A Repressão dos instintos e sua relação com os ideais ascéticos em Nietzsche
Em quantas situações e momentos da vida o ser humano se sente enclausurado,
perdido e reprimido? Muitas vezes o indivíduo se “castra” para que o bem coletivo seja preservado. Com frequência o indivíduo oculta seus desejos e instintos em lugares sombrios da alma para agir de acordo com a moral da sociedade. É esse tipo de atitude repressiva e reguladora que Friedrich Nietzsche critica no homem moderno e dessarte afirma veementemente que este homem está doente. Nietzsche assevera ainda que o homem moderno e niilista deixa que seus instintos básicos se atrofiem a ponto de aniquilar e reprimir suas necessidades vitais. Tal crítica Nietzsche fazia ao homem da sociedade de seu tempo - Alemanha - pois era inegável a sensação de mal estar enraizada na sociedade. Já que perpetuava os sentimentos de vingança e ressentimento que não podia mais ser manifestada no homem e assim toda essa gama de sentimentos aglutinada com depressão, neuroses e uma extrema falta de sentido na vida eram os causadores dessa sociedade doentia. Pois se o homem é um animal doente e sua doença é a falta de sentido no mundo. Este sentido é aquilo que irá dar razão para o sofrimento. O sentido que o sofrimento adquire, contudo, anula o sofrimento causado pela falta de sentido que ele tinha, assim nasce o ascetismo que é uma tentativa de cura, é a tentativa de o sofredor manter-se vivo, criando algum significado para o mundo que o cerca. O ascetismo diz para o sofredor que o sofrimento é sua vitória. E é essa tentativa de cura através do ideal ascético que Nietzsche condenava principalmente o judaico-cristão, pelas intenções e pelos resultados que alcançaram: a reviravolta dos valores e de tudo o que era nobre passou a ser vil e vice-versa. Os judeus que eram um povo de escravos, de pessoas "fisiologicamente deformadas e desgraçadas" que conseguiram impor como base da cultura, principalmente ocidental, os seus valores de escravos levando para a degeneração dos instintos vitais. Para Nietzsche a filosofia é a verdadeira cura da doença do homem e deve ser baseada nos afetos, nas paixões e desejos, que contempla o individualismo, a força, a abundância e os instintos de vida. Para ele, é necessário deixar a atitude estática, teórica e contemplativa, e assumir uma atitude prática que se enraíza na vida, um ato de libertação de toda subjugação, de toda moral, de toda deformação e de tudo aquilo que nos prende a religiões, grupos ou ideologias.