Anda di halaman 1dari 17

PUÉRPERA COM DEPRESSÃO

PÓS-PARTO: A INFLUÊNCIA
NA RELAÇÃO COM O BEBÊ*

LEONARA NOGUEIRA DE SÁ PINA, MARTA CARVALHO


LOURES

Resumo: este estudo teve como objetivo identificar, nas publicações de


periódicos nacionais, no período de 2003 a 2013, as principais evidências
científicas da depressão pós-parto, analisar as intervenções, o enfrenta-
mento e a prevenção da doença e o envolvimento da enfermagem na relação
mãe-bebê, por meio de revisão integrativa. Os resultados evidenciaram que
a prevalência da doença varia entre 10 e 40%, sendo vários os fatores de
risco, e que a enfermagem necessita de capacitação profissional para cuidar
adequadamente dessas.

Palavras-chave: Puérpera. Depressão. Assistência de enfermagem. Rela-


ção mãe-filho.

O 
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

cuidar de enfermagem durante o puerpério deve enfatizar não só os


aspectos físicos do pós-parto, mas também o psicoemocional e como
as alterações negativas influenciam na vida da mulher e em sua rela-
ção maternal.
O puerpério caracteriza-se por se apresentar como uma fase de profundas
alterações no âmbito social, psicológico e físico da mulher (SILVA; BOTTI,
2005). Neste período ocorrem bruscas mudanças nos níveis dos hormônios
gonadais, nos níveis de ocitocina e no eixo hipotálamo-hipófiseadrenal que
estão relacionados ao sistema neurotransmissor.
Além das alterações biológicas, há a necessidade de reorganização social
e adaptação a um novo papel, a mulher tem um súbito aumento de responsa-
bilidade por se tornar referência de uma pessoa totalmente dependente de si
(CANTILINO et al., 2010). Tais mudanças podem ocasionar doenças que se
desencadeiam no puerpério, entre elas a depressão, a qual possui características 341
semelhantes aos demais transtornos do humor, exceto pelos pensamentos e sentimentos de
culpa, devido à incapacidade para atuar como mãe, incluindo também a possibilidade de
ocorrerem sintomas psicóticos (MENEZES et al., 2012).
A prevalência da DPP está entre 10 e 20%, de acordo com a maioria dos estudos
(MORAES et al., 2006). Alguns sintomas, como mostram Cantilino et al, (2010) são
humor deprimido, perda de prazer e interesse nas atividades, alteração de peso e/ou
apetite, alteração de sono, agitação ou retardo psicomotor, sensação de fadiga, senti-
mento de inutilidade ou culpa, dificuldade para concentrar-se ou tomar decisões e até
pensamentos de morte ou suicídio.
Geralmente inicia da quarta a oitava semana após o parto (por vezes mais tarde, mas
ainda dentro do primeiro ano) e pode persistir por mais de um ano (SCHMIDT et al.,
2005). Pode afetar profunda e amplamente a vida das crianças, influindo notavelmente
na natureza, frequência e recorrência de desordens infantis e gerando consequências
adversas através da infância até o limiar da idade adulta (BRUM; SHERMANN, 2010).
Os bebês são muito vulneráveis ao impacto da depressão materna, porque dependem
muito da qualidade dos cuidados e da sensibilidade da mãe (FRIZZO; PICCININI, 2010).
A luta para prevenir a DPP deve ter como alvo os provedores de saúde das mães.
Dar enfoque no aumento do nível da atenção à saúde durante o período pré-natal ou
logo após o parto pode, como consequência, reduzir o impacto dos fatores de risco
psicossociais no humor pós-parto (VALENÇA; GERMANO, 2010).
Assim, o enfermeiro que atua na assistência deve considerar em suas ações e inter-
venções o contexto familiar, a função desempenhada por cada membro que compõe a
família, bem como a dinâmica própria nela estabelecida (RIBEIRO; ANDRADE, 2009).
Priorizando a humanização nas práticas em saúde com a finalidade de vislumbrar
transformações na vida da mãe que se encontra em sofrimento faz-se necessário reflexões
da contextualização dos espaços, dos indivíduos e das ações. Com base nesse pressuposto,
reflete-se sobre a atenção na gravidez existente e a idealizada, levantando-se o seguinte
questionamento: como o enfermeiro deve atuar diante da depressão pós-parto e que ações
podem ser desenvolvidas para impedir que a depressão no puerpério afete a relação mãe-filho?
Esta revisão se justifica pela necessidade dos profissionais da saúde, em especial
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

os enfermeiros, se sensibilizarem da importância do atendimento efetivo à puérpera.


Para responder a essa indagação e contribuir para a melhoria da assistência prestada
a puérpera, este estudo teve como objetivo geral avaliar, nas publicações de periódicos
nacionais e nas bases de dados, as principais evidências científicas sobre a DPP e, como
objetivo específico, identificar as intervenções, o enfrentamento e prevenção da doença
e o envolvimento da enfermagem na relação mãe-bebê, por meio de revisão integrativa.
A revisão integrativa da literatura consiste na construção de uma análise ampla da
literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim
como reflexões sobre a realização de futuros estudos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, serão apresentados e analisados os resultados da revisão da literatura,


342 de forma a identificar os estudos selecionados e, posteriormente, far-se-á uma exposição,
entremeada por discussão, dos elementos componentes da prevenção e do enfrenta-
mento da depressão pós-parto e sua influência na relação mãe-bebê, identificados nos
resultados dos estudos primários.
As informações contidas no Quadro 1 apresentam dados referentes à identificação
das publicações que constituem a amostra desta pesquisa relacionando-as quanto a
formação profissional dos autores, ano de publicação, país, idioma e periódico.

Tabela 1: Distribuição das publicações sobre puérperas com depressão pós-parto e sua influência na relação
mãe-filho segundo formação profissional dos autores, ano de publicação, país, idioma, periódico e tema.

Formação
Estudo profissional Ano País Idioma Periódico Tema
dos autores

Revista Mal-Estar
E01 Psicologia 2010 Brasil Português Puerpério
e Subjetividade
Revista Gaúcha de
E02 Enfermagem 2009 Brasil Português DPP***
Enfermagem
E03 Psicologia 2006 Brasil Português Psicologia: Reflexão Crítica DPP
E04 Psicologia 2007 Brasil Português Revista de Psiquiatria Clínica DPP
Revista Brasileira de
E05 Enfermagem 2005 Brasil Português DPP
Ginecologia e Obstetrícia
E06 Enfermagem 2010 Brasil Português ACTA Paulista de Enfermagem DPP
DPP+
E07 Enfermagem 2012 Brasil Português Revista Enfermagem Integrada
CE*
E08 Enfermagem 2011 Brasil Português Revista Gaúcha de Enfermagem DPP
Enfermagem e
E09 2010 Brasil Português Revista Rene DPP
Medicina
E10 Psicologia 2003 Brasil Português Estudos de Psicologia RMF**
Revista de Enfermagem do
E11 Enfermagem 2011 Brasil Português DPP
Centro-Oeste Mineiro
E12 Psicologia 2011 Brasil Português Mudanças-Psicologia da Saúde DPP
E13 Medicina 2010 Brasil Português FEMINA DPP
E14 Enfermagem 2010 Brasil Português Revista de Enfermagem Puerpério
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

E15 Psicologia 2011 Brasil Português Psicologia: Reflexão Crítica RMF


E16 Enfermagem 2010 Brasil Português Arquivo Ciências deSaúde DPP
Revista Brasileira de Saúde
E17 Medicina 2011 Brasil Português DPP
Materno Infantil
Escola Anna Nery Revista de
E18 Enfermagem 2010 Brasil Português RMF
Enfermagem

Puerpério
E19 Psicologia 2010 Brasil Inglês Jornal Brasileiro de Psiquiatria
+ DPP

Legenda: CE: Cuidado de Enfermagem


RMF: Relações Mãe-Filho
DPP: Depressão Pós-Parto

Conhecendo a formação profissional dos autores, podemos saber quais são as cate-
gorias profissionais que têm produzido mais pesquisas sobre o tema e que provavelmente
mais se deparam com o problema da depressão pós-parto e sua influência na relação com 343
o bebê. No entanto, observa-se que apenas nove artigos (47,4%) foram elaborados por
enfermeiros; sete (36,8%) por profissionais da psicologia; dois (10,5%) são de autoria
médica; e um (5,3%) foi realizado por médico e enfermeiros.
Nota-se qe a prevalência de autores da área de enfermagem neste estudo pode-se
justificar pelo tipo de assistência prestada por enfermeiros, pois este precisa qualificar-se
para dar suporte e apoio, tanto para a mulher, quanto para a família.
Considerando que as ações de saúde dirigidas às mulheres, no puerpério, como a
consulta puerperal, nem sempre são prioritárias, essa problemática tende a passar desper-
cebida no âmbito dos serviços de saúde (CABRAL; OLIVEIRA, 2008). Então devemos
olhar com atenção esta necessidade de qualificação para que as consequências da DPP
sejam enfrentadas de maneira que possam ser minimizados os seus efeitos na puérpera
e na criança.
Em seguida, estão os psicólogos, que têm grande influência no tratamento destes
casos e podem também estabelecer vínculos com suas clientes a fim de procurar formas
para reverter a situação, por meio de pesquisa.
Sabendo que a depressão pós-parto pode interferir no período inicial de contato entre
mãe-bebê, o psicólogo contribui de uma forma diferenciada e terapêutica e reunião de
equipe, que são fatores que complementarão o tratamento oferecido pela equipe. Com o
olhar nesta direção, o papel do psicólogo na equipe, vai propiciar a busca de uma visão
panorâmica dos processos que influenciam e são influenciados pela doença, ou seja,
o psicólogo, diante de um caso de DPP, irá buscar, junto à paciente, o sentido daquela
doença para ela (SAMPAIO NETO; ALVARES, 2013).
Assim, terá o papel fundamental de, em conjunto com a assistência da enfermagem,
buscar caminhos que contribuam na busca da mulher de encontrar a sua autoconfiança, com-
preensão eelaboração dos sentimentos vivenciados (SAMPAIO NETO; ÁLVARES, 2013).
Poucas são as publicações na área da medicina sobre o assunto. Ressalte-se que cabe
ao médico obter informações através da anamnese e nos vários momentos do pré-natal
que lhe permitam caracterizar se sua paciente terá risco maior de desenvolver um quadro
depressivo grave após o parto (SAMPAIO NETO; ALVARES, 2013).
De acordo com a data de publicação dos estudos selecionados, no período de 2003
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

a 2008 houve quatro artigos (21%), enquanto de 2009 a 2013 quinze artigos (79%).
Sendo 2010 o ano do maior número de publicação, com oito artigos, seguido do ano
de 2011, com cinco.
Observa-se que, nos últimos cinco anos, teve um aumento relevante na quantidade
de pesquisas que abordam este mesmo tema em relação aos cinco anos anteriores. Es-
tes dados demonstram que as pesquisas na área da enfermagem se encontram em um
ritmo constante e crescente de desenvolvimento, salienta-se ainda para o aumento da
problemática estudada.
Quanto ao país, todos os artigos são de origem brasileira (94,7%), os quais foram
publicados em periódicos nacionais e apenas um (5,3%) em Língua Inglesa.
Em relação ao periódico, dois dos artigos (10,5%) foram publicados na mesma
revista, Psicologia: Reflexão e Crítica, e outros dois (10,5%) na Revista Gaúcha de
Enfermagem, sendo que os demais (15 - 79%) foram publicados em periódicos que
344 não se repetem.
Realizou-se ainda um agrupamento (Quadro 1) segundo o foco de estudo dos pes-
quisadores, 11 (58%) artigos foram desenvolvidos com enfoque principal na Depressão
Pós-Parto, três (15,7%), na Relações Mãe-filho, dois (10,5%) artigos com foco em
Puerpério, um (5,3%) em Depressão Pós-parto e Cuidado de Enfermagem e um (5,3%)
em Depressão Pós-Parto junto com Relações Mãe-filho.

Quadro 1: Foco do Estudo dos Pesquisadores

Descritores Objetivos Tipo de Publicação

Sofrimento Psíquico,
Depressão Pós- Apreender as representações sociais da
Parto, Maternidade, depressão pós-parto e da experiência
E01 Pesquisa multimétodo
Puerpério, materna elaborada pelas puérperas com
Representações sintomatologia depressiva.
Sociais.

Verificar como a temática vem sendo


Saúde da mulher.
abordada e a produção de enfermeiros
Depressão pós-parto.
E02 nessa área. Pretende, ainda, contribuir Pesquisa bibliográfica
Assistência integral à
com a consolidação de dados sobre o
saúde.
tema.

Possibilitar a compreensão da produção


Depressão Pós-
de sentido das mães diante das Epistemologia
E03 Parto; Maternidade;
experiências evocadas pela depressão Qualitativa
Ambivalência.
pós-parto.

Analisar a prevalência de depressão


pós-parto e identificar fatores
demográficos, psicossociais, obstétricos,
Gravidez, Parto, de antecipação e experiência emocional
E04 Estudo de corte
Depressão Pós-Parto. de parto, suscetíveis de predizer quer a
sintomatologia depressiva materna, quer
a ocorrência de episódio depressivo, 1
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

semana e 3 meses após o parto.

Depressão Pós- Identificar a prevalência e os fatores


Parto; Prevalência; de risco para DP e sua associação com
Estudo de corte
E05 Transtornos Mentais; TMC, nas puérperas atendidas em duas
transversal
Programa Saúde Da unidades do Programa de Saúde da
Família. Família do município de São Paulo.

Conhecer a interação de puérperas, com


diagnóstico de DPP com seus filhos, e
Depressão pós-parto;
compreender a percepção dos familiares
E06 Relações familiares; Estudo de corte
a respeito da doença e dos cuidados
Enfermagem.
maternos das puérperas na vigência da
depressão pós-parto.

continua...
345
Descritores Objetivos Tipo de Publicação

Verificar as ações de enfermagem


desenvolvidas para a detecção da
depressão pós-parto nas Unidades de
Atenção Primária à Saúde (UAPS) de
Cuidados de
um município na região do Vale do
Enfermagem.
E07 Aço e identificar o conhecimento dos Pesquisa descritiva
Prevenção Primária.
enfermeiros quanto aos motivos que
Depressão Pós-Parto.
desencadeiam a depressão pós-parto,
bem como verificar qual é a atuação
destes profissionais na detecção dessa
patologia.

Depressão Pós-Parto.
Escalas De Graduação
Realizar uma revisão sistemática sobre
Psiquiátrica Breve.
as escalas de rastreamento de depressão
E08 Enfermagem Revisão sistemática.
pós-parto aplicadas até 16 semanas após
Obstétrica.
o parto em puérperas acima de 15 anos.
Enfermagem
Psiquiátrica.

Depressão Pós-Parto; Identificar os fatores de risco que podem


Enfermagem; Saúde contribuir para a depres­são pós-parto
E09 Mental; Saúde da em puérperas internadas em uma mater­ Pesquisa descritiva
Mulher; Fatores de nidade de referência do Município de
Risco. Fortaleza-CE.

Depressão Pós-Parto; Examinar as investigações que


Interação Mãe-Bebê; ressaltaram o papel da depressão pós-
E10 Revisão da literatura
D e s e nvo l v i m e n t o parto no desenvolvimento inicial da
Sócio-Emocional. criança.

Depressão Pós-
Parto; Transtornos
Psicóticos; Depressão; Conhecer a vivência de familiares com Estudo exploratório,
E11
Relações Familiares; experiência de DPP.
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

descritivo.
Acontecimentos Que
Mudam A Vida.
Relacionar e discutir os conflitos
Puerpério, psicológicos que podem ser vividos Revisão teórica na
E12 Depressão Pós-Parto, pela mulher no puerpério, além de tecer
Psicoterapia. considerações clínicas sobre o tratamento literatura.
psicológico da depressão pós-parto.

Avaliar criticamente a literatura relativa


Depressão Pós-
ao tratamento da depressão pós-parto,
Parto, Terapia,
E13 indicando os níveis de evidência para Revisão sistemática.
Medicina Baseada Em
as diversas opções de intervenções
Evidências.
terapêuticas desta condição.

346 continua...
Descritores Objetivos Tipo de Publicação

Cuidados De Identificar as necessidades e expectativas


Enfermagem; de puérperas sobre a assistência de Estudo descritivo-
E14 Puerpério; Qualidade enfermagem recebida no pós-natal em
Dos Cuidados; Saúde uma maternidade pública de referência exploratório.
Da Mulher. do município do Rio de Janeiro.

Representações
Investigar as representações acerca da Delineamento de
maternas; Depressão
E15 maternidade de mães com indicadores de
pós-parto; Interação estudo de casos
depressão pós-parto.
mãe-bebê.

Rastrear depressão pós-parto em


puérperas que tiveram gestação de risco
Depressão Pós-Parto,
e que fazem o controle do pós-parto,
E16 Gestação de Risco, Estudo de corte
assim como definir as causas, sintomas e
Puérperas.
consequências desse transtorno para mãe
e para o bebê.
Depressão Pós-
Realizar uma revisão sistemática dos
Parto, Prevalência,
E17 estudos sobre a magnitude da depressão Revisão sistemática
Transtornos Do
pós-parto (DPP) no Brasil.
Humor.
Afeto. Relações Identificar e analisar os sentimentos
Mãe-Filho. Parto maternos expressados pelas mães durante
E18 Pesquisa bibliográfica.
Humanizado. Recém- o contato íntimo com os filhos, logo após
nascido. Enfermagem. o parto.

Utilizar uma entrevista clínica


semiestruturada para a detecção de
depressão em mulheres puérperas, de
Depressão Pós-Parto,
acordo com os critérios do DSM em
E19 Prevalência, Fatores Estudo de corte
serviços de puericultura da cidade do
De Risco, Brasil.
Recife, juntamente com uma apropriada
associação entre esse transtorno e dados
biossociodemográficos.
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

Quanto aos descritores, apenas dois artigos não trazem em seus descritores Depres-
são Pós-Parto, deste modo, os 17 (89,5%) artigos (E01, E02, E03, E04, E05, E06, E07,
E08, E09, E10, E11, E12, E13, E15, E16, E17, E19) que contém em suas palavras-chave
referido descritor buscaram abordar principalmente este tema; três (E01, E12, E14)
(15,7%) com a palavra Puerpério; com Prevalência, três (E05, E17,E19) (15,7%); com
interação mãe-bebê dois artigos (E10, E15) (10,5%). Os demais descritores encontrados
e utilizados pelos autores não obtiveram grau de prevalência maior que um.
Na análise dos objetivos, optou-se por defini-los conforme são apresentados no texto,
ou seja, se eram ou não apresentados de forma clara, e se eram bem declarados, pois
acredita-se que os objetivos devam ser facilmente identificados e compreendidos pelos
leitores. De acordo com Silveira (2005) e Fachin (2001), o objetivo é a apresentação
do resultado que se pretende alcançar com o desenvolvimento da pesquisa, constitui a
ação proposta para responder a questão do estudo que representa o problema. 347
Verificamos que 17 artigos (89,5%) apresentaram seus objetivos de forma clara,
possibilitando o entendimento do leitor acerca do conteúdo do texto, e apenas dois
(10,5%) não relatam seus objetivos de maneira clara, os E03 e E19.
De acordo com o tipo de publicação, cinco artigos (26%) são estudo de corte; quatro
(21,1%) são de revisão da literatura/pesquisa bibliográfica; três (15,78%) realizados por
revisão sistemática; dois (10,5%) por pesquisa descritiva; dois (10,5%) por pesquisa
descritiva exploratória; um (5,3%) foi realizado através de pesquisa de multimétodo,um
(5,3%) por epistemologia qualitativa e um (5,3%), por delineamento de estudo de casos.
Estudo de corte é um estudo observacional em que os indivíduos são classificados
(ou selecionados) segundo status de exposição, sendo seguidos para avaliar a incidência
de algo, como no casodos artigos selecionados puérperas com depressão pós-parto.
Taylor e Procter (2001) definem revisão de literatura como uma tomada de contas
sobre o que foi publicado acerca de um tópico específico. Por isso trata-se de um tipo
de pesquisa científica relevante, pois mostra o que já existe publicado e as lacunas que
necessitam ser preenchidas em determinados assuntos. Para Campos (2005), a revisão
da literatura ajuda nas fundamentações para um estudo significativo para Enfermagem,
pois tem uma função integradora e facilita o acúmulo de conhecimento.
A revisão sistemática é uma revisão planejada para responder a uma pergunta espe-
cífica e que utiliza métodos explícitos e sistemáticos para identificar, selecionar e avaliar
criticamente os estudos, e para coletar e analisar os dados destes estudos incluídos na
revisão (CASTRO, 2001).
A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de deter-
minado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua
natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva
de base para tal explicação. Como neste estudo os artigos selecionados para amostra
têm como objetivo mostrar e identificar os fatores de risco para depressão pós-parto
em determinada população.
Os estudos não experimentais são usados para construir o quadro de um fenômeno ou
explorar acontecimentos/pessoas ou situações, à medida que eles ocorrem naturalmente
(CAMPOS, 2005). Os estudos descritivos exploratórios se incluem nesta categoria.
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

Na Epistemologia qualitativa os princípios desenvolvidos favorecem o acesso ao


sistema de sentidos elaborados pelas participantes, favorece ainda, a consciênciada im-
possibilidade de existência de uma causa única para qualquer fenômeno. Assim, dentro
dessa abordagem metodológica, o problema não aparece como entidade estática, mas
como um momento de reflexão do pesquisador, no sentido de levantar questionamento
sem pretensão de se chegar a respostas finais. Também, não há exigência de levantar
hipóteses formais sobre o problema, pois não tem objetivo de provar ou verificar o
fenômeno, mas de descrevê-lo da melhor maneira possível, no sentido de construir um
conhecimento (E03) (AZEVEDO; ARRAIS, 2006).
Para definir a amostra os autores dos estudos E01, E03, E04, E05, E06, E09, E14,
E16, E18 e E19 utilizaram como população alvo puérperas e gestantes que utilizam o
serviço público de saúde. Com mulheres entre 15 e 40 anos de idade. Os instrumentos
que utilizaram para coleta de dados foram Escala de Edinburgh, Técnica de completa-
348 mento de frases, Entrevista em profundidade, de acolhimento e triagem, questionário
sociodemográfico, de antecipação do parto de experiência e satisfação com o parto e
com questões abertas e fechadas. Através de busca ativa em prontuários de mães com
diagnóstico de Depressão pós-parto. Todos estes estudos apresentados utilizaram ques-
tionário para dirigir a pesquisa para que os dados obtidos sejam o mais real possível.
Nos estudos E02, E08, E10, E12, E13, E17, utilizaram como método de pesquisa a
revisão da literatura, buscando nas principais bases de dados disponíveis Lilacs, Scielo,
Pubmed, Adolec, Medline, BVS. Sendo que os estudos E10 e E12 não identificaram
como foram coletados os dados para compor amostra. Os artigos E11 e E15 tiveram como
público alvo os familiares das puérperas que apresentavam indicadores de Depressão
pós-parto. Utilizando a técnica de completamento de frases e formulário de caracteri-
zação socioeconômica e o Inventario Beck de Depressão e entrevista clinica. E o E07
teve como população alvo enfermeiros de unidades de saúde e utilizou um roteiro de
pesquisa elaborado pela autora.
Na maioria dos artigos selecionados (10), foi utilizado questionário para identificar
possíveis casos de depressão pós-parto e preditores. Foi utilizado também o Escore de
Edinburgh, que deve ser atribuído nas consultas de puerpério em todas as consultas
realizadas no 45º dia, como padronização.
Todos os artigos selecionados neste estudo demonstram a complexidade que envolve
a assistência de enfermagem à mulher nos períodos que se julgam mais importantes
em sua vida, a gestação e o puerpério que é a fase de adaptação da mesma à nova vida.
Quanto à análise dos dados verificou-se que em onze artigos (57,8%) a análise dos
dados trata-se de análise descritiva. E três (15,8%) foram feitas por análise qualitativa.
Três (15,8%) via análise temática de conteúdo,um (5,3%) quantitativa e um (5,3%) por
agrupamento de dados.
Estatística Descritiva tem como objetivo sumarizar e descrever os aspectos relevantes
num conjunto de dados além de perceber se há diferenças relativas aos dados obtidos.
Utiliza-se recurso a tabelas, gráficos e indicadores numéricos. Nas seguintes pesquisas
E02, E03,E04, E05, E07, E08, E09, E13, E17, E18 e E19 este tipo de análise coube
da seguinte maneira, para identificar preditores e a prevalência no grupo de puerperas
presentes. Por se tratar de um tipo que utiliza para redução dos dados. Segundo Peder-
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

soli, 2009; Brome, 2000, é usualmente utilizada para prover uma perspectiva de qual é
a abrangência da literatura na área. Utiliza análise de variâncias e técnicas de regressão
para determinar a relação entre substantivos selecionados e variáveis metodológicas.
As abordagens qualitativas envolvem atotalidade dos seres humanos, centralizando
se na experiência humana em cenários naturalistas. A pesquisa qualitativa é caracterizada
como modos de procurar informações de maneira sistemática, e costuma ser descrita como
holística e naturalista, sem qualquer limitação ou controle imposto ao pesquisador. Ela
não depende fortemente de análise estatística para suas inferências, ou de instrumentos
fechados para a coleta de dados (DIAS et al., 2004; POLIT; HUNGLER, 1995). Os
estudos E06, E10, E15 cabem dentro desta abordagem, buscam conhecer e compreen-
der a percepção das puérperas dentro da depressão pós-parto, assim como sua relação
com o bebê.
Nos estudos E01, E11, E14 foi realizada análise de conteúdo que é um conjunto
de técnicasde análise das comunicações, visando obter, por procedimentos objetivos 349
e sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou
não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/
recepção destas mensagens (OLIVEIRA, 2008).
Nesta abordagem o estudo E16, encontrou fatores de risco para o surgimento da
depressão no período puerperal. Os dados obtidos foram analisados quantitativamente e
foram agrupados relacionados de acordo com a sua especificidade, tratados com número
de ocorrência e foram apresentados em tabelas e gráficos. Dados estes que demonstram
a vulnerabilidade das mulheres aos fatores externos para desenvolver a depressão, pois
estes são acentuados pelos fisiológicos.
Análise de agrupamentos é um termo usado para descrever diversas técnicas nu-
méricas cujo propósito fundamental é classificar os valores de uma matriz de dados
sobestudo em grupos discretos. No caso do E12 foi utilizada para encontrar similaridade
entre os sintomas e fatores de risco nas mães e as consequências disso na vida do bebê.
Considerando os vários modelos de análise e tipo de publicação encontrado na
amostra pode observar que cada um traz uma contribuição para a enfermagem. Ainda
assim podemos ver se os autores conseguiram atingir a sua proposta inicial através dos
resultados que serão dispostos a seguir. Os resultados encontrados em oito artigos trazem
sobre prevalência e fatores predisponentes. Em oito estudos, trazem sobre as implica-
ções na relação mãe-filho. Em cinco pesquisas falam sobre as ações para prevenção e
enfrentamento da depressão pós-parto.
No estudo E01, os fatores desencadeantes foram os socioeconômicos, representações
sociais familiares, amorosas, onde o sofrimento psíquico demonstrado pelas puérperas
foi associado à dor física no momento do parto. Não indicando a frequência com que
ocorre DPP na vida das mulheres.
No artigo E03 fala sobre a ambivalência dos sentimentos sobre ser mãe, dentro da
vivência da DPP. Levando em consideração os fatores desencadeantes como neste caso
abortamentos recorrentes aliados a fatores sociais. Neste estudo é certo que tais fatores
levaram ao desenvolvimento da DPP.
No estudo E04 a percentagem de mulheres deprimidas na 1ª semana após o parto e
três meses foi de 12,4% e 13,7% respectivamente. Neste estudo encontrou-se associa-
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 329-339, 1br./jun. 2014.

ção entre complicações físicas decorrentes do parto, história de problemas obstétricos,


tempo que demora a pegar no bebê, pior vivência do pós-parto e preocupações com a
própria saúde e a do bebê e depressão pós-parto na primeira semana, e nenhum desses
fatores influiu para a depressão três meses após o parto.
A prevalência segundo os autores dos artigos, já citados, não associa aos fatores
predisponentes pesquisados no E05 a taxa foi de 37,1% de depressão pós-parto, ainda
foi observado pelo autor que a maior proporção de depressão pós-parto em mulheres
que tiveram seu parto pós-termo e naquelas que o bebê teve Apgar menor que oito no
primeiro minuto. A única associação encontrada entre fatores de risco e prevalência foi
em relação ao suporte social.
No artigo E08 diz que se a puérpera apresentar dados socioeconômicos e obstétricos
considerados como fatores de risco e história prévia ou familiar de transtorno mental, baixa
autoestima, história de abuso na infância ou fraco suporte social, recomenda-se iniciar com
350 intervenções para DPP. Com uma taxa de prevalência para depressão pós-parto de 18 a 39,4%.
O estudo E09 investigou os fatores de risco e encontrou uma prevalência de 24,2%
onde os fatores de risco são fatores socioeconômicos, faixa etária e relações socioafetivas.
De acordo com o artigo E16 dentro de sua amostra 35% das mulheres estavam
propensas a desenvolver depressão pós-parto considerando os fatores predisponentes
como planejamento da gestação, se apresentaram hipertensão, diabetes e depressão, se
tinham conflitos conjugais, e o relacionamento com o bebê após o parto.
Segundo os dados obtidos no estudo E17 a prevalência da DPP varia entre 7,2 e
39,4% compreendidos num período entre seis e 12 semanas puerperais em mulheres
que apresentam perfil socioeconômico baixo.
No estudo E19 foi encontrado em 7,2% das mulheres dentro da amostra com DPP.
Estas com história pregressa de transtornos mentais, história familiar, abortamento espon-
tâneo, parto transpelviano e aquelas que estavam com mais de 8 semanas de puerpério.
Na exposição dos dados observa-se que a prevalência de depressão pós-parto varia
para cada autor. Mas ainda assim nota-se que se trata de taxas relativamente altas.
A depressão pós-parto apresenta uma incidência de aproximadamente 10% a 20% de
casos. Contudo, somente 50% dos casos são diagnosticados na clínica diária e menos
de 25% das puérperas acometidas pela doença têm acesso ao tratamento (MENEZES
et al., 2012).
Os fatores desencadeantes não variam muito sendo considerados praticamente os mes-
mos, Iaconelli 2005, em seu estudo mostra que existe uma alta correlação entre os fatores
de risco com a prevalência de DPP. Entre eles temos: mulheres com sintomas depressivos
durante, ou antes, da gestação, com histórico de transtornos afetivos, mulheres que so-
frem de TPM, que passaram por problemas de infertilidade, que sofreram dificuldades na
gestação, submetidas à cesariana, primigestas, vítimas de carência social, mães solteiras,
mulheres que perderam pessoas importantes, que perderam um filho anterior, cujo bebê
apresenta anomalias, que vivem em desarmonia conjugal, que se casaram em decorrência
da gravidez. Resumindo em fatores socioeconômicos, psicossociais, socioafetivos.
Quanto ao envolvimento da depressão pós-parto na relação mãe-filho, no estudo
E10 verificaram-se evidências científicas de que o impacto causado associa-se ao tempo
de diagnóstico e depende também da cronicidade do quadro depressivo. Os resultados
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

deste estudo também mostraram que a depressão materna após o nascimento do bebê
implica consequências para o desenvolvimento infantil, e posteriormente maior ocor-
rência de problemas emocionais e de comportamento da criança.
No E11 encontrou-se que parentes consanguíneos se preocupam com o estado psí-
quico da mulher durante o puerpério, sendo que estes perceberam os sintomas de forma
gradativa a partir da primeira semana pós-parto citando como característica principal a
rejeição do bebê e nestes casos como foi dito pela autora o apoio e a união familiar são
retratados, mostrando que quando a família percebe tenta compensar a falta de afeto
da mãe pelo filho.
No E15 os resultados mostraram que mães sentem preocupação em relação à sua
capacidade de cuidar adequadamente de seus bebês. Nos resultados encontrados no
E18 traz a interação mãe-filho após o nascimento de maneira que a mãe experimente
diversas sensações. E que presença de um acompanhante fornecia a segurança e o apoio
exigido por elas, para estabelecer vínculo com o recém-nascido. 351
Para Borsa, Feil e Paniágua (2007), a interação com o bebê é compreendida como
um processo de intensa comunicação da díade. Nesse processo a mãe emite mensagens
enquanto que o bebê, por sua vez, responde a mãe com a ajuda de seus próprios meios.
Sendo esta interação um protótipo para todas as outras relações que a criança venha
estabelecer futuramente. Se a mãe estiver depressiva essa relação fica prejudicada no
nível de relacionamento.
Dentro da amostra trouxemos interações com mães saudáveis e deprimidas para
observarmos a diferença, pois no primeiro caso as mulheres ficam satisfeitas ao ver o
bebê. Nas situações com mães deprimidas, as crianças buscam o afeto da mãe cons-
tantemente sem sucesso e passam a se retrair associando apenas o que recebem das
mesmas como fonte.
Na questão do desenvolvimento infantil, com esta amostra não ficou comprovado
que filhos de mães deprimidas tivessem menor desenvolvimento, mas apresentaram o
esperado para a idade. Mas outros estudos, como Alt e Benetti (2008), mostram as piores
consequências destes casos quando diz que a mulher,quando apresenta um quadro de
depressão ou psicosepuerperal, pode mencionar desejos de suicídio ou de mataro bebê;
a morte da criança significa eliminar o terror, a dor, o sofrimento e, ao mesmo tempo,
o objeto terrorífico. Borsa, Feil e Paniágua (2007) dizem ainda que é essencial para a
saúde mental e desenvolvimento da personalidade do bebê a vivência de uma relação
calorosa, intima e continua com a mãe, e denomina de privação da mãe.
Nas relações familiares, pode-se notar que a família percebe a alteração da mulher
em relação ao seu filho e muitas vezes assume a responsabilidade de dar a atenção que
se esperava da mãe. E por muitas vezes não entendem que a mulher encontra-se em
sofrimento psíquico. Frizzo et al. (2010) evidenciam que muitas vezes a depressão é
negligenciada pela própria mãe deprimida, companheiro e mesmo familiares, que podem
entender que os sintomas que ela apresenta devem-se ao cansaço e desgaste natural do
processo do puerpério, causado pelo acúmulo de tarefas domésticas e pelos cuidados
dispensados ao bebê.
Quanto às ações dos profissionais, para prevenção, enfrentamento da depressão pós-parto,
o E02 evidencia a importância de estes adquirirem informações clínicas e socioculturais
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

das mulheres, buscando compreender sua realidade, estabelecendo relação de empatia, con-
fiança e respeito. Para poder identificar com maior eficácia caso a puérpera apresente
alterações que contribuem para a precipitação da depressão pós-parto. Este autor traz
o tratamento medicamentoso como forma de tratamento e grupos de apoio e discussão
para auxiliar o enfrentamento da DPP pelas puérperas.
No E06 trouxe nos resultados algumas manifestações dos sintomas como choro
excessivo, nervosismo e tristeza, impossibilitantes para a puérpera exercer a mater-
nidade, onde a família assume a responsabilidade. Sobre o tratamento neste estudo o
autor caracteriza como relevante a participação da família. Traz como contribuição da
enfermagem a detecção de novos casos, cuidado ao binômio mãe-filho e na dinâmica
familiar, o fortalecimento da amamentação, o cuidado transcultural, o incentivo a uti-
lização dos serviços de saúde e educação em saúde materna sobre DPP.
As ações de enfermagem sugeridas pelo E07 são atuações preventivas das equipes
352 multidisciplinares durante a gestação, sendo importante permitir que a mulher expresse
seus temores, queixas e ansiedades, dando assistência e orientações durante o pré-natal,
pois o atendimento precoce representa prevenção. E foi ressaltado o atendimento mul-
tidisciplinar no atendimento a mulher com depressão pós-parto.
No E12, ficou ressaltada a necessidade de compreensão dos principais fenômenos
do puerpério, para o diagnóstico da depressão pós-parto. Onde a postura a ser adotada
é a de acolhimento do sofrimento materno, facilitação da expressão de sentimentos e
ansiedades e o reconhecimento da maternidade como um fenômeno psíquico.
O E13 trouxe as várias formas de tratamento como forma de intervenção e facilitador
do enfrentamento. O medicamentoso, terapia hormonal por considerar como causa da
DPP as alterações hormonais ocorridas na gestação e pós-parto e ainda a associação
de atividade física.
Como mostra a descrição dos resultados obtidos na amostra não existe um trabalho
específico para prevenção e enfrentamento da DPP. E isto também foi observado por
Menezes (2012) em seu estudo, onde mostra que os estudos evidenciam que não existe
uma proposta de cuidado específico, realizada pela equipe de saúde, a fim de prevenir
ou prestar a assistência adequada o mais precocemente possível desse transtorno mental.
Cabe aos serviços de saúde aaquisição de instrumentos para identificar precoce-
mente, tratar e/ou encaminhar essas gestantes e puérperas com alguma predisposição
depressiva, considerando a gravidade do caso (BERRETA et al., 2008). Esta fala mostra
a importância da escuta qualificada na realização do pré-natal, como instrumento para
detectar e atuar na prevenção dessa patologia. O tratamento consiste emesclarecimento,
compreensão e apoio, porparte da família e dos profissionais deenfermagem que estão
em contato diretocom essa clientela (RIBEIRO; ANDRADE, 2009).
Se a família e os enfermeiros colaborarem de modo satisfatório, oferecendo
confiança e segurança à mãe principalmente nas realizações das atividades maternas,
sem hostilidades e críticas, fazendo uso da compreensão e carinho, oferecendo am-
biente acolhedor nos momentos de maior fragilidade emocional, a DPP vai diminuir
de intensidade.
Pode reverter-se em carinho ao bebê e respeito pelo ritmo de seu desenvolvimento
e progresso (BRASIL, 2001). Menezes et al. (2012) propõe que a detecção precoce
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

da DPP poderia ser realizada através da prevenção primária esecundária de saúde,


nas maternidades e acompanhamento sistemático das mães nos períodos do pré-natal,
perinatal e pós-parto, tanto nos hospitais, como unidades básicas de saúde. Já existem
escalas que descrevem o rastreamento da depressão pós-parto, a Edinburgh PostNa-
talDepressionScale (EPDS) e a PostpartumDepressionScreeningScale (PDSS), ambas
traduzidas para o português e validadas no Brasil. Uma assistência qualificada, onde a
enfermagem saiba exatamente o que fazer e qual método utilizar, para prevenir e pro-
mover o enfrentamento da depressão pós-parto.
O E14 tratou da qualidade do atendimento, da enfermagem, a puérperas em uma
maternidade, mostrando que a assistência prestada foi considerada boa em relação à
atenção dispensada pelos profissionais. Este estudo é importante para sabermos o quão
satisfatória é a assistência de enfermagem prestada. Considerando o fato de terem ava-
liado levando em conta a empatia pelos profissionais, não sendo avaliada pelas puérperas
a qualidade do serviço prestado. 353
Cada puérpera deve ser abordada integralmente considerando não somente o corpo
biológico, mas estendendo o cuidado para além da avaliação física da mulher, comparti-
lhando com ela o que representa o nascimento de um filho e, ainda, procurando entender
o que pensa sobre as mudanças em seu corpo e como desempenha o seu autocuidado
(ACOSTA et al., 2012).
A grande contribuição dos estudos presentes na amostra estudada é a informação
sobre a prevalência da DPP. Este dado é importante para a enfermagem, pois indica que
devemos ter mais atenção ao realizar as consultas de pré-natal.
A análise dos resultados mostra que o enfermeiro representa um grande contribuinte
para o restabelecimento da saúde da mulher, tornando-se indispensável na detecção dos
sintomas e fatores predisponentes da DPP. Tem papel fundamental na elaboração de
programas diferenciados de políticas públicas de saúde coletiva, voltados para a puérpera
e no desenvolvimento de estratégias precoces de intervenção.
Para isto, o enfermeiro deve buscar conhecimento científico, e qualificar-se pra en-
tão construir práticas que atendam a mulher desde antes da gestação, no pré-natal e no
puerpério, oferecendo apoio sem julgamentos ou acusações. Por meio também de ações
criativas e eficazes, garantir respostas às necessidades psicoemocionais das parturientes,
procurando identificar as expectativas e necessidades das puérperas.
Por fim o enfermeiro deve adequar o pré-natal as necessidades percebidas, adotando
uma postura ética ao se envolver, e utilizar instrumento adequado como a sistematização
da assistência de enfermagem (SAE) na detecção e promover atendimentos individuais
eem grupos, fundamentados nas devidas informações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização deste estudo foi possível identificar as características da produ-


ção nacional em enfermagem sobre as ações no puerpério para interferir e prevenir a
depressão pós-parto. E obter informações sobre o que outros profissionais trazem a
respeito deste tema e as suas contribuições para a enfermagem.
Esta revisão proporcionou um conhecimento relevante, mostrando que os quadros de
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

depressão apresentados por puérperas podem ser identificados através de uma assistência
bem planejada onde está incluída a sistematização da assistência de enfermagem (SAE).
Utilizando os diagnósticos de enfermagem podemos planejar uma maneira de en-
frentar a doença através de ações conjuntas entre enfermagem/equipe saúde da família/
familiares/puérpera, trazendo melhoras sobre aquilo que a mulher realmente necessita.
Ainda além da capacitação profissional, o enfermeiro deve colocar em prática todas
as ferramentas disponíveis para atingir o objetivo de restabelecer os sentimentos e a
família da puérpera, para evitar as piores consequências como tentativa de suicídio ou
infanticídio.
Com os resultados encontrados também concluímos que a sistematização da as-
sistência de enfermagem tem sido pouco utilizada ou não tem sido utilizada, pois em
nenhum artigo foi feita menção da mesma. Subentende-se com isso que não tem sido
prestada uma assistência adequada. Onde o enfermeiro passa a sua função para outro
354 profissional. Cabe ao enfermeiro à promoção da saúde, o cuidado humanizado e está
incluso nas ações que devem ser executadas durante o pós-parto. Orientações à família
junto com psicólogo e o médico da equipe, reunião com puérperas que estejam viven-
ciando a mesma situação. Além das ações que serão definidas através da SAE.
Concluí-se que a enfermagem está em processo de crescimento, e para que seja
uma profissão reconhecida como fundamental, como muitos profissionais da área alme-
jam, é necessário cada vez mais qualificação e preparo por parte dos mesmos. E neste
assunto que se trata de sentimentos e fatores subjetivos falta a elaboração de métodos
para atender melhor, lembrando que em alguns estudos os autores mostram o quanto
a enfermagem é negligente quando se fala de depressão pós-parto e atendimento que
abrange o psicoemocional das clientes. E ainda fica claro que o cuidado não deve ser
prestado como simples obrigação de maneira automática, mas o cuidado humanizado
reflete na etrega de uma capacitada e qualificada assistência.

NEW MOTHERS WITH POSTPARTUM DEPRESSION: ITS INFLUENCE ON THE


BABY-MOTHER RELATIONSHIP

Abstract: this study aimed to identify the major scientific evidence of postpartum de-
pression, to analyze interventions, coping and the prevention of the disease as well
as the involvement of nursing care with the mother-baby relationship by means of in-
tegrative reviews. National journals published between 2003 and 2013 were used for
data collection. The results showed that the prevalence of the disease ranges between
10% and 40% and that several are the risk factors. In addition, it became evident that
nursing care needs professional training for the adequate care of these mothers

Keywords: New mothers. Postpartum depression. Nursing care. Mother-baby relationship.

Referências

ACOSTA, Daniele Ferreira, GOMES, Vera Lucia de Oliveira; KERBER, Nalú Pereira
da Costa, COSTA, Cesar Francisco Silva da. Influências, crenças e práticas no autocui-
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

dado das puérperas. Rev. Esc. Enferm. USP. v. 46, n. 6, p.1327-33. 2012. Disponível
em: www.ee.usp.br/reeusp/.
ALT, Melissa dos Santos; BENETTI, Silvia Pereira da Cruz. Maternidade E Depres-
são: Impacto Na Trajetória De Desenvolvimento. Relatos de Experiência. Psicologia
em Estudo, Maringá, v. 13, n. 2, p. 389-394, abr./jun. 2008.
AZEVEDO, Kátia Rosa; ARRAIS, Alessandra da Rocha. O Mito da Mãe Exclusiva
e seu Impacto na Depressão Pós-Parto. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 19. N. 2, p.
269-276, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência ao Pré-Natal; Parto, Aborto e Puerpério.
Política Nacional de Atenção integral a Saúde da Mulher. 2001.
BERETTA, Maria Isabel Ruiz, et al. Tristeza/depressão na mulher: uma abordagem
no período gestacional e/ou puerperal. Rev. eletr. enf. , Goiânia, v. 10, n. 4, p. 966-78,
dez., 2008.
BORSA, Juliane Callegaro, FEIL, Cristiane Friederich, PANIÁGUA, Rafaele Medei-
ros A relação mãe-bebê em casos de depressão pós-parto. Pontifícia Universidade Ca- 355
tólica do RS. 2007. O Portal dos Psicólogos. Disponível em: http://www.psicologia.pt/
artigos/ Acesso em: 11 ago. 2013
BRUM, Evanisa Helena Maio de; SHERMANN, Lígia. O impacto da depressão ma-
terna nas interacções iniciais. PSICO. Porto Alegre. PUCRS. v. 37. p. 151-158. mai./
ago. 2006.
CABRAL, Fernanda Beheregaray; OLIVEIRA, Dora Lúcia Leidens Correa de. A In-
visibilidade da Depressão Pós-Parto no Contexto de Equipes de Saúde da Família.
Fazendo Gênero 8 - Corpo, Violência e Poder. Ago. 2008.
CANTILINO, Amaury et al. Depressão pós-parto em Recife – Brasil: prevalência e
associação com fatoresbiossociodemográficos.Jornal Brasileiro de Psiquiatria. v. 59,
n. 1, p. 1-9, 2010.
CAMPOS, Rosangela Galindo de. Burnout: Uma Revisão Integrativa Na Enfermagem
Ontológica. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Faculdade de Enfermagem de
Ribeirão Preto, USP, 2005.
CASTRO, AldemarAraujo. Revisão Sistemática e Meta-análise. 2001. Disponível em:
http://www.metodologia.org Acesso em: 15 mai. 2013.
FACHIN, Odilia. Fundamentos de metodologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
FRIZZO, Giana Bitencourt; PICCININI, Cesar Augusto. Depressão Materna e a In-
teração Triádica Pai-Mãe-Bebê. Psicologia: Reflexão e Crítica [online]. v. 20, n. 3, p.
351-360. 2010.
MENEZES, Francislene Lopes et al. Depressão Puerperal, no âmbito da Saúde Públi-
ca.Saúde (Santa Maria). v. 38, n. 1, p. 2130. 2012.
NÁDYA, Aparecida Soares Sobreira, PESSÔA, Célia Geralda de Oliveira. Assistência
de enfermagem na detecção da depressão pós-parto. Revista Enfermagem Integrada,
Ipatinga: Unileste-MG, v. 5, n. 1, jul./ago. 2012.
OLIVEIRA, Denize Cristina de. Análise De Conteúdo Temático-Categorial: Uma Pro-
posta De Sistematização. Revista de enfermagem - UERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4,
p. 569-76, out./dez. 2008.
POLIT, D.F, BECK, C.T, HUNGLER, B.P. Fundamentos da pesquisa em enferma-
gem: métodos, avaliação e utilização. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
RIBEIRO, Wendy Geissler; ANDRADE, Marilda. O Papel Do Enfermeiro Na Preven-
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

ção Da Depressão Pós-Parto. Informe-se em promoção da saúde, v. 5, n. 1, p. 07-09.


2009.
SAMPAIO NETO, Luiz Ferraz de; ALVARES, Lucas Bondezan.O Papel Do Obstetra
E Do Psicólogo Na Depressão Pós-Parto. Revista da Faculdade de Ciências Médicas
de Sorocaba. v. 15, n. 1, p. 180 – 183. 2013.
SCHMIDT, EluisaBordin; PICCOLOTO, Nery Mauricio; MULLER, Marisa Campio.
Depressão pós-parto: fatores de risco e repercussões no desenvolvimento infantil. Psi-
cologia USF, v. 10, n. 1, p. 61-68, jan./jun. 2005.
SILVA, Elda Terezinha da; BOTTI, Nadja Cristiane Lappann. Depressão Puerperal
uma Revisão de Literatura. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 07, n. 2, p.231-238.
2005.
SILVEIRA, Camila Santejo. Pesquisa em enfermagem oncológica no Brasil: uma
revisão integrativa. 2005, 116 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP. Disponível em: < http://www.teses.usp.br >
Acesso em: 29 out. 2010.
356
TAYLOR, Dena; PROCTER, Margaret.The literature review: a few tips on conducting
it. 2001. Disponível em: http://www.utoronto.ca/writing/ Acesso em: 16 mai. 2013.
VALENÇA, Cecília Nogueira; GERMANO, Raimunda Medeiros. Prevenindo a De-
pressão Puerperal na Estratégia Saúde da Família: Ações do Enfermeiro no Pré-Natal.
Revista Rene. Fortaleza. v. 11, n. 2, p. 129-139, abr./jun. 2010.
estudos, Goiânia, v. 41, n. 2, p. 341-357, 1br./jun. 2014.

* Recebido em: 15.02.2014 Aprovado em: 23.02.2014

LEONARA NOGUEIRA DE SÁ PINA


Graduanda do curso de Enfermagem da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás).

MARTA CARVALHO LOURES


Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Goiás. Docente no Curso de Enfermagem
da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) e orientadora deste estudo. 357

Anda mungkin juga menyukai