Aula n. 01 – 12.03.2010
Palestrante: Maria Sylvia Zanela Di Pietro
Tema: Inovações do Direito Administrativo e o Princípio da
Supremacia do Interesse Público
Raízes Históricas:
França
Itália
Alemanha
O Brasil ficou com a Jurisdição Uma da Common Law, mas não dotou as agências da
competência para decidir em caráter definitivo...
Momento atual
Todos querem rever os institutos, pois, o Estado é o grande vilão da atualidade. Daí
aparecem os salvadores da pátria para derrubar os “conceitos velhos”. Para ela
algumas revisitações são válidas, mas outras nem tanto.
Legalidade
Em que pese nossa Carta não ter repetido a redação do Texto germânico, desde o
seu preâmbulo vemos transparecer essa idéia. Podemos ilustrar com os quatro
primeiros artigos da CF88, todos de índole principiológica.
Essa ampliação da legalidade, vem ao encontro da idéia de que o Judiciário pode
analisar a discricionariedade, pois muito do que se entende como tal é ligado a
ponderação de princípios, e se os princípios integram a idéia de legalidade, poderia
o Estado-juiz exercer esse controle. A ampliação da idéia de legalidade restringe o
escopa da discricionariedade administrativa. Os que levam essa idéia ao extremo
chegam a afirmar que não existe mais mérito administrativo. Ela acha essa
conclusão exagerada mas concorda com a redução da discricionariedade pela
ampliação do conceito de discricionariedade.
Primeira crise ocorreu nos anos 50 do século passado, quando empresas privadas
passaram a prestar os mesmos serviços que o Estado, mas sob a égide do direito
privado.
Daí nasceu a construção de que esses serviços seriam de titularidade pública, mas
delegados à particulares, o que permitiria a derrogação das regras de direito
privado – quando necessário – resolvendo o problema.
A segundo crise é vivida hoje. Na comunidade Européia se chega a afirmar que não
deve haver serviços públicos, mas tão somente aqueles de “interesse econômico
geral”, pois o Estado, ao ser o “titular” do serviço, acaba por ferir os princípios da
livre-iniciativa e da competição. Isso tudo, claro, em consonância com a cartilha
neoliberal. Pregam, pois, o fim do serviço público.
Ocorre que alguns doutrinadores brasileiros querem “importar” essas regras. Até
mesmo o legislador ficou contaminado pela idéia, por exemplo, ao editar a Lei Geral
de Telecomunicações que não utiliza o termo serviço público em nenhum momento.
Para Maria Sylvia, a idéia de sérico público não pode ser afastada, até mesmo
porque a CF utiliza a expressão e o conceito. Mais ainda, o Texto Maior obriga a
União a prestá-los, ainda que mediante autorização, concessão ou permissão, esses
serviços (art. 21, XI e XII, além do 175 e o 37§6º, que prevêem conseqüências
dessas prestações).
Agencificação
Ocorre que, quando importamos esse modelo dos Estados Unidos, esquecemos que
lá o procedimento de edição dessas normas pelas agências é regulado, inclusive
sendo garantida a participação dos setores atingidos por essas regras em sua
formação. Se não houver esse debate prévio, a regração é nula! Para os
americanos, as Leis criaram tão somente os “Standards”, que serão desenvolvidos
em regulamentos que, de fato, inovarão. Mas se esses regulamentos fugirem à
razoabilidade, estarão fugindo ao devido processo legal substancial, e como o
devido processo de formação dessas normas (material e formal) deve ser
observado, poderão ser elas avaliadas pela Supreme Court. Aqui, o STF não aceita
ADIN contra ato de agência reguladora, só controle difuso.
Princípio da Subsidiariedade
Tem previsão nas encíclicas papais, fundado na idéia de que o Estado deve
respeitar a liberdade do cidadão, e, portanto, aquilo que pode ser feito pelo
cidadão, não precisa de interferência do Estado, cabendo a esse, tão somente,
subsidiar a iniciativa privada onde essa se mostrar insuficiente. (idéia presente nos
arts. 173 e 174 da CF)
Ela, inclusive, acha que a Idéia de OSCIP foi destruída, pois ao invés do Estado
ajudar à OSCIP em suas atividades, e essa que ajuda o Estado.
Vistas hoje sob a forma de terceirização, concessões e outros institutos afins, todos
eles nascidos em nome da eficiência administrativa. Entende a professora que essa
migração não pode ser total, tendo em vista a derrogação que o direito público a de
operar em relação às regras de direito privado eventualmente aplicáveis às
relações dessas entidades.
A Primeira Crítica foi lançada por Humberto Ávila, depois seguiu-se Gustavo
Binenbojn. Alice tentou ficar em um meio termo.
Ela acha que o fato do conceito ser indeterminado não conduz, necessariamente, a
uma discricionariedade, pois, diante do caso concreto, haverá uma materialização
desse conceito. E.g. o conceito de merecimento, para fins de promoção, passa a ser
determinado uma vez decidido qual será o critério para avaliar a promoção.
Ainda, ela acha que em alguns casos, o IP está totalmente definido no comando
legal. E.g. quando se exige a autorização da casa legislativa para a emissão de
títulos, com a finalidade de pagar precatórios. Essa emissão só poderá se dar para
essa finalidade exclusivamente.