A Possibilidade de Conhecer
A Origem do Conhecimento
Admitamos, pois, que, na origem, a alma como que uma tbua rasa, sem
quaisquer caracteres, vazia de ideia alguma: como adquire ideias? Por que
meio recebe essa imensa quantidade que a imaginao do homem, sempre
ativa e ilimitada, lhe apresenta com uma variedade quase infinita? Onde vai ela
buscar todos esses materiais que fundamentam os seus raciocnios e os seus
conhecimentos? Respondo com uma palavra: experincia. essa a base de
todos os nossos conhecimentos e nela que assenta a sua origem. As
observaes que fazemos no que se refere a objetos exteriores e sensveis ou
as que dizem respeito s operaes interiores da nossa alma, que ns
apercebemos e sobre as quais refletimos, do ao esprito os materiais dos seus
pensamentos. So essas as duas fontes em que se baseiam todas as ideias
que, de um ponto de vista natural, possumos ou podemos vir a possuir.
Sua reflexo filosfica foi muito abrangente e ele concentrou seus interesses,
como ele mesmo afirma, em torno das seguintes questes: Que posso saber?
Que devo fazer? Que o homem? O que me dado esperar? Naturalmente, a
teoria do conhecimento procura responder a primeira pergunta, e se encontra,
principalmente, na sua obra Crtica da Razo Pura, de 1781. Kant afirmou que,
apesar da origem do conhecimento ser a experincia - se alinhando a com
o empirismo - existem certas condies a priori para que as impresses
sensveis se convertam em conhecimento - fazendo assim uma concesso
ao racionalismo. A reflexo kantiana tentou mostrar que a
dicotomia empirismo/racionalismo requer uma soluo intermediria e ele
denominou de transcendental o enfoque que procura determinar e analisar as
condies a priori de qualquer experincia