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os anos, foi nbém nentos, indiferentemente as lesapare A partir de 1975 estas priticas foram 6 a Operagiio Condor, articulasio dos 6rgios de repressio icanos que, a meados dos anos setenta e inicio dos oitenta, rte milhares dos combatentes contra as ditaduras latino~ as plo regi, pul do conto por seta era er bend modo ne ‘Nao é facil falar sobre meméria, nao é fac a da re ¢ 6 muito dificil falar sobre: mem imaginar 0 trabalho da meméria, de construgio da forma de resisténcia. Com a preocupasto de precisar alguns com que trabalharemos, decidi organizar meu depoiment forma: iniciar com uma problematizagao sobre © ver um breve © a0 fi central, Nestes ai importan ter momentos hist construit, deal institucionais. O tema de hoje c o que gira em tomno d iidia, enfim,nota-se uma tentativa de falar ou comport Estive, em julho de 2004, no langamento do Observat6rio dos Diteitos Humanos no Mercosul, em Cérdoba, na Argentina. Queria fazer uma observagio inicial para voeés, porque me chamou muito a atengio as diferengas entre meméria no Brasil, meméria na Argent meméria no Unuguai. Percebi que o tema da meméria também definido cada de depoimentoaprsertedona meta Testemho-debe” sca we polengjemente a acide de EdvcapioUSP. Pacase/USP Meno da Cites Unesto de pelas especificidades de cada pais. Nesses trés, 0 trabalho se di com a ia, pela meméria, mas de formas bem diferentes. De alguma mancira existe, no Brasil, a construsio do esquecimento, tipica do trabalho com a meméria aqui. $6 para dar um exemplo: quando fi pesquisar 0 caso do impeachment de Collor de Mello (meu doutorado em sociologia politica se selaciona ao tema ~ é uma anilise das condigbes parlamentares de inquérito na luta contra acorrupgio no Brasil em 1995, recuperando acontecimentos dos anos 1990, 1991 e 1992), estes ppareciam pertencer "'pré-histéria nacional",/Encontrei dificuldades em Tevantar os dados, os materiais, as memérias dos atores. A histéra jé estava sendo recontada ou 0 esquecimento ja estava sendo construido. ‘Uma dessas versées propunha que nés nao tinhamos feito nada naquele momento, que a participagio popular nfo tinha tido nenhuma importancia. Isso me incomoda. Por isso, nfo falo de "falta de meméria", zi uso esse termo, porque na verdade a questio que identificamos e que nos desafia€ a da éonstrucéo do esquecimento existente no Brasil, Essa construgio do esquecimento é sistematica, é uma caracteristica muito importante neste pais. Também me incomodou 0 que, tavez, pudesse chamar de obsessto pela meméria na Argentina. Trouxe o material que foi produzido para divulgagao nas escolas de li sobre os acontecimentos da ditadura, E um tipo de trabalho com a meméria que também me parece estranho, Enfim, como estive presa no Uruguai e metade da minha vida estd ligada aquele pais,' em parte por ser filha de um exiladd politico que viveu ld? (fiz o liceu piiblico, 0 gindsio e iniciei minha carreira uuniversiéria), € muito marcante minha experiéncis naquele pats. Foi por isso que me identifiquei mais com a possibilidade de trabalho com a 'De19724 190, porconta daa "Paulo Sd apolien, depos na Argentina durante todo 0 peso paso no pas 142 meméria Hi existente ¢ a partir dessa possibilidade farei algumas legio de teflexdes. Afualmente no Uruguai esté sendo langada uma relatos que recupera a meméria da resisténcia cujo titulo ¢ Meméria para Armar. pensei que renderia uma boa Quando vi o titulo dessa col discussio. Vou apresentar como meu pensamento foi se desenvolvendo nessa perspectiva. A primeira ideia, portanto, & pensar esse titulo, essa proposta da meméria para armar ~ "armat” quer dizer, inicialmente, pensar a meméria como se fosse um quebra-cabega, pensar a memoria constituida por pegas, por fragmentos ¢ por pedagos, como um quebra~ cabega. Cada um de nés contribui com um pedago, com um fragmento, ¢ esse é um dado muito interessante. A meméria, 6 verdade, € sempre individual, ¢ uma construglo individual, mas ela s6 pode ser constituida coletivamente, cada um coloca um pedago, um fragmento dessa meméria em algo maior, num coletivo. Entio, existe o lado individual e o lado | coletivo nessa ideia de meméria para armar, nessa meméria que é como um quebea ‘A outra observacio € a seguinte: nfo se deve esperar que 0 resultado dessejogo de armar - aqui, sim, o resultado é diferente do que sc tem na montagem de um quebra-eabega ~ seja coerente,inteligivel ou logivel. Essa 6 uma diferenga em relagao ao quebra-cabeya, que se monta ea. ey 1 partir de um conjunto de pegas, porque, quando se monta o quebra~ cabesa, pode-se ter uma paisagem, uuma figura, algo coerente ¢ completo. Jano caso dessa meméria para armar, talvez 0 resultado da jung desses pedasos, desses fragmentos, nfo leve a algo inteligivel,coerente, que acalme. Pode ser que 0 resultado dessa "armagio/montagem" seja incoerente ¢ absurdo, sugerindo a'necessidade de um novo jogo de meméria para armas, Esta foi a primeira reflexto que fiz diante dessa peculiaridade que identifiquei na meméria do Uruguai: a compreensio 143 Uma companheira uruguaia, que entrevistei para meu trabalho de mestrado,diziao seguinte: Y la forma de resistin es esto mismes no dejar de pensar; todo: lo ‘minuciowo del inmediattiimo, to grande del inrevecablemente seguro de cule: la meta, eudl es cules lo pasos. Seguro de le gue de lo que no queré, de lo que ‘vengan degollanda. Entlo, quando a gente nifo tinha mais muita clareza do que ‘queria, 0 menos buscdvamos ter muita clareza do que ndo tolerariamos jamais oso 36 pode ser construido partir do que Bruno Bettelheim e : féncia nomeiam como sendo 0 vvirios autores que discutem a re "coragio informado”, aquele que sabe. Hé uma hist6ria que considero marco nessa meméria da resistencia e é muito preciosa para mim, Diz respeito no se colocar no tadinha ficou presa tantos ‘anos, nfo merece ficar no lugar da vitima?" Ja vou explicar isso, masantes sinda quero fazer um comentétio, O tempo todo, nés, na década de 70, éramos feministas antes do feminismo, niio € verdade? Nés, de alguma wentamos 0 ferninismo sem dar esse nome de feminismo, Mas 0 tempo todo, por exemplo, os militares, naqueles tempos, nos ofereciam. tum lugar, dizendo: "Puxa vida, mas voeé, mulher, tio jovem (éramos muito jovens), obviamente esté aqui porque teu marido ou teu namorado te obrigou. Vocé fez isso por amor. Devia amar muito seu marido, queria acompanhé-lo.e se meteu nessa. $6 porque te obrigou, te enganow © que eles estavam fazendo agindo assim? Por um bascavam uma maneisa dese tranguilizar, porque a existéncia de mulheres na Juta armada era algo que inquietava muito, era uma indagagio geral. Eles tentavam nos puxar para dentro de um campo conhecido e tradicional como o de toitadinha, ela foi vitima do 985, Tabi, do 989 5 BETTE Dion Oca i de iP ee er nai Aagel 152 namorado", Nio houve uma de nés que nao re 30, que nfo disse: “Olha, sinto muito, eu estou aqui porque acredito nessa luta. Eu era absolutamente consciente do risco que corti e fizisso porque quis". O que estivamos fazendo quando nos negivamos a ocupar esse a ocupar esse lugar da mulher ional do feminino? itadinha” tradicional, iplesmente, reivindicando nosso lugar como sujeitos. Por isso brinco um pouco: somos todas fem muito antes de se falar nisso. Por qué? Porque se a gente accitasse esse lugar comportado do "Oh, coitadinbal", provavelmente até atraisse menos violéncia para nés, mas a sensagio que se tinha é que a queda nfo teria mais fim. Esquecerfamos quais eram as nossas metas, 08 nossos objetivos, o porque lntivamos. Talvez até 10 esquecerfamos 0 que ‘io poderiamos suportar, quais seriam os limites do intolerdvel. Entlo, 1a prisio politica feminina, negamos profundamente assumir o lugar de ie considerivamos vitima quem se queixa: nosso lugar era adoras que wwam, que lutavam e nfo o de queixosas. Penso que a base, talvez, da resisténcia das mulheres se constituiu.a partir desse cixo, Poi assim quese estruturou essa resistencia uta foi «cotidiana como €a luta do trabalbader pelo pio de cada dia” Essa fala me Novamente, vou citar a fala de outra companheira: 10 porque de alguma maneira muitos de vocés deveriam estar aqui ¢ eu no lugar de vocés. Proponho essa troca, porque faco questo de dizer que quem esteve preso nfo queria estar preso. eE légios de quer esteve preso. A Sinceramente, eu nio queria estar presa il vezes preferia esta batalha e tesisténcia nfo foram pi ta foi geral, cotidiana, mindscula, naquele face a face com o poder nfm, foi cotidiana como a luta do trabalhador pelo pio de cada dia. Entéo, estou falando isso porque ¢ verdade: o lugar da vitima nfo é um * MACIEL, Lin. Quérdele srl Coecion Busts cela cre 5, CIC p.. 153 lugar para ser ocupado, mas também nio é para ocupar um lugar de herdi ~ esta éoutra discussto a ser feita, Poris cu brinco: vocés podem vie para 4 mesa com total compe i, com total direito, porque a luta foi cotidiana nas cadeias, como foi e como éa luta do trabalhador pelo pio de cada dia, Provavelmente, contei poucas histérias, mas de alguma maneira tentei trazer essas ideias, essas provocagées, sobre o tema da meméria, 0 temadar nnciae algumas passagens sobrea resisténcia na prisdo, ‘Nacional~Tupamaros, em 1970. sabaraom 1967. de Libertagao Riode Janeiro, 19 ago. 1970, p33, Divulgagio na tuupamaros ao cons Libercacio Nacion: entre a ditadura by [XIII Marcha de Silencio, em homenagem aos desaparecidos politics Uraguai. La ‘Repiiblica, Montevideo, 21 maio 2008, p. 6 PASH: sy: (Chegada da brasileira Flé dia 14de abril de 1980. Fl Foto: Eduardo SiméeaINi chilling ao aeroporto de Congonhas, em Sio Paulo, no yermaneceu presa no Uruguai por 7 anos e meio, gens. Bw-ESMA (Bscuela Mecanica dela Armada), atual Espacio para la Memoria y para Promocién y Defensa de los Derechos Humanos, Buenos Aires, janeiro de 2008, Foto: Caroline Silveira Bauer.

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