Anda di halaman 1dari 20

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

A encantadora alma da Rua do Ouvidor


(Do choro ao riso de bamba: Um palco das relações sociais)

Silvana Telles da Silva


DRE: 109070663

Rio de Janeiro
Abril à Junho/2010

1
Índice
1.Introdução.......................................................................................................................3
2.A Rua do Ouvidor ..........................................................................................................5
3.Método e o primeiro contato.......................................................................................... 6
4.A roda de choro e a dificuldade de recorte do objeto.....................................................7
5.Encontro com o objeto e as relações sociais...................................................................9
6.O choro, o samba e o público...................................................................................... 10
7.Viradão, concurso e o clima copa do mundo................................................................11
8.Considerações finais.....................................................................................................13
Referência bibliográfica.................................................................................................. 14
ANEXO: Fotos................................................................................................................ 15

2
1.Introdução
“Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda intima não vos seria revelado por
mim se não julgasse , e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto
e assim exagerado é partilhado por todos vós”
(RIO 2009, p 28)
Assim o cronista Paulo Barreto, que atendia também pelo pseudônimo de João
do Rio, começou uma das suas crônicas sobre o que mais gostava: A vida na cidade. O
cronista, escritor e dramaturgo, carioca de natureza corpo e alma. Ele tinha como tema
principal de suas crônicas, o cotidiano do Rio de Janeiro do inicio do século XX
principalmente no que dizia respeito às janelas.
Das profissões aos casos policias, o cronista em sua apaixonada descrição das
ruas como elas são, envolve o seu leitor a ponto desta mudar o foco de uma pesquisa
etnográfica. O mais curioso da obra de João do Rio, é a sua descrição densa em relação
ao seu tema preferido já citado.
Sobre as ruas, o mesmo acreditava, que estas possuíam alma e características.
Tal crença, é colocada neste trecho:
“Oh! Sim, as ruas tem alma! Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas
sinistras, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames,
ruas sem história, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução
da cidade inteira, ruas guerreiras, revoltosas, medrosas, splenéticas,
snobs, ruas aristocráticas, ruas amorosas, ruas covardes, que ficam
sem pinga de sangue...”
(RIO 2009, p 34)
A leitura agradável de João do Rio, em seu conjunto de crônicas no livro “A
alma encantadora das ruas”, lembra muito uma etnografia a partir dos seus diálogos e
principalmente em sua intensa descrição dos fatos ocorridos na rua. O mesmo morrera
em 1921 na rua indo para casa, mas seu legado de cronista, inspirara muitos outros a dar
continuidade à arte de descrever e amar a encantadora alma que possui as ruas.
A obra do cronista comparada à experiência do antropólogo no campo, me fez
refletir bastante em relação ao tema que ia estudar. A priore, meu objeto de estudo, era a
boemia carioca relacionada ao chorinho. Mas a dificuldade de encontrar malandros e
boêmios durante o dia, principalmente numa roda de choro e na Praça XV me fizera
mudar o foco da pesquisa pela primeira vez.
O segundo foco de pesquisa no mesmo local, visava estudar um resgate musical
que a faixa etária de 20 a 30 anos estava fazendo do choro que é um ritmo

3
genuinamente carioca, mas este também não teve êxito. A cada pergunta relacionada ao
objeto de estudo, os músicos ficavam relutantes aos termos usados na pergunta.
Perguntava se era um “resgate” que esta faixa etária estava fazendo com o choro,
e a resposta era o mais breve do que nunca, dizia que o choro não havia morrido.
Perguntei então se era uma “renovação dos quadros”, logo a resposta era a mesma,
contando com um complemento que dizia que o mesmo não estava sendo nem resgatado
e nem renovado, mas sim a partir dos músicos jovens este era proveniente de um
despertar de um interesse durante o curso de música.
Com mais um objeto sendo descartado resolvi olhar ao meu redor, e durante as
visitas quinzenais ao campo e com a leitura de João do Rio, vi que aquele quarteirão
inteiro da Rua do Ouvidor, era interessante a começar pela roda de choro. O cronista e o
campo me deram um leque de opções maravilhosas ao longo do trabalho.
Da barbearia que vende chapeis estilo Panamá, a ponta da rua que também
quinzenalmente tem uma roda de samba e eventualmente uma de maracatu, se mostrou
ao ter ambas as hipóteses derrubadas bastante intensa e apaixonante. A leitura de “A
encantadora alma das ruas” , também fora uma das responsáveis pela escolha
definitiva do objeto de estudo que é a encantadora alma da Rua do Ouvidor.

4
2.A Rua do Ouvidor
A encantadora Rua do Ouvidor, é uma pequena rua do centro do Rio de Janeiro,
de cunho estritamente comercial. Na mesma se situam, unidades de grandes lojas de
departamento, pequenas butiques, confeitarias, algumas agências bancarias, três
livrarias, alguns restaurantes, botequins, uma charutaria, duas casas de swing, entre
outros estabelecimentos.
A mesma possui uma estrutura bastante estreita, começando no fim do Largo
São Francisco de Paula, onde fica o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ e
termina próxima ao Largo do Paço na Praça XV (Esquina com a Rua do Mercado). Esta
surgiu como um improvisado desvio, sendo chamada então de Desvio do Mar 1.
Ela também ao longo do tempo se chamou Rua de Aleixo Manoel 2, Rua do
Gadelha3 e por fim, Rua do Ouvidor. Sobre esta, João do Rio se refere como:
“É a fanfarrona em pessoa, exagerando, mentindo, tomando parte em
tudo, mas desertando, correndo em taipas das montras à mais leve
sombra de perigo. Esse beco, inferno da pose, de vaidade, de inveja,
tem a especialidade de bravata. E, fatalmente oposicionista, criou o
boato, o “disse...” aterrador e o “fecha-fecha” prudente.”
(RIO 2009, p 34)
Sobre sua origem, ele continua:
“Começou por chamar-se desvio do mar. Por ela continua a passar
todos os desvios de muita gente boa. No tempo em que seus melhores
prédios se alugavam modestamente por dez mil reis , era a rua do
Gadelha. Podia ser rua dos Gadelhas, atendendo ao numero
prodigioso de poetas nefilibatas que a infestam de cabelos e versos.
Um dia resolveu chamar-se do Ouvidor sem que o Senado da câmara
fosse ouvido.”
(RIO 2009, pp 34-5)
Considerando sua extensão e o fato desta ser cortada por ruas de grande
movimento do Rio de Janeiro como a Rua da Uruguaiana, Avenida Rio Branco, Rua
Primeiro de Março (Antiga Rua Direita), escolhi seu ultimo quarteirão esquina com a
ultima rua citada como recorte para fazer a etnografia por ser tida como um dos pólos
culturais do Rio de Janeiro.

1
MACEDO 2005, p 11
2
Idem 2005, p 11
3
RIO 2009, p 34

5
3.Método e o primeiro contato
A partir do Bar Antigamente até o final da rua esquina com a Rua do Mercado,
realizei durante 2 meses quase 3, meu trabalho após um período de um mês em busca do
objeto definitivo. Optei por fazer uma descrição densa, durante o período que estive
realizando o trabalho.
A primeira vez que tive contato com o objeto de fato, fora durante uma quinta
feira, por volta das 19:20 da noite. Com efeito do primeiro objeto que me propus a
estudar, fui em busca de informações sobre o funcionamento do bar.
O interessante no ultimo quarteirão da Rua do Ouvidor, é que nela o transito é
apenas de pedestres. Neste é aonde se encontra a maioria dos bares e restaurantes da
região da Praça XV. Enquanto e informava sobre o horário da roda de choro, olhava
atentamente a clientela do local.
Como era véspera do final de semana, tanto no Antigamente, como em outros
bares e restaurantes do local, o público encontrado por mim era formado por indivíduos
de classe média e de trabalhadores das adjacências. Durante a semana, como me
informou o garçom, o local é bastante freqüentado por trabalhadores.
A grande desses trabalhadores, ainda segundo ele, param no bar e restaurante
para fazer tipo um happy hour. Já a minoria neste público durante a semana é formada
por estudantes universitários e famílias.
Perguntei sobre a roda de choro que ocorre no local. Ele me respondeu que esta,
ocorre quinzenalmente, ou seja, um sábado sim e outro não. Ele me informou também,
sobre uma roda de samba que ocorre também quinzenalmente, mas um final de semana
depois da mesma.
Já sobre o público, ele disse, que varia entre famílias e homens solteiros com
mais de 40 anos de idade. Neste momento do trabalho, o foco ainda era o estudo da
boemia carioca.
Sobre isto, ele e mais alguns ambulantes que conversei no local, me mandaram a
Lapa procurar, pois ali não encontraria nenhum “malandro” de fato. A partir deste
momento, mudei o tema e procurei um recorte mais concreto para o trabalho.

6
4.A roda de choro e a dificuldade de recorte do objeto
Após o reconhecimento do campo na quinta-feira, fui pela segunda vez ao local
em busca de informações sobre a roda de choro. Ao chegar ao local no sábado, procurei
observar e confirmar algumas informações dadas pelo garçom no primeiro contato com
o campo.
Neste dia cheguei ao local por volta das 14:30, e o que vi foi muito além do que
o mesmo me informara. Em volta da roda de choro, estavam alguns casais e pequenos
grupos de três a cinco pessoas com uma formação bem heterogênea. A roda de choro
tinha neste dia, tinha aproximadamente de 3 a 7 pessoas, contando com alguns
convidados ou outros músicos que chegavam e tomavam lugar na roda para tocar.
Alguns grupos eram formados inteiramente ou por amigos ou simplesmente por
familiares. Cada casal ou grupo presente no local tinha uma faixa etária bastante
diversificada. Ela ia de crianças de 0 a 11 anos a senhores e senhoras de mais de 60 anos
de idade. Já na roda de choro, esta variava de indivíduos de 15 a 30 e poucos anos a
indivíduos de 60 anos ou mais.
A mudança do objeto para o que eu chamava de “resgate do choro” pela faixa
etária de 20 a 30 anos de idade, se tornara um tanto complicado já primeiro contato com
os músicos da roda. O recorte da idade, fora um fator que atrapalhara bastante o inicio
da pesquisa, pois não encontrava uma resposta concreta ou sem nenhuma reclamação
por parte dos mesmos.
Este caíra por terra finalmente no meio do mês de Maio, quando descobri que
em meio aos componentes da roda, havia alguns convidados no arauto de seus 15, 16
anos de idade. A formulação da pergunta, também era uma questão bastante delicada
neste sentido.
Os músicos não viam o que eles faziam nem como um “resgate” ou uma
“releitura”, quanto mais uma “renovação”. Cada vez que eu perguntava a eles algo
relacionado a estes termos, eles me mandavam ir a Escola Portátil de Música que fica na
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e funciona apenas no
sábado.
A partir da roda e do então recorte da envolta da faixa etária, em conversa com
alguns chorões, tinha desenvolvido três hipóteses. A primeira, em relação ao interesse
pelo ritmo, estava ligada ao aprendizado de algum instrumento e durante este o
despertar do interesse pelo gosto do gênero.

7
A segunda hipótese desenvolvida fora em relação ao acesso a músicas e
partituras do gênero. Esta estava relacionada a partir da facilidade de fazer dowload de
ambos em sites na Internet como blogs e sites especializados neste material. Nesta,
novamente fora citado o nome da Escola Portátil de Música como uma referência no
aprendizado de instrumentos musicais e conseqüentemente o aprendizado do choro.
Já a terceira e ultima hipótese levantada durante o período que este objeto
estivera em foco, fora o gosto pelo choro relacionado ou pela influencia de familiares
ou disseminado em uma determinada classe social. No entanto, neste momento ocorrera
um fato que desfez a mesma e junto a ela, as outras hipóteses.
Enquanto conversava sobre esta, com uma das integrantes da roda, um morador
de rua apareceu no local e bastante encantado com a melodia dançava sem parar. Não
sei se ele estava são, se encontrava embriagado ou estava de fato curtindo a música, mas
aquele momento foi bastante marcante durante este período.
Mediante a este e outros fatores, vi que as hipóteses então desenvolvidas, o
recorte delimitado da faixa etária e a dificuldade de formular uma pergunta definitiva
sobre o objeto, me fizeram finalmente olhar tanto o que estava ao meu redor, quanto o
que estava acerca da roda de choro.

8
5.Encontro com o objeto e as relações sociais
Após um mês e meio indo quinzenalmente para campo com questões
complicadas, cujo uma dificuldade me assolava profundamente, procurei deixar o
campo finalmente me guiar. A falta momentânea de objeto de estudo, me deixou um
pouco mais atenta ao ambiente que estava freqüentando.
Na minha quarta visita ao campo, chegando lá por volta das 15:20, muito além
do recorte da faixa etária que estava me prendendo de certa forma, comecei a explorar
outras questões no campo, mas enquanto a roda acontecia. Neste dia, um grupo além do
normal do observado nos outros dias chamara bastante a minha atenção.
O grupo formado aparentemente somente por familiares, comemorava o
aniversário de uma garotinha. Ele continha contando com a aniversariante e duas outras
crianças aproximadamente 10 pessoas. Este parecia ser formado apenas por indivíduos
de classe média alta.
Enquanto acontecia à roda de choro, as crianças de classe média brincavam
exaustivamente perto de seus respectivos responsáveis e crianças de rua vendiam
chiclete ou pediam um trocado ou o que comer. Estas tinham entre 6 e 11 anos de idade
e estavam em trio. Das três crianças, uma estava descalça e parecia bastante abatida pela
mazela da fome.
Daí um contraste social se manifestou e assim encontrei meu objeto finalmente.
Com um grande pesar, vi os dois lados de uma sombria realidade social, e ao mesmo
tempo a solução de m grande dilema desde o problema com o objeto de estudo do
choro.
No mesmo espaço de interação sócio-cultural que é embalado pelo chorinho,
pela roda de samba ou pelo eventual dança do maracatu, ou seja, a Rua do Ouvidor, a
famigerada rua fanfarrona do João do Rio, além de ser palco de manifestações culturais
também manifestava as mais duras mazelas sociais.
A partir deste dia, comecei a ver aquele quarteirão como um todo de modo
bastante interessante. Aquele não era um espaço que as pessoas apenas iam para curtir
um choro ou sambar, mas nele podia-se ver o encontro de duas realidades bastante
diferentes.
A encantadora alma da Rua do Ouvidor me mostrou o melhor objeto que poderia
trabalhar: As relações sociais e suas diferenças enquanto a roda de choro ou de samba
acontecia.

9
6.O choro, o samba e o público
No mesmo dia que o grupo de 10 pessoas comemoravam um aniversário, no
final da rua acontecia a roda de samba. A roda de choro neste dia, estava em menor
número, pois alguns músicos que tocam na mesma também tocam na roda de samba.
Situada no final da rua, esta possui um publico bastante diversificado e heterogêneo.
Diferente do publico da outra roda, o samba de raiz tem um caráter mais
popular. A maioria dos indivíduos que estavam presentes ou estavam em pequenos
grupos de amigos de 3 a 5 pessoas, em duplas que não eram necessariamente casais ou
transeuntes que saiam do trabalho e paravam simplesmente para ver o que estava
acontecendo e iam embora.
Na questão de gênero, havia uma intensa mistura bem heterogênea. Homens e
mulheres numa faixa etária de aproximadamente 20 e poucos anos a 60 e mais, dividiam
o espaço sem qualquer incomodo. O mais interessante nesta mistura, é a interação entre
classes sociais.
Classe média alta e baixa curtia, o mesmo gênero musical. Juntos, estes
cantavam toda as músicas. Em contrapartida deste, a roda de choro tendo como público
as mesmas classes sociais que o samba, encontrava-se naquele dia um pouco caída, em
decorrência da roda de samba no final da rua e do começo da copa do mundo.
A diferença entre os freqüentadores de ambas é bastante notória, através dessa
divisão de classes. Apesar do samba contagiar as duas classes sociais em questão, a
maioria de seus freqüentadores de fato, são trabalhadores das adjacências. Já na roda de
choro, do Bar Antigamente ao bar que fica na esquina, é basicamente formada grosso
modo, por indivíduos de uma classe média alta.

10
7.Viradão, concurso e o clima copa do mundo
Uma das experiências mais interessantes durante estes três meses de trabalho,
fora presenciar três eventos, cujo sua importância no plano cultural carioca fora bastante
singular. São eles: o viradão carioca, o concurso “comida di boteco” e por fim a copa do
mundo.
Em relação ao viradão carioca, tive a oportunidade de observar e participar na
segunda visita ao campo. O dia estava meio nublado, mas isso não impedira os
indivíduos presentes no local, a ir prestigiar o festival. O evento na Rua do Ouvidor,
contara também com uma roda de maracatu no inicio da noite.
Esta propiciara o primeiro contato tanto com os integrantes da roda de choro,
quanto com o ambiente em geral. Por conta do tempo chuvoso, o Antigamente e outros
bares, contavam com pequenas tendas. Aonde os músicos se encontravam, duas tendas
cobriam o grupo.
Quatro quinzenas depois o concurso “Comida di Boteco”, mobilizara muitos
“botequeiros” em busca de eleger a partir de algumas categorias o melhor boteco do
Rio de Janeiro. O concurso gastronômico é realizado desde 2000 em 11 cidades
situadas em 5 cidades do Brasil, segundo o site do evento.
Em decorrência deste evento, grupos de 4 a 11 pessoas reservaram
aproximadamente até 6 mesas para degustar os petiscos do Antigamente. O mais
interessante deste concurso, mais precisamente no ultimo dia que estive no campo, um
pequeno grupo de 6 pessoas trajadas de verde e amarelo por conta do clima copa do
mundo.
O clima copa do mundo, estava por todo lado. O grupo de 6 pessoas que chegara
todo paramentado trajando roupas com as cores da bandeira brasileira, se mostrava
bastante animado. Abordando os botequeiros em uma breve conversa, eles me
informaram que estavam indo de boteco a boteco desde as 10 horas da manhã.
Estes ainda me disseram que em virtude do evento, fretaram uma mini-vam
especialmente para a degustação dos petiscos nos estabelecimentos participantes. Era
por volta de 16:30 e o Bar Antigamente, segundo eles, era o quinto estabelecimento que
estavam indo julgar.
A partir destes botequeiros, uma notória diferença com os outros que se
encontravam quase dez mesas depois. Enquanto os adoradores de comida de boteco
influenciados pelo “clima copa do mundo” estavam trajados com roupas nas cores verde

11
e amarelo, os que se encontravam algumas mesas de distancia, estavam vestidos com
roupas formais.
Enquanto o choro embalava a todos ao som de “Carinhoso” de Pixinguinha,
degustatores, garçons, vendedores de amendoim, ambulantes e indivíduos que ali
estavam somente curtindo a música, presenciava o fato de um dos integrantes da roda
“passar o chapéu” arrecadando o dinheiro, que era parte do cachê do grupo.
O ato mobilizava quem estava em volta, que depositava no chapéu estilo panamá
qualquer quantia. Tais eventos contribuíram bastante para o trabalho, pois a partir destes
pude observar a interação do espaço e dos indivíduos que a freqüentavam.

12
8.Considerações finais
Durante três meses de trabalho de campo e três mudanças de objeto, observei
neste ultimo e no seu ambiente aconchegante, o quanto às relações sociais ainda
conseguem ser tão surpreendentes. Ao mesmo tempo, que o chorinho, o samba e o
maracatu embalavam a travessa rua de João do Rio, classes sociais e suas diferenças
interagiam sem qualquer barreira.
Os contratempos do inicio do trabalho e o encontro com o recorte final, fora uma
experiência bastante marcante em todo o seu trajeto. Do projeto inicial do estudo da
boêmia ao estudo do ultimo quarteirão da Rua do Ouvidor, a presença de fatores como
faixa etária e a diferença entre as classes sociais, sempre estiveram presentes.
Quando optei em trocar o segundo objeto e seu recorte, por conta das
dificuldades em formular sua pergunta principal pelo o que estava de fato ao seu redor,
o trabalho começara de fato a fluir. A abrangência de todo aquele quarteirão,
considerando as relações sociais que ocorriam em volta das manifestações culturais, me
mostrou o quanto às desigualdades ainda são presentes em nossa sociedade.
A eterna celebre fanfarrona do cronista Paulo Barreto, vai muito além de um
simples espaço de sociabilidade aonde as pessoas vão para se divertir ou tomar uma
cerveja. Ela também é palco, da diversidade e da interação de classes sociais que no
cotidiano parecem desconhecer como parte integrante da sociedade.
Entretanto, apesar de ser uma janela para realidade apontando as principais
diferenças sociais, a mesma e seu clima exagerado junto ao choro, o samba, o eventual
maracatu, famílias, amigos e os moradores de rua, num todo se harmonizam e em dia de
festa esquecem os rótulos que o preconceito insiste em colocar.

13
Referência bibliográfica
Concurso Comida di Boteco: < http://www.comidadibuteco.com.br> Acessado em
Julho de 2010
MACEDO, Joaquim Manuel de. Memórias da rua do ouvidor. Brasília: Senado
Federal, conselho editorial, 2005
RIO, João do. A alma encantadora das Ruas, São Paulo: Companhia de Bolso, 2008.

14
ANEXO: Fotos

Ilustração 1- A roda de choro no primeiro dia de campo

Ilustração 2- Bar Antigamente no segundo dia de campo

15
Ilustração 3- Rua do Ouvidor

Ilustração 4- Rua do Ouvidor no terceiro dia de pesquisa

16
Ilustração 5- Rua do Ouvidor terceiro dia de campo

Ilustração 6- Rua do Ouvidor terceiro dia de campo

17
Ilustração 7 – Roda de Samba no final da Rua do ouvidor no quarto dia de campo

Ilustração 8- Roda de samba no final da Rua do ouvidor no quarto dia de campo 2

18
Ilustração 9 – Rua do Ouvidor ultimo dia de campo

Ilustração 10- Rua do ouvidor: Ultimo dia de campo

19
20

Anda mungkin juga menyukai