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N® PASTA, 23% QUANT. coPIAS _)_ > PROFESSOR =__ eer oe ee were Copyright © 1999 by Tomaz Tadeu da Silva CAPA Jairo Alvarenga Fonseca, composicéo sobre as pinturas “The teacher (sub a)" “Jesus ~ Serene”, dle Marlene Dumas, reproduzidas com autorizacdo da artista, 9b livro Marlene Dumas, de autoria de Dominic van den Boogerd, Barbara Bloom © Mariuccia Casadio, publicado pela editora Phaidon. EDITORAGAO ELETRONICA Waldénia Alvarenga Santos Ataide REVISAO, Roberto Arreguy Maia e Cecilia Martins Todos os direitos reservados pela Auténtica Editora Nenhuma parte desta publicacao poderd ser reproduzida, s2)a por meios mecdnicos, eletiGnicos, seja via copia xerogratica sem a autorizacdo prévia da editora AUTENTICA EDITORA LTDA. . Rua Aimorés, 981, 8 andar. Funciondrios 30140-071 . Belo Horizonte . MG Tel: (55 31) 3222 68 19 Teevennas: 0800 283 13 22 www.autenticaeditora.com.br —* Silva, Tomaz Tadeu da $586d Documentos de identidade ; uma introducao as teorias do Cuiriculo / Tomaz Tadeu da Silva . - 3. ed. - Belo Horizonte: Auténtica, 2009. 156p. ISBN 978-85-86583-44-5 1. Educagéo 2. Curriculos escolares. |. Titulo cu 37 371.2141 Teorias do curriculo: 0 que é isto? © que é uma teoria do curriculo? Quando se pode dizer que se tem uma “teoria do curriculo”? Onde comeca e como se desenvolve a historia das teorias do curriculo? © que distingue uma “teoria do curriculo” da teoria educacional mais ampla? Quais sao as principais teorias do curriculo? © que distingue as teorias tra- dicionais das teorias criticas do curriculo? E 0 que distingue as teorias criticas do curriculo das teorias pés-criticas? Podemos comecar pela discussio da prépria nocao de “teoria”. Em geral, esta implicita, na nocao de teoria, a suposi¢io de que a teoria “descobre” o “real”, de que ha uma correspondéncia entre a “teoria” e a “realidad”. De uma forma ‘ou de outra, a nocio envolvida é sempre representacional, especular, mimética: a teoria representa, reflete, espelha a reali- dade. A teoria é uma representacio, uma imagem, um reflexo, um signo de uma realidade que ~ cronologicamente, onto- logicamente — a precede. Assim, para ja entrar no nosso tema, uma teoria do cur- riculo comesaria por supor que existe, “la fora”, esperando para ser descoberta, descrita e explicada, uma coisa chamada “curriculo”. O curriculo seria um objeto que precederia a teoria, a qual sé entraria em cena para descobri-lo, descrevé-lo, -lo. expli Da perspectiva do pés-estruturalis- mo, hoje predominante na anilise social e cultural, & precisamente esse viés re- presentacional que torna problematico © proprio conceito de teoria. De acordo com essa visio, é impossivel separar a descri¢do simbélica, linguistica da reali- dade — isto 6, a teoria ~ de seus “efeitos de realidade”. A “teoria” nio se limitaria, pois, a descobrir, a descrever, a explicar a realidade: a teoria estaria irremedia- velmente implicada na sua producio. Ao descrever um “objeto”, a teoria, de certo modb, inventa-o. O objeto que a teoria supostamente descreve 6, efetivamente, um produto de sua criagéo. Nessa direcio, faria mais sentido falar nao em teorias, mas em discursos ou tex- tos. Ao deslocar a énfase do conceito de teoria para o de discurso, a perspectiva pés-estruturalista quer destacar precisa- mente o envolvimento das descricées lin- guisticas da “realidade” em sua producao. Uma teoria supostamente descobre e descreve um objeto que tem uma exis- téncia independente relativamente a teo- ria, Um discurso, em troca, produz seu proprio objeto: a existncia do objeto & inseparavel da trama linguistica que supos- tamente o descreve, Para voltar ao nosso exemplo do “curriculo”, um discurso so- bre o curriculo - aquilo que, numa outra concepgao, seria uma teoria - nao se res- tringe a representar uma coisa que seria © “curriculo”, que existiria antes desse discurso e-que esti ali, apenas a espera de ser descoberto e descrito. Um discurso sobre 0 curriculo, mesmo que pretenda apenas descrevé-lo “tal como ele realmente ", 0 que efetivamente faz 6 produzir uma Nogio particular de curriculo. A suposta descrigdo 6, efetivamente, uma criacao. Do ponto de vista do conceito pés- estruturalista de discurso, a “teoria” esta envolvida num proceso circular: ela des- Creve como uma descoberta algo que ela prépria criou. Ela primeiro cria e depois descobre, mas, por um artificio retérico, aquilo que ela cria acaba aparecendo como uma descoberta. Podemos ver como isso funciona num caso concreto. Provavelmente o curriculo aparece pela primeira vez como um ob- jeto especifico de estudo e pesquisa nos Estados Unidos dos anos vinte. Em co- nexio com o processo de industrializa- do e€ os movimentos imigratérios, que intensificavam a massificagéo da escolari- zacao, houve um impulso, por parte de pessoas ligadas sobretudo & administra- do da educacio, para racionalizar 0 pro- cesso de construcio, desenvolvimento e testagem de curriculos. As ideias desse grupo encontram sua maxima expresso no livro de Bobbitt, The curriculum (1918). Aqui, 0 curriculo € visto como um pro- cesso de racionalizacio de resultados edu- cacionais, cuidadosa e rigorosamente especificados e medidos. O modelo insti- tucional dessa concepcdo de curriculo é a fabrica. Sua inspiragao “tedrica” é a “ad- ministracdo cientifica”, de Taylor. No mo- delo de curriculo de Bobbitt, os estudantes devem ser processados como um pro- duto fabril. No discurso curricular de Bobbitt, pois, o curriculo supostamente isso: a especificaco precisa de objetivos, procedimentos e métodos para a obten- do de resultados que possam ser pre- cisamente mensurados. Se pensamos de teoria, ele teria descoberto © descrito o que, verdadeiramente, € 0 “curriculo”. Nesse entendimento, o “cur- riculo” sempre foi isso que Bobbitt diz ser: ele se limitou a descobri-lo e a des- crevé-lo, Da perspectiva da nogao de “ curso”, entretanto, nao existe nenhum objeto “lé fora” que se possa chamar de “curriculo”. O que Bobbitt fez, como ou- tros antes e depois dele, foi criar uma no- fo particular de “curriculo”. Aquilo que Bobbitt dizia ser “curriculo” passou, efe- tivamente, a ser o “currfculo”. Para um niimero consideravel de escolas, de pro- fessores, de estudantes, de administrado- res educacionais, “aquilo” que Bobbitt definiu como sendo curriculo tornou-se uma realidade. A nogio de discurso teria uma vanta- gem adicional. Ela nos dispensaria de fazer 0 esforgo de separar — como serfa- mos obrigados, se ficassemos limitados & nogio tradicional de teoria - assercdes sobre a realidade de assercées sobre como deveria ser a realidade. Como sa- bemos, as chamadas “teorias do curricu- lo”, assim como as teorias. educacionais mais amplas, estio recheadas de afirma- Ges sobre como as coisas deveriam ser. 13 Da perspectiva da nocao de discurso, es- tamos dispensados dessa operacio, na medida em que tanto supostas assercées sobre a realidade quanto assergdes so- bre como a realidade deveria ser tam “efei- tos de realidade” similares. Para dizer de ‘outra forma, supostas assercées sobre a realidade acabam funcionando como se fossem assergGes sobre como a realida- de deveria ser. Elas t8m 0 mesmo efeito: © de fazer com que a realidade se torne o que elas dizem que é ou deveria ser. Para retomar o exemplo de Bobbitt, ¢ irrele- vante saber se ele esta dizendo que o curriculo é, efetivamente, um processo. industrial e administrativo ou, em vez dis- 80, que 0 curticulo deveria ser um pro- cesso industrial e administrativo. O efeito final, de uma forma ou outra, é que o cur- riculo se torna um processo industrial administrativo. Apesar dessas adverténcias, a utilizacio da palavra “teoria” esti muito amplamen- te difundida para poder ser simplesmente abandonada. Em vez de simplesmente abandoné-la, parece suficiente adotar uma compreensio da nocéo de “teoria” que nos: mantenha atentos ao seu papel ativo na constituicio daquilo que ela suposta- mente descreve. E nesse sentido que a palavra “teoria”, ao lado das palavras “ fim da pedagogia critica e o comego da >edagogia pés-critica Leituras MOREIRA, Antonio Flavio 8. Curriculo, utopia © pos-modernidade. In Antonio F. B. Moreira (ore) urriculo: questées atuais. Campinas: Papirus, 1997: p.9-28. SILVA, Tomaz T. da. (org). Teoria educaciondl erica em ‘tempos pés-modernos. Porto Alegre: Artes Médi- cas, 1993. SILVA, Tomaz T. da. Identidades terminais. Petropolis: Vores, 1996. 116

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