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telros passos do Micleo des @ Pesquisas em ria Forense ¢ Psicologia ((Nufor) do Hospital das.- dda Faculdade de ada USP foram dados 4, no Instituto de ‘ria, com a fundacio do de Estudos : ‘Siplinar de Psiquiatria & (22,00850 peaueno grupo nals de varios nivels & lnzacdes, 0 que permitiv ‘mos 0 fenémeno Zetado do crime sob os versos angulos. Trés anos '0 grupo se firmava como eriando 0 Curso de ‘nia Foranse com temas cologia juridica, que 2 fazer parte da grade ar do Segundo Ano de ia médica do Instituto, fia que orienta 0 Nufor'é 0 do.espirito de academia zig por Pacheco e Silva, da Roeha, Oscar Freire, sarigues, entre outros, ‘ usa @ 20 Temas em psiquiatria forense e psicologia juridica Coordenacao: Sérgio Paulo Rigonatti Organizacao: Antonio de Padua Serafim — Edgard Luiz de Barros Colaboracao: Maria Adelaide de Freitas Caires Temas em psiquiatria forense e psicologia juridica 1# edigdo 450 2008 Rsr2t aK Toran PSIcoPEDAGGGICALIOA. ue Cuba, 48—CEP 04013-000- SP TF (i 5400 Dados Internacionais de Catalogagao na Publicado (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) | Temas em psiquiatria forense e psicologia juridica / coordenagdo Sérgio Paulo Rigonalti : arganizagio Antonio de Padua Serafim, Edgard Luis de Barros colaboragiio Maria Adelaide de Freitas Caires. — 1.ed, ~ So Paulo: Vetor, 2003. | Bibliografia. 1. Psicologia forense. 2. Psiquiatria forense | L Rigonatti, Sérgio Paulo. II. Serafim, Antonio de | | Padua. Il, Barros, Edgard Luiz de 03-0500 Indices para eatélogo sistemstico: Piquiatria forense: Ciéncias médicas 614.1 ISBN 85-7585-021.0 380 a © os 25,.08-0% Projeto grifico e diagramagao: Suzy Suzuki Capa: Tania Menini Revisto: Alessandro Lima © 2003 - Vetor Editora Psico-Pedagégica Lida £ proibida a reprodugSo total ou parcial desta publicagie, por qualquer meio existentee para qualquer finalidade, sem autorizagao por escrito dos editores Sumario Prefacio Apresentacao 1— Notas sobre a histéria da psiquiatria forense, da Antiguidade a0 comego do século XX O inicio da psiquiatria forense no Brasil Bibliografia 1 Construindo uma nag&o: propostas dos psiquiatras para © aprimoramento da sociedade 1. Introdugao os 2. Contexto histérica 3. A “loucura espitita” no Brasil 3.1 -O espiritismo 8.20 espirtsmo como causa de loucura 3.3 -Tipos clinicos: espiritopatia, + medunopa, deo espirta episédico 3.4 Etiopatogenia da “loucura espirta” 3.5 Profilaxia da “loucura espirita 4.0 discurso racial dos psiquiatras.. 4.1 = Fatores que interfefem na andlise da questa racial 4.2 — Fatores cognitivos, 4.8 ~ Opressao socioeconémica. 5. Ahigiene mental e a imprensa, o rédio, 0 cinema e a telovisdo.. 6. Conclusao. Bibliografia Il - Aspectos etlolégicos do comportamento criminosi iol6gicos, psicolégicos e sociais 1. Parametros biolégicos 2. Parémotros psicolégices... 3. Pardmetros socials 4. Consideragoes finals Bibiogratia .. parémetros ~ Investigagao psicoldgica da personalidade na conduta eriminosa ...65 1. Introdugao 65 2. Criminologia e Psicologia: as bases do estudo da conduta anti-social. 66 3. Diretrizes da Psicologia aplicada ao estudo do comportamento anti-social 70 4, Consideragées finais 74 Bibliogratia 7 = Reflexdes sobre a desestruturacao familiar na criminalidade 73 1. Introdugao 78 2. Responsabilidade parenteral o 81 3. A importancia da estrutura familiar o at 4. A transformagao na estrutura familiar 83 5. Familia e violéncia: lados opostos de uma mesma moeda’ 85 6. Realidade brasileira e a experiéncia em Curitiba .... a1 7. Oque fazer como prevenG&0? vn 93 Anexos son sens 95 Bibliogratia 101 = A familia do paciente psiquiatrico e a criminalidade 105 1. 0 poder da familia e 0 poder do profissional da satide nos tempos. do império no Brasil 105 2. A familia brasileira e os doutores de hoje 108 8. Na area da saiide mental 110 4, O que tem sido feito em outros paises .. 12 5. Um trabalho no Brasil 114 6. A familia do criminoso . 116 7. Efeitos da exposigao a violencia 116 8. Os profissionais envolvidos com o sistema judiciario Bibliografia .nnennee seven 125 Vil ~Relagdes entre neurologia e psiquiatria forenses e suas implicagdes no campo processual 127 Bibliogratia 137 Vill - Violéncia doméstica: um problema de satide piiblica entre quatro paredes... penn o vo 139 4. Introdugao finns sant a 189 2, Desenvolvimento... 140 8. Conclusao. Bibliografia 1X = Alcool e crime 4. Alcool. 41.1 ~ Aspectos historicos 1.2 ~ Aspectos epidemiolégicos 4.3 — Aspectos clinicos 1.3.1 — Intoxicagao alcodlica 1.82— Abuso de dlcool 1.3.3 Sindrome de dependéncia ao alcool 1.3.4— Sindrome de abstinéncia ao alcool 4.3.5 Delirium por abstinéncia alcostica 1.3.6— Transtomo amnéstico retacionado ao élcool 1.87 Alucinose alcodlica ou transtorno psiestico relacionado ao consumo do aleaol 1.3.8~ Intoxicagao alocdiica patolagica (ou idiossincratica) 1.3.9 Sindrome demencial alcodlica 1.8.10 ~ Sindrome de Wernicke 1.3.11 — Sindrome de Korsakoft 1.3.12 — Mietindlse Central Pontina e Doenga de Marchiatava Bignann 2. Crime ... 3, Alcool e crime 4, Conclusai.... Bibliogratia X~ Uso abusivo ¢ dependéncia de élcoo! efou drogas em mutheres x violencia Bibliografia . ~ Pericia psiquiatrica em 1. Introdug&o .. 2. Das pericias..a... 3, Mouificadores da capacidade civil 4. Interdigao 7 55. Outros tipos de agées 6, Honorarios .... 7. Laudo psiquiatrico forense — modelo. Bibliografa ... 3, Fatores de risco XII - Transtorno facticio e suas caracteristicas sonnnnne 191 4, Suicidio assistido e eutandsia 1. Histéxico e istingdo das simulacdes no campo médico 491 5. Aspectos médico-legais 2. Caracteristicas do transtomo facticio 195 6. Suicidio: uma prevengao possivel? 3. Epidemiologia do transtome facticio 196 7. Comentarios finais 4, Etiopatogenia e dinamica do transtarno facticio 198 Bibliogratia 5. Classificagao @ diagndetico do transtorno facticio 200 6. Transtorno facticio por procuragao 202 XVII ~ Perspectivas internacionais em psiquiatria forense 7. Tratamento e prognéstico 208 1 Introdugao Bibliogratia 207 2. Europa ~ Escandinavia 3. Asia Xill - Simulagdo: um desatio diagnéstico an 4. Paises de jurisprudéncia islamica. 1. Introdugao an 5. Oceania 2. Formas de simula... 216 6. América do Norte 8. Diagnéstico diterencial de simulagao e transtorno facticio 224 7. América do Sul Bibiogratia 227 8. Discusséo. Sibliografia XIV ~ Execugao penal, exame criminolégico e apreciagao dos indicadores de potencial eriminiégeno 229 XVIII ~ Servigo social ~ a base vital 1. Proliminares em debate . : 229 1. Diagnéstico social... 2. Necessidade do exame criminolégico como elemento 2. Consideragies finais individualizador da pena... 234 Bibliografa .. 2.1 ~ Supedaneo legal e metodologia clinica 231 3. Indicadores criminogensticos: 0 que sao 1 235 8.4 ~ Psicodindmica do delito se 235 Autores ¢ colaboradores .. 4. Utlidade dos indicadores criminogenéticos .. 236 5. Apresentacdo dos indicadores 238 6. Apreciagao dos indicadores de Odon Ramos Maranhao 239 7. Consideracées finals e conclusdes 243 Bibliogratia 245 XV — Psicélogo no sistema penitenciério do estado de Sao Paulo... 247 Introdug0 wn. Participagao do psicélogo... Histéria do sistema penitencidrio em Séo Paulo Bibliografia XVI ~ Suicidio e tentativa de. suicl . 1. IMtrOdUGAO saree se ssn vo 263 2. Histérico . Prefacio © convite para profaciar este Temas em psiquiatria torense © psic gia juridica foi uma satisfagao, por verificar que seus autores procura: trazer para debate, apresentando solugées, assuntos de real intere para estudiosos e docentes que trabalham no émbito do direito penal, t cando em outras ciéncias um caminho para a solugao dos problemas assolam a sociedade modema. ‘A experiéncia de cada autor se reflete na objetividade de seus artic possibilitando a construgao do saber, como um todo, além da contribui que, certamente, dara a ciéncia juridica nacional. ‘Assim, autores como Alexandrina M. A. da Silva Meleiro, Alexander Mor de Almeida, Angélica Silva de Almeida propiciam visdes abrangentes e ticas sobre temas da maior relevancia para a compreensao dos aspec médico-legais do suicidio, do transtomo facticio e da propria estrutura do saber psiquidtrico no Brasil ‘Chamam também a atengo os temas tratados por Antonio de Pé« Serafim, “Aspectos etiolégicos do comportamento criminoso...”, e “Inve gaao psicolégica da personalidade na conduta criminosa’. A importar destas andlises estd na atual situagdo da criminalidage, no Brasil, « tem levado muitos estudiosos a proporem medidas nem sempre adeq das, uma vez que no se referem as causas que determinam estas ¢ dutas anti-sociais. O assunto é abrangente e, decerto, colaboraré p uma melhor compreensao dos fatores que determinam os crimes na ciedade atual, possibilitando melhores instrumentos para a administra de uma situagao que se apresenta cada vez mals compiexa. Os autores Sidnéia Peres de Freitas e Danilo Antonio Baltieri, com* cool e crime”, apontam a presenga do alcool nos crimes violentos, ndo nos autores destes crimes mas também nas vitimas. Ressaltam a 1 lade de atengdo cientifica mais aprofundada para o problema, Dentro do mesmo tema, Ana Maria B. Vidal, abordando o alcc lismo feminino na correlagao dlcool-crime, propée outro aspecto d maleticios do etilismo, com objetivas e claras idéias sobre o problen apontando a necessidade de melhores atengdes para o tema, sobretu no que tange & populagao feminina. Eduardo Enrique Teixeira analisa, no direito civil, as quest6es proprias da incapacidade, no artigo “Pericia psiquiatrica em direito civil", relacio- nadas com a pericia psiquidtrica. As patologias mais comuns determinam interdigdes temporarias ou permanentes, bem como as parciais que de- correm de tumores cerebrais. Sao aspectos interessantes, que auxiliardo as decisdes no Ambito do direito de familia Continuando a série de temas interessantes, Fabiana Saffi e Rosana Antonia A.L. Benvenuto, sob 0 titulo “Psicélogo no sistema penitenciério do estado de Sao Paulo”, procuram, através de uma ampla e bem funda- mentada pesquisa, levantar os pontos que facilitassem o psicélogo atuar nos presidios do estacio de Sao Paulo, objetivando a reinsercao social do condenado. Conhecedor dos campos da neurologia e psiquiatria, Sérgio Domingos Pittelli analisa 0 assunto, no capitulo “Relacdes entre neurolo- gia e psiquiatria forenses ...no campo processual", propondo uma interagao entre neurologistas © psiquiatras como necessdria para auxiliar a admi- nistracdo da justiga e formar a convicgao dos juizes. Flavia Batista, em “Violénoia doméstica: um problema de satide publi- ca entre quatro paredes", apresenta um estudo das causas da violéncia doméstica, que atinge até 50% das mulheres e é um assunto abordado ‘em todo 0 mundo nao s6 como um problema legal mas econémico e edu- cacional, que em ultima andlise é um problema de satide publica e de direitos humanos. Maria Cristina Santos com Alexandrina Augusto Meleiro apresentam uma interessante abordagem, “Simulagdo ...”, pata indicar as diferencas que existem entre a simulagao comum e a simulagao patolégica, o que 6 significativo para os peritos determinarem seus pareceres que auxiliaréo © juiz na definigao dos casos, tanto civeis como criminais. Meimei M.M. Marcelino ¢ liza M. dos Santos Magalhaes estudam, no *Servigo social ...", a Importancia do servigo social para o Judicario, onde vem atuando desde 1948 e cada vez mais mostra sua importancia para 08 diversos sotores da Justiga, objetivando uma melhor solug&o dos con- 6 socials. ‘Numa perspectiva histérica, Sérgio Paulo Rigonatti, com a colabora- (go de Edgard Luiz de Barros, estuda o surgimento da psiquiatria forense, apontando 0 desenvolvimento das posturas médico-legais. Suely A. Ferreira Garcia, em “A familia do paciente psiquidtrico e a criminalidade”, poe em relevo a importancia da familia, quando surgem os primeiros sintomas de transtomo mental, bem como a responsabilidade dos envolvidos no proceso de assisténcia a este paciente, o que facilitara 08 tratamentos. O assunto, sob outro angulo, também é revisitado por Mai Elly Hasson e Alexandrina M.A. da Silva Meleiro, permitindo uma vi completa do problema. Cleane Souza de Oliveira e Flavia Batista, em “Perspectivas inter cionais em psiquiatria forense”, apreciam os sistemas e praticas em quiatria forense em diversos paises, indicando as principals problema! @ solugdes adotadas e sua comparacao com os referenciais brasile da atualidade. Claudio Thetonio Leotta de Aratijo e Marco Anténio de Menezes, “Execugao penal, exame criminolégico ...”, discorreram sobre 0 exa criminoldgico indicando a necessidade do mesmo como individualiza da pena e tratamento a ser ministrado com vista & readaptagao do c denado. Discorti sobre varios trabalhos, de forma sucinta, para mostrar a portancia dos temas, em razao dos varios aspectos relevantes que colocados em destaque @ das varias solugdes propostas. Observamos que muitas consideragdes ainda necessitam aprofundamento na ciéncia brasileira, mas a experiéncia de cada at oferece um material cientifico de valor, que a pratica propicia, ligada a sigdes tedricas que Ihe d&o sustentacdo. As teses tém originalidade qu to as idéias que procuram demonstrar, o que preenche algumas lacun além de proporcionar um debate sério sobre as questdes propostas. Diante de todo o trabalho oferecido & publicagao, nesta oportunida cumprimento os autores pela seriedade dos temas e solugdes, na ce za de que terdo éxito nesta obra, que significa um marco importante p a psiquiatria forense e psicologia judiciéria. Antonio Luis Chaves Cama professor titular de diteito pe da Faculdade de Direto da Apresentagao Atos anti-sociais e violéncia em suas variadas formas, fifc(dio e parr em particular, e suas relagées com sanidade mental, abalam-nc desafiam-nos desde tempos imemoriais. Um dos exemplos mais choca dos tiltimos tempos foi o caso paradigmatico da joven enfermeira americ condenada a prisdo perpétua pelo assassinato de seus cinco filhos peque durante surto psicético puerperal. “Imputavel ou nao” é a questéo, Felizme contamos com pessoas competentes de diversas profissées que fa da relago criminologia-satide mental seu objeto de estudo e trabalh Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da FMUSP te privilégio de sediar 0 Nicleo de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria Fense @ Psicologia Juridica (Nufor), uma iniciativa de dedicados profis nais ligados a esse instituto € & Faculdade de Direito da Universidad Sao Paulo. Eles tém tido importante papel no atendimento a demar diversas e desenvolvem intonso programa de estudos e investigacoe natureza muttidisciplinar. ‘As esperangas da sociedade para entender, prevenir, abordar e jt delitos e comportamentos anti-sociais decorrentes de transtomos mer repousam em pesquisas multiisciplinares de elevado gabarito, Temos dentes limitagdes na compreenséio desses comportamentos, mas sé mos que esse é um trabalho de gerapSes. O acesso ampio a informac fidedignas 6 0 que pode tomar o futuro mals promissor. Esta 6 uma tarofas do Nufor. E esto livro 6 uma de suas primeiras publicagbes. Valentim Gentil F professor titular de psiqui da Faculdade de Medicina da | © presidente do Consetho Dit do Instituto de Psiqui {do Hospital das Clinicas da FMI ee empNecrcraaenenen reer Notas sobre a historia da psiquiatria forense, da Antiguidade ao come¢o do século XX Sérgio Paulo Rigor com a colaboragio de Edgard Luiz de Bar Escrever sobre a historia da psiquiatria forense ¢ retroceder & Antic dade cldssica e ultrapassé-la. E retroagir até o antigo Egito, hd cerca trés mil anos antes de Cristo, na pessoa de Imothep, cujo nome signit ‘aquele que veio em paz’, e 6 descrito como médico, arquiteto, sacerdc © ocupava o posto de primeiro ministro do faraé Zoser, 0 qual construi pirdimide de Saqgara. Tal personagem teria sido o primeiro a unir lei pratica médica. Vernos que 0 dialogo entre 0 Direito ¢ a Psiquiatria remo aos tempos pré-hipocraticos. Na Babilénia, em aproximadamente 1850 a.C.., ocorreu julgamento, qual uma parteira participou como perita. O “Cédigo de Hamurabi" fc primeira compilagdo de leis que chegou até nos. © povo judaico, em sua sabedoria, levava em consideragac intencionalidade do ato, @ em 1200 a.C. no Exédo, 21:28-29, temos: algum boi chifrar homem ou mulher e causar sua morte, o boi seré a) ‘rejado e nao comerao sua came, e 0 dono do boi sera absolvido. S: boi, porém, ja antes marrava, e 0 dono foi avisado e nao o guardou, 0 sera apedrejado, e 0 seu dono serd morto”. Ou seja, os atos levados a ‘cabo com deliberagao eram considerados equivalentes ao homicidio se resultasse na morte de alguém. Antes de entrarmos na contribuigéo romana a histéria da psiquiatria forense, 6 mister citar a colaboragao dos filésofos gregos. O filésofo Plato divide a alma em racional e irracional: © que distingue o ser humano dos animais é a alma racional; portanto, os seres humanos, sendo livres para escolher, s4o responsaveis pelos seus atos. Aristételes, 0 grande discipulo de Plato, reconhece a importancia do conhecimento das consequéncias da agao para que o ser humano tenha responsabilidade por tal ago. Ele afirma que uma pessoa é moralmente Tesponsavel se, com conhecimento das circunstancias e, na auséncia de forgas externas, tal pessoa deliberadamente escolheu cometer um ato especitico. A sociedade romana, através do Senado Romano, estabelece em 460 a.C. a denominada “Lei das Doze Tabuas", a qual faz referéncias a inca- Pacidade legal das criangas e dos portadores de doengas mentais © pro- videncia tutores para os insanos. Temos também, em Roma, duas importantes leis: a Lex Aquila e a Lex Comélia. No texto da primeira esta dito que a lei romana ndo levava a julgamento pessoa responsavel por dano a propriedade, quando tal dano era causado na auséncia de negli- géncia ou de malicia, E a Lex Cornétia punia quem atingia a moral de uma pessoa, mas no punia criangas ou doentes mentais. O cédigo do imperador Justiniano, chamado simplesmente de Cédigo de Justiniano, editado em 528 d.C.., também protegia o doente mental ea crianga. Séculos depois, na Inglaterra, Henry de Bracton, em 1256, apre- sentou 0 livro On the laws and custons of England, em que descreve habi- tos e leis na Inglaterra. Durante 0 reinado de Eduardo | (1272) foi elaborado um decrato deno- minado “Prerrogativa Real" ou "Direito do Rei”, que estabeleceu parametros @m relagao as propriedades dos stiditos e dando tratamento diferenciado entre os nascidos com transtomos mentais e os que se tomaram doentes mentais no decorrer da vida, Havia um comité especial para determinar as condigdes mentais e os direitos de propriedade. A primeira cidade européia a estabelecer um servico de médicos peri- tos foi Bologna em 1292 e, no ano de 1302, uma das primeiras autopsias médico-legais 6 realizada na Europa e documentada. E no comego do século XVI, mais precisamente 1507, que se conside- a0 inicio do periodo modemo da medicina legal, pois foi neste ano que 0 ariaiiniendiiiieaieiemmatiees eee enemas Nets sobre historia pga toons, da guia ao corgodo culo XX bispo de Bamberg decreta que em todos os casos de morte violent obrigatéria a participagdo de peritos médicos. O imperador Carlos V gue tal norma @, na dieta de Ratisbon, em 1532, requer a presenga peritos médicos em todos os casos em que ha injiria pessoal, morte suspeita de gravidez. Em 1648, 0 médico Paulo Zacchia publica, em Roma, a primeira « go de sua Monumental obra Questdes médico-legais. E considera por muitos, o Pai da Psiquiatria Forense. Atuou, como perito, para di sas ordens religiosas ¢ era médico pessoal do Papa O julgamento de Earl Ferrers, em 1760, 6 o primeiro julgamento crim ocortido na Inglaterra em que um médico atua como perito para avaliat condigdes mentais do réu. Durante 0 reinado do grao duque Peter Leopold, foi fundado o Hose Bonifacio, e Vincenzo Chiarugi, seu diretor, elaborou os regulamentos ( tatutos) de tal hospital especificando: “E um dever moral respeitar o ing duo louco como pessoa”. Os desdobramentos histéricos da Psiquia ‘comprovam 0 quanto tal recomendagao foi esquecida. Em 1897, na Franga, Etlene Esqulrol publica 0 tratado Des malac ‘mentales com capitulos dedicados a psiquiatria forense, e o médico Ist Ray, um dos fundadores da American Psychiatric Association, publi ‘em 1838, 0 Tratado de jurisprudéncia médica da loucura. Por volta da segunda metade do séc. XIX, comecaram a ser ideali dos os primeiros institutos voltados ao tratamento de doentes ment perigosos. Em 18500) fundado o Instituto de Auburnque, e em 1863 su na Inglaterra o Instituto de Bradmore, que se tornou padrao para os inst tos criados a partir de entao. Observamos que a rélagao entre.doenca mental e as leis evoluiu s uma relago direta com 0 progresso dos conhecimentos sobre as do: ‘gas meniais. Os médicos e os legisladores no se preocuparam em es belecer as possiveis causas ou uma classificacdo do adoecer psiqui eles apenas observaram que 0 sujeito ndo era mentalmente integro e mavam as providéncias legais. Com o surgimento da Psiquiatria co: uma das especialidades médicas, esta tomou a si todas as relagdes en a Satide Mental e a Justiga, @ 6 neste momento que surge a psiquiat forense, podendo ser definida, enfim, como a subespecialidade que uso dos conhecimentos psiquidtricos a luz da legislacao, ou como au zagao dos conhecimentos psiquidtricos a servico da justica Por volta de 1876, temos a figura impar de Cesare Lombroso, que « ‘monstrou a importancia de conhecermos o Homem, para que se estat leca a justiga. Ele foi 0 criador da antropologia criminal. Entre suas obras cumpre destacar 0 L'uomo delinquente, Apés esta rapida e sucinta visao histérica, voltemos nossa atengéo pata o Brasil CO inicio da psiquiatria forense no Brasil J no inicio do Império, em 1835, a lei de 04 de junho cita os que so juridicamente inimputaveis: os menores de 14 anos e os alicnados. Em 1884, sao publicados dois importantes livros; um deles, por Nina Rodrigues, cujo titulo ¢ Raga humana e responsabilidade penal no Brasil © 0 outro denominado “Os Menores e os Alienados', de Tobias Barreto. O professor Francisco Franco da Rocha, vindo do Rio de Janeiro, as- sume, em 1897, 0 Servigo de Assisténcia aos Psicopatas do Estado de Sao Paulo e, nesta ocasiao encontravam-se reoolhidos no Hospital da Varzea do Carmo, na capital de SP, quinze doentes mentais criminosos. No ano seguinte, é inaugurado 0 maior e mais importante hospital psiquid. trico brasileiro, modelo para o Pais e para a América Latina: o Juquery. Publica, em 1904, suas vivéncias e experiéncias em um tratado que deno- mina “Esboco da psiquiatria forense". Os entéo denominados “manicémios judiciérios" sAo inaugurados; 0 do RJ, em 1921; € em 1924, os do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O Prof. Franco da Rocha aposenta-se, e, em 1923, assume o Departa- mento de Assisténcia aos Psicopatas do Estado de SP 0 Prof, Antonio Carlos Pacheco e Silva, que de maneira intensa e criativa administrou nao 86 0 Departamento mas o desenvolvimento da Psiquiatria paulista, © crescente numero de doentes mentais criminosos era motivo de Preocupacao, pois, em 1926 encontravam-se internados, no Hospital do Juquery, 165 pacientes em tais condigdes, sendo 95 brasileiros e 70 estrangeiros. Entdo, em 1927, Alcantara Machado, professor de medicina legal, no dia 13 de dezembro, patrocina o projeto de lei criando 0 Manicémio Judi- clério do Estado de Sao Paulo. Em 1934, os primeiros 150 pacientes, todos homens, foram removidos do Hospital Central do Juquery para o Manicémio Judiciério, o qual foi construfdo em terreno de 185 mil metros quadrados, ao lado do complexo hospitalar do Juquery. Seu primeiro dire. tor foi o professor André Teixeira Lima, que o dirigiu até sua aposentadoria Hoje 0 Manicdmio Judiciario 6 denominado “Hospital de Custédia e Trata. mento Psiquidtrico Professor André Teixeira Lima’. Para concluir, é importante frisar que, no caso das ciéncias médic mais especificamente no universo do pensamento psiquidtrico, o qu reforgado no Brasil é um certo conjunto eciético de conceitos ¢ post cientificas, fruto da experiéncia dos pioneiros como Franco da Rocha esse 0 processo que norteou a substituigao dos asilos leigos criados eéculos coloniais @ imperial de forma descentralizada © som finalic terapéutica (os simples “depdsitos de loucos”) pelo grande nosoct moderno (notadamente o Juquery), organizado a partir da especializ: médica como um foro centralizado de classificagao, pesquisa ¢ tratam da loucura. Bibliografia ‘Avrunes, E.; Bansosa, Lucia .; Pentima, Lyai os F. (orgs.) Psiqulatia, loucura e arte Paulo, Edusp, 2002. Bencrene, P. Os fundamentos da clinica, historia e estrutura do saber psiquidtico. 1 Janeiro, Jorge Zahar, 1989, Bisun o€ Jesusatts (Deuterondmio, 28:28). So Paulo, Paulinas, 1981 Conex, C. & Roonicurs, A.C. La psiquiatria forense in Brasile. In: Trattato di criminc Imedicina criminologia ¢ psichiatria forense. v.13 (Psiquiatria forense gene: penal). Giufre Ed, 1990. cap.13.6.13. Comma, Mana Custer P. O espetho do mundo; Juquery, a histéria de um asilo. F ‘Janeiro, Paz e Torra, 1986. Freousn, AM, & KerLan, H1, Comprehensive textbook ofpsychiatry. Batimore, The Wi & Wilkins, 1967, Fouoant, M. (Coord). Eu, Pierre Riviere, que degole! minha mae, minha inna « limo. 2. ed. Rio de Janeiro, Graal, 1982, Lowsnoso, C. Llhomme criminel.2.ed. Félix Alcan ~ Paris, Bocea Fréres ~ Turim, E Frangaise, 1877. Manicouto Juvicnio. Breve Histérico. Separata fornecida pela Diretoria da Ca: Detengao @ Tratamento André Teixeira Lima. Mauostev, H. Le crime ef fa folie. Paris, Germer Bailiére, 1877. ‘Monaes, Talante (org). &tloa 9 psiqulatria forense. Rio de Janeiro, Ipub/Cuca, 200 [Nores ov Menta: Disoncens wy Pranaontc Eavrr Avatep Oxasia ano Tanex OKASHA, Hist Psychiatry, 11: 419-24. 2000. Pacieco e stv, A.C. Psiquiatria clinica e forense. Séo Paulo, Renascenca, 1951. Prncrues aio PRAcTice oF Forensic Psvouarr Eoren by Richard Rosner Chapman anc 1994. “Tavouano, Douglas. A casa do deliric; uma reportage no Manicémio Judicidrio de Fi dda Rocha. Sao Paulo, Senac, 2002. ‘Anglica A. Siva de leis» Alsander sarin de Almeida 2. Contexto histérico séc. XIX assinalou para o Brasil o inicio de um processo de transfor. maga em suas estruturas, o que atingiu gradualmente o ambito da medi- cina. O saber cientifico passou a estruturar os valores que coordenavam @ harmonizavam a hierarquia social (Costa, 1976) AA formagao de uma nagéio desenvolvida e prospera, através de um indivi- duo brasileiro sadio, capaz de modificar os rumos do pais, passa a ser 0 foco principal das discuss6es e dos projetos de nossa elite intelectual nesse mo. mento. Se a Sociedade, por sua desorganizagao e mal funcionamento, 6 cau- sa de doenga, todos os esforgos deveriam se voltar para uma atuagao intensiva sobre seus componentes naturais, urbanisticos e institucionais visando neu- tralizar todas as ameacas possiveis (Machado et ali, 1978). Apés detectarem os principais problemas que prejudicariam o cresci- mento do pais @ encontrarem uma solugao calcada nos “principios da ciéncia’, to importantes nesse periodo, tornava-se indispensdvel um pro- grama de agdes com vistas a reorganizar a sociedade 0 preserva-la de alguns males. “Embora nao se reconhecesse uma raga brasileira a pre- servar, com certeza havia uma imagem do que se queria evitar, ou evitar Perpetuar, de um conjunto de taras a ser extirpado da identidade brasileira, a fim de remover obstaculos ao desenvolvimento nacional” (Bizzo, 1995) Coube & Medicina — como parte integrante deste saber ~ a tarefa de definir 0 que seria “bom” ou “mau” para os individuos (Costa, 1976). O Papel do médico nao deveria ser 0 de atuar somente contra a doenca, mas dificultar ou impedir 0 seu aparecimento, lutando contra tudo o que na sociedade pudesse interferit no bem-estar fisico e moral. Era o inicio da formulagao de um projeto de medicina social com suas propostas de hi giene. Dentro dos esforgos para uma saiide plena de seus cidadaos, a profilaxia e combate aos problemas mentais assumiu grande relevancia (Machado et alii, 1978). A Psiquiatria, nas primeiras décadas do séc. XX, conseguiu consoli- dar-se como uma disciplina autnoma, exercendo grande influéncia no meio académico. Com uma trajetéria de trabalho protundamente influen- ciada pelos ideais eugénicos e pelos principios de higiene mental, via a necessidade de modificar a realidade brasileira, a fim de criar uma nagao moderna, tendo como base individuos mentalmente sadios (Costa, 1976). Os psiquiatras tinham em mente que 0 Brasil degradava-se moral © so. cialmente por causa dos vicios, da ociosidade e da miscigenacao racial do povo brasileiro (Machado et all, 1978). Imbuidos desta preocupagao, os psiquiatras julgavam-se com o pc de determinar 0 modo de organizacao e funcionamento de todas as it tuicdes sociais, desde a familia até o Estado, por constituirem-se ni categoria capaz de compreender e agir eficazmente sobre 0 corpo mente (Costa, 1976). A ago dos psiquiatras deveria se estender por intmeros campo televistio, 0 cinema e 0 radio deveriam ser controlados, pois modela\ nossa personalidade através de forte sugestao, retirando-nos 0 pode! decisao (Silva, 1957); certas formas religiosas (notadamente as de car. meditinico) deveriam ser arduamente combatidas; houve a implementa de um combate & imigragao de japoneses, considerados perigosos; ar cigenagao com negros e indios deveria ser abolida, pois daria origer individuos preguigosos e atrasados (Oliveira, 1931; Silva, 1934). O objetivo principal era a prevengao, levando-os a atuar mais intensarr te nos meios escolar, profissional e social, Assim, acabavam deslocandc de suas praticas tradicionais, penetrando no dominio da cultura (Costa, 19° [A psiquiatria nao significa nem o estudo da alienagao mental, now psicopatologia, visto que € uma cléncia original, social e humana, « Principal objetivo 6 0 estudo da adaptago do homem & sociedade © dificuldades que ela oferece (isto 6, 0 estudo crtco, flosdfico e politic Prépria organizacao dessa sociedade). €, ao demais, uma ciér ‘educativa, a qual, por intermédio da higiene mental, se relaciona ‘somente com 0 individuo, mas também com as coletividades (particu mente Escola, Exército, Indistia, Religiao). (Siva, 1948) ‘A educagao eugénica’ também foi angariando importante valor, p: estudaria as causas que poderiam influenciar sobre o valor da espéc dotando cada cidadao da responsabilidade quanto a formagao da ra (Silva, 1934). A Eugenia surgiu num contexto histérico de positivisn: naturalismo, materialismo, organicismo e evolucionismo, defendend supremacia dos fatores genéticos na determinacao do comportamer 0 termo “eugenia” fol inventado pelo fisiologita inglés Francis Galton para designar ‘estado « fatores cocalmento contotivois que podom elovar ou rebabar as quadades racas das gorayt {uturas, ato aica quanto mentalments" (Costa, 1976). Gallon acrodtava, em consondneia com correntes de pansamento deminantes da épooa, quo a¢eereehumanos estavam dads em tax ‘muito ber dotnidas,adotardo um concolto essanciaeta de aga, A cvorsidads dos tipos human no seio de uma rapa. Era vista como a aproximagso importa do pada (Bizz, 1996), humano. Suas premissas adquiriram muito prestigio, por, dentre outros fatores, serem supostamente embasadas em demonstragées cientifi. cas, utilizando-se, inclusive, de arrojados calculos estatisticos. Num ambiente positivista esses eram atributos muito sedutores (Chalmers, 1994), Dessa forma, através de aces sociais € biolégicas, os psiquiatras acabaram por assumir um importante papel normatizador da sociedade. Contribuindo, muitas vezes, para o desenvolvimento de processos de ex. clusao (Foucault, 1972), 3. A “oucura espirita” no Brasil 3.1 -O espiritismo Na segunda metade do séc. XIX houve uma onda de interesse espiritualista pelo mundo ocidental, com destaque para os tendmenos meditinicos. Esse heterogéneo movimento social, que tinha em comum a orenga na existéncia e sobrevivéncia dos espiritos aps a morte, bem Como na possibilidade de comunicagao com os vivos, ficou conhecido Como “espiritualismo modemo” (Doyle, 1975; Braude, 1989; Trimble, 1995). Neste contexto, em 1857, surgiu na Franca o Espiritismo ou Doutrina Ee. pirita (Kardec, 1994). No final do séc. XIX, 0 espiritismo chega ao Brasil, onde passou a ter uma presenga marcante, sob uma feigéio essencialmente religiosa, Se disseminou principalmente entre a classe média urbana, mas a influéncia de suas praticas e visdes de mundo vai muito além do numero declarado de adeptos. (Aubrée & Laplantine, 1990; Machado, 1993; Damazio, 1994; Santos, 1997). 3.2—0 espiritismo como causa de loucura Oargumento de que as praticas espiritas eram causa de psicopatologia {01 usado no seu combate desde 0 inicio. Em 1858, um ano apds o Surgimento do espirtismo com a publicagao de O livro dos espinitos, & Possivel encontrar, na Europa, relatos de “allenados” que perderam a ra. 280 em decorréncia de praticas espiritas (Kardec, 1858). Em 1859, Dr. Décambre, um membro da Academia de Medicina de Paris, publicou uma critica a0 espiritismo; em 1863 circulavam relatos de casos de lousura gerados pelo espiritismo (Hess, 1991). 28 Continous ng: propos das pss part sprimramento ds sciedade ais posturas se mantiveram na Europa até 0 século seguinte. Di so ets do oo fa oes 4 Sacto de Poyeati do Pare Société Médico-Paychologique de Pars, bem como argos, os € ses eram cscrios sobre as agées nocivas do espntismo. Essas < cepgées nfuenciaramitensamente os psiuiatrasbrasileos, como mostram as revisdesflias por Leonia Fibero® em 1951, Henique gem 1996 @ Pacheco ¢ Sivat mm 1950, quo citam diversos auto publcardes européias, J& em 1896, encontramos publicagoes de « importantes médicos, Franco da Rocha® e Nina Rodrigues*, sol problemas relacionados as praticas mediinicas no Brasil France Rocha (1896), num elatério sobre o ano de 1895 do Hospicio de Ale dos de Sao Paulo, afirma que o espiritismo é uma causa crescente END 986 XX, proliferaram as conferéncias, publicagaes e teses fendidas nas faculdades de medicina (Pimentel, 1919; Guimardes Ino, 926; Marques, 1929; Cavalcanti, 1934) sobre o carter prj do espiritismo, com um discurso cada vez mais radical (Giumt ‘0s centros espiritas eram laboratorios de histeria coletiva” que poder levar o crente “ao crime é ao hospicio" * Protescor de medicina legal da Faculdade do Mt 1a do Rio de Janeiro, membro titular da £ seam suena ease aerate eee + Profssorestacratn de pigs da Facute de Medina co Roo Janer,presconta do Sas a teen emarene Neen ee a roe mo She cer coreseemmmnnenaeereea Ges rapt omen carmen a FW. Anglca. Siva de Almeid Aowander Merctade Ais Em 1909 houve uma sesso da Sociedade de Medicina do Rio de Ja- neiro que tratou dos “perigos do espiritismo”, onde um médico, declaran- do-se “catélico, apostélico, romano", afirmou que os “hospicios de alienados” estéo “sempre cheios de vitimas do espiritismo". Entretanto, apés debates, a assembiéia decidiu que ndo havia necessidade de serem tomadas medidas contra 0 espiritismo (Correio, 1939). ‘A mesma sociedade voltou ao tema em 1927, tratando do “problema do espiritismo”. A figura central foi Leonidio Ribeiro (1931), realizando um Pronunciamento antiespirita, Declarou que'50% dos pacientes avaliados Por ele no Gabinete Médico Legal da Policia, como suspeitos de atingidos Por uma moléstia mental, tiveram o inicio de seus sintomas de “loucura ao Se entregarem as praticas do espiritismo”. Apds discussao, foi aprovada a Proposta de se instituir uma comissao para estudar 0 assunto e obter “leis que vedam essa pratica prejudicial". Ao invés de se proceder a uma inves- tigagao cientifica dos fatos, o que se realizou foi um “inquérito ontre espe- cialistas brasileiros". Entretanto, nenhum destes “especialistas” tinha realizado pesquisas sobre o tema, apenas reproduziram opinides. ‘Apesar de nenhuma pesquisa ou ovidénoia controlada ter sido apresen- ada, a resposta consensual foi basicamente de que o espirismo seria preju-

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