PÓS-PARTO: A INFLUÊNCIA
NA RELAÇÃO COM O BEBÊ*
O
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Formação
Estudo profissional Ano País Idioma Periódico Tema
dos autores
Revista Mal-Estar
E01 Psicologia 2010 Brasil Português Puerpério
e Subjetividade
Revista Gaúcha de
E02 Enfermagem 2009 Brasil Português DPP***
Enfermagem
E03 Psicologia 2006 Brasil Português Psicologia: Reflexão Crítica DPP
E04 Psicologia 2007 Brasil Português Revista de Psiquiatria Clínica DPP
Revista Brasileira de
E05 Enfermagem 2005 Brasil Português DPP
Ginecologia e Obstetrícia
E06 Enfermagem 2010 Brasil Português ACTA Paulista de Enfermagem DPP
DPP+
E07 Enfermagem 2012 Brasil Português Revista Enfermagem Integrada
CE*
E08 Enfermagem 2011 Brasil Português Revista Gaúcha de Enfermagem DPP
Enfermagem e
E09 2010 Brasil Português Revista Rene DPP
Medicina
E10 Psicologia 2003 Brasil Português Estudos de Psicologia RMF**
Revista de Enfermagem do
E11 Enfermagem 2011 Brasil Português DPP
Centro-Oeste Mineiro
E12 Psicologia 2011 Brasil Português Mudanças-Psicologia da Saúde DPP
E13 Medicina 2010 Brasil Português FEMINA DPP
E14 Enfermagem 2010 Brasil Português Revista de Enfermagem Puerpério
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.
Puerpério
E19 Psicologia 2010 Brasil Inglês Jornal Brasileiro de Psiquiatria
+ DPP
Conhecendo a formação profissional dos autores, podemos saber quais são as cate-
gorias profissionais que têm produzido mais pesquisas sobre o tema e que provavelmente
mais se deparam com o problema da depressão pós-parto e sua influência na relação com 343
o bebê. No entanto, observa-se que apenas nove artigos (47,4%) foram elaborados por
enfermeiros; sete (36,8%) por profissionais da psicologia; dois (10,5%) são de autoria
médica; e um (5,3%) foi realizado por médico e enfermeiros.
Nota-se qe a prevalência de autores da área de enfermagem neste estudo pode-se
justificar pelo tipo de assistência prestada por enfermeiros, pois este precisa qualificar-se
para dar suporte e apoio, tanto para a mulher, quanto para a família.
Considerando que as ações de saúde dirigidas às mulheres, no puerpério, como a
consulta puerperal, nem sempre são prioritárias, essa problemática tende a passar desper-
cebida no âmbito dos serviços de saúde (CABRAL; OLIVEIRA, 2008). Então devemos
olhar com atenção esta necessidade de qualificação para que as consequências da DPP
sejam enfrentadas de maneira que possam ser minimizados os seus efeitos na puérpera
e na criança.
Em seguida, estão os psicólogos, que têm grande influência no tratamento destes
casos e podem também estabelecer vínculos com suas clientes a fim de procurar formas
para reverter a situação, por meio de pesquisa.
Sabendo que a depressão pós-parto pode interferir no período inicial de contato entre
mãe-bebê, o psicólogo contribui de uma forma diferenciada e terapêutica e reunião de
equipe, que são fatores que complementarão o tratamento oferecido pela equipe. Com o
olhar nesta direção, o papel do psicólogo na equipe, vai propiciar a busca de uma visão
panorâmica dos processos que influenciam e são influenciados pela doença, ou seja,
o psicólogo, diante de um caso de DPP, irá buscar, junto à paciente, o sentido daquela
doença para ela (SAMPAIO NETO; ALVARES, 2013).
Assim, terá o papel fundamental de, em conjunto com a assistência da enfermagem,
buscar caminhos que contribuam na busca da mulher de encontrar a sua autoconfiança, com-
preensão eelaboração dos sentimentos vivenciados (SAMPAIO NETO; ÁLVARES, 2013).
Poucas são as publicações na área da medicina sobre o assunto. Ressalte-se que cabe
ao médico obter informações através da anamnese e nos vários momentos do pré-natal
que lhe permitam caracterizar se sua paciente terá risco maior de desenvolver um quadro
depressivo grave após o parto (SAMPAIO NETO; ALVARES, 2013).
De acordo com a data de publicação dos estudos selecionados, no período de 2003
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.
a 2008 houve quatro artigos (21%), enquanto de 2009 a 2013 quinze artigos (79%).
Sendo 2010 o ano do maior número de publicação, com oito artigos, seguido do ano
de 2011, com cinco.
Observa-se que, nos últimos cinco anos, teve um aumento relevante na quantidade
de pesquisas que abordam este mesmo tema em relação aos cinco anos anteriores. Es-
tes dados demonstram que as pesquisas na área da enfermagem se encontram em um
ritmo constante e crescente de desenvolvimento, salienta-se ainda para o aumento da
problemática estudada.
Quanto ao país, todos os artigos são de origem brasileira (94,7%), os quais foram
publicados em periódicos nacionais e apenas um (5,3%) em Língua Inglesa.
Em relação ao periódico, dois dos artigos (10,5%) foram publicados na mesma
revista, Psicologia: Reflexão e Crítica, e outros dois (10,5%) na Revista Gaúcha de
Enfermagem, sendo que os demais (15 - 79%) foram publicados em periódicos que
344 não se repetem.
Realizou-se ainda um agrupamento (Quadro 1) segundo o foco de estudo dos pes-
quisadores, 11 (58%) artigos foram desenvolvidos com enfoque principal na Depressão
Pós-Parto, três (15,7%), na Relações Mãe-filho, dois (10,5%) artigos com foco em
Puerpério, um (5,3%) em Depressão Pós-parto e Cuidado de Enfermagem e um (5,3%)
em Depressão Pós-Parto junto com Relações Mãe-filho.
Sofrimento Psíquico,
Depressão Pós- Apreender as representações sociais da
Parto, Maternidade, depressão pós-parto e da experiência
E01 Pesquisa multimétodo
Puerpério, materna elaborada pelas puérperas com
Representações sintomatologia depressiva.
Sociais.
continua...
345
Descritores Objetivos Tipo de Publicação
Depressão Pós-Parto.
Escalas De Graduação
Realizar uma revisão sistemática sobre
Psiquiátrica Breve.
as escalas de rastreamento de depressão
E08 Enfermagem Revisão sistemática.
pós-parto aplicadas até 16 semanas após
Obstétrica.
o parto em puérperas acima de 15 anos.
Enfermagem
Psiquiátrica.
Depressão Pós-
Parto; Transtornos
Psicóticos; Depressão; Conhecer a vivência de familiares com Estudo exploratório,
E11
Relações Familiares; experiência de DPP.
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.
descritivo.
Acontecimentos Que
Mudam A Vida.
Relacionar e discutir os conflitos
Puerpério, psicológicos que podem ser vividos Revisão teórica na
E12 Depressão Pós-Parto, pela mulher no puerpério, além de tecer
Psicoterapia. considerações clínicas sobre o tratamento literatura.
psicológico da depressão pós-parto.
346 continua...
Descritores Objetivos Tipo de Publicação
Representações
Investigar as representações acerca da Delineamento de
maternas; Depressão
E15 maternidade de mães com indicadores de
pós-parto; Interação estudo de casos
depressão pós-parto.
mãe-bebê.
Quanto aos descritores, apenas dois artigos não trazem em seus descritores Depres-
são Pós-Parto, deste modo, os 17 (89,5%) artigos (E01, E02, E03, E04, E05, E06, E07,
E08, E09, E10, E11, E12, E13, E15, E16, E17, E19) que contém em suas palavras-chave
referido descritor buscaram abordar principalmente este tema; três (E01, E12, E14)
(15,7%) com a palavra Puerpério; com Prevalência, três (E05, E17,E19) (15,7%); com
interação mãe-bebê dois artigos (E10, E15) (10,5%). Os demais descritores encontrados
e utilizados pelos autores não obtiveram grau de prevalência maior que um.
Na análise dos objetivos, optou-se por defini-los conforme são apresentados no texto,
ou seja, se eram ou não apresentados de forma clara, e se eram bem declarados, pois
acredita-se que os objetivos devam ser facilmente identificados e compreendidos pelos
leitores. De acordo com Silveira (2005) e Fachin (2001), o objetivo é a apresentação
do resultado que se pretende alcançar com o desenvolvimento da pesquisa, constitui a
ação proposta para responder a questão do estudo que representa o problema. 347
Verificamos que 17 artigos (89,5%) apresentaram seus objetivos de forma clara,
possibilitando o entendimento do leitor acerca do conteúdo do texto, e apenas dois
(10,5%) não relatam seus objetivos de maneira clara, os E03 e E19.
De acordo com o tipo de publicação, cinco artigos (26%) são estudo de corte; quatro
(21,1%) são de revisão da literatura/pesquisa bibliográfica; três (15,78%) realizados por
revisão sistemática; dois (10,5%) por pesquisa descritiva; dois (10,5%) por pesquisa
descritiva exploratória; um (5,3%) foi realizado através de pesquisa de multimétodo,um
(5,3%) por epistemologia qualitativa e um (5,3%), por delineamento de estudo de casos.
Estudo de corte é um estudo observacional em que os indivíduos são classificados
(ou selecionados) segundo status de exposição, sendo seguidos para avaliar a incidência
de algo, como no casodos artigos selecionados puérperas com depressão pós-parto.
Taylor e Procter (2001) definem revisão de literatura como uma tomada de contas
sobre o que foi publicado acerca de um tópico específico. Por isso trata-se de um tipo
de pesquisa científica relevante, pois mostra o que já existe publicado e as lacunas que
necessitam ser preenchidas em determinados assuntos. Para Campos (2005), a revisão
da literatura ajuda nas fundamentações para um estudo significativo para Enfermagem,
pois tem uma função integradora e facilita o acúmulo de conhecimento.
A revisão sistemática é uma revisão planejada para responder a uma pergunta espe-
cífica e que utiliza métodos explícitos e sistemáticos para identificar, selecionar e avaliar
criticamente os estudos, e para coletar e analisar os dados destes estudos incluídos na
revisão (CASTRO, 2001).
A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de deter-
minado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua
natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva
de base para tal explicação. Como neste estudo os artigos selecionados para amostra
têm como objetivo mostrar e identificar os fatores de risco para depressão pós-parto
em determinada população.
Os estudos não experimentais são usados para construir o quadro de um fenômeno ou
explorar acontecimentos/pessoas ou situações, à medida que eles ocorrem naturalmente
(CAMPOS, 2005). Os estudos descritivos exploratórios se incluem nesta categoria.
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.
soli, 2009; Brome, 2000, é usualmente utilizada para prover uma perspectiva de qual é
a abrangência da literatura na área. Utiliza análise de variâncias e técnicas de regressão
para determinar a relação entre substantivos selecionados e variáveis metodológicas.
As abordagens qualitativas envolvem atotalidade dos seres humanos, centralizando
se na experiência humana em cenários naturalistas. A pesquisa qualitativa é caracterizada
como modos de procurar informações de maneira sistemática, e costuma ser descrita como
holística e naturalista, sem qualquer limitação ou controle imposto ao pesquisador. Ela
não depende fortemente de análise estatística para suas inferências, ou de instrumentos
fechados para a coleta de dados (DIAS et al., 2004; POLIT; HUNGLER, 1995). Os
estudos E06, E10, E15 cabem dentro desta abordagem, buscam conhecer e compreen-
der a percepção das puérperas dentro da depressão pós-parto, assim como sua relação
com o bebê.
Nos estudos E01, E11, E14 foi realizada análise de conteúdo que é um conjunto
de técnicasde análise das comunicações, visando obter, por procedimentos objetivos 349
e sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou
não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/
recepção destas mensagens (OLIVEIRA, 2008).
Nesta abordagem o estudo E16, encontrou fatores de risco para o surgimento da
depressão no período puerperal. Os dados obtidos foram analisados quantitativamente e
foram agrupados relacionados de acordo com a sua especificidade, tratados com número
de ocorrência e foram apresentados em tabelas e gráficos. Dados estes que demonstram
a vulnerabilidade das mulheres aos fatores externos para desenvolver a depressão, pois
estes são acentuados pelos fisiológicos.
Análise de agrupamentos é um termo usado para descrever diversas técnicas nu-
méricas cujo propósito fundamental é classificar os valores de uma matriz de dados
sobestudo em grupos discretos. No caso do E12 foi utilizada para encontrar similaridade
entre os sintomas e fatores de risco nas mães e as consequências disso na vida do bebê.
Considerando os vários modelos de análise e tipo de publicação encontrado na
amostra pode observar que cada um traz uma contribuição para a enfermagem. Ainda
assim podemos ver se os autores conseguiram atingir a sua proposta inicial através dos
resultados que serão dispostos a seguir. Os resultados encontrados em oito artigos trazem
sobre prevalência e fatores predisponentes. Em oito estudos, trazem sobre as implica-
ções na relação mãe-filho. Em cinco pesquisas falam sobre as ações para prevenção e
enfrentamento da depressão pós-parto.
No estudo E01, os fatores desencadeantes foram os socioeconômicos, representações
sociais familiares, amorosas, onde o sofrimento psíquico demonstrado pelas puérperas
foi associado à dor física no momento do parto. Não indicando a frequência com que
ocorre DPP na vida das mulheres.
No artigo E03 fala sobre a ambivalência dos sentimentos sobre ser mãe, dentro da
vivência da DPP. Levando em consideração os fatores desencadeantes como neste caso
abortamentos recorrentes aliados a fatores sociais. Neste estudo é certo que tais fatores
levaram ao desenvolvimento da DPP.
No estudo E04 a percentagem de mulheres deprimidas na 1ª semana após o parto e
três meses foi de 12,4% e 13,7% respectivamente. Neste estudo encontrou-se associa-
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 329-339, 1br./jun. 2014.
deste estudo também mostraram que a depressão materna após o nascimento do bebê
implica consequências para o desenvolvimento infantil, e posteriormente maior ocor-
rência de problemas emocionais e de comportamento da criança.
No E11 encontrou-se que parentes consanguíneos se preocupam com o estado psí-
quico da mulher durante o puerpério, sendo que estes perceberam os sintomas de forma
gradativa a partir da primeira semana pós-parto citando como característica principal a
rejeição do bebê e nestes casos como foi dito pela autora o apoio e a união familiar são
retratados, mostrando que quando a família percebe tenta compensar a falta de afeto
da mãe pelo filho.
No E15 os resultados mostraram que mães sentem preocupação em relação à sua
capacidade de cuidar adequadamente de seus bebês. Nos resultados encontrados no
E18 traz a interação mãe-filho após o nascimento de maneira que a mãe experimente
diversas sensações. E que presença de um acompanhante fornecia a segurança e o apoio
exigido por elas, para estabelecer vínculo com o recém-nascido. 351
Para Borsa, Feil e Paniágua (2007), a interação com o bebê é compreendida como
um processo de intensa comunicação da díade. Nesse processo a mãe emite mensagens
enquanto que o bebê, por sua vez, responde a mãe com a ajuda de seus próprios meios.
Sendo esta interação um protótipo para todas as outras relações que a criança venha
estabelecer futuramente. Se a mãe estiver depressiva essa relação fica prejudicada no
nível de relacionamento.
Dentro da amostra trouxemos interações com mães saudáveis e deprimidas para
observarmos a diferença, pois no primeiro caso as mulheres ficam satisfeitas ao ver o
bebê. Nas situações com mães deprimidas, as crianças buscam o afeto da mãe cons-
tantemente sem sucesso e passam a se retrair associando apenas o que recebem das
mesmas como fonte.
Na questão do desenvolvimento infantil, com esta amostra não ficou comprovado
que filhos de mães deprimidas tivessem menor desenvolvimento, mas apresentaram o
esperado para a idade. Mas outros estudos, como Alt e Benetti (2008), mostram as piores
consequências destes casos quando diz que a mulher,quando apresenta um quadro de
depressão ou psicosepuerperal, pode mencionar desejos de suicídio ou de mataro bebê;
a morte da criança significa eliminar o terror, a dor, o sofrimento e, ao mesmo tempo,
o objeto terrorífico. Borsa, Feil e Paniágua (2007) dizem ainda que é essencial para a
saúde mental e desenvolvimento da personalidade do bebê a vivência de uma relação
calorosa, intima e continua com a mãe, e denomina de privação da mãe.
Nas relações familiares, pode-se notar que a família percebe a alteração da mulher
em relação ao seu filho e muitas vezes assume a responsabilidade de dar a atenção que
se esperava da mãe. E por muitas vezes não entendem que a mulher encontra-se em
sofrimento psíquico. Frizzo et al. (2010) evidenciam que muitas vezes a depressão é
negligenciada pela própria mãe deprimida, companheiro e mesmo familiares, que podem
entender que os sintomas que ela apresenta devem-se ao cansaço e desgaste natural do
processo do puerpério, causado pelo acúmulo de tarefas domésticas e pelos cuidados
dispensados ao bebê.
Quanto às ações dos profissionais, para prevenção, enfrentamento da depressão pós-parto,
o E02 evidencia a importância de estes adquirirem informações clínicas e socioculturais
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.
das mulheres, buscando compreender sua realidade, estabelecendo relação de empatia, con-
fiança e respeito. Para poder identificar com maior eficácia caso a puérpera apresente
alterações que contribuem para a precipitação da depressão pós-parto. Este autor traz
o tratamento medicamentoso como forma de tratamento e grupos de apoio e discussão
para auxiliar o enfrentamento da DPP pelas puérperas.
No E06 trouxe nos resultados algumas manifestações dos sintomas como choro
excessivo, nervosismo e tristeza, impossibilitantes para a puérpera exercer a mater-
nidade, onde a família assume a responsabilidade. Sobre o tratamento neste estudo o
autor caracteriza como relevante a participação da família. Traz como contribuição da
enfermagem a detecção de novos casos, cuidado ao binômio mãe-filho e na dinâmica
familiar, o fortalecimento da amamentação, o cuidado transcultural, o incentivo a uti-
lização dos serviços de saúde e educação em saúde materna sobre DPP.
As ações de enfermagem sugeridas pelo E07 são atuações preventivas das equipes
352 multidisciplinares durante a gestação, sendo importante permitir que a mulher expresse
seus temores, queixas e ansiedades, dando assistência e orientações durante o pré-natal,
pois o atendimento precoce representa prevenção. E foi ressaltado o atendimento mul-
tidisciplinar no atendimento a mulher com depressão pós-parto.
No E12, ficou ressaltada a necessidade de compreensão dos principais fenômenos
do puerpério, para o diagnóstico da depressão pós-parto. Onde a postura a ser adotada
é a de acolhimento do sofrimento materno, facilitação da expressão de sentimentos e
ansiedades e o reconhecimento da maternidade como um fenômeno psíquico.
O E13 trouxe as várias formas de tratamento como forma de intervenção e facilitador
do enfrentamento. O medicamentoso, terapia hormonal por considerar como causa da
DPP as alterações hormonais ocorridas na gestação e pós-parto e ainda a associação
de atividade física.
Como mostra a descrição dos resultados obtidos na amostra não existe um trabalho
específico para prevenção e enfrentamento da DPP. E isto também foi observado por
Menezes (2012) em seu estudo, onde mostra que os estudos evidenciam que não existe
uma proposta de cuidado específico, realizada pela equipe de saúde, a fim de prevenir
ou prestar a assistência adequada o mais precocemente possível desse transtorno mental.
Cabe aos serviços de saúde aaquisição de instrumentos para identificar precoce-
mente, tratar e/ou encaminhar essas gestantes e puérperas com alguma predisposição
depressiva, considerando a gravidade do caso (BERRETA et al., 2008). Esta fala mostra
a importância da escuta qualificada na realização do pré-natal, como instrumento para
detectar e atuar na prevenção dessa patologia. O tratamento consiste emesclarecimento,
compreensão e apoio, porparte da família e dos profissionais deenfermagem que estão
em contato diretocom essa clientela (RIBEIRO; ANDRADE, 2009).
Se a família e os enfermeiros colaborarem de modo satisfatório, oferecendo
confiança e segurança à mãe principalmente nas realizações das atividades maternas,
sem hostilidades e críticas, fazendo uso da compreensão e carinho, oferecendo am-
biente acolhedor nos momentos de maior fragilidade emocional, a DPP vai diminuir
de intensidade.
Pode reverter-se em carinho ao bebê e respeito pelo ritmo de seu desenvolvimento
e progresso (BRASIL, 2001). Menezes et al. (2012) propõe que a detecção precoce
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
depressão apresentados por puérperas podem ser identificados através de uma assistência
bem planejada onde está incluída a sistematização da assistência de enfermagem (SAE).
Utilizando os diagnósticos de enfermagem podemos planejar uma maneira de en-
frentar a doença através de ações conjuntas entre enfermagem/equipe saúde da família/
familiares/puérpera, trazendo melhoras sobre aquilo que a mulher realmente necessita.
Ainda além da capacitação profissional, o enfermeiro deve colocar em prática todas
as ferramentas disponíveis para atingir o objetivo de restabelecer os sentimentos e a
família da puérpera, para evitar as piores consequências como tentativa de suicídio ou
infanticídio.
Com os resultados encontrados também concluímos que a sistematização da as-
sistência de enfermagem tem sido pouco utilizada ou não tem sido utilizada, pois em
nenhum artigo foi feita menção da mesma. Subentende-se com isso que não tem sido
prestada uma assistência adequada. Onde o enfermeiro passa a sua função para outro
354 profissional. Cabe ao enfermeiro à promoção da saúde, o cuidado humanizado e está
incluso nas ações que devem ser executadas durante o pós-parto. Orientações à família
junto com psicólogo e o médico da equipe, reunião com puérperas que estejam viven-
ciando a mesma situação. Além das ações que serão definidas através da SAE.
Concluí-se que a enfermagem está em processo de crescimento, e para que seja
uma profissão reconhecida como fundamental, como muitos profissionais da área alme-
jam, é necessário cada vez mais qualificação e preparo por parte dos mesmos. E neste
assunto que se trata de sentimentos e fatores subjetivos falta a elaboração de métodos
para atender melhor, lembrando que em alguns estudos os autores mostram o quanto
a enfermagem é negligente quando se fala de depressão pós-parto e atendimento que
abrange o psicoemocional das clientes. E ainda fica claro que o cuidado não deve ser
prestado como simples obrigação de maneira automática, mas o cuidado humanizado
reflete na etrega de uma capacitada e qualificada assistência.
Abstract: this study aimed to identify the major scientific evidence of postpartum de-
pression, to analyze interventions, coping and the prevention of the disease as well
as the involvement of nursing care with the mother-baby relationship by means of in-
tegrative reviews. National journals published between 2003 and 2013 were used for
data collection. The results showed that the prevalence of the disease ranges between
10% and 40% and that several are the risk factors. In addition, it became evident that
nursing care needs professional training for the adequate care of these mothers
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