Para alm da formao da memria, Halbwachs aponta que as lembranas podem, a partir
desta vivncia em grupo, ser reconstrudas ou simuladas. Podemos criar representaes do
passado assentadas na percepo de outras pessoas, no que imaginamos ter acontecido ou
pela internalizao de representaes de uma memria histrica. A lembrana, de acordo com
Halbwachs, uma imagem engajada em outras imagens (HALBWACHS, 2004: pp. 76-78).
A memria apia-se sobre o passado vivido, o qual permite a constituio de uma narrativa
sobre o passado do sujeito de forma viva e natural, mais do que sobre o passado apreendido
pela histria escrita (HALBWACHS, 2004: p.75). Em Halbwachs, a memria histrica
compreendida como a sucesso de acontecimentos marcantes na histria de um pas. O
prprio termo memria histrica desta forma, seria uma tentativa de aglutinar questes
opostas, mas para entender em que sentido a Histria se ope Memria, para Halbwachs,
preciso que se atenha concepo de Histria por ele empregada.
A histria de uma nao pode ser entendida como a sntese dos fatos mais relevantes a um
conjunto de cidados, mas encontra-se muito distante das percepes do indivduo, da a
diferenciao estabelecida por Halbwachs entre Memria e Histria (HALBWACHS, 2004: p.84).
Para Nora, a memria tornou-se objeto da histria, sendo por esta filtrada, o que impede o
estabelecimento de diferenas entre a memria coletiva e a memria histrica. Mais do que
isso, fala-se muito em memria atualmente, mas porque a memria j no existe e tudo aquilo
que se considera memria , para Nora, histria.
a histria comea somente do ponto onde acaba a tradio, momento em que se apaga ou se
decompe a memria social. Enquanto uma lembrana subsiste, intil fixa-la por escrito
(HALBWACHS, 2004: p.85).