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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA DE SÃO PAULO


FORO REGIONAL I - SANTANA
9ª VARA CÍVEL
AV. ENGENHEIRO CAETANO ÁLVARES, 594, São Paulo - SP - CEP 02546-
000

SENTENÇA

Processo nº: 001.07.141359-2


Classe - Assunto Possessórias (em Geral) - Posse
Requerente: Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo - Bancoop
Requerido: Helio Malheiro e outro

Juiz(a) de Direito: Dr(a). José Augusto Nardy Marzagão

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tj.sp.gov.br/esaj, informe o processo 001.07.141359-2 e o código 010000001R59L.
Vistos.

COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE SÃO


PAULO - BANCOOP move ação de reintegração de posse contra HELIO MALHEIRO
e JACKQUELINE CATARINA Z. MALHEIRO, alegando que os réus, cooperados,

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firmaram termo de adesão e compromisso de participação, para a aquisição do imóvel do
empreendimento Residencial Horto Florestal, na cidade de São Paulo, pelo preço a ser
quitado em parcelas mensais Entretanto, não foram pagas as parcelas avençadas desde
10.08.2006, razão pela qual foram os réus constituídos em mora, e não a purgaram, o que
está a caracterizar esbulho possessório. Desse modo, pede seja reintegrada na posse do
bem, liminarmente, além da condenação dos requeridos ao pagamento da indenização. A
inicial veio instruída com os documentos de fls. 18/59.

Foi deferida a liminar (fl. 81).

O réu tempestivamente contestou (fls. 87/108) . Em síntese, alega,


preliminarmente, a carência da ação, ante a ausência de interesse processual. Quanto ao
mérito, assevera que era irmão do Sr. Luiz Eduardo Saeger Malheiro, presidente da
cooperativa, falecido em acidente automobilístico, sendo que, a partir de então, começou a
ser perseguido, até ser demitido, sem justa causa, em janeiro de 2005. Além disso, Sr. João

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Vaccari Neto acertou que o autor deveria abrir uma empreiteira, posto que lhe passaria
serviços de obras da cooperativa. Foram feitos diversos serviços, mas, sem motivo, as
obras foram suspensas, remanescendo débito em aberto, que pretende compensar com que
é devido à requerente. No mais, rechaça a ocorrência do esbulho e propugna pela
improcedência da demanda. Juntou farta documentação (fls. 111/405).

Fora cumprida a ordem de reintegração de posse (fls. 533/539).

Veio a ser determinada a devolução dos bens apreendidos ao requerido,

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tendo se iniciado uma discussão acerca da depreciação dos bens e da não devolução
integral dos bens apreendidos.

É O RELATÓRIO.

D E C I D O.

DEFIRO A GRATUIDADE PROCESSUAL AO REQUERIDO.

Mesmo que não suscitada pela parte, já que se trata de matéria de ordem
pública, estou a acolher a carência da ação possessória, porque, examinando os
documentos que instruem a inicial, verifico que, de fato, não dispõe a autora de
documento, com eficácia de título executivo, que lhe permita cobrar quantia líquida e certa

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do réu. Por outras palavras, não tenho por constituído em mora o adquirente do imóvel.

É cediço que a pretendida mora do réu não pode ser embasada em


demonstrativo ou extrato unilateral de dívida, de duvidosa exigibibilidade.

Trata-se da conhecida e controvertida questão da cobrança de valores


estimados, as vezes residual, e convencionados em compromisso de venda e compra de
imóvel. Tal tema é discutido em processo de conhecimento e, não raras vezes, prevalece a
tese da inadmissibilidade de sua cobrança. Inviável, portanto, impor ao réu a obrigação de
pagar pelo valor apurado, de forma unilateral, pela suposta credora, sem a possibilidade de
mais ampla discussão, em processo de conhecimento.

Tal é a conclusão recentemente adotada pelo Egrégio Tribunal de Justiça


de São Paulo, cuja Colenda 8ª Câmara de Direito Privado, por força de v.Acórdão lavrado
pelo eminente Desembargador Ribeiro da Silva, negou a cobrança de resíduo em sede de

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processo monitório, justamente pelo fundamento da controvérsia que a matéria suscita


(Apelação nº 213.330.4/9-00, São Bernardo do Campo).

Não basta, como é evidente, prova escrita de vinculação jurídica das


partes a respeito de determinado preço, se o que se cobra é justamente parcela
supostamente excedente ao que ficou convencionado. Não há qualquer documento escrito,
firmado pelo requerido, com a sua anuência aos valores apurados, unilateralmente, pela
autora. Daí porque se deverá, com maior amplitude, propiciar-se às partes que discutam a

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questão da exigibilidade de eventual quantum, em processo de conhecimento, mostrando-
se inviável o acesso à via mais célere do processo possessório, que tem a dramática
conseqüência de desalojar a parte da residência em que está a morar.

Demais disso, mas não menos importante, deve ser considerado que,
malgrado constituída sob a forma jurídica de cooperativa, atua a autora como empresa
construtora de imóveis, os quais promete vender a diversas pessoas que se tornam
cooperados com o escopo exclusivo de assim lograr a compra de casa própria. Os tais
cooperados, como é de notório saber, não tem voz ativa nos empreendimentos e se
limitam a pagar as prestações, ao passo que os diretores da autora são sempre as mesmas
pessoas, que se revezam nos cargos mais importantes.

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Em suma, a autora pratica atos de empresa e fornece imóveis a
adquirentes finais, de tal sorte que o contrato em questão, que na realidade é um
compromisso de venda e compra de imóvel, submete-se plenamente ao Código de Defesa
do Consumidor.

Nessa linha de sentir, obviamente a resolução do compromisso está a


depender de prévio pronunciamento judicial, que se obtém em ação própria, de
conhecimento, após a necessária e obrigatória interpelação judicial, nos termos do art. 1°
do Decreto-Lei nº 745/69 e conforme há muito ensina o eminente Desembargador José
Osório de Azevedo Júnior, em sua obra clássica “Compromisso de Compra e Venda”, Ed.
Malheiros, 1992, págs. 112 a 114.).

No caso em exame, mostra-se insatisfatória a notificação de fl. 48, que


omite o valor da dívida e assina o exíguo prazo de 72 horas para a emenda da mora, ao

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arrepio do contrato, cuja cláusula 13ª assegura o prazo de 15 dias, em harmonia com o art.
1º do Decreto-Lei n° 745/69.

Em suma, é inviável o prosseguimento do processo, porque: (i) a dívida


apontada pela autora é controvertida e está a reclamar melhor apuração, nos aspectos de
liquidez, certeza e exigibilidade, em processo de conhecimento; (ii) não há prévia
interpelação formalmente em ordem, apta a constituir em mora o compromissário-
adquirente, nominada de cooperada e (iii) porque, de qualquer modo, a reintegração na

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posse do imóvel somente pode ser deferida após a resolução judicial do compromisso, o
que não constitui objeto deste processo e deve ser pedida em ação adequada.

Doutra banda, com relação a questão sobre os bens apreendidos e não


devolvidos a contento pela autora, deverá o autor se valer das vias próprias contra a
suplicante e o depositário por ela indicado, para vindicar os supostos danos auferidos.

Ante o exposto, JULGO EXTINTO o processo possessório, sem


resolução do mérito, com base no artigo 267, inciso VI, do Código de Processo Civil,
TORNANDO SEM EFEITO A LIMINAR CONCEDIDA, tornando a posse aos
requeridos. Condeno a autora a pagar as custas e honorários advocatícios de 20% do valor

Este documento foi assinado digitalmente por JOSE AUGUSTO NARDY MARZAGAO.
da causa.

PRI.

São Paulo, 18 de agosto de 2010.

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