma carga de tragdo, em estado de tensao simples, ocorre, no ago, um exato limite de escoamento sob uma tensao somente levemente superior a0 limite elastico. Os valores minimos das especificagdes do limite de escoamento, indice de ductilidade e quimica, acham-se estabelecidos pelas normas corres- pondentes. As propriedades mecanicas do ago estrutural, que descrevem sua resisténcia, dutilidade, ¢ assim por diante, so dadas em termos do comportamento de um teste de tracdo simples. A poredo inicial de uma curva tipica de tensdo-deformayao para um ago estrutural acha-se exposta na Fig. 2.2. A tangente a curva tensao-deformagao na fase elAstica foi classificada com a letra E, por convengao, médulo de elasticidade. Toma-se o valor de E como 2.100 tt! cm? para as estruturas de ago. O limite de escoament , Fy, & a mais significativa proprieda- de que diferencia os agos estruturais para os quais se aplicam as normas. A tensdo ultima ou de ruptura, Fu, baseada na reagdo transversa’ original, acha-se também registrada para a tensao de ensaio. ‘Agos estruturais @ sous produtos 9 O limite de escoamento do ago varia algo com a temperatura, rapidez do ensaio e as carac- teristicas do corpo-de-prova (dimenséo, forma e o acabamento da superficie). Apés o es- ‘coamento inicial, 0 corpo-de-prova alonga-se na fase plastica sem mudanga apreciavel na tensao aplicada. Por outro lado, escoamentos ocorrem em muitas regides localizadas, as quais encruam o material, devidamente tensionado, de modo a forgar-se escoamentos em uma nova locagao. Depois que todas as regides elasticas ja se exauriram, com deforma- g6es na base de quatro a dez vezes a deformacdo elastica, a tensdo comega a aument>r e Um encruamento mais geral ou tensionamento comega. O patamar de escoamento mostra- do na Fig. 2.2 6 peculiar dos agos estruturais tratados a frio. Os acos estruturais sao incon- fundiveis quando se trata de dureza. (tt7en?) | | Fusdettlen?| t— eit TENSAO o ° Lit | Litt... 24 6 6 10 2 4 6 1B 20 22 % DEFORMAGAO Fus limite de resisténcia a tragao Fy= limite de escoamento Fig. 2.2 - Curvas tipicas tensdo-deformagao, obtidas a partir de um teste de trapdo para ago estrutural Dureza pode ser definida como uma combinagao de resisténcia e ductilidade. Depois que a fase de encruamento comegar, durante o ensaio de tensao, a tragao continua a aumentar € a extensiio inelastica do corpo-de-prova continua uniformemente (sem redugao local na area de secdo transversal) até a carga maxima atingida. O corpo-de-prova entao experi- menta um estricgo local e diz-se que houve um “estrangulamento” do corpo-de-prova. A tensdo nominal baseada na area original ento classificada como “tensao de ruptura” do material. Acapacidade do ago de resistir & deformagao ineldstica, sem fraturar, também he permite sustentar a fluéncia local durante a fabricacao e a construgo. Desse modo, permi- te que seja cisalnado, puncionado, ftexionado e martelado sem dano aparente. 2.2.2 - Constantes fisicas dos agos estruturais So praticamente constantes, na faixa normal de temperatura atmosférica, para qualquer ago estrutural, as seguintes propriedades: Massa especifica .. Modulo de elasticidade. Coeficiente de Poisson no regime elastico.. Médulo transversal de elasticidade Coeficiente de Poisson no regime plastico.. Coeficiente de dilatagao térmica .. 9 = 7,85 tims E = 210.000 MP. v=03 G = EX 2(1+0)} = 78.850 MPa = 788 tlic? 05 12x 16C 2.100 ti/em? 10 Editicios industriais em ago 2.2.3 - Influéncia da composigao quimica nas propriedades dos acos A composigao quimica determina muitas das caracteristicas dos agos, importantes para aplicagées estruturais. Alguns dos elementos quimicos presentes nos agos comerciais sao, conseqiiéncia dos métodos de obtengao. Outros sao adicionados deliberadamente, para atingir objetivos especificos. A composigo quimica de cada tipo de ago fornecida pelas. normas correspondentes, em duas situagdes: composi¢ao do aco na panela e composi¢ao do produto acabado (lingotado); geralmente, a composicao varia um pouco de uma situa- 0 para outra. Aiinfluéncia de cada um dos elementos quimicos, encontrados mais comumente nos agos, é descrita resumidamente a seguir, Deve-se levar em conta, entretanto, que os efeitos de dois ou mais elementos, usados simultaneamente, podem diferir dos efeitos corresponden- tes a cada elemento isolado Aluminio, quando adicionado a um ago acalmado com silicio, reduz a temperatura de transicdo e aumenta a tenacidade. A redugo de temperatura de transi¢ao pode ser obtida mesmo sem o silicio, com adig&o suficiente de aluminio (nao superior a 0,2%). Adigdes excessivas de aluminio dificultam a obtengao do grau de acabamento superfi- cial desejado nos produtos laminados. O aluminio também restringe o crescimento dos gros durante um tratamento térmico. Carbono (C) é o principal elemento para aumento de resisténcia (e dureza). Em geral, cada 0,01% de aumento no teor de carbono aumenta 0 limite de escoa- mento em aproximadamente 0,035 tf/em?. Contudo, isto ¢ acompanhado por redugao de ductilidade, de tenacidade e de soldabilidade, elevagao da tempe- ratura de transigao e aumento de susceptibilidade ao envelhecimento. Conse- qilentemente, o teor de carbono dos agos estruturais é limitado em 0,3% ou menos, dependendo dos outros elementos presentes, e da soldabilidade e da tenacidade desejadas. Cobre (Cu) aumenta de forma muito eficaz a resisténcia a corrosao atmosférica, para adi- Ao de até 0,35%. Aumenta também o limite de resisténcia @ fadiga. Reduz pouco a ductilidade, a tenacidade e a soldabilidade jo (Ni), em pequenas quantidades, produz aumento relativamente grande no limite do escoamento, mas aumentos menores no limite de resisténcia. Reduz consideravelmente a tenacidade de elementos espessos. Cromo (Cr) aumenta a resisténcia mecdnica a abrasao e a corrosao atmosférica. Reduz, porém, a soldabilidade. O cromo aumenta a resisténcia a deformago lenta e melhora o acompanhamento do aco a temperaturas elevadas, isto 6, com aumento de temperatu- ra a redugdo de resisténcia é menos pronunciada do que nos acos-carbono (até 500°C, aproximadamente). Enxotre, que entra no processo de obtengao, pode causar retracdo a quente, como resultado de inclusées de sulfito de ferro, as quais se enfraquecem e podem rom- per quando aquecidas. As inclusdes podem também conduzir a ruptura fragil, pois funcionam como pontos de concentragao de tensées, a partir dos quais a ruptura pode comegar. Teores elevados de enxofre podem causar porosidade e fissuragao a quente durante a soldagem. Normalmente, é desejavel manter o teor de enxotre abaixo de 0,05%. Féstoro aumenta o limite de resisténcia e a resisténcia a fadiga. Reduz a ductilidade, a soldabilidade, e aumenta a temperatura de transigéio. Contudo, adigbes de aluminio au- mentam a tenacidade dos agos que contém fésforo. Agos estruturais e seus produtos 11 Hidrogénio, que pode ser absorvido durante as operagées de refino, fragiliza 0 ago, de- vendo ser eliminado por difusao, através de resfriamento lento apés a laminacao, e estocado a temperaturas normais de interiores. Manganés (Mn) aumenta o limite de resisténcia, a resisténcia a fadiga, a tenacidade e a resisténcia a corrosao. Reduz a soldabilidade. Retarda o envelhecimento. Opée-se a retragdo a quente causada pelo enxotre, devendo, por isso, ser usado em teores que variam de trés a olto vezes 0 teor de enxofre, dependendo do tipo de ago. Molibidénio (Mo) aumenta o limite de escoamento, a resisténcia a abrasao e a resisténcia corrosao atmosférica. Melhora a soldabilidade. Tem efeito adverso na tenacidade e na temperatura de transi¢ao. Assim como 0 cromo, melhora o comportamento a tempe- raturas elevadas e aumenta a resisténcia a deformagao lenta ‘Niquel (Ni) aumenta a resisténcia mecanica, a tenacidade e a resisténcia 4 corrosao. Re- duz a soldabilidade. Nitrogénio aumenta a resisténcia, porém pode causar envelhecimento. Aumenta a tempe- ratura de transigaio Oxigénio, assim como o nitrogénio, pode causar envelhecimento. Reduz a ductilidade e a tenacidade. Silicio aumenta a resisténcia © a tenacidade, porém reduz a soldabilidade. E usado freqlentemente como desoxidante. Titanio aumenta o limite de resisténcia, a resisténcia a abrasdo e a resistencia a deforma- 40 lenta. E muito importante quando se deseja evitar o envelhecimento. Algumas ve- Zes 6 usado como desoxidante e inibidor de crescimento do grao Tungsténio aumenta o limite de resisténcia, a resisténcia a abrasao e a resistencia a deformagao lenta. & usado em aco para trabalho a temperatura elevadas. Vanddio (V), em teores de até 0,12%, aumenta o limite de resisténcia, a resisténcia & abraso e a resisténcia a deformacao lenta, sem prejudicar a soldabilidade e a tenaci- dade. Algumas vezes é usado como desoxidante e inibidor de crescimento do gréo. Observagées: para relacionar a composigao quimica a soldabilidade, a influéncia relativa de cada elemento é expressa em termos de carbono equivalente. Uma das expressdes propostas para se determinar o carbono equivalente é a seguinte: [o. Ma, Cr+Mo+v | Ni+Cu) Coq =O rig ee SE Nesta expressio, 0 teor de cada elemento é expresso em porcentagem. Quanto maior for © carbono equivalente, menor sera a soldabilidade do ago. Em decorréncia, 0 resfriamento: apés a soldagem tem que ser feito mais lentamente, as temperaturas de pré-aquecimento @ interpasses tém que ser maiores e torna-se mais necessario 0 uso de baixo hidrogénio. O ideal para estruturas soldadas é que o carbono equivalente fique abaixo de 0,45%. 12 Edificios industriais em ago 2.3 - Principais tipos de agos estruturais No Brasil sao usados, mais comumente, os seguintes tipos de agos estruturais: 2.3.1 - Agos para perfis, chapas e tubos - Série ABNT A Tabela 2.1 apresenta os principais tipos de acos estruturais padronizados pela ABNT. Tabela 2.1 - Agos estruturais ABNT (perfis, chapas e tubos) 1 tic? = 10 KN/cm? = 100 MPa NBR 6648 NBR 5920/NBR 5921 Chapas grossas de ago-carbon: para uso estrutural ‘Chapas finas de ago de baixa liga @ alta resistencia mecanica, NBR 5000 |~“Chapas grossas de ago” | de baixa liga e alta Fy] Fo tesistentes & corrosdo resisténcia mecénica ‘tticm? tiem? atmosférica, para usos Classe? Fu 235 | 3.80 estruturais (a frio/a quente) grau lem? 2,55 4.10 G-30 415 G35 450 TBR 6649 Chapas finas a frio para uso estrutural Fy Fu tema _|_tteme 2,35 | 3,80 255 | 4,10 NBR 6650 | Ghapas finas a quente para uso estrutural NBR 5004 Chapas finas de ago de baixa liga e alta resisténcia mecanica Classe Fa grau tHlome F-32/0-82 440 F.35/0-35 4,50 Perfil tubular de ago-carbono, formado a trio, com e sem Fy Fu tiem? | ttlem? 235 | 380 255 | 4,10 2,80 | 4,40 300 | 4,90 NBR 7007 | Acos para perfis laminados | para uso estrutural costura, de segao circular, quadrada ou retangular, para usos estruturais Fy | Fu tWem?_| tem? 2,50 | 4,00 2.90 | 4,15 3,45 | 4,50 345-A0uB| 3,45 | 4,85 NBR 5008 Chapas grossas de ago de baixa liga e alta resistancia mecanica, resistentes 4 corrosdo atmostérica ara usos estruturais lowssey Pana de | Fy | Fu rau | espessura tiem tiem 120 345] 4.80 24, 19

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