exacerbada
Resultados
Um total de 79.985 pacientes foram incluídos no estudo. Destes, 941
(1,2%) pacientes necessitaram de ventilação mecânica após o 2º dia de
internação, 1080 (1,4%) morreram na internação e 6911 (9%) foram
readmitidos por DPOc em 30 dias após a alta.
A maior parte dos pacientes (73.765, 92%) foram tratados inicialmente
com altas doses de corticoide endovenoso. A média da dose no grupo de
“baixas doses” foi de 60mg e de 600mg no grupo “altas doses”.
Os pacientes tratados com baixas doses de corticoide oral tinham mais
comorbidades, menor probabilidade de receberem antibioticoterapia precoce,
metilxantinas, de terem gasometria arterial coletada e de usarem ventilação
não-invasiva.
A mortalidade hospitalar foi menor no grupo que recebeu corticoide oral
em baixas doses (1,0 vs. 1,3%; p<0,05). A falência terapêutica também foi
menor no grupo tratado com corticoide oral em baixas doses (10,3 vs. 10,9%;
p<0,05).
Após ajuste pela análise multivariada, os pacientes tratados com
corticoide oral tiveram um menor risco de falência terapêutica (OR 0,84; IC
95%; 0,75-0,95), menor tempo de internação (OR 0,90; IC 95% 0,88-0,91) e
menor custo hospitalar (OR 0,91; IC 95% 0,89-0,93).
Comentários
Este estudo sugere que o uso de corticoides por via oral e em baixas
doses não se associa a um pior prognóstico. Esta conduta já havia sido
sugerida em outros estudos e recomendada pelas diretrizes (2-3), porém não é
seguida pela maioria dos médicos, uma vez que mais de 90% dos pacientes
começou seu tratamento com altas doses de corticoide endovenoso. Talvez
isto ocorra por uma falsa percepção de que medicamentos administrados por
via venosa tenham ação e eficácia mais rápidas.
No entanto, as conclusões do estudo não são definitivas. Talvez os
pacientes que receberam o corticoide venoso sejam mais graves e possam ter
um pior prognóstico por isso, apesar dos ajustes feitos com a análise
multivariada. Outro ponto importante foi a exclusão de pacientes admitidos
diretamente em UTI. Por ora, seguir as recomendações das diretrizes parece
adequado, mas há a necessidade da comparação das duas estratégias em um
estudo clínico randomizado.
Referências
1. Lindenauer PK, Pekow PS, Lahti MC, Lee Y, Benjamin EM, Rothberg MB.
Association of corticosteroid dose and route of administration with risk of
treatment failure in acute exacerbation of chronic obstructive pulmonary
disease.
JAMA. 2010; 303(23):2359-67.
2. II Consenso Brasileiro de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
(http://www.jornaldepneumologia.com.br/PDF/Suple_124_40_DPOC_COMPLE
TO_FINALimpresso.pdf)
3. Rabe KF, Hurd S, Anzueto A, Barnes PJ, Buist SA, Calverley P, Fukuchi Y,
Jenkins C, Rodriguez-Roisin R, van Weel C, Zielinski J; Global Initiative for
Chronic Obstructive Lung Disease. Global strategy for the diagnosis,
management,
and prevention of chronic obstructive pulmonary disease: GOLD executive
summary.
Am J Respir Crit Care Med. 2007; 176(6):532-55.