Resumo
Abstract
Por volta de 1900, o uso da energia elétrica era mais freqüente na industria
e tração, mas a demanda permanecia baixa à noite e nos finais de semana.
Até o início da Primeira Guerra Mundial seu uso doméstico era ínfimo.
Ao final do conflito, as mesmas dificuldades continuavam presentes. A
maior parte dos produtos domésticos que conhecemos hoje foi inventada
naquela época, ao lado de vários outros produtos que não se mostraram
viáveis, como chaleiras elétricas e esterilizadores de leite. Mas, o principal
obstáculo para a utilização da eletricidade continuava sendo o alto custo.
Havia um círculo vicioso: a energia elétrica era cara e por isso pouco
utilizada; por ser pouco consumida, continuava cara. Além disso, havia
outras dificuldades: era necessário levar cabos elétricos para dentro de casa
e pelos diversos aposentos. Por outro lado, a eletricidade encontrava terreno
fértil para superstições: seus pressupostos eram pouco compreendidos, e
ainda podia ser fatal em caso de mau uso. Finalmente, o gás continuava
sendo mais eficiente e barato. Dois recursos foram considerados para
mudar este quadro: a eficiência dos artefatos, ressaltando a importância
do design, e a utilização de propaganda. Neste contexto, a eletricidade
chegou a ser tratada como “o maior presente da ciência para o mundo”
e o “combustível do futuro”. As noções de modernidade e progresso,
sugeridas a partir da aliança com novas descobertas científicas, passaram
a ser aplicadas ostensivamente no design de produtos elétricos, após a
Segunda Guerra, utilizando-se referências explícitas a carros e aviões.
Atualmente, mesmo com o avanço de novas tecnologias, o domínio da
energia elétrica continua predominante. Mesmo o último laptop necessita,
em algum momento, ser recarregado na tomada. A presença da eletricidade
Referências
(Footnotes)
1
Cf. “industrialização” e “revolução” em OUTHWAITE, William e BOTTOMORE, Tom. Dicionário do
Pensamento Social do Século XX. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1996.
2
A “grande aceleração das transformações”, período que vai de 1890 a 1914, é considerado final
do século XIX pelos autores. In BAYLY, Christopher, The Birth of the Modern World, apud BURKE,
Peter em Origens distantes da globalização. Mais. Folha de S. Paulo, 11 de julho de 2004. p. 7.