Entendemos que todas as atitudes tomadas por nosso diretor são respaldadas
e até incentivadas pelas regras que regem a nossa Universidade. Também nos é claro
que a USP possui uma organização antidemocrática, a qual delimita o poder de
decisão a um restrito grupo de membros da nossa comunidade (professores titulares).
É extremante coerente que os dirigentes de uma instituição reflitam em seus
posicionamentos a lógica institucional dominante. Por exemplo, nosso diretor não teria
aberto um processo administrativo contra nós se as regras que regem a USP não
permitissem e até o incentivassem a isso.
Sendo assim, fica evidente que a verdadeira luta que se deflagra nesse
momento não é contra uma pessoa, mas sim, contra toda uma lógica institucional
moralista e autoritária. O diretor, como dirigente da USP, é uma espécie de
“encarnação” da instituição uspiana, e assim sendo, ele “encarna” também todo o
moralismo e autoritarismo que regem tal instituição. Criticar nosso diretor ou reivindicar
um CV autônomo seria como lutar por um analgésico que poderia até fazer a dor
passar, mas as causas da doença continuariam e, sem tardar, sintomas voltariam a
aparecer. Trocar o diretor não adianta. Conseguir apenas um CV autônomo não é o
bastante. Devemos criticar e atacar a raiz do problema: a organização arcaica
uspiana.
Pela nossa universidade ser governada por um seleto grupo de “homens bons”,
acabam surgindo regras e normas que terminam por ir contra os interesses da maioria
da comunidade uspiana e até da sociedade como um todo. Por isso, devemos
entender que a maioria dos problemas que enfrentamos tem sua origem na estrutura
de poder da USP.
As nossas lutas têm sido paliativas. Temos já a tanto tempo implorado por
doses cada vez maiores de anestésicos quando a dor é insuportável que,
aparentemente, nos esquecemos que podemos nos curar. Chega de receber migalhas
e sobras, queremos que todos tenham espaço a mesa! Por uma USP Democrática e
Livre!!