Essa parte se mostra muito importante a discussão no que diz respeito à discrepância
existente entre as práticas e as políticas públicas. O termo sócio educativo quanto vai
para prática parece que é distorcido para “corretivo”. Parece que o interessante não é
buscar ensinar e sim corrigir de maneira ortopédica aquele jovem que cometeu um
delito. Isto demonstra a falta de interlocução entre quem pratica e quem legisla as
políticas públicas que visão educar.
As instituições que estão nessa esfera parecem produzir mais violência sobre aqueles
corpos e sendo assim se tornam multiplicadores dessa violência, estando dentro ou
fora da instituição. Portanto, tanto quanto produzir políticas e necessário uma
intervenção nas práticas desses lugares que acabam piorando a situação daquele
sujeito.
Outra preocupação são essas intuições como produtoras de dependentes, isto é, assim como
são reproduzidas a violência, temos aqueles que não querem brigar e preferem ficar vivendo
como se o governo fosse sustentá-lo para o resto da vida através de instituições que assistem
esses sujeito. Temos que ter um sistema que não isole completamente o sujeito, pois quanto
mais isolado, mais difícil se torna a volta desse sujeito a sociedade. Temos que produzir
instituições que sejam cuidadoras e incentivadoras para que esse sujeito consiga se readaptar
ao convívio em sociedade
Parece que o grande problema é a demanda por se criar espaços especializados que dêem
conta ao invés, por exemplo, de se investir num matriciamento e dessa forma multiplicar
conhecimento sem ter que a necessidade de se criar espaços de maneira tão urgente para
suprir a necessidade que é demanda a cada instante que o problema sofre um pequena torção
que forçando uma atualização de espaço e conhecimento para se dar conta.
Questões:
Discussão
As medidas em caráter aberto, outra característica do SINASE, também vem para que
se mantenham os direitos civis desses jovens, para que tenham acesso à educação a saúde e
cultura, essas medidas tem caráter educacional e não punitivo.
Um fato que foi chamado atenção durante a discussão é em que medida esses atos
inflacionais estão relacionados ao consumo e ao tráfico de drogas o que se liga as nossas
anteriores conversas sobre a associação que se faz entre criminalidade e consumo de drogas. A
pobreza entra nessa discussão quando nos é apresentado o perfil dos indivíduos que estão
cumprindo essas medidas socioeducativas, são em sua maioria homens, entre 16 e 18 anos,
negros, fora da escola o que pode levar a uma inferência de que o jovem pobre e negro está
mais suscetível a cometer crimes.
Sabemos que por ter a vida repleta de privações os jovens pobres tornam-se
vulneráveis e a existência da organização do trafico de drogas mais perto nas comunidades em
que vivem pode tornar-se uma saída, porém, não se pode fazer uma associação automática
entre esses fatos e a atitude criminosa, existem muitas especificidades que devem ser
consideradas nessa discussão.
Para concluir, podemos destacar a indagação de que, se alguns crimes como furto e
roubo foram realizados para comprar drogas ou se o jovem ao cometer estava sob efeito
delas. Essa ligação que pode existir entre o roubo para compra da droga contribui para a idéia
difundida de ser o usuário um criminoso, perde-se a confiança e credibilidade dentro de seu
meio social.