S2
Nº Convencional: 7ª SECÇÃO
CONHECIMENTO OFICIOSO
REQUERIMENTO
ÓNUS JURÍDICO
PAGAMENTO
CONTA DE CUSTAS
NOTIFICAÇÃO
13 - Ora, no caso concreto de que se trata nestes autos, o valor da ação foi,
desde o início, fixado em 30.000,01€. Ao longo do processo de inventário em
causa, nenhum dos intervenientes processuais - incluindo o Tribunal e o
Ministério Público - suscitou qualquer questão relativa ao valor da causa, não
tendo sido, em momento algum, proferido despacho judicial e pronúncia sobre
o valor da causa. Nem tão-pouco, na sentença proferida pelo tribunal da
1.a instância, o juiz alterou o valor da ação que havia sido fixado.
21 - Por outro lado, o Acórdão Fundamento refere que "não está vedado, após
a elaboração da conta de custas, o despoletamento do mecanismo de
adequação jurisdicional da taxa de justiça remanescente previsto no n.° 7 do
art. 6.° do Regulamento das Custas Processuais num quadro em que só após
tal conta os Demandantes não condenados no pagamento das custas são
confrontados, pela primeira vez, com a necessidade de procederem à entrega
de tal remanescente (...)".
29- Devendo, como tal, concluir-se no sentido de que nada obsta a que após a
elaboração da conta possa ser requerida e decidida, pelo Tribunal, a dispensa
ou redução do remanescente da taxa de justiça.
Assim,
35 - Assim, o acórdão recorrido viola o artigo 6.°, n.° 7 do RCP, bem como o
artigo 3.° do CPC e os artigos 2.°, 13.° e 18.°, n.° 2 e 20.° da Constituição da
República Portuguesa, os quais consagram os princípios da proporcionalidade
e do acesso efetivo à justiça
Apreciando
6. Prescreve o artigo 6.º/7 do Regulamento das Custas Processuais que " nas
causas de valor superior a 275.000€, o remanescente da taxa de justiça é
considerado na conta a final salvo se a especificidade da situação o justificar e
o juiz de forma fundamentada, atendendo designadamente à complexidade da
causa e à conduta processual das partes, dispensar o pagamento".
7. Esta norma releva que o juiz pode agir oficiosamente, podendo a dispensa
ser, assim, determinada tanto na sentença como no despacho final
(Regulamento das Custas Processuais, Salvador da Costa, 2012, 4ª edição,
pág 236).
12. Desencadeou-se, assim, uma situação nova de tal sorte que, como dizem
os recorrentes, " se previamente à elaboração da conta de custas tivesse sido
notificada às partes a decisão de alteração do valor da causa, as recorridas
teriam, de imediato, requerido a dispensa do pagamento do remanescente da
taxa de justiça. Na ausência de tal notificação, não existiu momento
processual para que as recorridas requeressem a dispensa de pagamento do
remanescente"
17. O STJ já tomou posição nesta questão nos acórdãos de 29-9-2016, rel.
Orlando Afonso, revista n.º 581/07.8TBTVR.E1.S1, de 23-6-2016 e incidente
n.º 2619/09 e de 2-2-2017 (rel. Távora Victor), revista n.º
65/12.2TBTCS.C1.S1, de 14-2-2017 (rel. Júlio Gomes), revista n.º 1105/13.
3T2SNT.L2.S1.
Concluindo
Sem custas
Lisboa, 12-10-2017
Távora Victor
António Piçarra