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Um olhar sobre a Ditadura Militar de Direita no Brasil: O

“presidente” Castelo Branco

No dia 12 de março de 1967, três dias antes de


Castelo deixar o Poder, publiquei o artigo que
transcrevo agora. Finalizava trajetória
jornalística começada em 9 de abril de 1964.
Não transigi, só interrompi, não me deixavam
escrever da prisão ou dos sequestros-desterros.

Artigo do jornalista Hélio Fernandes, jornal Tribuna da


Imprensa, Rio de Janeiro, 16/08/2010
No dia 10 deste março, foi anunciado pelo Palácio do Planalto
que o “presidente” Castelo Branco fará três discursos, antes
de passar o cargo ao general Costa e Silva. Pelo que divulgou,
seria um discurso por dia, começando amanhã e terminando
com a transmissão do Poder. Seria, segundo porta-vozes,
“prestação de contas do que Castelo Branco fizera pelo país,
desde que assumira até entregar o governo ao sucessor”.
O “presidente” é muito humilde e confiante, acreditando que
pode sintetizar tudo em três discursos. Mesmo que
fizesse TRÊS MIL DISCURSOS, Castelo Branco não conseguiria
reverter a DECEPÇÃO que causou ao País, à coletividade e aos
políticos com os quais conversou para “tomar posse com apoio
e aval do Congresso”.
Já contei aqui há mais de 3 anos, as conversas que Castelo
Branco (ainda não “presidente”) teve com Juscelino na casa
do deputado Joaquim Ramos. (Irmão de Nereu).
Castelo textual para JK: “Presidente, não quero tomar posse
como Chefe do Governo Provisório. Dessa forma NÃO
TEREI condições de manter as eleições marcadas para 3 de
outubro de 1965”. (Estavam presentes, Amaral Peixoto,
presidente do PSD, Negrão de Lima e José Maria Alckmin).
Castelo terminou a “sedução” sobre Juscelino: “Presidente, o
senhor é o mais forte candidato à sucessão em 1965, tem todo
o interesse que ela se realize na data marcada”. JK não teve
saída, como não confiar num oficial-general que empenhava
sua palavra, dizia, “a eleição será realizada, garanto isso, se
for eleito pelo Congresso”.
JK e Amaral Peixoto comunicaram como deviam votar, era
surpreendente, mas acabaram por entender. Votaram, alguns
meses depois Juscelino, (que era senador) estava cassado e
enquadrado num inquérito massacrante, respondendo horas e
horas durante semanas.
Como “presidente”, Castelo, que se preparava para deixar o
Poder, poderia explicar as seguintes traições ao país e à
coletividade?
1 – Entregou as riquezas do subsolo aos monopólios
internacionais.
2 – Acabou com a liberdade sindical.
3 – Impôs salários miseráveis aos trabalhadores.
4 – Cortou as fontes de crédito para a indústria nacional.
5 – Aumentou voluptuosamente os créditos para empresas
multinacionais.
6 – Perseguiu de forma inacreditável, toda a indústria
declaradamente brasileira.
7 – Permitiu o escândalo da AMFORP, dos maiores.
8 – Deixou que o senhor Juracy Magalhães conduzisse como
bem entendesse, nossa política externa.
9 – Juracy chegou a auge de dizer nos EUA: “O que é bom para
os Estados Unidos, é bom para o Brasil”.
10 – Trouxe Roberto Campos, o grande “entreguista” do país,
que passou de embaixador do Brasil nos EUA, a representante
dos EUA no Brasil, uma das mentes da sujíssima e pró-
entregusita Revista Veja.
Não há oratória que consiga melhorar a imagem pública desse
“presidente”, pois os males e problemas provocados para o
povo, não se expressaram em palavras, mas em fatos que
podem ser sintetizados assim: falências, desemprego,
concordatas, prisões, tortura, desespero, cassações,
desmantelamento do regime democrático, que mal ou bem,
funcionava.
Dentro de alguns dias, HAVERÁ O ALÍVIO NACIONAL, com a
saída de Castelo do governo. No Brasil todo, se preparam
grandes manifestações para registrar o fim de um pesadelo
chamado Castelo Branco. Na Avenida Rio Branco teremos a
tradicional chuva de papel picado, reservada aos grandes dias
de emoção nacional.
E nada mais significativo e com direito a comemoração do que
a saída desse “presidente”, que nos últimos dias de Poder já
é considerado, (perdão, desconsiderado) como o pior
presidente da nossa História. (Com direito a todas as aspas
possíveis e imagináveis).
Costa e Silva se “beneficiou” de uma certa esperança, menos
pelo que possa representar, mas pela LIBERTAÇÃO DA
DITADURA Castelo Branco. As nossas três grandes aspirações
(desenvolvimento, nacionalismo e independência empresarial)
não existiram no “governo” Castelo.
E não existiram por uma razão simples e irrefutável: os
incapazes e incompetentes congênitos como Castelo Branco,
só se aguentam ditatorialmente. Esse desenvolvimento do país
não foi alcançado por causa do mais feroz e entreguista grupo
que já se apossou do país.
Durante mais de 3 anos, as riquezas brasileiras, o seu
potencial para o futuro e o seu patrimônio, foram sendo
devastados, metodicamente.
Tudo o que o povo brasileiro se orgulhava de possuir e
esperava que fosse usado para o seu crescimento, roubado
miseravelmente por associados a grupos multinacionais e
personagens de destaque do “GOVERNO DO PRESIDENTE
CASTELO BRANCO”.
***
PS – Enorme repercussão do artigo, pois a ditadura se
fortalecia cada vez mais. Ninguém queria desafiá-la ou
contestá-la. Vou acrescentar apenas dois fatos, (que
logicamente não estão no artigo transcrito). O primeiro
ocorrido no dia 12, o segundo no dia 16, consequência do
primeiro. (E já com Costa e Silva).
PS2 – Desde a cassação, vinha escrevendo com o nome de João
da Silva, um pracinha que morreu na Itália. Helio Fernandes,
de jeito algum. No dia 12, voltou o nome próprio.
PS3 – No dia 16, logo depois da posse, fui preso, “violei os
termos da cassação”. Fiquei 26 dias preso, solto, passei a usar
novamente Helio Fernandes. Entrei na Justiça com ação
contra a ditadura, reivindicando o meu DIREITO-
OBRIGAÇÃOde trabalhar. E assinar meu nome, patrimônio
jornalístico-profissional. Um bravo juiz, Hamilton Leal,
Presidente da LEC (Liga Eleitoral Católica), sentenciou: “O
jornalista é obrigado a trabalhar e com seu nome”.
PS4 – Os ditadores não quiseram acumular mais
impopularidade, agora com a Justiça e com a Igreja. Continuei
assinando Helio Fernandes e criticando duramente a ditadura.
PS5 – Durou pouco, 1968 e o famigerado AI-5 vinham sendo
“gestados”. O nascimento (e morte) não demoraria.
PS6 – A censura começaria em 1968 (assim mesmo, em alguns
casos, ficticiamente), o repórter e o jornal já eram atingidos
muito antes.

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