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Caracterização genética da dourada -

Brachyplatystoma rousseauxii - (Siluriformes:


Pimelodidae) na Amazônia utilizando marcadores
moleculares mitocondriais
Jacqueline Batista1, José Alves-Gomes2 e Izeni Farias3

Introdução Dada à distribuição geográfica, abrangendo o


A pesca é uma das atividades economicamente território político de mais de 5 países amazônicos, estas
mais importantes para a região, como fonte de renda e espécies de bagres rompem essas barreiras e são
de proteína de fácil acesso para as populações locais. capturadas ao longo do sistema Estuário-Solimões-
As trinta espécies de peixes, comercialmente Amazonas (EAS), pela frota comercial e artesanal
explotadas na Amazônia, podem ser divididas em dois desde Belém, no estuário do rio Amazonas, até
grandes grupos: peixes de escamas, os representantes Pucallpa, no Peru, a aproximadamente 5500 Km a
dos Characiformes, Osteoglossiformes, Perciformes e Oeste, próximo aos Andes peruanos. Desta forma, estas
Clupeiformes, e peixes lisos, os bagres da ordem espécies estão entre as mais importantes para a pesca
Siluriformes Barthem & Goulding [1]; Lowe- comercial nestes países amazônicos com milhares de
McConnel [2]. famílias na região dependendo direta e/ou
Presentes nos canais do Rio Solimões/Amazonas e indiretamente da atividade pesqueira sobre estes bagres
seus afluentes, os grandes bagres, conhecidos como Rufino et al. [5].
peixes “lisos” ou de “couro” (Siluriformes: A dourada, B. rousseauxii (figura 1) está entre as
Pimelodidae) representam cerca de 55% da captura duas espécies mais capturadas pela pesca regional e
total de peixes na região. Dentro deste percentual, 95% para exportação. No entanto, segundo informações
da captura é feita em cima de seis espécies da Família disponíveis na literatura e reconhecendo que em
Pimelodidae, sendo que quase 80% deste total é obtido diversos pontos de pescaria e comercialização, dados
somente pela captura de Brachyplatystoma rousseauxii de desembarque não são amostrados, estima-se que,
(dourada) B. vaillantii (piramutaba), B. filamentosum pelo menos cerca de 30.000 t de dourada é capturada e
(Piraíba clara) e B. capapretum (filhote capa preta, comercializada a cada ano na Amazônia Barthem &
recentemente descrita por Lundbderg & Akama [3]). Goulding [1]; JICA/MPEG/IBAMA [6].
Estima-se que a captura total dos grandes bagres Barthem & Goulding [1] sugerem que a dourada
migradores, compartilhada entre o Brasil, Colômbia, compreenda um único estoque pesqueiro e realiza
Peru e Bolívia, seja de 30.000 t/ano. No entanto, a grandes migrações, incluindo áreas distintas de criação,
estimativa mais próxima do real pode chegar a ser três alimentação e reprodução a fim de completar o seu
vezes maior, visto que boa parte do que é capturado ciclo de vida.
não consegue ser registrado pelo monitoramento Dados obtidos por Batista [7] para três pontos da
pesqueiro atualmente disponível na região FAO- Amazônia (Belém/Estuário, Manaus e Tabatinga)
COPESCAL [4]. corroboram partes do modelo de Barthem & Goulding
[1], mas apresentam novas informações que
demonstram um ciclo de vida mais complexo do que o
inicialmente proposto. Segundo a autora, a diminuição
1. Estudante do programa de pós-graduação em Biologia
significativa da variabilidade genética entre Belém e
Tropical e Recursos Naturais –PPG-BTRN/ INPA do Curso de
Genética, Conservação e Biologia Evolutiva. Av. André Araújo nº Tabatinga só poderia ser explicada pela escolha não
2936, Bairro Petrópolis, CEP 69060-001. E-mail: jac@inpa.gov.br. aleatória dos indivíduos de dourada pelo tributário
2. Orientador do programa de pós-graduação em Biologia onde a desova irá ocorrer. Em outras palavras, foi
Tropical e Recursos Naturais –PPG-BTRN/ INPA do Curso de proposto que os cardumes de dourada na Amazônia, a
Genética, Conservação e Biologia Evolutiva. Av. André Araújo nº
2936, Bairro Petrópolis, CEP 69060-001. E-mail: exemplo do salmão na América do Norte, estariam,
puraque@inpa.gov.br. preferencialmente, voltando para desovar nos mesmos
3. Terceiro Autor é co-orientador do programa de pós- afluentes onde teriam nascido (“homing” ou filopatria).
graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais –PPG-BTRN/ Dada à área de abrangência de migração, à
INPA do Curso de Genética, Conservação e Biologia Evolutiva.
Universidade Federal do Amazonas – LEGAL/UFAM, Av. General importância comercial e o esforço de pesca exercido
Otávio Jordão Ramos n 3000, CEP 69077-000. E-mail: sob este recurso há vários anos, torna-se necessário
izeni_farias@ufam.edu.br obter informações concretas a fim de balizar políticas
Apoio financeiro: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do de manejo e conservação, envolvendo todos os países
Amazonas/ FAPEAM, International Foundation for Science/ IFS,
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/
que congregam tal área geográfica, a fim de assegurar a
CNPq, Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea/ sustentabilidade desse recurso, pois de acordo com
PROVÁRZEA e Ministério de Ciência e Tecnologia e Instituto dados pesqueiros obtidos por Alonso [8], o mesmo já
Nacional de Pesquisas da Amazônia/ MCT-INPA. se encontra em sobrepesca.

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Neste cenário evidencia-se a necessidade de indivíduos de B. rousseauxii amostrados na região de
estudos no nível genético, no intuito de estimar a Tabatinga (ETA = 37, K = 6,826 e IVG = 0,3).
variabilidade genética da dourada visando à A figura 2 apresenta uma representação gráfica
identificação e caracterização de seu estoque (s) comparativa entre as localidades amostradas
pesqueiro (s) em sua área de migração. considerando alguns índices de polimorfismo de DNA
O presente estudo objetivou-se caracterizar (H, NS, ETA e SK). Para alguns índices, verifica-se um
geneticamente e estimar a variabilidade genética da decréscimo da variabilidade genética considerando as
dourada coletada ao longo do EAS na Amazônia, localidades de Belém, Manaus (Brasil) e Iquitos (Peru).
utilizando marcadores moleculares de seqüências da O resultado da Análise de Variância Molecular
região controle do DNA mitocondrial. Estas (AMOVA) mostrou uma tendência de diferenciação
informações são fundamentais visando ao melhor genética (Fst = 0.0127 p = 0.048 ± 0.0073) entre os
entendimento do ciclo de vida, dinâmica de migração e indivíduos de algumas localidades (destaque em negrito
caracterização de estoque (s) pesqueiro (s) da dourada na tabela 02).
na bacia Amazônica. A tabela 02 mostra os valores de número de
migrantes (Nm) estimados entre as localidades e
Material e métodos baseados nos valores de Fst. O maior número de
O tecido muscular de 223 exemplares de dourada foi migrantes foi verificado entre as localidades de Tefé e
coletado junto a desembarques pesqueiros em 06 Tabatinga e os menores valores entre Belém e
localidades na Amazônia continental, sendo 54 Tabatinga.
indivíduos na cidade de Belém, 34 em Santarém, 34 em A interpretação compilada dos resultados obtidos
Manaus, 30 em Tefé, 37 em Tabatinga (região de fornece uma estimativa da variabilidade genética da
fronteira entre Brasil e Colômbia) e 34 em Iquitos (no dourada na Amazônia, no sistema EAS, e as principais
Peru). As amostras foram preservadas em etanol 70% considerações são:
em microtubos de 2 mL e levadas ao Laboratório A maior variabilidade genética da dourada
Temático de Biologia Molecular – LTBM/INPA. encontrada em Belém e a menor em Tabatinga pode
O DNA total foi extraído seguindo o protocolo, ocorrer em função de Belém congregar os indivíduos
utilizando fenol e clorofórmio, descrito em Alves- oriundos das cabeceiras e Tabatinga por receber uma
Gomes [9], e a região controle do DNA mitocondrial parcela da população migrante, já que uma parte da
(DNAmt) amplificada e purificada segundo Batista [8], mesma já adentra aos tributários do
utilizando os primers (oligonucleotídeos iniciadores) Solimões/Amazonas durante o ciclo de vida, Porém
descritos em Sivasundar et al. [10]: FTT-F 5’- GCC este decréscimo precisa ser melhor avaliado já que o
TAA GAG CAT CGG TCT TGT AA – 3’ e F12R 5’- mesmo não se mantém em Iquitos;
GTC AGG ACC ATG CCT TTG TG – 3’. O produto 2) Foram compartilhados 22 haplotipos entre
amplificado foi purificado por colunas (Kit de algumas localidades. Aliado a estes dados, os
purificação GFX, GE Health Care) e em seguida resultados da AMOVA, com correção de Bonferroni,
seqüenciado por eletroforese capilar em analisador mostram tendências a definir um estoque genético
automático de DNA megaBACE 1000 (GE Heathcare) pesqueiro da dourada no sistema EAS;
no LTBM/COPE/INPA. Políticas de manejo e conservação precisam ser
As seqüências nucleotídicas foram alinhadas, elaboradas e executadas em conjunto com os países que
editadas e compiladas com o auxílio dos programas congregam a área de migração da dourada a fim de
BIOEDIT 7.0.5 Hall [11] e CHROMAS 2.31 garantir o uso sustentável desse recurso às populações
(www.technelysium.com.au/chromas.html). As análises futuras.
de variabilidade genética populacional, índices de
diversidade molecular e fluxo gênico tais como: Agradecimentos
diversidade nucleotídica (Pi), freqüência haplotípica A todo o grupo do projeto PIRADA
(H), diversidade haplotípica (HD), número total de LTBM/COPE/INPA, ao Dr, Juan Carlos Alonso
mutações (ETA), número de sítios polimórficos (S) (SINCHI – Colômbia) pelo auxílio nas coletas de
número de seqüências únicas (NS); Índice de fluxo material biológico e ao apoio financiamento da
gênico (Nm) entre as localidades e AMOVA (análise FAPEAM (Projetos PIPT, Temático e Bolsa de
de Variância Molecular) com o auxílio dos programas estudos), IFS, ProVárzea, CNPq e MCT/INPA (PPI 1-
DNASP 4.01 Rozas & Rozas [12] e ARLEQUIN 3.01 3550 e 1-0405).
Schneider et al [13]. O Índice de Diversidade
Molecular (IVG) foi obtido a partir da razão entre NS e Referências
o número de indivíduos de cada localidade.
[1] BARTHEM, R. B.; GOULDING, M. 1997. Os bagres
Resultados e Discussão balizadores: Ecologia, Migração e Conservação de peixes
amazônicos. Sociedade Civil Mamirauá; CNPq, Brasília. 140
A tabela 1 sumariza os valores obtidos para os pp
índices de diversidade molecular. A maior [2] LOWE-MCCONNEL, R.H. 1999. Estudos Ecológicos de
variabilidade genética foi encontrada na localidade de Comunidades de Peixes Tropicais. São Paulo: Editora da
Belém (ETA = 60 e K = 8,603) e a menor entre os Universidade de São Paulo, (Coleção Base) 536 pp.

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[3] LUNDBERG, J. G.; AKAMA, A. 2005. Brachyplatystoma
capapretum: a New Species of Goliath Catfish from the
Amazon Basin, with a Reclassification of Allied Catfishes
(Siluriformes: Pimelodidae). Copeia, 5 (3): 492-516.
[4] FAO-COPESCAL, 2000. Inform del taller regional sobre el
manejo de las pesquerías de bagres migratorios del Amazonas
(Iquitos – Perú). Informe de campo F-5: Comisión de pesca
continental para América Latina. FAO. Roma. 103 pp.
[5] RUFFINO, M. L.; BARTHEM, R. B.; FISCHER, C.F.A. 2000.
Perspectivas do manejo dos bagres migradores na Amazônia.
In: Recursos pesqueiros do médio Amazonas: Biologia e
estatística pesquiera. Edições IBAMA, Brasília. p. 141-152.
[6] JICA/MPEG/IBAMA, 1998. SANYO TECHNO MARINE.
The fishery resourses study of the Amazon and Tocantins River
mouth areas in the Federative Republic of Brazil: Final report.
Japan International Cooperation Agency (JICA); Museu
Paraense Emílio Goeldi (MPEG); Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA). 331 pp.
[7] BATISTA, J. S. 2001. Estimativa da Variabilidade
intraespecífica da dourada (Brachyplatystoma flavicans)
(Castelnau,1855) no eixo estuário, Amazonas-Solimões.
Dissertação de Mestrado. INPA/UA. Manaus, Amazonas.
116p.
[8] Alonso, J. C. 2002. Padrão espaço temporal da estrutura
populacional e estado atual da exploração pesqueira da dourada
Brachyplatystoma flavicans, Castelnau, 1855 ( Siluriformes:
Pimelodidae), no sistema Estuário-Amazonas-Solimões. Tese
de doutorado. INPA/UFAM. Manaus, Amazonas. 217 pp.
[9] ALVES-GOMES, J. A. 1998. The phylogenetic position of the
South American electric fish genera Sternopygus ans
Archolaeumus (Ostariophysi; Gymnotiformes) according to
12S and 16S mitochondrial DNA sequences. In: L. R.
MALABARBA; R. E. REIS; R. P. VARI; Z. M. LUCENA; C.
A. S. LUCENA (EDS.) Phylogeny and Classificarion of
Neotropical Fishes. Porto Alegre. p. 447-460.
[10] Sivasundar, A.; Bermingham, E.; Guilhermo, O. 2001.
Population structure and biogeography of migratory freshwater
fishes (Prochilodus: Characiformes) in major south american
rivers. Molecular Ecology, 10:407-417.
[11] HALL, T. A. 1999. Bio Edit: a user-friendlybiological
sequence alignment editor end analysis program for windows
95/98/NT. Nucl. Acidr. Fynp. Ser. 41:95-98.
[12] Rozas, J.; Rozas, R. 1999. DnaSP version 3: an integrated
program for molecular population genetics and molecular
evolution analysis. Bioinformatics, 15:174-175.
[13] SCHNEIDER, S.; ROESSLI, D.; EXCOFFIER, L. (2005).
Arlequin Version 3.01: A software for population genetic data
analysis. Laboratório de genética e biometria. Universidade de
Geneva, Suiça. Adquirido de: http:// anthropologie.
Unige.ch/arlequin.

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Tabela 1. Índices de diversidade molecular estimados a partir da seqüência núcleotídica da região controle (DNAmt) dos 223
indivíduos de dourada provenientes das localidades Belém, Santarém, Manaus, Tefé, Tabatinga e Iquitos.

Localidade N H NS ETA S K HD Pi IVG

Belém 54 42 27 60 58 8,603 ± 4.037 0.987 ± 0.007 0,0095 ± 0.005 0,50


Santarém 34 24 11 40 38 8,246 ± 3.918 0.964 ± 0.021 0,0091 ± 0.005 0,32
Manaus 34 23 11 48 45 7,360 ± 3.529 0.943 ± 0.028 0,0081 ± 0.004 0,32
Tefé 30 25 16 43 41 8,276 ± 3.945 0.982 ± 0.016 0,0091 ± 0.005 0,53
Letícia 37 22 11 37 35 6,826 ± 3.288 0.944 ± 0.023 0.0075 ± 0.004 0,30
Iquitos 34 26 13 41 40 7,779 ± 3.714 0,980 ± 0.013 0,0085 ± 0.001 0,38

Tabela 2. Valores de número de migrantes (Nm) estimados entre as localidades amostradas. (Inf) indica um alto valor de Nm. Os
valores em negrito foram significativos segundo resultados da AMOVA..

Belém Santarém Manaus Tefé Tabatinga Iquitos


Belém -
Santarém 3.239
Manaus 1.757 3.409
Tefé 11.834 inf inf
Tabatinga 1.330 1.717 inf 353.981
Iquitos 3.008 1.622 inf inf 217.800 -

Figura 1. Dourada – Brachyplatystoma rousseauxii. Fonte: Batista, 2003

Figura 2. Histograma comparativo entre as localidades onde a dourada foi amostrada (Belém, Santarém, Manaus, Tefé, Tabatinga e
Iquitos) considerando os parâmetros de número de haplotipos (H), número de seqüências únicas (NS), número total de mutações
(ETA) e número de sítios polimórficos (S).

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