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IV ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR DIFICULDADESE LIMITES DA PARTICIPACAO NA ELABORAGAO DO PLANO DIRETOR DO RECIFE, JanBitoun* Desde novembro de 1989, o Plano Diretor do Recife est sendo elaborado no ambito da Secretaria de Planejamento da prefeitura municipal, Esta conta com a assessoria de um consércio de empresas consultoras que jé produziu estudos de carster preliminar, com graus diversos de aprofundamento, identificando os principais problemas ¢ delineando diretrizes aventadas como capazes de nortear a ago do municfpio nos prOximos vinte anos. A partir destes estudos teméticos, cuja maioria se apresenta como um condensamento de conhecimentos até hoje dispersos nos centros de pesquisa universitérios ¢ nas repartiges pblicas, se configura um diagndstico do estado atual da cidade cujas caracteristicas ‘marcantes residem: 1 na importancia incomum do setor informal no quadro de uma economia urbana setorialmentediversificada sem que possa ser identificada uma “vocagdo” estruturadora; 2) na caréncia da infra-estrutura bdsica de saneamento com reflexos negativos no conjunto do ambiente urbano assentado na sua maior parte num so estuarino sterradcs 3) na “ineticiéncia” das prticas pretéritas de controle do uso do solo que deixaram se Construir uma mancha urbana extensiva, com amplos vazios especulaivos, e onde se notam fendmenos localizados de vertializagdo servindo de paarbes para a evoluglo dos pregos ‘num mercado formal de tera ao qual no tem acesso a maior parte das Famtis*; 4) nos miltiplos impasses de uma gestio do espago urbano face & existéncia de diversos agentes pilblicos das esferas estadual e federal no espago municipal & na aglomeragiio ‘metropolitana sem que os poderes municipais consigam assumir os scus papéis de coordenago ‘no atendimento de demandas setoriale territorialmente diferenciadas’ "Na elaboragio do plano diretor, conform estipulado no Art, 106 da Lei Orgtinica do municipio é“assegurada, paritariamente, na forma da lei, a participagdo popular, através das entidades {da sociedade civil organizada, habilitadas para esse fim, e dos 6rgios piblicos”. A Secretaria de Planejamento da prefeitura promoveu a formacio de ts comissSes de acompanhamento ‘ede discusstio nesta fase de elaboragio do plano. Assim, vém se reunindo semanalmente © "Profesor do Departamento de Cidnias Geogeiicas da UFPE “Reif "PCR. Conscio Poceage/ifana/Acqua-la, Plano Direor de Desenvolvimento do Recife. Pespecvas de Deseivinento Bouts pas Ree, Ree 10 2 PCR. Consércio Procenge/Urbana/Acqua Pap. Plano Diretor de Desenvolvimento do Recife. Saneaeno, Recife, 199 PCR. Conair Prcengetthana/ Acq Plan Plano Distr de Desenvolvimento do Recife soe ocipago dosolo Rect, 199 “GOMES, Edviia. A. Expo, planejamento gsi deservigos comune metopoitaos: uma perspectva ‘seogtdie sobre a regito metropolitans Reif, 1588 ™ 121 IV ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR separadamente representantes da Comisséo dos Orgios Péblicos, da Comissio dos Movimentos Populares ¢ da Comissio da Sociedade Civil. ‘A titulo de representante do Mesirado em Geografia da Universidade Federal de Pentambuco ‘na Comissdo dos Orgdos Pblicos, pudemos acompanhar os trabalhos de elaborago do plano «nos questionar sobre as causas da evidente morosidade do proceso participativo, levantando, ‘nesta comunicacdo, algumas consideracSes sobre os freios que ele enfrenta remetendo as réprias dificuldades do ato de planejar no Brasil das grandes metr6poes. Com efeto, a credibilidade do planejamento urbano tem sido profundamenteatingida pela crise financeira que reduziu a capacidade de intervir do Estado brasileiro, pela crise de legitimidade dos poderes pblicos que procurarani superé-la através da liberalizardo politica pela crise conceitual levando a redesenhar um “planejamento possfvel” concebido no mais como uma “imposigfo de uma ordem do ou de desenvolvimento”® mas como “uma modalidade de socializagéo...¢ contextualizada pela luta fundamental entre diversas forcas sociais € seus respectivos projetos, assim como pela retagdo existente entre Estado ¢ Sociedade”®. Experitncias de gestio patticipativa foram implementadas a partir do fim da década de setenta quando se mulGplicaram e se evidenciaram as manifestagiés da vida associativa nas grandes cidades e, em particular, os movimentos de moradores. As reivindicagBes passaram a ser ouvidas, registradas ¢, s vezes, contempladas pelos poderes locais. No entanto, na elaboraclo de dretrzes mais globais e de mais longo prazo, objetivo 4o plano diretor, a prética patcipativaesté sendo testada na sua capacidade de se constituir ‘um novo insumo do planejamento visto como uma “modslidade de soializae30” que permite aos agentes da produgdo do espago urbato firmar compromissos explicitos no decorrer da r6pria elaboracio do plano, ‘A redugo das linhas externas de financiamento esté tornando cada vez mais indcuo desacreditado o planejamento reduzido a mera formalizagdo por parte do poder executivo local da sua insergo em programas nacionais ou internacionas. A credibilidade do ato de planejar,ligada cada vez mais & sua capacidade de extrait da sociedade local recursos ‘escassos mas efetivamente empregados na consecu¢do de objetivos definidos via compromissos publicamente firmados, remete & importincia central da qualidade da participagdo na elaborago do plano diretor. 1. condugio do processo participative: dificuldades operacionais ¢ politicas ‘A implantaco da participagio pelo executive municipal, cumprindo o preceito da Lei Organica do Recife no seu Art 106, supractado, nfo eliminou definitivamente a descoofianga de que se procurava, través da formagio das tréscomissses jf referidas, compor um quadro form de legitimagéo de um processo de planejamento que, na sua esséncia, iia manter as caracteristcas tecnoburocriticas que presidiram planos anteriores. Esta suspeita se fundamentava na histéria politica recente do municipio em que, p6s a vitoriaeeitoral do * MASSIAH G. e TRIBILLON J F. Vile en developpment. Pais, 1987p. 106-109. “CORAGGIO. J. Passibilidades de um planejamento erntora para a transipto na América Latina. 1981. p54 122 IV ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR PFL em 1988, tinham sido desativados os principais mecanismos de gestio participativa, ‘deaizado no quadro do Programa “Prefeitra nos Bairros” da Secretaria de Ago Social do prefeito Jarbas Vasconcelos. No elima de polarizagao politica caracteristico dos embates eleitorais em Pernambuco, © tema da participagio parecia identificado com as forcas derrotadas , portanto, motivo de rejeigdo por parte daqueles que tinham a responsabilidade do executivo municipal. Outrossim, a demorada preparagdo do termo de referéncia para elaboragao do plano diretor deixava antever a produgio de um plano chamado de desenvolvimento na tradico dos documentos outrora oriundos do érga0 de Planejamento Metropolitana (FIDEM), em que muitos técnicos da prefeitura tinham se formado enquanto planejadores: €nfase dava as perspectivas econdmicas apontando para um crescimento inevitivel, dotagio de infra- estrutura a ser garantida por fontes externas de financiamento e capacidade quase sem limites do poder pablico de moldar e remoldar 0 deseaho urbano, pelo menos nas intengbes. ‘Aumentava ainda mais a suspeita a0 se verificar a ausncia de meios e estratégias de ampla

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