RELATÓRIO
DO AGRAVO RETIDO
3.1. Sustenta-se a decisão vergastada, por si só, não estando a merecer retoque neste
aspecto, vez que ao consumidor lesado não importa quem vem a ser o responsável
dentro da cadeia de consumo, pois resguardado do direito de regresso ao
demandado.
3.2. Aliás, não é outro o entendimento desta Câmara, conforme aresto da relatoria
do eminente Desembargador Luiz Lopes:
3.4. Nem se argumente que não se está a tratar de relação de consumo, pois já
pacificado o entendimento dos tribunais pátrios acerca do tema, senão vejamos o
seguinte aresto como paradigma:
"MERITUN CAUSAE"
4.1. Anote-se que são incontroversos a celebração do referido contrato, assim como
o adimplemento total da obrigação por parte da aluna, além do que, a apelante não
se insurge nem sequer quanto ao valores fixados na condenação, limitando-se como
dito alhures, à tentar eximir-se da culpa pelo evento, atribuindo-a a terceiro.
4.4. Note-se que mesmo assim, ao final daquela reunião ainda autorizou-se a
abertura de uma quarta turma de mestrado, porém, ao que tudo indica as melhorias
necessárias para a continuidade do curso não foram efetuadas, resultando no não
reconhecimento do curso, conforme restou demonstrado pelos documentos de
folhas 55/56.
4.5. Assim, o fato do não reconhecimento do mestrado ter ocorrido por culpa da
apelante, ou por culpa da FAFICOP, não diz respeito ao consumidor lesado, que
deve ser ressarcido pelos prejuízos sofridos, tanto de ordem moral como material,
exatamente como decidiu a magistrada de primeiro grau:
"Todavia, a tese acima suscitada não merece acolhida, uma vez que no contrato
celebrado entre os litigantes, o réu IEPE se obrigou a ministrar o curso de mestrado
até o fim - cláusula 3.1 do contrato de fls. 57/60 - o que na realidade não acontece,
pois fora informada da extinção do Programa de Mestrado em Educação, tendo em
vista a ausência de recomendação pela CAPES. [...]
O contrato celebrado previa a duração de 30 (trinta) meses para o curso, período
este destinado ao desenvolvimento, acompanhamento por via de orientação
individual e qualificação, que depois de positivada, seguiria para a fase final, com a
defesa da Dissertação.
Ora, outro não erro o objeto do contrato que não a entrega do título de "MESTRE"
ao aluno que, cumpridas as exigências legais e do curso, obtivesse aprovação na
defesa da dissertação do mestrado.
[...]
A conclusão do curso de forma eficiente e sem maiores transtornos para os alunos,
no entanto, era obrigação do requerido, que deveria ter disponibilizado ao ser corpo
discente e a si próprio, condições mínimas ensejadoras de um parecer favorável e
mais célere respeitante ao reconhecimento de seu curso de mestrado em Educação,
ainda que isso não viesse a ocorrer (até porque o réu não se obrigou
contratualmente a tanto).
Muito embora não consta, expressamente, que o IEPE outorgaria o título de mestre
aos alunos, inserto está no contrato que após a positivação da qualificação, o curso
seguiria para a fase final, com a defesa da Dissertação. Ora, o aluno que defende a
tese de Dissertação - após freqüentar um curso de Mestrado reconhecido pela
CAPES - e é aprovado, obtém o título de Mestre. A certificação depende, única e
exclusivamente, do aluno, desde que o curso seja recomendado.
4.8. Ainda alega a recorrente, que a autora tinha ciência do não reconhecimento,
expressa na declaração de folhas 107, de maneira que já sabia da possibilidade de
não obtenção do diploma. Consta da referida declaração:
4.10. Neste viés, a ciência da aluna de que o curso "ainda" não havia sido
reconhecido, poderia, se muito, servir como causa de minoração do "quantum"
fixado à título de indenização, porém, não houve apelo neste sentido.
DECISÃO:
Participaram do julgamento: Des. Valter Ressel (Presidente sem voto), Des. Luiz
Lopes e Des. Nilson Mizuta.