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Análise do jornalista Hélio Fernandes sobre a truculência, mentiras e golpes dos militares depois do Golpe de 64, especialmente focando a figura do "presidente" Castelo Branco quando de sua saída em 1967.
Judul Asli
Um Olhar Sobre a Ditadura Militar de Direita No Brasil
Análise do jornalista Hélio Fernandes sobre a truculência, mentiras e golpes dos militares depois do Golpe de 64, especialmente focando a figura do "presidente" Castelo Branco quando de sua saída em 1967.
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Análise do jornalista Hélio Fernandes sobre a truculência, mentiras e golpes dos militares depois do Golpe de 64, especialmente focando a figura do "presidente" Castelo Branco quando de sua saída em 1967.
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Um olhar sobre a Ditadura Militar de Direita no Brasil: O
“presidente” Castelo Branco
No dia 12 de março de 1967, três dias antes de
Castelo deixar o Poder, publiquei o artigo que transcrevo agora. Finalizava trajetória jornalística começada em 9 de abril de 1964. Não transigi, só interrompi, não me deixavam escrever da prisão ou dos sequestros-desterros.
Artigo do jornalista Hélio Fernandes, jornal Tribuna da
Imprensa, Rio de Janeiro, 16/08/2010 No dia 10 deste março, foi anunciado pelo Palácio do Planalto que o “presidente” Castelo Branco fará três discursos, antes de passar o cargo ao general Costa e Silva. Pelo que divulgou, seria um discurso por dia, começando amanhã e terminando com a transmissão do Poder. Seria, segundo porta-vozes, “prestação de contas do que Castelo Branco fizera pelo país, desde que assumira até entregar o governo ao sucessor”. O “presidente” é muito humilde e confiante, acreditando que pode sintetizar tudo em três discursos. Mesmo que fizesse TRÊS MIL DISCURSOS, Castelo Branco não conseguiria reverter a DECEPÇÃO que causou ao País, à coletividade e aos políticos com os quais conversou para “tomar posse com apoio e aval do Congresso”. Já contei aqui há mais de 3 anos, as conversas que Castelo Branco (ainda não “presidente”) teve com Juscelino na casa do deputado Joaquim Ramos. (Irmão de Nereu). Castelo textual para JK: “Presidente, não quero tomar posse como Chefe do Governo Provisório. Dessa forma NÃO TEREI condições de manter as eleições marcadas para 3 de outubro de 1965”. (Estavam presentes, Amaral Peixoto, presidente do PSD, Negrão de Lima e José Maria Alckmin). Castelo terminou a “sedução” sobre Juscelino: “Presidente, o senhor é o mais forte candidato à sucessão em 1965, tem todo o interesse que ela se realize na data marcada”. JK não teve saída, como não confiar num oficial-general que empenhava sua palavra, dizia, “a eleição será realizada, garanto isso, se for eleito pelo Congresso”. JK e Amaral Peixoto comunicaram como deviam votar, era surpreendente, mas acabaram por entender. Votaram, alguns meses depois Juscelino, (que era senador) estava cassado e enquadrado num inquérito massacrante, respondendo horas e horas durante semanas. Como “presidente”, Castelo, que se preparava para deixar o Poder, poderia explicar as seguintes traições ao país e à coletividade? 1 – Entregou as riquezas do subsolo aos monopólios internacionais. 2 – Acabou com a liberdade sindical. 3 – Impôs salários miseráveis aos trabalhadores. 4 – Cortou as fontes de crédito para a indústria nacional. 5 – Aumentou voluptuosamente os créditos para empresas multinacionais. 6 – Perseguiu de forma inacreditável, toda a indústria declaradamente brasileira. 7 – Permitiu o escândalo da AMFORP, dos maiores. 8 – Deixou que o senhor Juracy Magalhães conduzisse como bem entendesse, nossa política externa. 9 – Juracy chegou a auge de dizer nos EUA: “O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil”. 10 – Trouxe Roberto Campos, o grande “entreguista” do país, que passou de embaixador do Brasil nos EUA, a representante dos EUA no Brasil, uma das mentes da sujíssima e pró- entregusita Revista Veja. Não há oratória que consiga melhorar a imagem pública desse “presidente”, pois os males e problemas provocados para o povo, não se expressaram em palavras, mas em fatos que podem ser sintetizados assim: falências, desemprego, concordatas, prisões, tortura, desespero, cassações, desmantelamento do regime democrático, que mal ou bem, funcionava. Dentro de alguns dias, HAVERÁ O ALÍVIO NACIONAL, com a saída de Castelo do governo. No Brasil todo, se preparam grandes manifestações para registrar o fim de um pesadelo chamado Castelo Branco. Na Avenida Rio Branco teremos a tradicional chuva de papel picado, reservada aos grandes dias de emoção nacional. E nada mais significativo e com direito a comemoração do que a saída desse “presidente”, que nos últimos dias de Poder já é considerado, (perdão, desconsiderado) como o pior presidente da nossa História. (Com direito a todas as aspas possíveis e imagináveis). Costa e Silva se “beneficiou” de uma certa esperança, menos pelo que possa representar, mas pela LIBERTAÇÃO DA DITADURA Castelo Branco. As nossas três grandes aspirações (desenvolvimento, nacionalismo e independência empresarial) não existiram no “governo” Castelo. E não existiram por uma razão simples e irrefutável: os incapazes e incompetentes congênitos como Castelo Branco, só se aguentam ditatorialmente. Esse desenvolvimento do país não foi alcançado por causa do mais feroz e entreguista grupo que já se apossou do país. Durante mais de 3 anos, as riquezas brasileiras, o seu potencial para o futuro e o seu patrimônio, foram sendo devastados, metodicamente. Tudo o que o povo brasileiro se orgulhava de possuir e esperava que fosse usado para o seu crescimento, roubado miseravelmente por associados a grupos multinacionais e personagens de destaque do “GOVERNO DO PRESIDENTE CASTELO BRANCO”. *** PS – Enorme repercussão do artigo, pois a ditadura se fortalecia cada vez mais. Ninguém queria desafiá-la ou contestá-la. Vou acrescentar apenas dois fatos, (que logicamente não estão no artigo transcrito). O primeiro ocorrido no dia 12, o segundo no dia 16, consequência do primeiro. (E já com Costa e Silva). PS2 – Desde a cassação, vinha escrevendo com o nome de João da Silva, um pracinha que morreu na Itália. Helio Fernandes, de jeito algum. No dia 12, voltou o nome próprio. PS3 – No dia 16, logo depois da posse, fui preso, “violei os termos da cassação”. Fiquei 26 dias preso, solto, passei a usar novamente Helio Fernandes. Entrei na Justiça com ação contra a ditadura, reivindicando o meu DIREITO- OBRIGAÇÃOde trabalhar. E assinar meu nome, patrimônio jornalístico-profissional. Um bravo juiz, Hamilton Leal, Presidente da LEC (Liga Eleitoral Católica), sentenciou: “O jornalista é obrigado a trabalhar e com seu nome”. PS4 – Os ditadores não quiseram acumular mais impopularidade, agora com a Justiça e com a Igreja. Continuei assinando Helio Fernandes e criticando duramente a ditadura. PS5 – Durou pouco, 1968 e o famigerado AI-5 vinham sendo “gestados”. O nascimento (e morte) não demoraria. PS6 – A censura começaria em 1968 (assim mesmo, em alguns casos, ficticiamente), o repórter e o jornal já eram atingidos muito antes.
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