5 e 6 (2012)
JrgeN HABerMAS, Um Ensaio sobre a Constituio da Europa, PrefciodeJosJoaquimgomesCanotilho,
edies 70 (Lisboa 2012).
1. em Setembro de 2011, com 82 anos de idade, Jrgen Habermas juntou sua imensa obra o Essay zur
Verfassung Europas, Um ensaio Sobre a Constituio da europa, que chegou at ns em portugus pela mo das
edies 70, no passado ms de Maro. Com prefcio de gomes Canotilho a evidenciar as inquietaes e o
desassossego do autor quanto direco que a europa vem seguindo, o livro em questo conduz-nos a um
conjunto de reflexes e ideias a que dificilmente podemos ficar indiferentes.
Consciente de que a europa se encontra hoje numa encruzilhada, parecendo incapaz de sair dasituaoaque
foi conduzida e sem dar sinais deterumrumoparaoseuprpriofuturo,Habermaspropeeprojectaumanovavia.
Uma via que ao definir um distinto modelo poltico-constitucional que substitua os actuais Tratados da Unio
europeia, no se esgota nem limita nas suas fronteiras. ela pretende dar por um lado a resposta criseeuropeiado
presente, mas visa por outro, tambm a partir da europa, fornecer consistncia a uma diferente arquitectura
institucional no plano mundial, tendo em vista a criao de uma comunidade cosmopolita alternativa da actual
comunidade internacional. O autor, ao trazer de novo luz do dia o pensamento de Kant, aponta no sentido da
constitucionalizao do direito internacional, defendendo caber Unio europeia um papel primordial nesse
objectivo. Neste contexto poder-se- dizer que a Unio europeia transcenderia a sua prpria misso e mais do que
encontrar uma arrumao para a casa em que habita, ela tomaria conscincia dequeessaarrumaoumprocesso
fundamental, talvez at determinante, na construo da nova comunidade mundial. Com Um ensaio Sobre a
Constituio da europa assim lanado um grande desafio aos europeus, alicerado no ideal (utopia?) j
transmitido na Paz Perptua, em que Kant defendia um Estado de povos que englobasse todos os povos da Terra.
Perante tal desafio a europa como que se reencontraria, mobilizando-se ao encontro de um debate sobre a
Um Ensaio sobre a Constituio da Europa, pp. 345-351
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