Tiragem: 50121 Pág: 40

País: Portugal Cores: Cor

Period.: Semanal Área: 25,20 x 30,78 cm²

ID: 31458216 14-08-2010 | Fugas Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3

Teste
Começar a análise de um
automóvel comparando o seu
preço com os da concorrência tem
o seu quê de insultuoso. Como se
um carro só tivesse valor absoluto
em comparação com os seus rivais.
Mas se esta é regra, a excepção
tem um nome: Dacia, a marca
criada pela Renault para chegar
às bolsas menos abonadas por
esse mundo fora. Na Europa, está
bem de ver, o poder de compra
é outro e há sempre um certo de
grau de desconfiança em relação
a estes produtos low cost. Mas o
Duster mostra que nem sempre o
preconceito tem razão de ser.
Vamos a números. Se há alguma
marca de automóveis que pode
ser comparada à Dacia neste
universo dos veículos desportivos
utilitários (SUV, na sigla em inglês),
ela dá pelo nome de Skoda. O Yeti,
modelo económico do universo
Volkswagen para este segmento,
parece ser o único capaz de se
bater com a Dacia no campeonato
dos preços acessíveis. Mas perde.
O Yeti mais barato (na motorização
1.2, a gasolina, com 105cv) custa
18.900 euros; o modelo diesel mais
acessível (2.0 TDI CR 110cv) sobe
aos 26.851 euros.
Pouco prático
O condutor tem os “seus” comandos
à mão e os instrumentos são
legíveis. Mas tudo o que não é
essencial viu-se desterrado para
posições pouco práticas: abrir os
vidros, trancar as portas ou mexer
no ar condicionado são funções
que obrigam a baixar o olhar
(tirando-o da estrada). No caso dos
vidros, fica ainda uma estranha
constatação: existe, no punho das
portas dianteiras, um espaço para
colocar o botão de comando. Mas
não é utilizado. Deve ser uma peça
de outro modelo...
Para esta mesma potência de
110cv (embora, naturalmente,
sem a mesma elasticidade, em
função da menor cilindrada), o
Duster usa o propulsor 1.5 dCi da
família Renault. E fica por 20 mil
euros. Sim, mas já numa versão
com estofos em pele (viva o luxo!),
embora apenas com tracção à
frente. A versão com quatro rodas
motrizes sobe para 23.800 euros.
E a superioridade do baratinho
da Renault vai mais longe. Basta
olhar para a parte de baixo da
tabela: o 1.6 gasolina, de 110cv,
custa 15.900 euros, o 1.5 dCi
de 85cv começa nos 17.800. Ou
seja, na verdade, a Dacia oferece
um SUV decente e espaçoso por
quase metade do preço de um dos
modelos de referência do sector,
como é o caso do VW Tiguan
(31.758 euros na motorização 2.0
TDI de 110cv). O Nissan Qashqai
mais barato custa 21.990 euros
(a gasolina); o Hyundai ix35 de
potência superior (136cv) escala
até aos 29.950; não há um único
Toyota RAV4 abaixo dos 40 mil...
Já se percebeu por que razão
falar de preços não é um insulto
para o Dacia Duster. É mesmo o
seu cartão-de-visita. A questão que
se coloca, portanto, é: o que é que
pagamos por este preço? Ou, mais
exactamente, tendo em conta as
realidades do mercado, o que é
que não recebo para poder pagar
tão pouco? E aqui a resposta vai ao
encontro do velho dilema do copo
meio cheio ou meio vazio.
Interessante
O futuro dos SUV escreve-se com
duas rodas motrizes e o Duster
segue essa tendência. É claro que
há uma versão com a possibilidade
de dispor da tracção integral, mas o
leque de utilizações normais deste
carro não torna indispensável
esse extra. Com uma suspensão
competente, boa altura ao solo e
uma primeira velocidade cheia de
força, sair da estrada não assusta.
Ficou apenas a sensação (não
testada) de que este low cost da
Renault pode ser sensível ao piso
molhado.
O que não temos? Bom, a lista
podia ser muito extensa, mas,
resumindo a ideia, o que podemos
ter a certeza é que vamos notar
a falta de vários pormenores a
que estamos habituados e que
não serão muito importantes
(espelho na pala do condutor, por
exemplo); outros que dão jeito
(vidros eléctricos atrás e com
função automática à frente, entre
outras coisas); e ainda alguns itens
que nos deixam a pensar (airbags
de cortina, controlo electrónico de
estabilidade)...
O equipamento, previsivelmente,
é quem leva a “cacetada” maior
em termos de poupanças a bordo.
Até o ar condicionado e o rádio
são opções... Na versão ensaiada
(e já a 20.000 euros), o programa
electrónico de estabilidade, o rádio
(daqueles que já não se usam...) e o
ar condicionado manual ainda são
pagos à parte, o que eleva o preço
final para perto dos 21.400 euros.
Mas basta olhar para os exemplos
destacados anteriormente para se

Dacia Duster 4x2 1.5 dCi 110cv Confort Cuir

Um bocadinho
menos, por
muito menos
Ao lançar a marca Dacia no mercado internacional, a
Renault abriu uma nova porta: a dos carros low cost. O
Duster, testado por Luís Francisco e fotografado por
Miriam Lago, mostra como esta filosofia economicista

Motores
não é, forçosamente, sinónimo de pobreza

ID: 31458216
Grande
São 475 litros nas versões de duas
rodas motrizes e 443 no cenário
de tracção integral. O que é muito.
Com as suas dimensões regulares
e grande capacidade, a bagageira
do Duster só dá parte de fraca
no pormenor de ter um pequeno
desnível entre a entrada e o seu
fundo. Mas, como o carro é alto,
um adulto de compleição média
não precisa de dobrar as costas.
Há quatro argolas, mas o triângulo
anda por ali à solta, debaixo do
tapete. E da roda suplente nem
sinal.
14-08-2010 | Fugas
perceber que ainda não é um mau
negócio.
E não é porque a suspensão é
agradável (um pouco susceptível
quando submetida a provações
mais radicais, nomeadamente
o eixo dianteiro), a caixa
mostra-se competente e fácil
de utilizar, o motor é fantástico
na sua elasticidade (excelentes
recuperações!), os travões
cumprem o seu papel, a direcção
é comunicativa q.b. e o espaço a
bordo não envergonha ninguém.
Junte-se a isto um bom posto de
condução (embora o volante só
possa ser regulado em altura e o
banco nem isso), uma montagem
competente e materiais robustos,
consumos muito interessantes, um
comportamento bastante aceitável
em estrada e argumentos sólidos
para superar obstáculos fora de
estrada (bons ângulos de ataque e
saída, altura ao solo a condizer e a
primeira velocidade muito curta,
para fazer as vezes de redutora).
Junte-se tudo isto, divida-se pelo
preço e o resultado só pode ser um:
esqueçam o preconceito!
Tiragem: 50121
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Informação Geral
Porquê?
Num carro com estofos em couro,
este estende-se até ao comando da
caixa de velocidades, mas deixa o
volante “ao abandono”. Porquê?!
Mesmo num modelo barato como
este, o volante, demasiado fino e
construído num plástico duro e
pouco aderente, é uma desilusão
completa. O que é uma pena,
porque a direcção até se mostra
competente.
Pág: 41
Cores: Cor
Área: 26,09 x 29,37 cm²
Corte: 2 de 3
Barómetro
+ Preço, motor, consumos, espaço a
bordo, montagem, aptidões fora de
estrada
- Equipamento, insonorização,
eixo dianteiro (pouca capacidade
para digerir a potência), alguns
materiais
Ficha Técnica
Mecânica
Cilindrada: 1461cc
Potência: 107cv às 4000 rpm
Binário: 240 Nm às 1750 rpm
Cilindros: 4 em linha
Válvulas: 8
Alimentação: turbodiesel de
injecção directa por conduta
comum
Tracção: Dianteira
Caixa: Manual de seis velocidades
Suspensão: Independente,
tipo McPherson, à frente; semi-
independente, com eixo de torção e
braços oscilantes, atrás
Direcção: Pinhão e cremalheira,
com assistência hidráulica
Diâmetro de viragem: 10,76m
Travões: Discos ventilados à frente,
tambores atrás
Dimensões
Comprimento: 431,5 cm
Largura: 182,2 cm
Altura: 169,5 cm
Distância entre eixos: 267,3 cm
Peso: 1280 kg
Pneus: 215/65 R16
Capac. depósito: 50 litros
Capac. mala: 475 litros
Ângulo de ataque: 30º
Ângulo de saída: 36º
Ângulo ventral: 23 º
Altura mínima ao solo: 205 mm
Prestações
Veloc. Máxima: 171 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 11,8s
Consumo misto: 5,3 litros/100 km
Emissões CO2: 139 g/km
Preço:
20.000 euros
Equipamento
Segurança
ABS: Sim
Airbaga dianteiros: Sim
Airbags laterais: Sim (à frente)
Airbags cortina: Não
Airbag joelhos condutor: Não
Controlo de estabilidade: Opção
(310 euros)
Assistência de arranque em
subida: Não
Controlo de tracção: Não
Vida a bordo
Vidros eléctricos: Sim (à frente)
Fecho central: Sim
Porta-luvas com refrigeração:
Não
Comando à distância: Sim
Direcção assistida: Sim
Retrovisores eléctricos: Sim
Ar condicionado: Opção (manual:
710 euros)
Abertura do depósito no interior:
Não
Abertura da mala do interior: Não
Bancos traseiros rebatíveis: Sim
Jantes especiais: Sim
Rádio: Opção (com CD: 310 euros;
com CD e MP3: 360 euros))
Comandos no volante: Não
Volante regulável em altura: Sim
Volante regulável em
profundidade: Não
Computador de bordo: Sim
Alarme: Não
Estofos em pele: Sim (na versão
Cuir)
Bancos aquecidos: Não
Banco do condutor com
regulação eléctrica: Não
Tecto de abrir: Não
Navegação por GPS: Não
Regulador de velocidade: Não
Controlo da pressão dos pneus:
Não
Sensores de chuva: Não
Sensores de luminosidade: Não
Sensores de parqueamento: Não
Faróis de xénon: Não
 Tiragem: 50121 Pág: 2

País: Portugal Cores: Cor

Period.: Semanal Área: 4,85 x 5,44 cm²

ID: 31458216 14-08-2010 | Fugas Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3

Motores
Dacia Duster vale
bem o (pouco)
que custa