Faculdade de Psicologia
Unidade Curricular de Neuropsicologia
Mestrado Integrado em Psicologia
Relatório individual de acesso ao exame
Tema VigíliaSono na técnica de
Polissonografia e suas Patologias
Discente:
Karina Santos – nº 10072
Outubro de 2011
Docente:
Profª Drª Isabel Barahona da Sonseca
AGRADECIMENTOS
Este relatório teve como objectivo inicial permitir o acesso à
fase do exame, mas a sua realização possibilitou o acesso à um
conhecimento rico e a visão mais abrangente da importância do estudo
do sono para a área da Neuropsicologia.
SÍNTESE
A polissonografia é actualmente o método mais qualificado para
diagnosticar patologias do sono. Esta consiste no registo de
variáveis fisiológicas que permitem avaliar a qualidade do sono e a
existência de patologias do sono.
Noções básicas sobre a Polissonografia;
Patologias dos Sono;
Por último a descrição do equipamento e dos sinais fisiológicos
processados. E as conclusões sobre esta experiência de âmbito
académico.
2 – A HISTÓRIA SOBRE O ESTUDO DO SONO
A compreensão de que o cérebro gerava potenciais eléctricos levou
um neuropsiquiatra alemão, Hans Berger, a desenvolver, em 1929, a
técnica de electroencefalografia(EEG). Esta técnica consiste no
registo gráfico dos potenciais cerebrais ao longo do tempo e permitiu
pela primeira vez observar que estes potenciais se modificavam com o
sono. A partir dessas análises descreveu os fusos e as ondas delta
que caracterizavam as fases 3 e 4 do sono humano.
Após Berger, seguiramse os fisiologistas americanos Loomis,
Harvey e Hobart, que em 1935 realizaram o primeiro estudo sistemático
dos padrões electroencefalográficos durante o sono humano,
descrevendo as fases do sono sincronizado, ao qual chamamos sono de
ondas lentas ou sono NonRapid Eye Movements (NREM).
Em 1950,Passouant que verificou que o EEG humano sofre alterações
periódicas ao longo da noite, mas que não lhe deu importância.Em 1953
foi Aserinsky e Kleitman que a descreveram e que descobriram a sua
associação a um estado específico do sono, relacionando a
dessincronização do sono com os movimentos oculares e depois com a
actividade onírica (sonhos).
Estes dois investigadores norte americanos observavam o sono de
crianças e adultos normais e notaram que padrões
electroencefalográficos específicos estavam associados a um movimento
ocular rápido e identificaram o chamado sono Rapid Eyes Movement
(REM). Também notaram que o sono REM ocorria várias vezes durante a
noite, todas as noites, alternandose com períodos em que a
movimentação ocular cessava e o padrão electroencefalográfico se
modificava, o chamado sono NREM.
No EEG observaram a ocorrência de curtas fases dessincronizadas,
que são semelhantes ao padrão típico de actividade eléctrica no
hipocampo (ritmo teta). Essas fases constituiam um estado de sono
inteiramente distinto daquele com padrão sincronizado e foram
denominadas de sono dessincronizado ou também sono paradoxal, pois
possuem padrão electroencefalográfico análogo ao da vigília.
Na década de 1960, outros dois investigadores americanos Anthony
Kales e Alan Rechtschaffen sistematizaram a análise destas variáveis
e criaram um manual para a classificação das fases do sono, definindo
os critérios para a caracterização do sono REM e subdividindo o sono
NREM em fases 1, 2, 3 e 4. Também estabeleceram critérios para a
caracterização da vigília.
A classificação dos estágios era feita em períodos de 30 segundos
do exame denominados épocas. nos dias actuais ainda se usa a mesma
sistematização para o estadiamento do sono. Este procedimento ainda é
usado actualmente para o assim chamado estagiamento do sono.
O termo polissonografia passou a ser utilizado a partir de 1974,
dois anos após serem incluídos na rotina do exame o registo da
frequência cardíaca e os sensores respiratórios pelo grupo de
Stanford em São Francisco na Califórnia.
Desta forma, a troca de informações entre as várias instituições
conduziu à normalização de conceitos sobre o sono assim como das
várias patologias associadas.
Mais adiante são descritos os vários grupos de patologias segundo
a II edição da Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono.
2.1.1 Importância do sono na qualidade de vida
O sono é importante para a recuperação da saúde em situação de
doença, enquanto a privação deste pode afectar a regeneração
celular assim como a total recuperação da função imunitária.
Alteração ou redução do estado consciente, que dura, em média 8
horas e tem início sensivelmente à mesma hora, em cada período
de 24 horas. Gera uma sensação de energia física, psíquica e
intelectual restabelecida.
Portanto, apesar de o sono não ser totalmente compreendido pelos
cientistas, pode afirmarse que este é um processo fisiológico
essencial ao normal e bom funcionamento do organismo.
Durante o sono as capacidades físicas e intelectuais, assim como
a homeostase hormonal, térmica e imunológica do organismo são
restabelecidas. A privação do sono ou um sono inadequado e perturbado
debilitam o organismo, com consequências e riscos graves para a
saúde.
2.1.2 Estrutura do sono
O sono é dividido em fases que se alternam ciclicamente entre REM
e NREM.
Um ciclo completo de sono dura em média 1 hora e meia e passa por
quatro fases NREM, seguidas de uma fase REM.
Durante o período de sono normalmente ocorrem entre 4 a 6 ciclos
bifásicos com duração de 90 a 100 minutos cada, sendo cada um dos
ciclos composto pelas fases do sono NREM, com duração de 45 a 84
minutos, e pela fase do sono REM, que dura de 5 a 45 minutos.
O sono lento apresenta variação progressiva de certos parâmetros,
que aumentam à medida que o sono aprofunda, verificase a dominância
da actividade parassimpática: miose (diminuição do diâmetro da
pupila), diminuição da sudação, da frequência cardíaca, da tensão
arterial e da temperatura. Há também uma diminuição global do consumo
de O2.
No sono REM, acontece o inverso, há um aumento da temperatura, da
sudação e do consumo de O2.
A figura 2.2 é um registo poligráfico do sono composto por quatro
canais electroencefalográficos (C3A1; C4A2; O1A2; O2A1) que
representam o traçado do EEG das zonas central e occipital, dois
canais do electrooculograma esquerdo e direito (OE e OD) que registam
os movimentos oculares e um canal de electromiografia (EMG) que
regista o tónus muscular do músculo submentoniano.
Vigília
O ritmo predominante na vigília, com os olhos fechados, é o ritmo
alfa, com uma frequência entre 8 e 13 Hz, com máximo posterior
occipital e que habitualmente é visível em grande parte do escalpe,
até às regiões centrais.
A onda Beta é uma das ondas cerebrais que ocorre com mais
frequência em electroencefalogramas de adultos, caracterizada
por ter frequências entre os 13 e os 30Hz e está relacionada com
estados de ansiedade e apreensão.
Figura 2. 3 Traçados de EEG das ondas cerebrais: Delta, Teta, Alfa, Beta e Gama.
Fase NREM
O sono NREM pode também ser denominado sono sincronizado devido
ao potencial eléctrico rítmico inibitórioexcitatório que formam
ondas sincronizadas de alta amplitude e baixa frequência.
Estágio 1: o indivíduo encontrase numa transição entre o estado
de vigília e o sono. O primeiro ciclo do sono dura de 1 a 7
minutos. Ocupa 2 a 5% do tempo total de sono, o limiar despertar
é baixo, pelo que a pessoa é facilmente acordada.
Observase uma diminuição e redução da amplitude do ritmo alfa
(actividade de 4 a 7 Hz), que é progressivamente substituída por
ritmos teta, sendo também característico o aparecimento das
ondas ou pontas do vertex. Os movimentos oculares são
caracteristicamente lentos, observandose igualmente diminuição
do EMG em relação ao padrão da vigília.
Figura 2. 4 Registo polissonográfico durante a fase 1 do sono NREM.
Estágio 2: É o inicio do sono já que o indivíduo fica alheio a
estímulos sonoros e visuais. No primeiro ciclo de sono, dura
cerca de 10 a 25 minutos e caracterizase pelo aparecimento de
fusos do sono e de complexos K.
Nesta fase, que dura cerca de 45 a 55% do tempo total de sono, o
mesmo estímulo que produziria um despertar na fase 1, resulta
frequentemente num complexo K evocado sem despertar.
Estágio 3: No primeiro ciclo de sono, a duração da fase 3 é de
cerca de 20 a 40 minutos. No tempo total de sono, a fase 3 ocupa
aproximadamente 13 a 23%. Os padrões de EEG dos estágios 3 e 4
são definidos pela presença de ondas de actividade lenta. Deve
haver, para sua caracterização, um mínimo de 20% e um máximo de
50% de ondas de 2 Hz com amplitudes maiores que 75 mV.
Figura 2. 6 Fase 3 do sono NREM.
No EEG verificase a presença de ondas com frequência inferior a
2 Hz e com amplitude acima de 75 microvolts em mais de 50% de um
determinado período de registo.
Figura 2. 7 Traçados de EEG característicos das quatro fases do sono NREM.
De modo geral, o sono NREM apresenta actividade neuronal, taxa
metabólica e temperatura encefálica baixas, declínio da actividade
simpática e aumento da actividade parassimpática, pouca actividade
muscular e é nesta fase do sono que é regulada a temperatura.
Fusos do Sono e Complexos K
Figura 2. 8 Traçado de EEG com marcação dos fusos do sono (F) e complexos k (K).
Fase REM
Figura 2.9 Registo poligráfico do sono durante a fase REM.
Na figura 2.9 observase no traçado de EEG as ondas em dentes de
serra (intervalo marcado com a seta), no EOG os movimentos oculares
rápidos e a diminuição do tónus muscular no EMG.
2.1.3 Distribuição normal do sono
Não existe um consenso sobre o que é o sono normal, se é que é
possível colocálo numa escala normativa. Porém, podese dizer que o
sono normal é aquele que proporciona a um indivíduo uma sensação de
bemestar ou descanso físico e mental, em que as energias são
restabelecidas, permitindo bons desempenhos físicos e mentais no dia
seguinte.
Durante o sono, verificamse alterações fisiológicas ao nível dos
sistemas nervosos simpático e parassimpático, condicionando mudanças
ao nível da respiração, actividade cardiovascular, temperatura
corporal e tónus muscular, algumas delas já referidas. Relativamente
à actividade cardiovascular, o aumento da actividade do sistema
nervoso parassimpático, durante o sono, leva a bradicardia e ligeira
diminuição da pressão arterial. Enquanto a actividade do sistema
nervoso simpático é semelhante à da vigília, excepto nos períodos de
sono REM, no qual diminui, contribuindo para uma bradicardia
acentuada. As frequências cardíaca e respiratória tendem a ser
regulares em sono NREM, tornandose irregulares em sono REM.
O ritmo circadiário regula o tempo de sono e de vigília, pois o
momento em que ocorre o início do sono e a sua duração estão
dependentes da fase circadiária.
O ciclo sonovigília intrínseco humano tem uma periodicidade de
cerca de 24 horas, sendo ajustado ao ambiente através de factores
externos. O mais importante destes factores é a luz ambiental que
leva à secreção de melatonina, (em um ambiente escuro e calmo, os
níveis de melatonina do organismo aumentam, causando o sono). A
melatonina endógena é provavelmente o marcador biológico mais forte
do ritmo circadiário humano.
A grande maioria dos indivíduos é incapaz de reconhecer o número
de horas que necessita e não tem de todo, uma noção do seu ritmo
circadiário de sonovigília.
A identificação do ritmo do próprio sono é um factor importante
para se obter a sensação de sono repousante e bemestar matinal, que
somente o sono normal permite.
Factores que influenciam o sono
Alguns estudos realizados em animais, indicam que o mesmo animal
dorme mais no campo que no laboratório e mais no escuro do que em
ambientes mais luminosos, pelo que os factores ambientais devem ser
tomados em conta nesta equação.
Também o tempo que cada pessoa leva para adormecer e acordar tem
sido objecto de estudo por parte de diversos investigadores. Dentro
desta temática sobressai a capacidade para adormecer que cada
indivíduo possui. Contudo, a inércia matinal que geralmente sentimos,
quando moderada é normal, e para a maioria dos indivíduos a resolução
desta, não se resolve com o aumento de horas de sono. São padrões
individuais sujeitos a flutuações e que cada um deve conhecer.Também
se verifica variabilidade dos padrões do sono nas horas de deitar.
Alguns indivíduos têm um ritmo tardio de sono e o simples facto de
tentarem dormir mais cedo vai destabilizar a estrutura do sono, não
providenciando de manhã a sensação de ter dormido um sono reparador.
2.2 – Patologias do sono
A higiene do sono é quiçá, uma das necessidades básicas que mais
é negligenciada de forma advertida. Ignorando a importância de fazer
uma boa manutenção da qualidade do sono, uma grande percentagem dos
indivíduos da nossa sociedade desconhece que por vezes padece de
patologias do sono, por um lado por incapacidade em reconhecer os
sintomas e por outro, simplesmente porque sustentam a sua
desorganização circadiana com mitos dissimuladores.
A segunda edição da Classificação Internacional dos Distúrbios do
Sono, denominado ICSD2 (International Classification of Sleep
Disorders) foi publicado em 2005 pela Academia Americana de Medicina
do Sono (American Academy of Sleep Medicine, AASM), tendo a primeira
edição sido publicada em 1990.
Insónias;
Distúrbios Respiratórios do Sono;
Hipersónias de Origem Central não causadas por:
Distúrbios do Rítmo Circadiano do Sono;
Distúrbios Respiratórios relacionados ao Sono;
Ou outras causas de sono nocturno interrompido;
Distúrbios do ritmo circadiano do sono;
Parassónias;
Distúrbios do movimento relacionados ao sono;
2.2.1 Insónias
É um importante problema de saúde dada a sua elevada prevalência
na população geral e das suas consequências das depressões.
Como consequências da insónia, podemos citar a queda na qualidade
de vida, a maior frequência de problemas de atenção, concentração e
memória, menor satisfação com relacionamentos pessoais, prejuízo no
desempenho diário e maior susceptibilidade à ocorrência de acidentes,
que ocorrem devido à sonolência diurna.
O tratamento deste distúrbio pode passar por:
Diagnosticar e tratar problemas médicos ou psicológicos que
possam estar a provocar a insónia;
Experimentar técnicas comportamentais para melhorar o sono,
como terapia de relaxamento, terapia de restrição de sono.
2.2.2 Distúrbios Respiratórios do Sono
Os distúrbios respiratórios do
sono são como um espectro contínuo
de perturbações onde um indivíduo
pode progredir ou regredir. O grau
de severidade da obstrução das vias
respiratórias vai desde a ligeira
Figura 2. 10. Anatomia das Vias Aéreas
obstrução, que provoca ressonar, à
Superiores (VAS).
total obstrução, que resulta num
episódio apneíco.
(A) (B)
Figura 2. 11 (A): Passagem de ar normal pelas VAS; (B): Passagem do ar com ronco.
1 Via aérea nasal, 2 Via aérea oral, 3 Língua, 4 Úvula/palato
mole, 5 Palato mole/Obstrução da faringe.
A figura 2.11 ilustra como a úvula/palato mole (4) colidem com a
parede da faringe (5) obstruindo a passagem nasal do ar.
Durante o sono existem três tipos de apneia que se caracterizam
da seguinte forma:
Figura 2. 12 Evento de apneia central.
A figura 2.12 ilustra como não há passagem de ar nas vias aéreas
nasal e oral nem esforço respiratório torácico e abdominal.
Figura 2. 13 Evento de Apneia Obstrutiva.
Para ser considerado um evento apneico tem durar pelo menos 10
segundos.
Sindrome da Apneia/Hipoapneia Obstrutiva do Sono (SAHOS)
Figura 2. 14 Evento de hipoapneia obstrutiva.
Registamse esforços respiratórios e há uma obstrução parcial das
VAS pelo que o fluxo de ar diminui substancialmente.
Figura 2. 15 Passagem de ar pelas vias aéreas superiores durante (A) a respiração
normal e (B) uma apneia obstrutiva.
Estes microdespertares são um mecanismo de defesa do organismo
porque como os pulmões não conseguem obter oxigénio o cérebro comanda
o corpo a acordar o tempo suficiente para activar os músculos da
garganta e desbloquear a passagem do ar. Mesmo não se lembrando de
ter acordado várias vezes durante a noite, o indivíduo sentese
cansado durante o dia. A deficiência de sono e oxigénio podem lesar
os pulmões, coração e outros órgãos, causando problemas como pressão
alta, ataque cardíaco ou derrame cerebral.
Figura 2. 16 Comparação entre anatomia de um indivíduo saudável e outro com Sindrome de
Apneia Obstrutiva.
O diagnóstico desta síndrome é obtida através da polissonografia
e um dos parâmetros que classificam o estado do paciente é o índice
de apneia e hipopneia (IAH):
Apneia Leve – IAH entre 5 e 15/hora
Apneia Moderada – IAH entre 15,1 e 30/hora
Apneia Grave IAH maior que 30/hora.
O tratamento da apneia obstrutiva do sono altera substancialmente
o prognóstico da doença, uma vez que tem efeito na gravidade da
hipertensão arterial, melhora a função cardíaca, a qualidade de vida
dos pacientes, e pode evitar a mortalidade por esta causa.
O CPAP é recomendado quando não existe hipertrofia das amígdalas
e adenóides, quando o tratamento cirúrgico não é adequado, ou quando
a SAHOS persiste mesmo depois da intervenção cirúrgica.
Após o tratamento, os sintomas podem persistir, sendo necessário
rever e ajustar o método de tratamento. A adenóide é um tecido
linfático localizado no segmento superior da faringe, juntamente com
as amigdalas, fazem parte do sistema de defesa do organismo.
Em conjunto com estes métodos de tratamento encontrase também a
higiene do sono, que decorre com alterações coportamental para
alteração dos hábitos de sono.
2.2.3 Hipersónias de Origem Central
Narcolepsia
É definida por sonolência excessiva diurna e cataplexia, podendo
associarse a paralisia do sono, alucinações hipnagógicas e
fragmentação do sono.
Para o diagnóstico é imprescindível realizar uma polissonografia
e um teste de latência múltipla do sono.
O tratamento consiste na administração de estimulantes do Sistema
de Nervoso Central (SNC), de sestas periódicas e acompanhamento
psicoterapêutico.
Hipersónia idiopática
Nos sujeitos com esta patologia verificase um aumento do tempo
de sono nocturno, com normalização das fases do sono e aumento do
número de fusos do sono na fase 2. Constatase também latência média
de sono inferior a 10 minutos e menos de duas fases REM no teste das
latências múltiplas. Normalmente os doentes melhoraram com fármacos
estimulantes da vigília. Os dados clínicos e poligráficos do sono
auxiliam no diagnóstico.
Privação do sono intencional
O sono suficiente não se mede em horas absolutas obtidas, mas em
termos de o paciente acordar descansado e restaurado ou não. A
quantidade necessária parece ser determinada geneticamente. Embora a
média total de tempo de sono à noite seja de 7,5 a 8 horas, adultos
saudáveis podem precisar de entre 4 a 10 horas de sono. Portanto, as
pessoas que precisam de 10 horas de sono por noite, mas têm apenas 8
horas, podem ficar severamente privadas de sono e notavelmente
hipersonolentas.
2.2.4 Distúrbios do Ritmo Circadiário do Sono
São caracterizados por distúrbios do sono crónicos ou recorrentes
devido a um desalinhamento entre o ambiente e o ciclo vigíliasono do
indivíduo. Existem vários exemplos: distúrbio do sono relacionado ao
trabalho de turno, jet lag, atraso de fase do sono e avanço de fase
de sono.
2.2.5 Parassónias
São eventos físicos (movimentos, comportamentos) ou experiências
(emoções, percepções, sonhos) indesejáveis que ocorrem no início do
sono, durante o sono ou durante os despertares. Incluem: despertares
confusionais, sonambulismo, terror nocturno, paralisia do sono,
pesadelos, distúrbio comportamental do sono REM.
2.2.6 Distúrbios do movimento relacionados ao sono
Movimentos Periódicos dos Membros Inferiores
2.2.8 Outros Distúrbios do Sono
3 – POLISSONOGRAFIA
Esta técnica permitiu aos cientistas e investigadores obter mais
informações sobre o padrão do sono, o que facilitou, ao longo do
tempo, actualizar a definição das várias síndromes e até mesmo
designar novas patologias.
A evolução e os anos de investigação proporcionaram a criação de
regras e de uma vasta base de conhecimento para quem se dedica ao
estudo de patologias do sono.
3.1 Níveis de estudo
Foram definidos quatro tipos de aquisição poligráfica do sono:
• O nível 2 é denominado polissonografia portátil uma vez que
o estudo de sono é realizado em modo ambulatório, na
residência do paciente. Possui os mesmos recursos do nível
1, no entanto verificase a ausência de pessoal treinado
para assegurar a qualidade e a continuidade do registo. As
variáveis registadas são as mesmas que no nível 1. A
vantagem é que o paciente se encontra no ambiente normal
onde costuma dormir. A desvantagem é que não há nenhuma
supervisão durante a aquisição.
• O nível 3 caracterizase pelo registo de variáveis cardio
respiratórias através de um sistema portátil modificado.
São utilizados quatro a sete canais, os parâmetros
avaliados incluem frequência cardíaca, fluxo aéreo,
movimentos torácicos e abdominais e oximetria. Pode ser
domiciliar ou laboratorial. É uma avaliação restrita para
transtornos respiratórios do sono, devendo ser indicada em
casos bem seleccionados, principalmente com forte suspeita
de Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) quando a polissonografia
padrão não se encontra disponível ou quando o paciente não
pode realizála no laboratório de sono. Deve ser indicado
com cautela, pois não permite o diagnóstico de outros
transtornos do sono.
Figura 2. 17 Estudo do Sono.
4 CONCLUSÃO
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