EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
SÃO CARLOS - SP
2016
UNIVERSIDADE PAULISTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
SÃO CARLOS - SP
2016
UNIVERSIDADE PAULISTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
SÃO CARLOS - SP
2016
Banca Examinadora
___________________________________________
___________________________________________
SÃO CARLOS – SP
2016
DEDICATÓRIA
5
AGRADECIMENTOS
6
"Quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu aceito a pessoa.
Quando eu rejeito a língua, eu rejeitei a pessoa porque a língua é
parte de nós mesmos. Quando eu aceito a língua de sinais, eu aceito
o surdo, e é importante ter sempre em mente que o surdo tem o
direito de ser surdo. Nós não devemos mudá-los, devemos ensiná-
los, ajudá-los, mas temos que permitir-lhes ser surdo."
Terje Basilier
7
RESUMO
Este trabalho é uma pesquisa bibliográfica que trata da surdez, trazendo uma
abordagem bilíngue para o ensino do surdo na escola regular, tomando como base o
Decreto 5.626/05, que regulamenta o uso da Língua Brasileira de Sinais e obriga as
instituições de ensino a dar o devido acesso da pessoa surda à educação. São
fornecidos os conceitos sobre o surdo, a comunidade surda, o bilinguismo e a
educação bilíngue. A pesquisa histórica dos surdos a partir de 1800 até os dias
atuais trazem fatos históricos importantes para contextualizar a surdez tanto no
Brasil, quanto no mundo todo, e também para mostrar o desmoronamento da cultura
e identidade surda a partir do Congresso de Milão em 1880. Questionamentos sobre
a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva são
feitos a fim de se entender as falhas no tocante da inclusão dos surdos. Essa
Política é comparada ao Decreto 5.626 de 2005, mostrando suas semelhanças e
diferenças a respeito da inclusão do surdo nas escolas. São trazidas as teorias
bilíngues gerais e suas adaptações para o surdo, além da importância da gestão nas
escolas para uma educação adequadamente bilíngue e inclusiva.
8
ABSTRACT
This work is a literature that deals with deafness, bringing a bilingual approach to the
deaf education in regular school, based on the Decree 5.626/05, which regulates the
use of Brazilian sign language and obliges educational institutions to give appropriate
access to education for the deaf person. The concepts of the deaf, the deaf
community, bilingualism and bilingual education are provided. Historical research of
the deaf from 1800 to the present day have important historical facts to contextualize
deafness both in Brazil and the world, and also to show the collapse of the deaf
culture and identity from the Congress in Milan in 1880. Questions about the National
Policy for Special Education in the perspective of Inclusive Education are made with
the purpose of understand the failures regarding the deaf inclusion. This policy is
compared to the Decree 5.626/05, showing their similarities and differences
regarding the inclusion of deaf schools. The general bilingual theories and their
adaptations for the deaf are brought, besides the importance of management in
schools for a properly bilingual and inclusive education.
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 11
CAPÍTULO I: BILINGUISMO E SURDEZ 13
1.1. BILINGUISMO E EDUCAÇÃO BILÍNGUE 13
1.2. SURDEZ 14
CONSIDERAÇÕES FINAIS 48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49
10
INTRODUÇÃO
12
CAPÍTULO I: BILINGUISMO E SURDEZ
Dizer que uma pessoa bilíngue é alguém que fala duas línguas, ou uma
pessoa trilíngue é alguém que fala três línguas é reduzir o significado da palavra
bilíngue, pois há muitas diferenças na proficiência entre os falantes. Adotaremos
então, um conceito mais abrangente de bilinguismo, entendido como a habilidade de
uma pessoa de processar duas línguas ao interagir com seus pares no seu contexto
social (MELLO, 2011). Essa definição serve tanto para os indivíduos que usam
regularmente as duas línguas, quanto para aqueles que estão desenvolvendo o
bilinguismo. A partir daí, podemos definir níveis de bilinguismo, levando em
consideração os graus de proficiência de uma pessoa bilíngue, a função que o
bilinguismo tem para determinada pessoa, como a pessoa faz o uso das línguas, e
como uma língua influencia no uso da outra língua. Segundo Megale (2005), o
bilinguismo é um fenômeno multidimensional e dever ser investigado como tal,
então, a competência, a idade de aquisição da língua, a influência e a identidade
cultural também devem ser analisados para se criar os conceitos sobre o
bilinguismo.
13
1.2. SURDEZ
15
eles dominassem primeiramente os sinais para que depois fosse imposta a língua
matriz escrita (STROBEL, 2006; QUADROS & PERLIN, 2007).
16
competição que vai determinar se vai ser aceito pela sociedade ou não, porque se
não falar ou ouvir como o esperado, poderá ser tratado como incapaz (QUADROS &
PERLIN, 2007).
17
Traremos, diante da pesquisa realizada, uma parte importante da história dos
surdos para o entendimento de como ocorreu o isolamento cultural e o
desenvolvimento da nova identidade do povo surdo no mundo e no Brasil. A história
se inicia em 1802, quando Jean Marc Itard, nos Estados Unidos, afirmou que o surdo
poderia ser educado para conseguir ouvir as palavras. Ele realizou o trabalho com o
menino Victor, que vivia com os lobos na floresta. Mais de meio século depois, em
1867, Alexander Graham Bell, nos Estados Unidos, dedicou-se longamente aos
estudos sobre a acústica e a fonética, publicando vários artigos sobre o tema. Ao
tratar dos sujeitos surdos, ele criticava que as pessoas surdas se casassem,
também criticava a cultura surda e as escolas residenciais para surdos, pois, para
ele, esses eram os fatores de isolamento dos surdos com a sociedade (QUADROS
& PERLIN, 2007; STROBEL, 2009). “Ele era contra a língua de sinais,
argumentando que a mesma não propiciava o desenvolvimento intelectual dos
surdos” (STROBEL, 2009, p.25). Já em 1872, Graham Bell “abriu sua própria escola
para treinar os professores de surdos em Boston” (STROBEL, 2009, p.25).
18
Já quando tratamos sobre as associações de pessoas surdas, foi Ferdinando
Berthier quem deu origem a esses órgãos. Ele iniciou sua educação com oito anos
no Instituto Nacional de Jovens Surdos-Mudos de Paris, depois de sua formação
lecionou no mesmo Instituto durante mais de 40 anos. Enquanto professor dos
surdos, seu método era por base a identidade surda e língua de sinais. Escritor de
vários livros e artigos de surdos, Berthier e seus companheiros criaram a primeira
Associação de Surdos, visando recolher sujeitos surdos. Essa associação foi a
inspiração para a criação de outras associações de surdos no mundo todo
(STROBEL, 2006).
19
Sobre alguns aspectos históricos aqui mencionados, o Congresso de Milão
teve um grande impacto na educação e na vida dos povos surdos, houve a tentativa
de extinguir a língua de sinais, deixando de lado os principais interessados nesse
assunto, que são os surdos. Um congresso de tamanha importância, não deu “voz”
àquele cujo principal interessado era o que realmente vivenciava o mundo visto por
eles, o surdo. Os que tiveram o direito de julgar se a língua de sinais era ou não
viável para a educação dos surdos, passou a ser decidida por ouvintes. A intenção
era integrar o surdo a sociedade como se fossem pessoas ouvintes, sem levar em
consideração serem surdos, alegaram que o uso da língua de sinais prejudicaria a
fala, então sobre as perspectiva da visão dos especialistas, seria o recomendado os
surdos começassem pela língua oral e depois passassem a utilizar a escrita. Logo
após esse período e com todos os países rapidamente entrando em vigor do que
fora decidido no congresso, começou a decair muito o numero de surdos envolvidos
na educação de surdos (LACERDA, 2006; QUADROS & PERLIN, 2007; STROBEL
& PERLIN, 2008; STROBEL, 2009).
20
CAPÍTULO II: EDUCAÇÃO BILÍNGUE E SURDEZ
21
Há três modelos de educação bilíngue: transicional, de manutenção e de
enriquecimento.
24
A educação bilíngue para crianças da classe dos grupos dominante quase
sempre é de caráter elitista, visando conhecer outra cultura, o aprendizado de um
novo idioma e a habilitação para completar os estudos no exterior. O modelo de
educação bilíngue recebe através de uma língua oral toda ou parte da instrução
escolar esse é o grupo de crianças com o conhecimento da língua materna. A
metodologia diferencia duas, três ou quatro línguas no programa educacional
(MEGALE, 2005). Embora as crianças sejam instruídas em uma segunda língua
primeiramente, a língua nativa da criança é introduzida no contexto escolar
gradativamente até tornar-se um segundo meio de instrução. A educação bilíngue
para crianças do grupo dominante aqui no Brasil conquista cada vez mais seu
espaço. Cresce consideravelmente a procura por escolas bilíngues. A educação
bilíngue é determinada por fatores sociais, histórico, psicológicos, ideológicos e
variadas relações de poder (MEGALE, 2005; MELLO, 2011).
25
crianças sejam primeiramente instruídas em uma segunda língua, “a língua nativa da
criança é introduzida no contexto escolar gradativamente até tornar-se um segundo
meio de instrução” (MEGALE, 2005, p.10).
26
A Língua de Sinais é considerada como uma língua materna para o sujeito
surdo, compensando a falta de comunicação oral imposta pela deficiência auditiva.
Na educação da criança surda, a língua materna é primordial para o convívio em
sociedade e pode ser estimulada pelo contato com a comunidade surda conforme
vai se tornando adulta. O desenvolvimento da língua materna é considerado
primordial para o aprendizado da escrita na escola. O ensino de língua materna é
voltado para a criança falante e para uma comunidade de fala homogênea, o que
não combina com os contextos de educação bilíngue de minorias. Os currículos
devem ter espaço para a discussão de pedagogias culturalmente sensíveis, não
adianta simplesmente mudar as matérias do currículo (CAVALCANTI, 1999). “Isso
tem que acontecer juntamente com a determinação do perfil do aluno entrante e seu
objetivo, com o pressuposto filosófico que faz o tecido do curso, com o
entrelaçamento dos objetivos das diferentes disciplinas e do pessoal envolvido”
(CAVALCANTI, 1999, p.405).
O uso de vocábulos de duas línguas com uma estrutura muito simples ocorre
quando duas culturas conversam usando duas línguas distintas. Os adultos
desenvolvem uma comunicação simplificada, uma comunicação limitada. Já as
crianças desenvolvem sua língua a partir da comunicação de seus pais (LIMA,
2004). Portanto, esse é “um sistema linguístico resultante da simplificação de uma
dada língua, que serve unicamente às necessidades de uma comunicação limitada,
sem ser a língua materna do indivíduo” (LIMA, 2004, p.6). Dentre as propostas
sugeridas para a educação dos surdos, é o bilinguismo que tem sido alvo de
reflexões por parte dos profissionais que se esforçam nas discussões presentes na
colocação dessa abordagem educacional para o aluno surdo (LIMA, 2004).
28
CAPÍTULO III: O ENSINO BILÍNGUE PARA O SURDO NAS LEIS BRASILEIRAS
Em 1990 foi criada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, que
consiste em satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem de todos os
alunos numa perspectiva mundial. A universalização do ensino é extremamente
importante para a educação desses alunos, devendo prezar algumas situações,
entre elas: “o combate da discriminação, o comprometimento com os excluídos, a
satisfação das necessidades básicas de aprendizagem das pessoas com deficiência
e a garantia do acesso ao sistema educativo regular” (TEZANI, 2009, p.7). Além
disso, traz a satisfação daquilo que é necessário à aprendizagem das pessoas com
deficiência e a garantia do acesso a essas pessoas ao sistema educativo regular.
Quando trata da diversidade na educação, o documento fala sobre a importância da
gestão dentro da escola, sobre o respeito às diversas culturas e sobre o
fortalecimento de parcerias com os gestores dos sistemas escolares para
proporcionar uma educação com equidade (BRASIL, 1990).
29
uma resposta educativa à altura das exigências da atualidade e, neste
ponto, o documento enfatiza que a formação continuada dos educadores é
essencial para oferecer uma resposta educativa com qualidade (TEZANI,
2009, p.7 e 8).
Por isso, a gestão escolar dentro desse contexto, tem papel fundamental, pois
o gestor escolar deve ajudar em um desenvolvimento administrativo e pedagógico
que sejam mais flexíveis, além de fazer o uso mais racional dos recursos obtidos,
deve também desenvolver ações que proporcionem um bom relacionamento entre
os pais, a comunidade e a própria escola (STROBEL, 2006; TEZANI, 2009). “Uma
administração escolar bem sucedida depende de um envolvimento ativo e reativo de
professores e do pessoal e do desenvolvimento de cooperação efetiva e de trabalho
em grupo no sentido de atender as necessidades dos estudantes” (BRASIL, 1997, p.
9). Aos gestores escolares, segundo o documento, cabe a responsabilidade de
promover atitudes de cooperação dentro da comunidade. Há no documento, a
30
“especificação de se privilegiar a preparação apropriada de todos os educadores
para que o progresso da educação inclusiva se concretize” (TEZANI, 2009, p.9).
Segundo a Declaração de Salamanca, a formação deveria ocorrer tanto nos cursos
de graduação, quanto nos programas de educação continuada.
31
elaboração do projeto pedagógico da escola. A Lei também diz que a participação
deve ser de todos na elaboração do Projeto Político-Pedagógico da unidade escolar
(BRASIL, 1996).
32
seu lugar nos grupos que as utilizam, acabando por deixar que o português domine
os processos educacionais. A educação dos surdos acaba sendo deixada de lado,
continuando a não ser incluída nas escolas (BRASIL, 1996; BRASIL, 2005; BRASIL,
2008).
33
A educação de surdos é inserida dessa forma como responsabilidade da
educação especial, mas essa inserção se dá pelo fato exclusivo das diferenças
linguísticas entre os surdos e os ouvintes, travando uma batalha entre os que
defendem que a educação para os surdos deve ser atrelada a um conhecimento
específico e os que a consideram que ela deve ser tratada pela educação especial
(LODI, 2013).
34
Para a proposição do novo paradigma educacional, o documento entende
que a educação especial deve integrar a proposta pedagógica da escola,
complementando ou suplementando as práticas e os conteúdos
desenvolvidos no ensino regular, de forma a possibilitar um currículo comum
a todos, que contemple a diversidade e as necessidades específicas dos
alunos (LODI, 2013, p.52).
Esse novo olhar deu direito à diversidade, cujo objetivo foi “promover a
formação de gestores e educadores para a transformação dos sistemas
educacionais em inclusivos, garantindo-se, assim, o direito dos alunos com
necessidades educacionais especiais” (LODI, 2013, p.52) ao acesso e à
permanência nas escolas regulares. No entanto, o Governo Federal reconheceu, em
2007, que “poucas transformações haviam de fato ocorrido com o intuito de garantir
a educação inclusiva, o que contrariava a concepção de transversalidade da
educação especial” (LODI, 2013, p.52), onde aquilo que previa a igualdade de
condições para o acesso e a permanência na escola e depois a continuidade do
ensino ficou limitada. Foi então que o Governo criou o Decreto 5.626/05 e garantiu o
acesso e a permanência dos alunos com necessidades especiais nas classes
comuns do ensino regular, ficando assim fortalecida a inclusão desses alunos nas
escolas públicas (LODI, 2013).
35
“As primeiras discussões relativas ao reconhecimento e à legalização da
língua de sinais e seu uso nos espaços educacionais tiveram início no ano de1996”
(LODI, 2013, p.53), a partir da realização de debates sobre o surdo e a língua de
sinais, onde participaram “representantes de universidades públicas e privadas do
Brasil, estabelecimentos de ensino para surdos, instituições voltadas ao
desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre a Libras e representantes da
Federação Nacional de Educação e Integração do Surdo” (LODI, 2013, p.53), onde
as comunidades surdas puderam efetivamente colocar sua opiniões. A discussão
teve como objetivo principal reconhecer a Língua Brasileira de Sinais. Ficou claro a
partir daí o contexto em que as pessoas surdas viviam e apresentou-se a
necessidade de legalização da Libras, a fim de ser possível a participação social dos
membros das comunidades surdas como cidadãos brasileiros. “Foram apresentados
aspectos linguísticos da Libras, caracterizados seus usuários e discutida a formação
dos profissionais tradutores e intérpretes de línguas de sinais, elencando os
conhecimentos necessários para essa prática” (LODI, 2013, p.53). A inclusão da
Libras nos currículos de formação dos profissionais que trabalham com pessoas
surdas foi efetivada, e essa discussão ajudou a criar a Lei nº 10.436 de 2002 (LODI,
2013).
38
desenvolvimento de linguagem em Libras pelos alunos. [...] Desconsidera-
se, ainda, que durante os anos em que as crianças frequentam a educação
infantil, elas estão em processo de apropriação de sua primeira língua
(Libras), período que, no caso da maioria das crianças surdas, por serem
elas filhas de ouvintes, pode ser estendido para os anos iniciais do ensino
fundamental (LODI, 2013, p.55).
40
ensino, poderiam beneficiar-se com uma escolarização desenvolvida em ambientes
desafiadores, vivenciando contextos mais realistas para sua futura integração social”
(LODI, 2013, p.59). No entanto, para que essa integração fosse garantida, cabia aos
alunos adaptar-se à escola, sem haver a preocupação de esta se modificar para
recebê-los. Argumentava-se, ainda, que os demais alunos se beneficiariam do
contato com os alunos da educação especial, pois essa convivência poderia
desencadear efeitos positivos em relação à aceitação das diferenças sociais
existentes (LODI, 2013; BRASIL, 2001).
42
reconhecimento da diversidade presente na Política instaura resistências que
inviabilizam o estabelecimento de diálogos com as comunidades surdas brasileiras,
as quais pouca voz têm tido nos espaços de decisões políticas relativos à sua
educação (LODI, 2013).
44
emocional, intelectual e social de todos os alunos, bem como seu potencial
crítico e criativo, proporcionando que estes construam conhecimentos
relacionados às situações vividas no cotidiano escolar e familiar e os
saberes da comunidade. Para isso, há necessidade de flexibilização
curricular. O documento não faz menção específica ao papel do gestor
escolar, mas, ao propor a reorganização dos sistemas e uma nova diretriz
na formação dos professores, indica as possibilidades de ação da gestão
escolar. Ao tratar sobre as orientações aos sistemas de ensino, recomenda
que haja participação dos alunos, professores, gestores, pais ou
responsáveis e demais profissionais na elaboração e avaliação de
propostas que visam à implementação dessa política; desenvolvimento do
trabalho colaborativo e reflexivo entre professores e demais profissionais da
educação, valorizando os saberes da comunidade e o percurso escolar dos
alunos; fomento às atividades de ensino, pesquisa e extensão visando à
inclusão escolar e à educação especial, contribuindo para o
desenvolvimento da prática pedagógica e da gestão; celebração de
convênios com instituições privadas sem fins lucrativos, condicionada aos
projetos que estejam em consonância com o previsto na política nacional de
educação especial na perspectiva da educação inclusiva e passíveis de
avaliação contínua de seus objetivos e procedimentos pelos sistemas de
ensino; constituição de redes de apoio à inclusão, com a colaboração de
setores responsáveis pela saúde e assistência social e a participação dos
movimentos sociais em todos os municípios (TEZANI, 2009, p.18 e 19).
45
gestão escolar e educação inclusiva, pois essas ações são necessárias para que o
aluno com necessidade educacional especial tenha acesso ao conhecimento
construído pela humanidade. As adequações não são exclusivamente
administrativas, são pedagógicas também (TEZANI, 2009).
Acreditamos que isso só será possível se houver uma gestão escolar capaz
de enfatizar os processos democráticos e participativos no cotidiano escolar. Há,
portanto, a necessidade de promover uma mudança social e educacional,
abandonando práticas individualizadoras e fomentando a ação coletiva. A escola
inclusiva é receptiva e responsiva, mas isso não depende apenas dos gestores e
educadores, são imprescindíveis transformações nas políticas públicas
educacionais. Garantir a construção da escola inclusiva não é tarefa apenas do
gestor escolar, mas esse tem papel essencial neste processo. A educação inclusiva
só se efetivará nas unidades escolares se medidas administrativas e pedagógicas
forem adotadas pela equipe escolar, amparada pela opção política de construção de
46
um sistema de educação inclusiva. A educação escolar será melhor quando
possibilitar ao homem o desenvolvimento de sua capacidade crítica e reflexiva,
garantindo sua autonomia e independência (TEZANI, 2009).
47
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história nos mostra como o povo surdo vem sofrendo diante das
dificuldades que ele encontra perante uma sociedade ouvinte. Além disso, o aluno
surdo não está sendo incluso na sala de aula e sim sendo levado a uma forçada
adaptação. Faz-se necessária uma melhor aplicação do programa bilíngue de
enriquecimento, que considera o surdo como uma pessoa que domina uma língua
minoritária. Espera-se então, que a língua minoritária seja desenvolvida como um
recurso para o surdo. Além disso, opta-se por não coloca-lo em uma sala especial,
por se acreditar no desenvolvimento mutuo, construindo junto aos ouvintes
conhecimentos linguísticos e de conteúdos. Mudanças legislacionais ocorreram para
a melhoria no rendimento escolar do surdo depois do Decreto 5.626/05, que
regulamentou o ensino para o surdo, trazendo uma vertente bilíngue, não mais
deixando ter seu ensino em uma escola de educação especial, estando junto a
ouvintes e sendo educado na escola regular.
Vemos que para inserir o aluno surdo na escola regular, se faz importante que
alguém tenha domínio da língua de sinais, pois tanto o aluno ouvinte quanto o aluno
surdo ainda não dominam as línguas opostas à língua materna, ficando assim a
difícil comunicação entre os mesmos. Por isso a necessidade do professor ter esse
domínio da língua de sinais, se tornando assim um professor bilíngue, ferramenta
que é essencial para a formação do surdo. O ensino bilíngue e inclusivo se mostra
bastante eficaz para o desenvolvimento da linguagem do surdo e para o
fortalecimento de sua cultura. Mais fácil a um surdo estudar em uma escola regular
junto com alunos ouvintes em uma educação bilíngue do que juntá-los em escolas
de educação especial sem dar uma devida abordagem aos mesmos conteúdos que
são oferecidos a alunos ouvintes. Isso não é possível da maneira como está sendo
realizado, onde o surdo é empurrado para dentro das escolas regulares sem a
efetiva aplicação do ensino bilíngue, deixando os alunos minoritários em situação
desigual, forçando-os a participar do sistema escolar sem dar a devida atenção às
suas dificuldades. Mostra que a formação do professor é muito importante para que
possa participar do ensino bilíngue. Além disso, mostra também a importância de
profissionais tradutores e intérpretes dentro dessas escolas e a necessidade da
participação de gestores dentro de todo esse processo.
48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
49
GIROTO, Claudia Regina Mosca; MARTINS, Sandra Eli Sartoreto de Oliveira;
BERBERIAN. Ana Paula. (Orgs.) Surdez e Educação Inclusiva. São Paulo: Cultura
Acadêmica; Marília: Oficina Universitária, 2012.
MELLO, Heloísa Augusta Brito de. Educação bilíngue: uma breve discussão.
Revista Horizontes de Linguística Aplicada, v.9, n.1, p.118-140, 2011.
50
QUADROS, Ronice Müller de. A escola que os surdos querem e a escola
que o sistema “permite” criar: estudo de caso do estado de Santa Catarina.
XXVIII REUNIÃO ANUAL DA ANPEd, Caxambu, n.15, 2005.
QUADROS, Ronice Müller de; PERLIN, Gladis. (Orgs). Estudos Surdos II.
Petrópolis: Arara Azul, 2007.
51