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Direitos politicos Perda, suspensdo e controle jurisdicional Yeori Albino Zavascki ¢ Juiz do TRE - 4 Re- gid ¢ do FRE'RS. Professor de Processo Civil na UFRGS Texto bisico de palestra proferida na Escola Su- petior da Magistratura da AJURIS. em 29.10.93 Brastiia a. 31 nt 123 jul feet. 1994 Troe Aipino ZavAscxt SUMARIO 1. Conceimagio. 2. Perda dos direitos politicas. 21. Perda danacionalidade. 2.2 Cancelamento da naturalizacdo. 3. Suspensito dos direitas politicos. 3.1. Recusa de cumprimenio de obrigacdo. 3.2. Per- de da capacidade civit. 3.3. Condenagiio criminal. 3.4. Improbidade administrativa. 4. Direitos politi- cas e cargo piblicu, 41. Agentes potiticos. 4.2 Ser- vidores pitblicos. 5. Consideragies finais, 1. Conceimuagao O capitulo da Constituigao sobre “Direi- os Politicos" (Capitulo LV do Titulo 11) trata de temas como exercicio da soberania popu- lar pelo sufrigio ¢ pelo voto, alistabilidade elcitoral. clegibilidade ¢ impugnacao de man- dato elotivo. Essa varicdade tematica forne- ce os elementos para uma compreensiio do que sejam os “direitos politicos” ou “di tos de cidadania”: 0 conjunto dos direitos atribuidos ao cidadao que Ihe permite. atra~ vés do voto. do exercicio de cargos pilblicos ou da utilizacto de outros instrumentos cons- titucionais ¢ legais. ter efetiva participacaoe influéncia nas atividades de governo. Dir-se- A que esta conceituagiio abrangente envolve ado apenas os direitos politicos propriamen- teditos mas também outros direitos dos quais 0s direitos politicos constituem simpiesmen- te pressuposto. E verdade. Entretanto, a se tentar purificar © conceito. chegar-se-ia a uma definigdo restritissima. segundo a qual direito politico seria apenas 0 ito de ser eleitor. Com efeito. 0 proprio direito de ser candidato. on seja. a elegibilidade, j4 tem como pressuposio 0 “pleno exercicio dos direitos politicos” (CF. art. 14. § 3°, ID). Prefe- rivel, assim, ¢ na esteira da boa doutrina, a 77 conceituagaioem sentido amplo' Estar no gozo dos direitos politicos signifi- ca, pois, estar habilitado a alistar-se elcitoral- mente. habilitar-se a candidaturas para cargos eletivos ou a nomeagdes para certos cargos. Pablicos nfo eletivos (CF, arts. 87:89, Vil: 101: 131, §19. participate sufgios votar em cle. des. plebiscitos ¢ referendos. apresentar pro- de ei pela via da inicatva (CF, ‘art. 61, § 2°, art. 29, XI). propor acto popular (CF.art. 5°. inc. LXXTI). Quem nao esté no g070 dos direitos politicos no poderd filiar-se a par- tido politico (Lei 0.° 5.682, de 21.7.71, art62).¢ TEM investit-se cm qualquer cargo pablico, mesmo nao cletivo (Lei n.°8.112, de 11.12.90. art. 5.°, II). Nao pode. também. ser dirctor ou redator-chefe de jornal ou periddico (Lei n.° 5.250, de 9.2.67, aft. 7°, §1.°¢ nem exercer car- goem entidade sindical (CLT. ant. 530, V). Nem todas as pessoas gozam de dircites: politicas plenamente, H4 as que 6 esto habi- itadas para algumas de suas faculdades e ou- tase que nl se ivestem em guar ls pressupostos pai (0 da capacida- a potitica (a) acapacidade ade cvile (nacional ide. Por isso, nfo tém dircitos politicos os tsttangevose oe mevores ds Io aioe tomas estos palin, vorem no todos, os inelegi- 0s menores de {8 anos € 05 graldbetos (CF an 1 $44, Prasenrtnl ‘on scja. a restriglo 20 direito palition de tar-se decorre. ademais, de outras aad as: da irreclegibilidade para certes cargos (CF, ar. 14, § 5.°), da inelegibilidade em razo de vin- culos pessoais com titulares de certos cargos 1 Bsta definigo de direitos politicos. em sentido amplo, tem 0 aval abatizado dos noses constcucio~ nalistas, como se pode ver em Pinto Ferreira, Co- mentarios @ Constituigda Brasileira. Saraiva, 1989, 1.2 v., p. 288: “Os direwos poltnoos silo aq ropativas que permite 20 cidadio partcipar na for- ‘Tmagio ¢ no comando do governa”. Na definigta clis- sica de Pimenta Bueno, 08 direitos politigas s80 “as prerrogativas. os airbutos. faculdades ou poder de intervengo dos cidadies ativos no governo do seu pais, intervengic direta ou 96 indireta, mais ou me ‘nos ampla, segundo a intensidede de goro desses direitos” (Direita Piblico Brasileiro e Andilise da Consuimigéo da Império, Rio de Janeiro. Ministerio da Justica. Servigo de Documentagio, 1958. p. 458, citado por Ferreira Pinto, op. cit). Pontes de Miran- de stein» “Dircite politico ¢ 0 diteito de pastici- da organizac3o e funcionamento do Estado” (Co- endrias Consiga de 1967. Rio de ene, Forensc. 1987. v. 4, p. 573) 178 Conphorenarn 61 18390 cena sop 1.64. de 18, doa previsto do § 9°. doart. 14, da Constinnigao Federal. Pata certos cargos elctivos a elegibilida- deestcondicionada amit inio de ide: 35 para Presidente, 30, 50: para Governor. Vice-Governador. 21 para Deputado. Prefeitoe Vice-Prefeito(CF. art. 14, § 3.2, VD), Assim. sobeste aspecto. antes deatingir 35 anos de idade. ninguém. a rigor, pode se dizer 1a plenitude dos direitos politicos’. No se pode confundir “cidadania” com “nacionalidade”. Ser cidaddo ¢ ter direitos poli- ticos. Ter nacionalidade significa ser brasileiro, nato ou naturalizado (CF. art. 12). A nacionali- dade ¢ da cidadania. Porém, nem. todo o nacional é cidadao, porque nem todos tém direitos politicos. como se viw’, 2. Perda dos direitos politicos A Constituigfo Federal veda a cassagio dos direitos politicos, mas admite sua perda ou sus- nas hipdteses previstas no art. 15, 2 saber: (I) cancelamento da naturalizagao, (LI) incapacidade civil absoluta, (IIT) condenagko criminal) transitada em julgado, (TV) recusa de ‘cumprimento de obrigagio a todos imposta ou da prestacdo alternativa e (V) improbidade ad- ministrativa, Inobstante rezar 0 dispositive cons- titucional que a perda ov suspensto dos direi- tos politicos “sé se daré nos casas...” elenca- dos no art, 15, certo que pelo menos um caso nfo est afi compreendido: 0 de perda de naci- onalidade, de que trata 0 art. 12, § 4°. 1, da Constituica0. O cidadao brasileiro que adquirir outra nacionalidads por naturalizacao volunté- ria perder’ a nacionalidade brasileira e, conse- qiememente, seus direitos de cidadania’. A rigor. so apenas duas as hipéteses de perda dos direitos politicos: o cancelamento da naturalizagao e a perda da nacionalidade brasi- 2 por isso que se diz que, no direito brasileiro, ‘acidadania tem gradungdo minima, média.e maxima, cconforme a maior ou menor gama de dire¥os politi= cos atribuidos ao cidadao (FERREIRA FILHO, Manoel Gongalves. Curso de Direito Constimcio- rnal, Saraiva. 5! ed., 1975, 8. 260). 1 Ver @ propésito FERREIRA FILHO, Manoel Gongaives, Op. cit. p, 259. 4 Anoto opinito em outro sentido de José Afon soda Silva, qe dé x entender que perda da naciona: Tidade, hoe, nfo importa perda dos dirtos politicos (Curso de Direito Constituetonal Positivo, RT, 7 ed, p. 331 Revista de informagéo Legisiativa Jeira, Todas as demais sio hipoteses de sus- pensio. pois que de efeitos temporirias. per- dura enquanto perdurar a causa determinante, ‘AOS casos de incapacidade civil absoluta. de condenagao criminal ¢ de recusa de cumprir obrigacdo a todos imposta ou prestacdo alter- nativa’, no caso de improbidade administrati- ‘va. © tempo de suspensdo dos direitos politi- cos ¢ 0 estabelecido na lei regulamentadora do art. 37, § 4.°. da Constituigo Federal. on seja.a Lei n’'8.429, de de juno de 1992. 2.1. Perda da nacionalidade Em casos de aquisi¢ao, par cidadao brasi- ciro, de outra nacionatidade, por naturalizacao ‘voluntitia, a perda dos direitos politicos dooot- Tera, ipso jure. do ato que declarar a perda da nacionalidade (art. 12. § 4.°. da CF). indepen- dentemente de qualquer outro ato administrati- ‘vo ou sentenga, E que a nacionalidade ¢ pres« suposto essencial da cidadania: sem aquela ‘impossivel esta, 2.2, Cancelamento da nanuralizagto A perda dos direitos potiticos por cancela- memto de naturalizag’a decorre, também ipso lure, do transno em julgado da sentenca que decretar 4 cancelamento. E 0 que dispde de modo expresso, 0 inciso}, do art. 15 da Consti- tuigdo Federal, ou seja, independentemente de qualquer especifica mengdo na sentenga a per- da dos direitos politicos. esta se operant auto- mmaticamente ante o cancelamento do seu pres- suposto essencial, a nacionalidade. Exige-sc, noentanto, que ocancetamento decorra de sen- tenga, ou seja. de ato do Poder Judicitrio. Nao -estd recepcionado pela nova Constituigao. des- tante 0 § 3.°doart 112 daLein® 6.815. de 198.90, gue prevé hipétese de declaragto de nulidade do ato de naturalizagto mediante processo ad- ministrative no Ministério da Justia, ‘Sfo da competncia da justiga federal“... as causas referentes 4 nacionalidade. inclusive a tespectiva oped ¢ 4 naturalizagao". conforme dispée 9 inciso X. do art. 169 da Constituicao Federal. 3. Suspensiio dios direitos politicos 3.1. Reeusa de cumprimento de obrigagio Ent eegimes constitucionais anterioresa 1988, a recusa de cumprimento de obrigacio a todos ° 0 carnprimenta de pests aera vigo militar obrigatorio esta disciphn 8.239, de 4.10.9}, que. no art. 4°, 8 referese A suspersio dos dircitos politicas desorrente da recusa Brasilia a, 31 n* 123 jut/set. 1994 Jmposia acarretava a perda dos direitos politi- ‘cos. Nia foi por outsa £a7%0 que o Codigo de Processa Penal estabelecen, em seu an. 475, que “2 recusa do servico do jiri. motivada por Sonsiega0 Teligiosa. filosdfica on politica, im~ perda dos direitos politicos (CF, art, ro.tetrapy A Constituigao de 1988 nao dis~ tinguiu expressamente os casos de perda dos de suspensio. Porém, ao regulamentar “a pres- tagio de servigo alternative ao servica militar abrigntério”. como manda oar. 143. $§ 192° daatual Constituigfo. a Lei n°8,239, de 4.10.91, estabeleceu que @ rocusa ao atendimento de servigos nela previstos importard suspensiio dos direitos politicas (art. 4". § 2°). Realmemie, ‘A sangio politica de perda dos direitos. pela sua perpetuidaide. néio parece adequada a natu- reza da falta. sempre passivel de “regulariza- 40”. coma reconliece a citada Lei n.° 8.239, de 1991 (§ 2.°doart. 4.°). A suspensao dos direitos Politicos, nestes casos. nao poder dispensar ‘odevido processo legal. a tcor do que dispée 0 ant. 5.°. LIV e LV. da Constituigao Fedesal de 1988, assegurados ao acusado os mais atnptos meios de dciesa, 3.2. Perda da cepacidade civil A capacidade civil € condigao para aquisi- Gao manutengio da capacidade politica. Vert- ficando-se hipotese de incapacidade civil ab- soluta dentre as previstas na lei civil’, suspen sa ficard a cidadania enquanto perdurar aquela A suspensiio dos ditcitos politicos é efeito na- tural do trinsito em julgado da sentenga que decretar a interdicAe ¢a sua teaquisigao se dara. também automaticamente, pelo ato que deter- miinata retomada da capacidade civil. 3.3. Condenagito eriminat Suspendem-se 0s dircitos politicos por “con denago criminal transitada em julgada. enquan- todurarem seus efeitos”. diz. inciso 11} do art. 15 da Constittigio Federal. A Constituigdaan- terior tinha dispositive semethante no $ 2.°. fe trac. doart, 149, cujaaplicabitidade a jurispra- déncia ¢ a doutrina condicionaram 4 edigao da lei complementar referida no § 3.° daquele arti- ‘20. a Saber: “Ici complementar dispora sobre a especifieagto dos direttes politicos. 0 g0z0. 0 exercicio. a perda ou suspensiia de todos ou de qualquer deles ¢ 05 casos ¢ as condigdes de * Constituiglia de 3969. an. 149. § 1, & Const tuigdo de 1946, art. 135. § 2.2 IE Constituiedo de 1937, art. 119. 6. 7 Codigo Civil, art. 5.%. Decreto n° 24.559, de 7.34, an. 26 179 sua reaquisicdo”, Dita lei jamais chegou a ser editada. A Constitui¢to de 1988, no entanto. no refere exigéncia de norma regulamentadora. A ficdcia plena ea aplicabilidade imediata do seu inciso IT] do art. 15 é destarte. inquestionivel, ¢ assim pensa a doutrina e decidem os Tribunais?. A suspesio ds dios pliios no pena aeessiria, e sim consequiéncia da condenapto iminal: opera-se automaticamente. independen- femente ‘de qualquer referéncia na sentenga. Oan. 1°, 1, e, da Lei das Inelegibilidades (Lei Complementarn° 64. de 18.de maiode He deu ensejo a pensar-se que a Seah eae duce easter sos de condenago, mas apenas ¢ tlo-somente mos ali elencados. Naoé correto o entendimen- to. O que o dispositivo da Ici complementar dis- ciplina é hipétese de inelegibilidade. “pelo pra- zo de trés anos apés 0 cumprimento da pena”, ‘em relagdo aos que “forem condenados crimi- nalmenie, com sentenga transitada em julgado, pela pritica de crimes contra a economia popu- lar, a {€ publica. a administracao publica. 0 pa- triménio pablico, o mercado financeiro, pelo trd- fico de entorpecentes e por crimes elcitorais””. Yale dizer: cm tais casos, ainda que retomados ‘os demais direitos politicos por exauridos os efeitos da condenacao. persistird a inclegibili- dade enquanto no transcorrido o prazo de trés anos. A elegibilidade. como ja se acentuou, * Na Agio Penal n.°225-RJ. Rel. Min, Xavies de Albuquerque, julgada em 18.7.77, o STF decidin. por unanimidade, “declarar que presente condenagto, [por isso que suspensa a execucde de pena privativa a liberdade. no importa na suspensHo dos direitos politicos, face @ inexisténcia da lei complementar 8 ‘que se retere 0 art. 149. § 3°, da Constituigo” (RT 82/647). +A norma do artigo 15, Til, da Constituigto Federal 6 auto-aplichvel”. diz 0 Prejulgada n.° 1. de 1992. do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul. °® Com razfio se questiona a rigidez. constitucio- nal da Ietra ¢, do ine, | do art. 1.° da LC 6490. A autorizagdo constitucional para criagdo. por let corte plementar. de novas hipdteses de inelegibitidade 3b poderia ser utilizada com o “fim de proteger a nor- malidade e a legtimidade das eleigdies contra a influ- ncia do poder econdmico ou 0 abuso do exercicio de fungo, cargo ou emprego na administragdo direta ou indirela” (CF, art. 14, § 9.9). Ora, € questiondvel a ‘compatibilidade do disposto na lea ¢, referida, com ‘8 finalidade expressa na Constituigdo. como bem ‘observou Antinio Carlos Mendes, in Fasciculos de Ciéncias Penais, vs.,n.° 2, p. 38. abr./jun, 1992. constitui apenas um dos direitos politicos ou uma das prerrogativas inerentes aos direitos politicos ¢ com estes. portanto, no se confunde, Oconstituinte nao fez excesdo alguma: em: qualquer hipétese de condenagio criminal ha- vera suspenstio dos dircitos politicos enquan- to durarem os efeitos da sentenca. Trata-se de preceito extremamente rigoroso. porque n&o distingue crimes dolosos dos culposos, nem condenaefes a penas privativas de liberdade de condenagdes a simples penas pecunidrias. ‘Também nao distingue crimes de maior ou me- nor potencial ofensivo ou danoso. A condena- ‘¢20 por contravengao. quetambém é crime, acar- Teta, assim. o efeito constitucional””, ‘A suspensio das direitos politicos perdura enqnanto perdurarem os efeitos da condena- 40. Duas correntes se formaram a respeito do que se hd de entender por “duragéio dos efci- tos”. Uma. partindo do pressuposto de que. por “efeitos da condenac4o” devem ser entendi- dos os previstos na lei penal, neles incluidos, portanto. também os efeitos secundarios. como. 0 de “tomar certa a obrigacdo de indenizar 9 dano causado a vitima”, previsto no art. 91, 1, do Cédigo Penal. Vale dizer: enquanto nao aten- dida esta obrigacdo. perdurard o efeito da con- denagdo ¢. portanto. a suspensio dos direitos politicos. Outra orientagao. mais restrita, € no sentida de que 0s efeitos da condenaglo se esgatam com o cumprimento da pena imposta pela sentenga condcnatéria, ainda que persis- tam os efeitos secundirios de que trata a Lei Penal. O sentido ético que inspira e subjaz.san- ‘¢fo politica prevista no art. 15, 11, da Constitui- (0 dé abono A primeira interpretagao, aliés ado- tada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, E a segunda, no entanto, a que tem 0 aval do Tribunal Superior Eleitoral”. Qualquer que ‘seja oentendimento. é certo que durante o prazo_ do sursisa sangao politica persistird, porque ain- 2 Anato opinito em sentido contrttio de Antd- tio Carlos Mendes, op. cit., que admite & possibil- dade de “coneluir-se que 0S crimes culposos sKo in- suscetiveis de suspensto dos direitos politicos”. 4 “No tocantc a0 fundamento da medida, diz, Pontes de Miranda ser ético, jt que 0 criminoso milo ¢idéneo pare particinardos negécios piblicos” (BAS- TOS, Celso Ribeiro. Comentarios @ Constituicto do Brasil, Sarniva, 1989.2. v.,p. 595). '8 Acbrdo n° 50:92. de 25.3.92, Rel. Juiz Ar- mindo José Lima da Rosa, entre outros. ¥ Acbrdfo n.° 12.931. de 1.10.92, Rel. Min. Tor- quato Jardim, entre outros Revista de informagao Legistativa da persistem os efeitos da condenacao. Por outro lado. sejam quais forem as efeitos @ que se referc 0 constituinte. nao ha divida que. uma ver. esgotados, opera-se a reaquisi- gao dos dircitos politicos. in¢ependentemente a reabilitagdo criminal. Exigit-se. para tal fim. a conclusao do proceso formal de reabilitagao seria prolongar o tempo de suspensio da cida- dania e sujeiti-la a imposigoes no previstas na Constituigto. Com efeito. areabiliteto, que tem, efeito meramente dectaratario. 6 pode ser Te- querida apés dois anos “do dia que for extin- ta. de qualquer modo, a pens ou terminar a exe- cugdo...” e desde que atendidos outros requisi- tos elencados no art. 94 do Cédigo Penal, Exi- gir-sc a reabilitacdo significaria prolongar a sus- - pensiio por mais dois anos além do pravo pre- visto pelo constituinte. 3.4. Improbidade administrative A suspensiio dos dircitos politicos por mo- tivo de improbidade administrativa é hipotese nova no dircito brasileiro. introduzida pela Cons- titmigao Federal de 1988. A improbidade, tradi- cionalmente. cominayam-se sanges de natu- reza penal. ainda que com efeitos politicos. Mas, sempre em acdo penal. Agora. a sancio nia € penal: € civil ou, melhor dizendo. politico-civil. Leia-se. com efcito. a Constituicao Federal no § 4.°doant, 37: “Os atos de improbidade adminis- tet ‘a importarao a suspensdo dos dircitos ico. a perda da funcao publica, a indispo- fibilidade de bens.eo fessarcimento ao erario, na forma ¢ na gradaao previstas em lei. sem prejuize da aco penal cabivel”. Ora, essa cir- ‘cunstncia — natuteza nic criminal da sangao, — inova substancialmente na ordem juridica, 0 que fica evidenciado no exame da Lei n.° 8.429. de 2.6.92, que, regulamentando o texto consti- tucional. dispés sobre “as sangées aplicaveis aos agentes piblicos nos casos de enriqueci- mento ilicito no exercicio de mandato. cargo. emprega ou fungao na administragdo publica durcta,indireta ou fundacional” Autor c lesado por improbidade tem con- ceito amplissimo na lei. conforme se vé nos seus artigos 1° e2.°, Agente publico, eventual sujei- to ativo do ilicito. ¢ considerado “todo aquele que exerce, ainda que (ransitoriamente ou sem remuneragdo. por cleigio. nomeagao, designa- do, contratagdo ou qualquer outra forma de Anvestidura ou vinculo, mandato. cargo. empre- go ov funcao nas entidades mencionadas no anterior” (art. 2.°). Como vitimas figuram, além das entidades da administracAo direta, in- Brastita a, 31 n° 123 jul ject. 1994 dircta e fundacional. as empresas incorporadas 0 patriménio piblicoou aquelas entidades para cuja cringa0 ou custcio 0 erario haja concorrido ‘ou concorra com parcela superior a cingiienta por cento do patriménio ou da reccita (art. 1.) ¢, ainda, as entidades que reccbem subvencdo. beneficio ou incentivo, fiscal ou crediticio, de “drgiios pilblicos (pardgrafo tinico do art. 1.°) ‘Os atos de improbidade foram divididos em trés grandes grupos: os “que importam enri- quecimento ilicito” (an. 9.°), os “que causam prejuizos ao crano” (art. 10) e "os que atentam contra os principios da administracao publica” art. LL), Noque diz.respeita a cominagie desus- pensio dos dircites politicos ora em estudo — que é aplicavel cumulativamente com outras pre- vistas na Iei, como a perda do cargo piblico, 0 ressarcimento dos danos. a perda dos acrésci- amos patrimoniais iticitamente obtides cic. —., fi- xou a fei, noart. 12. seguinte gradacdo: suspen- io dos direitos politicos de oito a dez anos. para 108 atos da improbidade do primeiro grupo (art 9°. de cinco cite anes, para 06 ates do segun- do grupo (art. 10): ede trés a cinco anos. para os demais (an. 11). “Na fixagdo das penas”’. diz.a lei, “... 0 juz Ievara em conta a extensio do dano causado, assim, como o proveito patrimonial ob- tidopeloageme” fart. 12. perigrafo inico). Muito cmbora a penatidade seja a suspen- so dos direitos politicos ¢ a perda do cargo eletivo. se for 0 caso, a acto nao ¢ da compe téncia da Justiga Eleitoral, ja que a materia n3o tem natureza cicitoral. Em voto no TREARS sus- tentamos que “o controle dos direitos politicos dos cidadios, em principio. refoge a competén- cia eleitoral. $6.0 sera se. no curso do processo cleitoral ¢ em fungao dele. houver necessidade de. incidenralmente, conhecer de maténia relaci- conada com inciepibilidade. E 0 que ocorre quan- do do pedido de registro de candidaturas ou de diplomacto de eleitos. onde a elegibilidade (e, portant. se for 0 caso. a existéncia dos dircitos politicas) deve ser examinada. Nesses casos, porém, a existéncia dos dircitos politicos é fun- damento para a decisdo. jamais seu objeto. E que a elegibilidadc. ou seja. a aptiddo para ser votado. ¢ apenas um dos atributos dos direitos politicos. fa que. a este, outros atributos ¢ fa culdades sfo inerentes. € ndo apenas os relact- onados com eleigdes (direito de votar ¢ ser vo- tado)¢ sim os que dizem respeito a0 status civi- tatis no seu mais amplo sentido. Portanto. a perda ou suspenste das direitos paliticas traz a0s cidadiios atingidos conseqiéncias muito mais abrangentes que as relacionadas com 181 eventual ¢ episddica participacdo em determi- nado pleito eleitoral”’. Portanto. a agto de que trata a Lei n.°8.429/92 sera processada e julga- da perante a justica comum. Se a lesto afetar dircito on interesse da Unido. entidade autar- quica ou empresa piiblica federal. a competén- cia send da justiga comum federal. j4 que. nestes casos, figurando a lesada no pélo ativo da rela- ¢40 processual. ou como autora (art. 17). ou como litisconsorte (art, 17. § 3."). aplica-se a Tegra de competéncia do art. 109. 1. da Consti- tuigdo. Nos demais casos. a competéncia serd de justiga comum dos Estados. Por outro lado, nao se tratando de a¢4o pe- nal, nfo se aplicam, 4 hip6tese, as regras que estabelecem foro especial por presrogativa de Fungo, tais como as dos arts. 29, Vil. 102, 1.6 ce, 105, I, a, € 108, I, ada Constituigao. Inde- pendentemente do grau hierirquico do agente péblico que tenha praticado 0 ato de improbi- dade, a ago seré proposta perante 0 juizo de primeira instincia, como alis ocorre quando se trata de aco popular. Saliente-se que. a teor do art. 20, da lei em coment. a suspensiio dos di- eilos politicos somente se efetivard com otran- sito em julgado da sentenga. o que importa di- zer que todos 0s rocursos que vierem a ser in- terpostos tero efeito suspensivo. 4. Direitos politicos e cargo piiblico ‘Questfio importante ¢ a de saber se a perda ‘ou suspensio dos direitos politicos acarreta a perda do cargo piblico. Para respendé-la ¢ de mister distinguir-se ¢ precisar-se a condigao daquele que exeroe cargo de Governa (o“agen- te politico”) e daquele que exerce carga de ad inistrag2o (0 “servidor piblico”, propriam te dito). “Governo”. diz Hely Lopes Meirelles, "“é atividade politica e discricionaria: adminis- tragdo ¢ atividade neutra, normalmente vincu- fada a lei ou a norma t |. Governo é condu- ta independente: administrago ¢ conduta hie- 7ada. @ Governo comanda com respan- sabilidade constitucional ¢ politica, mas sem responsabilidade profissional pela execucao: a administraco cxecuta sem responsabilidade constitucional ou politica, mas com responsa- bilidade tecnica ¢ legal pelaexecugaa. A admi- 15 Processo Classe XVII, Acériltio n.°179793, de 4.8.93, volagdo undninne. com & seguinle emente: “Representagdo: suspensfo de direitos politicos por ineprobidade administeativa. Matéria que refoge & compe éncia da Justia Eleitoral. Declinagto de corn- peténcia © remessa dos autos ao juizo de direito da ‘comarca de origem do feito”. nistragdo é o instrumental de que dispée o Es- tado para por em pratica as opeées politicas do Governo. Isto nfo quer dizer que a administra- do ndo tenha poder de docisdo. Tem. Mas 0 tem somente na area de suas atribuigdes € nos limites legais de sua competéncia executiva. sb podendo opinar e decidir sobre assuntos juri- dicos. técnicos. financeiros. ou de convenién- cia ¢ oportunidade administrativas, sem qual- ‘quer faculdade de opgdo politica sobre a maté~ fia”."* Dai a fundamental disting4o antes referi~ da entre os agentes politicos, ocupantes de cargos de Governo. dos “scrvidores piiblicos”, ocupantes de cargos de administragao. Lé-se na doutrina de Celso Anténio Bandetra de Me- lo que “Agentes politicos so 9s titulares dos cargos estnuturrnis 4 organizagio politica do Pats, ‘ou seja. ocupantes dos que integram 0 arca- bougo constitucional do Estado. 0 esquema fundamental do Poder. Dai que se constituem ws formadores da vontade superior do Esta~ do”. enquantc que “a designagio de servido- res piblicos abarca todos aqueles que entre- tém com o Estado ¢ entidades de sua adminis- tragdo indireta ou fundacionat relago de traba- tho de natureza profissional ¢ cardter ndoeven- tual sob vinculo de dependéncia””. 4.1 Agentes politicos O go70 dos direitos politicos & condigéo indispensavel & clegibilidade, coma faz expres- soar. (4.$3.". da Constituicho Federal. E igualmente requisito para o exercicio de cargos no elotivos de natureza politica, tais como os de Ministros de Estado. Secrctarios estaduais ‘e municipais (CF art. 87). Nao tena sentido. que a esses agentes politicos — “titulares dos car- Bos estruturais 4 organizacao politica do Pais, ". ocupantes dos que integram o arcabougo ‘constitucional do Estado. o esquema fundamen- tal do poder”. encarregados de formar a vonta- de superior da sociedade politica — fosse dado exercer 0 cargo mesmo quando privades dos direitos de cidadania. Seria um verdadeiro con- traesenso. j& que “o vincula que tais agentes entretém com o Estado néo é de natuteza pro- fissional. mas de natureza politica. Exercem um munus piblico. Vale dizer. 0 yue os qualifica para o exercicio das fungbes nao é a habilitagao profissional, a aptidaa téc- nica, mas a qualidade de cidadaos. membros da * Direito Administrative Brasileiro, RT.14*ed., p. 56. © Curso de Direito Administrative, Matheiros, 47 ed., 1993, p. 123. Revista de informagéo Legisiativa civilas ¢ por isto candidatos possiveis 4 con- ducdo dos destinos da sociedade”*. Aos agen- tes politicos — titulares de cargos elctives ou no —- exige-se, portanto, 0 picno go7o dos dircitos politicos. no apenas para habilitar-se ou investtr-se no cargo. mas, igualmente. para taele permanocer. Assim. a superveniente perda ‘ou Suspensdo dos direitos de cidadania impli- card, automaticamente. a perda do cargo. Ha, porém, uma excegao: a do parlamentar que so- frer condenagao criminal. O trinsito em julzado da condenagao acarreta. como jé se viv. a Sus pensdo. ipso inure, dos dircitos politicos (CF, art. 15, IID, mas no extingue, necessariamente, a mandato eletivo. Ao contrano das demais hi- péteses de perda ou suspensio dos direitos politicas. que geram automatica perda do man- dato (art, 55. 1V. da CF), perda que “sera decta- rada pela Mesa da Casa respectiva. 35, §3.°), em caso de condenagao criminal 2 perda do mandato (art. 55. VI) ~... sera decidida pela ‘Camara dos Deputades ou pelo Senado Foderal, porvoto sccretoc maioria absoluta..” (CF. art. $5, 52 2.°). Ou seja: ndo havende cassagio do manda- to pela Casa a que pertencer o parlamentar. haye- Taai hipdtese de exercicio do mandato cletivo por quem nao est4 no go70 dos dircitos de cidadania, Esta estranha excegio podera representa. quem sabe. um mecanismo de defesa contra 0 exacer- badorigor doart, 15,11, do Texto Constitticional, mas € curioso que assim seja, dado que a conde nage do parlamentar $6 se tornou viavel ante previa licenca dos seus pares para a instauragao da.acdo penal (CF art. 53, $ 1.°), A essa altura cumpre referir 0 art. 92. f. do ‘Cédigo Penal. que prevé como “efeitos da con- denagdo: 1 — a perda do cargo. funcdo pilblica ‘oy mandato eletivo, nos crimes praticados com abuso de poder ou violagdo de dever para com a administragio publica quando a pena aplicada for superior a quatro anos..." A Inv da Consti- tuigdo passada entendia-se que nao era legitima dispositive no que se refetia a mandato cletivo, que. implicando suspensio de direito politico. ‘a pena ndo poderia ser criada serio em lei com- plemeniat. como exigiao $3° doart. 149. daCons- tituicdo Federal de (969. Pais bem. no regime ‘constitucional vigente. com mais razdo a disposi- Gag ¢ inaplicavel: © mandato eletivo ou se extin- ™ MFLLO, Celso Antonio Bandeira de. Op. ¢ loc. cits. "" & propésito: DELMANTO, Celso. Codigo Penal Comentado, Renovar. 2" ¢d..p. 155. Brasilia x. 31 nf 123 juljset. 1994 gue automaticamente pela suspensto dos direi- tos politicos acarretada pela sentenga penal cop denatéria iransitada em julgado. ou. no caso de mandato parlamentar. dependera de decisto da respectiva Casa Legislativa. como antes se vi. 4.2. Servidores pliblicas No que s¢ refere aos servidores publicos. 0 tratamento é diferente. E certo quea lei exige 0 2070 dos direitos politicos come requisito para investidura em cargo ptiblico (Lei m°8.112/90, art. 5.11) Porém, dada a natureza profissional, endo politica. do cargo que exeroem, ¢ 0 carater permanente, ¢ nae transiténo, do seu exercicio. $6 a perda dos dircitos politicos € que poderd atingi-io. E atingi-lo-A, nao pela perda dos direi- tos politicos em si. mas pcla perda da nacionali- dade. causa da perda daqueles direitos. Em cas sos de suspensiio. que é sempre temporaria, dos direitos de cidadania. a perda do cargo nao sera, ‘pois. docorréncia necessiria, mas depetiderd de ‘cominagioaplicada autonomamente. mediante o devido processo legal. nos casos que a fei esta- bolecer. Fm outnas palavras: o exercicio de cargo piblico de natureza profissional. diferentemente ‘do que ooorre com os cargos de natureza politica, no se interrompe por suspensto dos direitos, politicos, Perda do cargo poderd haver seo fato determmnante da suspensio dos dircitos politi- casconstituir também infracdo sancionavel com dita penalidade, ‘0 que se verificaré. se for 9. caso. ‘em proceso propno. administrative — discipli- rar(Lean?s tape at 127 {81 ¢V).juristicional- civit (Lein° 8.429, de 1992. art. 12) 0u jurisdicio- nal-penal (Cédigo Penal. art. 92.1) 5. Consideragaes finats Parece certo conchuir-se, dessas observa- g8es, que o controle dos direitos politicos re~ sultou Superlativamente valorizado pela Cons- tituigdo de L988, notadamentc por dois aspec- tos: primeiro. pela auto-aplicabilidade do dis- positivo que prevé a suspensilo dos direitos politicos em caso de condenaco criminal tran- sitada em julgado. 0 que importa valorizaga dos padrdes ¢ticos da cidadania: segundo, pela criagdo da pena politica para as hipdteses de improbidade administrativa, 0 gue representa instrumento importante — hoje intelramente egulamentado ¢ apte a ser utilizado — para a moralizagio da atividade publica ¢ dos seus servicos, exigéncia impostergivel de uma soci- edade que. impacicnte ¢ esperangosa. anscia ver afastados da vida piblica os que. por im- probos. no merecem os direitos de cidadania 183

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