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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Faculdade de Artes, Filosofia e Ciências Sociais


Departamento de Ciências Sociais

Aula 03: MAQUIAVEL E A DESSACRALIZAÇÃO DA POLÍTICA

Prof. Leonardo Barbosa e Silva


Bibliografia:

Objetivo da aula: dar relevo à ruptura do pensamento político de Maquiavel em relação ao


pensamento da antiguidade clássica, não perdendo de vista a importância do método, do
compromisso com a realidade, do projeto político de unificação e do teor republicano do texto.

1. DA PRÁTICA POLÍTICA NASCE O PENSADOR: CONTEXTO E BIOGRAFIA


1.1.Panorama da renascença italiana
1.1.1. Politicamente: descentralizada e instável
1.1.1.1. Grande número de principados, tomados pela necessidade de esmagar a
oposição interna, atemorizar os súditos para evitar subversão e fazer alianças
com outros principados;
1.1.1.2. Poder sempre ligado aos atos de força;
1.1.1.3. Pequenos principados recorrem ao auxílio das monarquias absolutistas
européias: dependência política e constantes invasões externas;
1.1.2. Economicamente: pioneira, mas amarrada pelo arcaísmo
1.1.2.1. Economia mercantil pioneira;
1.1.2.2. Especializada em atender nobres, clero e alta burguesia; daí resulta uma
solidariedade entre o capitalismo comercial italiano e os senhores medievais;
1.1.2.3. Com alternância de poder facilitada nos núcleos burgueses, prescinde de
revolução ou enfrentamento;
1.1.2.4. Queda de Constantinopla (1453) fecha o comércio mediterrâneo;
1.1.2.5. Descoberta do caminho para as Índias decreta decadência;
1.1.3. Poder temporal do papado: nem absoluto para unificar, nem desprezível;
1.1.4. Conclusão: fraqueza militar, instabilidade política, vigor decadente da economia;
1.2.Biografia familiar:
1.2.1. Fração pobre da nobreza toscana;
1.2.2. Boa formação nos clássicos Greco-latinos
1.3.Biografia profissional e a história da Itália
1.3.1. 1494: Os Médici são expulsos de Florença
o Ascensão dos Savonarola inaugura período republicano;
o Maquiavel inicia sua carreira na chancelaria
1.3.2. 1498: Oposição interna (papa Alexandre VI) depõe os Savonarola;
o Maquiavel assume o posto de 2º chanceler;
o Caso “Vitelli” (Florença x Pisa) suscita necessidade de milícia nacional;
1.3.3. 1501: César Borgia (filho do papa Alexandre VI) invade Florença;
o Rebeliões em províncias (Chiana / Arezzo) facilitam invasão;

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o Maquiavel possui papel destacado na condução da resistência: recupera apoio


francês, negocia com César Bórgia e indica punição aos rebelados;
o César Bórgia é um dos grandes modelos para O Príncipe, mas não completa a
invasão;
1.3.4. 1503: Soderini no poder
1.3.5. 1506: Formação das milícias nacionais;
o Maquiavel é chanceler das milícias e as defende como fonte de organização
moral dos florentinos, optando por forte formação religiosa;
1.3.6. 1512: Os Médici (Lourenço de Médici) retornam ao poder:
o Dissolvida a república;
o Maquiavel é demitido, proibido de exercer função pública, preso, acusado de
conspiração e torturado;
o Giovanni de Médici torna-se papa Leão X, o que amplia o poder da família;
o Maquiavel, no exílio de sua pequena propriedade rural, escreve o Príncipe e faz
com ele gestão para a liberdade e retorno à vida pública;
o Escreve Os discursos sobre a primeira década de Tito Lívio;
1.3.7. 1520: retorno gradual de Maquiavel;
o Os Médici encomendam livro sobre a história de Florença;
o Em 1526 é nomeado secretário dos Cinco Provedores de Muralhas, responsável
pelas fortificações da cidade;
1.3.8. 1527: Invasão do Sacro-Império Romano Germânico à Itália;
o Florença é liberta do controle dos Médici e institui-se nova república;
o Maquiavel é associado aos Médici, adoece e morre;
2. VERDADE EFETIVA, MÉTODO E RUPTURA COM A ANTIGUIDADE CLÁSSICA
2.1. Verdade efetiva: “examinar a realidade como ela é e não como gostaria que ela
fosse;
2.1.1. Reino do ser versus o reino do deve ser;
2.2. Método empírico:
2.2.1. A experiência jamais engana e o erro é produto do pensamento especulativo;
2.2.2. Depende de duas coordenadas teóricas básicas: uma filosofia da história e uma
explicação da psicologia humana;
3. SER HUMANO, A HISTÓRIA E O DESEJO DA ORDEM
3.1.Natureza humana:
3.1.1. Os desejos e paixões universais: ”Os homens costumam ser ingratos, volúveis,
dissimulados, covardes e ambiciosos de dinheiro; enquanto lhes proporcionas
benefícios, todos estão contigo (...), quando [a necessidade] se aproxima, voltam-
se para outra parte” (cap. XVII, p. 106);
3.1.2. Como lidar com tal natureza: ser amado ou temido;

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3.1.2.1. “os homens relutam menos em ofender aos que se fazem amar do que aos
que fazem temer, pois o amor se mantém por um vínculo de obrigação, o
qual, mercê da perfídia humana, rompe-se sempre que lhes aprouver,
enquanto o medo que se incute é alimentado pelo temor do castigo,
sentimento que nunca se abandona” (cap. XVII, p. 106);
3.1.2.2. evite apropriar-se dos bens e das mulheres dos cidadãos e dos súditos,
“uma vez que os homens se esquecem mais rapidamente da morte dopai do
que da perda do patrimônio” (cap. XVII, p. 107);
3.1.2.3. evite ser odiado;
3.2.História:
3.2.1. História é um desenrolar dos fatos humanos e não se dá a partir dos desígnios
divinos como na concepção cristã ou nas tragédias gregas;
3.2.2. Não linear, mas em ciclos que repetem linhas mestras; o que variam são os
tempos de duração das formas de convívio entre os homens;
3.2.3. História cíclica permite: prever, usar os mesmos remédios do passado ou inovar
os remédios segundo semelhanças com o passado; Por isso conhecer a história
passa a ser fundamental para o pensador da política;
3.2.4. Oscilações entre estabilidade e caos;
3.2.5. Põe fim a uma concepção de ordem natural e eterna; portanto a ordem é
resultado da política e, caso alcançada, não será definitiva, pois as ameaças não
cessam;
3.2.6. O presente não é mera cópia, há especificidades nas circunstâncias em que se
vive: fortuna;
3.3.Fortuna e Virtú: o duelo entre o determinismo e a liberdade humana;
3.3.1. Fortuna:
3.3.1.1. Constitui a metade da vida humana que não pode ser governada pelo
indivíduo; Ela proporciona a “ocasião”;
3.3.1.2. Deusa possuidora de bens que todos os homens desejavam: a honra, a
riqueza, a glória, o poder;
3.3.1.3. Comparada ao rio que, quando se enfurece, inunda as planícies;
3.3.2. Virtú:
3.3.2.1. Avesso da virtude clássica ou medieval que significa: sabedoria, coragem,
moderação, bondade, justiça, honrar sua palavra, etc.
3.3.2.2. Corresponde à virilidade, à coragem, à firmeza na tomada de decisão,
sensibilidade quanto ao momento, à capacidade de manter o domínio
(medida de virtú);
3.3.2.3. O governante deve ser bom? (Cap. XV).
3.3.2.4. as duas formas do combate: as leis (própria dos homens) e a força
(própria dos animais); O príncipe deve conhecer ambas;
3.3.2.4.1. Como animal, o príncipe deve ser raposa e leão;
3.3.2.5. O príncipe deve parecer ser bom: “Não é necessário a um príncipe ter
todas as qualidade mencionadas, mas é indispensável que pareça tê-las. (...)

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Daí a conveniência de parecer clemente, leal, humano, religioso, íntegro e,


ainda de ser tudo isso, conquanto que, em caso de necessidade, saiba tornar-
se o inverso. (...) Busque, pois, um príncipe triunfar das dificuldades e
manter o Estado, que os meios para isso nunca deixarão de ser julgados
honrosos, e todos os aplaudirão. Na verdade o vulgo sempre se deixa seduzir
pelas aparências e pelos resultados” (Cap. XVIII).
3.3.2.6. Para não ser odiado: não tomar bens e mulheres dos cidadãos e súditos;
3.3.2.7. Para não ser desprezado: mostrar o caráter irrevogável de suas decisões;
(cap. XIX);
3.3.2.8. Para ser estimado: realizar grandes empresas e ações raras e esplêndidas;
saiba ser verdadeiro (aberto / declarado) amigo e verdadeiro inimigo;
mostrar-se amante da virtude e honrar os homens que se sobressaiam;
distrair o povo, comparecer a reuniões, dar exemplos de bondade e
munificência (cap. XXI);
3.3.3. Príncipe virtuoso faz Fortuna e virtú convergirem:
3.3.3.1. “Creio ainda que será venturoso aquele cujo procedimento se adaptar À
natureza dos tempos, e que, ao contrário, será desditoso aquele cujas ações
estiverem em discordância com ela. (...) Os homens prosperam quando a sua
imutável maneira de proceder e as variações da fortuna se harmonizam, e
caem quando ambas as coisas divergem. Julgo, todavia, que é preferível ser
arrebatado do que cauteloso, porque a fortuna é mulher e convém, se a
queremos subjugar, batê-la e humilhá-la. A experiência ensina que ela se
deixa mais facilmente vencer pelos indivíduos impetuosos do que pelos frios.
Como mulher que é, ama os jovens, porque não menos cautelosos, mais
arrojados e sabem dominá-la com mais audácia” (cap. XXV, p. 44).
3.4.Novidades trazidas por Maquiavel:
3.4.1. O pensador e o agente precisam encontrar o seu lugar, pois este não está mais
pré-estabelecido (como pelo pensamento clássico), simplesmente esperando ser
reconhecido;
3.4.2. Novo olhar: sujeito (o príncipe) e o objeto (o principado) existem um para o
outro, não sendo possível entendê-los separadamente; eles formam juntos o
poder / o império;
3.4.3. A título de exemplo: Maquiavel aborda o principado hereditário assumindo que
nestas condições o governo é facilitado; mas não o faz crendo numa legitimidade
natural ou tradicional; a constante ameaça à ordem e a guerra de reconquista
permitem-nos pensar que o regime é, antes de tudo, resultado da relação entre o
príncipe e o súdito;
3.4.4. O que desaparece do pensamento político?
3.4.4.1. A cadeira cativa no governo do rei-filósofo ou do nobre;
3.4.4.2. As condições virtuosas e apriorísticas para a ocupação do governo;
3.4.4.3. A vocação ideal ou teleológica do governo: politéia ou bem comum;
3.4.4.4. O universo ético ou moral que envolvia a política e o governo;
3.4.5. O sucesso do empreendimento político deve-se à combinação do tempo/ fortuna
/ condições de potência com a atitude acertada do governante / virtú. O exemplo
da diferença de ação em caso de principado despótico (Turquia) e Monarquia com

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poder descentralizado (França) ilustra o caso. Destaque deve ser dado para a
resistência superior à invasão representada pela república, dado que os cidadãos
estão acostumados à liberdade e não esquecerão facilmente dela.
4. MAQUIAVEL REPUBLICANO
4.1.Humanismo cívico marca o pensamento renascentista
4.2.República = liberdade
4.2.1. Liberdade é proteção contra tirania
4.2.2. Para garantia se faz necessário um código legal que impeçam que os ricos
tomem o poder;
4.2.3. O mesmo código legal deve: garantir a igualdade entre os cidadãos, ou seja, a
garantia da virtú, da participação; a própria potência econômica depende da forma
constitucional estabelecida;
4.3. A questão da liberdade na obra de Maquiavel:
4.3.1. Dedicatória de O Príncipe x dedicatória dos Comentários da primeira década de
Tito Lívio (historiador de Roma): a Buodelmonti e Ruccellai (dois republicanos)
4.3.2. Origem de Roma x origem de Florença
4.3.2.1. A primeira nasce livre, portanto possui hoje maior progresso das suas
instituições;
4.3.3. Liberdade originária da boa legislatura (Esparta):
4.3.3.1. “no entanto, diz-se que a fome a pobreza fazem os homens industriosos,
e as leis os fazem bons” (cap. 3).
4.3.3.2. Natureza má x homens bons através das leis: debate grego?
4.3.4. O papel relevante dos conflitos sociais na força romana:
4.3.4.1. “Mas retornemos aos aspectos particulares daquela cidade. Digo que
aqueles que condenavam os tumultos entre os nobres e a plebe condenam a
causa primeira da liberdade romana, levando em conta mais os rumores e
gritos que nasciam desses tumultos do que os bons efeitos que eles
produziam” (cap. 4).
4.3.4.2. A liberdade é o resultado das forças em luta: “e deve-se considerar como
existem em toda república dois humores diversos: o do povo e o dos grandes,
e toda lei que se faz em favor da liberdade nasce da desunião entre eles”
(cap. 4).
4.3.4.3. Mais uma dose de realismo: os conflitos marcam a história da
humanidade;
4.3.4.4. Opção pelo povo: o desejo do povo está mais próximo da liberdade: “e os
desejos dos povos livres raras vezes são perniciosos à liberdade, porque
nascem ou da opressão que eles sofrem, ou da suspeição de que poderão
sofrê-la” (cap. 4).
4.3.4.5. O conflito não produz sempre os mesmos resultados; pode levar à ruína
caso as leis não aplaquem o ódio;
4.3.4.6. O desejo da liberdade pode levar a uma tirania: “De onde decorre que os
tiranos que são amigos do povo e inimigos dos grandes são mais seguros, por

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ser sua violência defendida por uma força maior do que daqueles que tem o
povo como inimigo ou a nobreza como amiga” (cap. 40).
4.3.5. A liberdade em O Príncipe:
4.3.5.1. Cap. V: a dificuldade da conquista de uma república se deve ao fato de os
cidadãos não esquecerem facilmente a liberdade antiga; tal comprova a
superioridade deste regime;
4.3.5.2. Cap. IX: desejo do povo de não ser oprimido x o desejo dos grandes de
oprimir resulta em um principado, em liberdade ou em anarquia;
4.3.5.3. “concluo somente que ao príncipe é necessário ser amigo do povo; de
outra forma não terá remédio na adversidade”. (p. 33)

5. MAQUIAVELISMO E MAQUIAVÉLICO

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