INTERNACIONAIS
Ricardo Seitenfus
Nous ne pouvons affirmer l`innocence de
personne, tandis que nous pouvons affirmer à
coup sûr la culpabilité de tous.
Albert Camus, La chute
Para Maria, minha princesinha caribenha, com amor.
Sumário
Lista de abreviaturas
Lista quadros, tabelas e figuras
Prefácio
Introdução
Conclusão
Bibliografia
Lista de Abreviaturas
1 – Escravos em Saint-Domingue
2 – Etapas históricas do Haiti
3 – Missões das Nações Unidas ao Haiti (1993-2014)
4 – Eleição presidencial de novembro de 2000
5 – Participação da América Latina nas operações de manutenção da paz das
Nações Unidas
6 – Características do Princípio da não-indiferença
7 – Composição da Minustah segundo sua origem
8 – Composição da Minustah segundo sua especialização
9 – Registro das Ongs no Haiti (2009)
10 – Recursos financeiros disponibilizados pela CIRH
11 – Organograma de comando para as eleições de 2010
12 – Evolução da distribuição das Cédulas de identidade (2010)
13 – Eleição presidencial novembro de 2010 (votos válidos – primeiro turno)
14 – Repartição dos votos entre os principais candidatos
15 – Les découvertes de Seitenfus (charge du journal Le Nouvelliste)
16 – Eleição presidencial de 2011 (votos válidos – segundo turno)
Prefácio
La mer qui mène à Cipango, et à ces îles où les hommes meurent fous et heureux.
Albert Camus, La chute
Tu sabes qual é o problema do Caribe? Ocorre que todo mundo veio fazer
aqui o que não podiam fazer na Europa e esta chinfra tinha que ter conseqüências
históricas...
Gabriel Garcia Márquez, Bohemia, Havana, 1979
“We are black, it is true, but tell us, gentleman, you who are so
judicious, what is the law ther says that the black man must belong
to and be the property of the white man? Yes, gentleman, we are
free like you, and it is only by your avarice and our ignorance that
anyone is still held in slavery up to this day, and we can neither
see not find the right that you pretend to have over us. We are your
equals then, by natural right, and it nature pleases itself to
diversity colors within the human race. It is not a crime to be born
black not an advantage to be white.” [14]
Raras são as vozes haitianas que protestam. Ocorre que junto com as
rezas e cânticos, os evangélicos trazema medicamentos e alimentos. Erol
Josué, Directeur du Bureau National d`Ethnologie d`Haïti, os critica
severamente :
Embora cada uma destas Missões tenha sido uma tentativa de resposta
a situações específicas e apresentarem contornos e características distintas,
forçoso é constatar que o leitmotiv destas intervenções exógenas foi a
natureza política da crise haitiana. Política no sentido de que a marca
indelével destas crises domésticas de baixa intensidade resulta da simples e
inevitável luta pelo poder, marca registrada de toda sociedade humana
organizada. Ao responder uma solicitação endógena, a CI se transforma, por
vezes contra sua vontade, num dos principais atores do jogo político haitiano.
Por conseguinte, são os desafios políticos que deveriam estar no
centro da estratégia da CI no Haiti. Apesar das necessidades imensas de toda
ordem, é a política que constitui o cerne dos dilemas. Na ausência de um
modus vivendi aceitável por todos e de regras do jogo que se imponham aos
atores, não há remédio. Enquanto a CI mantiver sua cegueira perante essa
realidade e contentar-se com soluções de poder não haitianas, a crise pode
beneficiar-se de uma acalmia, jamais de um epílogo.
Como corolário ao seu modelo político, no plano econômico o Haiti
sobrevive em profunda e crônica dependência externa. Carente de um sistema
fiscal coerente e eficaz, o debilitado Estado haitiano consegue amealhar tão
somente 10% do que necessita para funcionar minimamente. Nota-se que 80
% deste montante provêm de impostos alfandegários.
Sustentado pelo exterior, o Haiti apresenta positivos índices
macroeconômicos: inflação controlada; sistema de câmbio livre e estável;
emissão monetária disciplinada e o imenso déficit da balança comercial,
compensado pelo equilíbrio da balança de pagamentos graças ao aporte
externo.
O modelo econômico haitiano pode ser comparado aos modelos das
economias de Estados que funcionam graças à renda proveniente de um
grupo reduzido de commodities. A renda petrolífera dos países do Golfo
Pérsico e de extração mineral de alguns países da África e da América Latina
são os melhores exemplos. No caso do Haiti, a ajuda internacional constitui
sua commodity. A origem da renda haitiana encontra-se em sua pobreza
extrema, nos desastres naturais e em seus dramas sociais.
Trata-se de um modelo estável que exerce funções similares às dos
países rentistas. A ajuda internacional chega formalmente ao Haiti por meio
de mecanismos contábeis. Logo retorna aos países doadores – em particular
aos mais influentes e desenvolvidos – mediante a compra de bens e de
serviços. O modelo descarta a necessidade de um governo eficaz, pois os
conselheiros estrangeiros financiados pela renda encarregam-se de
administrá-la.
Consolidado na prática e nos espíritos, o paradigma haitiano satisfaz
ao conjunto de atores. O governo dispõe de uma fonte segura de recursos, os
países doadores recuperam a quase totalidade das doações, a elite haitiana
recebe proteção e, finalmente, a burocracia das organizações internacionais
pode beneficiar-se de vantagens salariais e de remuneração, pois
supostamente atuam numa região considerada conflitiva. Caso apresentem-se
problemas, seja de gerenciamento seja de eficiência, os atores descartam sua
responsabilidade acusando seu parceiro.
Para Pierre Léger o sistema Food for the Poor « est une structure
permettant d`alimenter la plus grande industrie du monde qui n`est autre que
la pauvreté. »[36]
Para garantir a perenidade do paradigma haitiano torna-se
indispensável que os problemas aparentemente enfrentados por ele perdurem,
pois no caso de solução seria sua decadência. Decorre desta lógica que o
povo haitiano deve permanecer em sua ignominiosa condição.
A crise de poder inserida em um marco de profunda desigualdade
social e de continuada depressão econômica, resulta em crítica situação a
desafiar a ordem internacional. Uma vez mais, no entanto, com a irritante
insistência em não compreender a natureza primeira da crise haitiana,
novamente a Comunidade Internacional intervirá decisivamente com seus
militares nos assuntos internos do país.
Como se fora um símbolo atestando as tumultuosas relações entre o
mundo e a irrequieta República negra, no ano do aniversário do bicentenário
de sua independência, o Haiti será ocupado por forças militares estrangeiras.
Disposto a permanecer o tempo que julgar necessário, o poder internacional
pretende, uma vez por todas, normalizar um país considerado anormal,
estabilizar um sistema político cujo fundamento repousa na instabilidade,
integrar ao sistema internacional uma economia que sobrevive graças à ajuda
externa e, finalmente, extirpar os demônios que o assombram há dois séculos.
Vasto e ambicioso programa. A queda de Jean-Bertrand Aristide será a
oportunidade sonhada para colocá-lo em prática.
La vérité est que tout homme intelligent, vous le savez bien, rêve d`être un gangster et
de régner sur la société par la seule violence. Comme ce n`est pas aussi facile que peut
faire croire la lecture des romans spécialisés, on s`en remet généralement à la
politique et l`on court au parti le plus cruel.
Albert Camus, La Chute
“O senhor sabe por que estou aqui?” indaga, em espanhol, Luis
Moreno, embaixador adjunto dos Estados Unidos no Haiti. “Sim,
certamente”, responde o presidente Jean-Bertrand Aristide.[37]
Este diálogo ocorre nas primeiras horas da madrugada de 29 de
fevereiro de 2004 quando, acompanhado de seis oficiais de sua segurança, o
diplomata americano ingressa na residência particular de Aristide, localizada
em Tabarre, arredores de Porto Príncipe.
A partir deste instante, aparecem, para dizer o mínimo, duas versões
que se contrapõem frontalmente.
A dos Estados Unidos sustenta que respondem à solicitação do
próprio Aristide para que possa abandonar o Haiti em segurança. Chegaram à
residência a bordo de veículos oficiais da Embaixada dos Estados Unidos e
com estes dirigiram-se ao Aeroporto Toussaint Louverture conduzindo
Aristide. Às 6h15 minutos da manhã, a bordo de um jato comercial, sem
identificação, fretado pelo Governo dos Estados Unidos, Aristide e sua
esposa Mildred Trouillot[38] deixam o Haiti.
Logo surge a segunda versão. Ocorre que Jean-Pierre Perrin, do jornal
francês Libération, chega à residência de Aristide poucos momentos depois
que este a deixara. Não há guardas e o portão de acesso encontra-se
simplesmente encostado. Ao ingressar na residência, encontra um senhor
haitiano visivelmente amedrontado. Trata-se de Joseph Pierre, zelador da
residência de Aristide. Interrogado sobre o que acaba de suceder, ele declara
o seguinte:
28 fevriye 2004,
M te sèmante pou respekte e fè respekte Konstitisyon an.
Aswè a, 28 fevriye 2004, mwen toujou deside
Respekte e fè respekte Konstitisyon an,
Konstitisyin an se garanti lavi ak lapè,
Konstitisyon an pa dwe nwaye nan san pèp Ayisien.
Se pou sa, si aswè a se demisyon m ki pou evite yon beny san,
M aksepte ale ak espwa va gen lavi e non lanmò.
Lavi pou tou moun.
Lanmò pou pèsonn.
Nan respekte Konstitisyon na,
E nan fè respekte Konstitisyon na,
Ayiti va gen lavi ak lapè.
Mèsi.
Le pire pêché envers nos semblables, ce n`est pas de les haïr, mais de les traiter avec
indifférence; c`est là l`essence de l`inhumanité.
George Bernard Shaw, Le disciple du diable
Como exercício militar a Minustah é excelente. No entanto, como Operação de Paz, ela não tem mais
sentido.
Augusto Heleno Ribeiro Pereira (2010). Primeiro Force Commander da Minustah
A dúvida
O crime
O drama
O castigo
O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí
afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas
- A ajuda externa ao Haiti triplicou entre 2009 e 2010, passando de US$ 1,12 para
US$ 3,27 bilhões;
- A ajuda bilateral e multilateral que havia alcançado 130% da receita bruta interna
em 2009 pulou para 400% em 2010;
- Do montante de US$ 200 milhões liberados pela Usaid para a reconstrução até
abril de 2010, somente 2,5% haviam sido direcionados para empresas haitianas;
- Somente 1 % do financiamento total da ajuda de emergência foi concedida ao
Estado haitiano.
Basta con que haya elecciones puntuales para legitimar la democracia, pues lo que
importa es el rito, sin preocuparse mucho de sus vícios: el clientelismo, la corrupción,
el fraude, el comercio de votos.
Gabriel García Márquez, Yo no vengo a decir um discurso
Estratégica
Mesa Setorial
Comando RSSG/NU
Integrantes: Brasil, Canadá, Estados Unidos, França, Nações Unidas,
OEA, União Europeia
Fonte: Organograma elaborado pelo autor
A democracia não se define tanto pela soberania popular e pelo sufrágio universal,
mas bem pela organização de uma competição nutrida por paixões prestes a explodir.
Raymond Aron, Essai sur les libertés
Por irônico que isso possa parecer, eu era um dos raros que, apesar de
vítima, entendia e aceitava a decisão de Insulza. Seus numerosos e ferozes
críticos não se davam conta de que a entrevista fora utilizada como mero
pretexto para afastar-me, pois desde o fatídico 28 de novembro, países
importantes do Core Group exigiam que Insulza me retirasse do Haiti. E o
faziam com razão. Enquanto a Representação da OEA no Haiti estivesse sob
minha responsabilidade, lutaria com as minhas parcas forças para impedir
que a ilegalidade e a ingerência descarada da Comunidade Internacional se
consumassem.
Jonathan Katz traça um paralelo entre minha situação e a vivenciada
dois anos mais tarde por Michel Forst.
Martelly foi eleito com os votos de tão somente 15,2% do total dos
eleitores inscritos no CEP. A sanção eleitoral retira legitimidade do eleito,
mas não impede sua unção. Como previsto pelo calendário constitucional, em
maio Préval transmite a faixa presidencial a Martelly e retira-se da vida
pública.
Chegado o momento da reflexão, Préval deve ter-se dado conta dos
erros cometidos. Foram muitos. Eis alguns:
- não avaliou como devia a incompatibilidade entre a dependência
congênita de seu governo aos ditames da CI. Tentou dela libertar-se no
momento crucial das eleições e fracassou;
- sua inação frente aos problemas crônicos dos setores mais
vulneráveis da sociedade haitiana, sobretudo após o terremoto;
- sua sistemática estratégia de enfraquecimento dos partidos políticos;
- sua constante despreocupação com a institucionalização do país;
- a contradição entre seu discurso em defesa da legalidade e da
Constituição e a prática de injunções de natureza política ao CEP;
- sua ilusão ao pensar ser o único capaz de mobilizar a população.
Michel Martelly provou que estava enganado;
- sua decisão de descartar a candidatura pela Unidade do ex-primeiro
ministro Jacques Edouard Alexis em beneficio de um pretendente retirado do
bolso do colete.
Finalmente, a errônea decisão de manter no exílio o ex-presidente
Jean-Bertrand Aristide com o propósito de ser o herdeiro de seus votos – o
que amplamente conseguiu em sua eleição em 2006 – e ao mesmo tempo
satisfazer a Comunidade Internacional e a elite haitiana. Tal decisão dividiu a
esquerda e a enfraqueceu.
Frequentemente circulava em Porto Príncipe a notícia sobre o iminente
retorno do exílio do presidente Jean-Bertrand Aristide. Invariavelmente e de
forma unânime, a Comunidade Internacional rechaçava tal eventualidade. O
Brasil, por meio de Marco Aurélio Garcia, considerava que o retorno de
Aristide “agregaria mais pimenta nessa já complicada culinária política.”
Washington exercia constantes pressões sobre Pretória para que impedisse a
partida de Aristide sob a alegação de que sua segurança não poderia ser
garantida uma vez em solo haitiano. França e Canadá a desaprovavam
publicamente alertando que a presença de Aristide complicaria ainda mais o
quadro eleitoral.
Aristide tentava convencer seus algozes de seu direito de retorno à
pátria. Assim, em uma recepção oferecida pelo governo sul-africano às
autoridades estrangeiras por ocasião da Copa do Mundo organizada no país
pela FIFA em 2010, ele aproveita para solicitar a Ban Ki-moon sua
intervenção para facilitar seu retorno ao Haiti. Surpreendido com a investida,
o Secretário Geral da ONU alega uma desculpa qualquer e afasta-se
rapidamente do local.
Considerado pelos atores internacionais um pária e um leproso político
do qual era aconselhável conservar prudente distância, Aristide havia sido
abandonado por importantes figuras da política haitiana que nutriam similar
sentimento. No apagar das luzes de seu governo, contudo, como se fora seu
canto do cisne, Préval concede-lhe um passaporte permitindo seu regresso ao
Haiti justo às vésperas do segundo turno da eleição presidencial. A promessa
supostamente feita quando de sua eleição em 2006 finalmente havia sido
honrada.
Muitos interpretaram o gesto como uma demonstração de poder
perante a Comunidade Internacional quando, de fato, foi simplesmente uma
tentativa de fazer-se perdoar pela História. Assim, na sexta-feira, 18 de março
de 2011, pisa em solo haitiano, acompanhado por Danny Glover, após 7 anos
de exílio na África do Sul, o Padre dos Pobres.
Derradeiro e inútil gesto de Préval. Apesar da campanha dos
movimentos feministas e da posição da Igreja Católica, o escandaloso cantor
de Kompa – candidato da burguesia haitiana – consegue eleger-se com
indiscutível apoio de setores humildes da população. A derrota de Préval e a
consequente vitória da Comunidade Internacional, capitaneada pelos Estados
Unidos e apoiada irrestritamente pelo Canadá e França, estão consumadas.
Como permanecem vivas as desagradáveis lembranças deixadas pelo
nacionalismo da Presidência Préval, ao escolher Martelly o governo dos
Estados Unidos demonstrava claramente preferir tratar com uma Presidência
haitiana neófita e amadora, além de absolutamente dependente da
Comunidade Internacional. Ora, apesar de sua inexperiência e de inúmeras
limitações, a administração de Martelly procurou livrar-se de algumas
amarras impostas por Washington. Por um lado tentou, embora sem sucesso,
reconstituir as Forças Armadas do Haiti. Por outro, ameaçou integrar
formalmente a Aliança Bolivariana Para as Américas (Alba). Foi necessária
uma viagem especial de Cheryl Mills a Porto Príncipe para dissuadi-lo a
abandonar a ideia. Após as pressões de Washington, Porto Príncipe dispõe do
estatuto de Observador e não de membro pleno da Alba.
Enfim, Martelly não somente ratificou a presença do Haiti no
Programa Petrocaribe, concebido por Chávez e confirmado por Maduro,
como também tece constantes elogios à suposta cooperação desinteressada
promovida por Caracas com a América Central e com os Estados insulares
caribenhos. Não deixa de ser irônico observar um Martelly – afilhado dileto
de Washington – respondendo a uma saudação de Maduro, de punho cerrado
no ar, quando da reunião da Petrocaribe realizada em fins de junho de 2013
em Manágua. Sacré artiste!
Em sua derradeira visita ao Conselho de Segurança das Nações
Unidas, em 6 de abril de 2011, Préval faz um balanço das relações haitianas
com a Comunidade Internacional. Elegante, não deixa transparecer suas
mágoas e se esforça para ser propositivo.
Dirigindo-se aos seus compatriotas, Préval sublinha que “Les
opérations de maintien de la paix des Nations Unies on été à chaque fois
rendues nécessaires par l`instabilité qu`eux-mêmes ils y ont créée. »
Préval sugere que os novos dirigentes
CONCLUSÃO
Pour le pays,
Pour les ancêtres,
Marchons unis,
Dans nos rangs, point de traîtres !
Du sol, soyons seuls maîtres.
Dessalinienne, hymne national d`Haïti, paroles de Justin Lhérisson, 1904
Artigos
[13] João José Reis, “Nos achamos em campo a tratar da liberdade: a resistência
negra no Brasil oitocentista”, in Carlos Guilherme Mota, Viagem incompleta: a
experiência brasileira, São Paulo, SENAC, 2000, p. 248.
[14] Trecho de carta endereçada aos revolucionários franceses, em julho de 1792, por
lideranças da Revolução haitiana.
[15] Washington Santos Nascimento, “São Domingos, o grande São Domingos:
repercussões e representações da Revolução Haitiana no Brasil escravista (1791-
1840)”, in Dimensões, vol. 21, 2008, p. 129.
[16] Herbert S. Klein, A escravidão africana: América Latina e Caribe, São Paulo,
Brasiliense, 1987, p. 107.
[17] As informações sobre o número de estabelecimentos agrícolas são
desencontradas. Ainda hoje as estatísticas sobre o Haiti apresentam sensíveis
diferenças decorrentes da aplicação de metodologias diversas. Autores mencionam a
existência de mais de 7.000 estabelecimentos agrícolas em 1720. Outros indicam que
no final do século XVIII há 3.117 plantações de café e 792 engenhos açucareiros (cf.
Emilio Cordero Michel, La Revolucion Haitiana y Santo Domingo, Santiago de Cuba,
Ed. Nacional, 1968, pp. 17-18).
[18] O escravo fugitivo era designado pela expressão « marron ». Derivado do hispano-americano
«cimarron» - que significa literalmente «cavalo indômito» - a expressão sofreu significativa e
reveladora evolução, pois ela é atualmente utilizada no vocábulo francês para designar alguém que
exerce ilegalmente uma profissão ou pratica um ilícito.
[19] Traído pelos franceses em 7 de junho de 1802, Toussaint Louverture é
condenado ao desterro. Conduzido à França, ele profetiza ao declarar que
“destituindo-me, vocês somente derrubaram o tronco da árvore da liberdade de Saint
Domingue. Ela renascerá, pois suas raízes são numerosas e profundas.”
[20] In The History, Civil and Commercial, of the British Colonies in the West Indies,
Editor J. Stockdale, Londres, 1801, volume 3, páginas 67-79, citado por Laurent
Dubois, Les Vengeurs du Nouveau Monde, op.cit. páginas 140-141.
[21] Laurent Dubois, ibidem, página 350.
[22] Ibidem, página 351.
[23] In Manuscrit venu de Sainte-Hélène, Ed. Badouin Fils, Paris 1821, p. 45.
[24] In Dantes Bellegarde, « President Alexandre Petion: founder of Agrarian
Democracy in Haiti and Pioneer of Pan-Americanism”, Phylon, vol.II, n.3, 1941, p.
213.
[25] Leslie François Manigat, “Haïti dans la latinité, sens et non-sens, tours er
détours, enjeu », Ed.Educam, Rio de Janeiro, 2005, p.80.
[26]Alejo Carpentier, El Reino de este mundo, Edição Primer Festival del Libro
Cubano, Lima, 1948, 122 p.
[27] Alejo Carpentier descreve o hougan François Mackandal, capaz de criar venenos
poderosos, organizando uma rede de guerrilha e se transformando em um dos
principais líderes revolucionários.
[28] Consultar Arnaud Robert, « Les touristes de Jésus », in Le Temps, Genebra, 12
de janeiro de 2013, p. 3. Todas as citações são extraídas deste artigo.
[29] Em 14 de agosto de 1791, em reunião liderada pelo cimarron jamaicano
Boukman, ocorrida em Bois Caïman, arredores do Cabo Haitiano, é sacrificado um
porco crioulo e seu sangue distribuído aos escravos que dela participavam. Forja-se
assim a aliança de sangue pela independência. Boukman faz a todos prestar o
seguinte Juramento: “Deus que criou a Terra; que criou o Sol que nos dá a luz; Nosso
Deus que nos escuta. Tu observas como os brancos nos fazem sofrer. O Deus do
homem branco ordena cometer crimes. Nosso Deus que é bom, que é justo, nos
ordena vingança. Ele dirigirá nossa luta e nos levará a vitória...”. Uma semana após a
cerimônia, tem início à revolta que culminará na independência 13 anos mais tarde.
[30] Lyonel Trouillot, “Concernant Haïti, on écoute plus les Occidentaux que les
Haïtiens eux-mêmes », in Jeune Afrique, 9 de janeiro de 2012.
[31] Trata-se da eleição de François Duvalier – sinistro personagem – que se manterá
no poder até 1971 quando, como se hereditário fora, o transfere a seu filho Jean-
Claude. Este, por sua vez, prossegue a obra do defunto pai até sua queda em 1986.
Tem início o período de implantação da democracia no qual permanecemos até o
presente.
[32] O adversário vivo é amarrado, com as mãos para trás, a um poste. Um pneu
embebido de gasolina é colocado em seu pescoço e ateado fogo.
[33] Pierre-Raymond Dumas, “Deux ans, et après? », in Le Nouvelliste, 7 de junho de
2013.
[34] Trata-se da única missão conjunta executada pela OEA e pela ONU.
[35] Resolução 54/193 adotada pela AGNU e não pelo Conselho de Segurança.
[36] Presidente de Agri Supply e crítico das promíscuas relações haitianas com o
exterior na área agrícola, Pierre Léger é uma das raras vozes a denunciar o abandono
da produção primária em seu país. Ver Le Nouvelliste, 29 de janeiro de 2014.
[37] Jean-Bertrand Aristide – Titide – nasceu em Port Salut (sudoeste do Haiti) em 15
de julho de 1953. Ordenado padre salesiano em 1983, logo adere à Teologia da
Libertação. Orador brilhante, sua pregação religiosa e suas ações sociais o conduzem
rapidamente à política. Expulso da Congregação Salesiana em 1988 é eleito presidente
da República em dezembro de 1990. Um golpe militar derruba-o em setembro de
1991. Retorna ao país em 1994 para concluir o mandato. Autor prolífico de quase
duas dezenas de livros, Aristide é objeto de culto, mas também de ódio. Nada menos
de 58 livros foram publicados sobre o controverso personagem.
[38] Filha de haitianos emigrados aos Estados Unidos e de nacionalidade americana,
foi uma das advogadas do governo haitiano em seu primeiro exílio em Washington no
início da década de 90. O casal possui duas filhas, Christine e Michaelle.
[39] Libération, Paris, 1º de março de 2004.
[40] Advogado, natural de Gonaïves, Léon Manus faleceu em New Hampshire (EUA)
em 26 de outubro de 2012.
[41] O partido político Lavalas foi fundado em 1991 por Jean-Bertrand Aristide e
manteve aliança com a Organização do Povo em Luta (OPL). Em 1996, o Lavalas
rompe com a OPL e funda o movimento Família Lavalas.
[42] A diplomata de Trinidad e Tobago, Sandra Honoré, é Chefe de Gabinete e braço
direito de Luigi Einaudi. Em meados de 2013 ela será designada Representante
Especial do SG/NU e Chefe da Minustah no Haiti.
[43] Gérard Gourgue não desistirá do Palácio Nacional. Ele avalia suas chances ao
candidatar-se nas eleições presidenciais de fevereiro de 2006. Contemplado com
míseros 5.852 votos, o que representa 0,3% do total, nota-se que Gourgue não deixava
de ter razão em 2000 quando tentou, por vias transversas, realizar seu sonho. Por meio
do voto seria impossível.
[44] Gérard Pierre-Charles produziu uma extensa e importante obra sobre o Haiti.
Provavelmente ele represente, juntamente com sua esposa, a historiadora Suzy Castor,
a mais importante referência nas Ciências Sociais do país. Ao retornar do exílio
vincula-se ao movimento Lavalas de Aristide. Ao final dos anos 90 rompe com
Aristide e cria uma dissidência denominada Organização Política Lavalas (OPL).
Posteriormente, mantendo a mesma sigla, a dissidência passa a chamar-se
Organização do Povo em Luta.
[45] Suzy Castor, “Frente al Vandalismo del Poder Lavalas”, CRESFED, 2002.
[46] Luigi Einaudi, “La anarquia es la palabra clave aquí”, in Nueva Mayoria, 13 de
fevereiro de 2004.
[47] In BBC News, 14 de fevereiro de 2004.
[48] Ibidem.
[49] De fato a dívida contraída foi de 150 milhões de franco ouro. Posteriormente
reduzida a 90 milhões. Calculada a inflação, a suposta dívida alcançaria exatamente,
segundo Aristide, US$21.685.135.571,48.
[50] Gérard-Pierre Charles, “Haiti: Aristide est un rétrograde”, L`Humanité, 21 de
fevereiro de 2004.
[51] Ibidem.
[52] Ibidem, “Crisis del Estado e intervención internacional en Haiti”, Panamá,
Tarea, nº 118, pp. 65-78,
[53] My Life, Alfred A. Knopf, New York, 2004, p. 649.
[54] Editorial do Le Monde sob o título “La question d`Haïti”, Paris, 18 de fevereiro
de 2004.
[55] Ver Maurice Lemoine, “Aristide: a queda na própria armadilha”, in Le Monde
Diplomatique Brasil, 1/9/2004.
[56]Fernando de Mello Barreto, A política externa após a redemocratização, Tomo II
– 2003-2010, Brasília, Funag, 2012, p. 113. Grifos do autor.
[57] O Mecanismo Permanente de Consulta e Concertação Política da América
Latina e do Caribe, conhecido como Grupo do Rio, conta naquele momento com a
participação de 18 Estados latino-americanos e caribenhos (Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México,
Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela).
[58] Em 1994, quando dos debates sobre a intervenção consentida dos Estados
Unidos no Haiti para repor no poder a Aristide, o Brasil se absteve. Naquela
oportunidade Celso Amorim, defensor intransigente da não-intervenção, era seu
ministro das Relações exteriores.
[59] United Nations, Security Council, 4917th Meeting, 26 de fevereiro de 2004.
Grifos do autor.
[60] João Clemente Baena Soares, Sem medo da diplomacia, CPDOC, Editora FGV,
Rio de Janeiro, 2006, p. 86.
[61] Ricardo Seitenfus, « Politischer Kannibalismus », in Der Spiegel, 3 de janeiro de
2011, p. 71.
[62] Bertrand Badie, La Diplomatie de la connivance: les dérives oligarchiques du
système international, La Découverte, Paris, 2011, p. 140.
[63] Ibidem, p. 144.
[64] Ibidem.
[65] Hesitantes no início, os militares brasileiros foram convencidos de participar na medida em que
todos os equipamentos, os sistemas de comunicação e transporte e o material a ser utilizado seriam
nacionais. É a primeira vez em sua história que uma importante força militar é enviada ao exterior
nestas condições. Para os estrategistas a operação se transformou num desafio na preparação dos
homens, na capacidade de comunicação e de transporte bem como um teste de confiança na indústria
brasileira de armamentos.
[66] Neste aspecto o discurso do presidente Lula apresenta traços que o aproximam dos presidentes
africanos, como aquele de Alpha Oumar Konaré, ex-presidente de Mali e da Comissão da UA, quando,
referindo-se ao dever de cooperação em relação ao episódio de Darfur, afirma: “somos a favor de que a
África assuma o seu dever de não-indiferença (que se traduz em) uma ingerência solidária”.
[67] Ricardo Seitenfus, “Elementos para uma diplomacia solidária: a crise haitiana e
os desafios da ordem internacional”, in Carta Internacional, São Paulo, 2006, vol. 1,
n. 1, pp. 5-12.
[68] Ver páginas 105 e seguintes.
[69] Coletiva de André Singer, Radiobrás, 4 de março de 2004.
[70] Prensa Latina, 26 de abril de 2013.
[71] Ibidem.
[72] Grifo do autor. Note-se que esta tomada de posição radical antecede de poucos
dias os ataques contra a oposição de 17 de dezembro daquele ano. Estas agressões
resultaram em irreparável dano à respeitabilidade de Aristide e afastaram-no
definitivamente dos movimentos e partidos de esquerda latino-americana, que haviam
alcançado o poder em vários países.
[73] Ibidem.
[74] In Folha de S. Paulo, 23 de janeiro de 2011.
[75] “O que vai fazer o Brasil no Haiti?”, in América Latina em Movimento, ALAI,
11 de março de 2004.
[76] “Diário do Haiti (1)”, in Carta Maior, 24 de setembro de 2007.
[77] Jamil Chade, “Fernando Henrique questiona missão no Haiti”, in Estado de São
Paulo, 24 de janeiro de 2006.
[78] José Augusto Guilhon Albuquerque, “O intervencionismo na política externa
brasileira”, in Nueva Sociedad, dezembro de 2009.
[79] “Aucune disposition de la présente Charte n`autorise les Nations Unies à
intervenir dans les affaires qui relèvent essentiellement de la compétence nationale
d`un Etat ni n`oblige les Membres à soumettre des affaires de ce genre à une
procédure de règlement aux termes de la présente Charte; toutefois, ce principe ne
porte en rien atteinte à l`application des mesures de coercition prévues au Chapitre
VII ».
[80] Le Chapitre VII, le plus important de la Charte, est dédié à “l`action en cas de
menace contre la paix, de rupture de la paix et acte d`agression. »
[81] Ricardo Seitenfus, “De Suez ao Haiti: a participação brasileira nas Operações de
Paz”, in O Brasil e a ONU, Funag, Brasília, 2008, pp. 39-58.
[82] Alain Rouquié, Guerras y paz en America Central, Mexico, Fondo de Cultura
Economica, 1994, p. 259.
[83] Susan Rice, Facing 21st-Century Threats: Why America Needs the UN, Palestra
proferida no World Affairs Council of Oregon, Portland, 11 de fevereiro de 2011.
[84] Tenente Comandante Carlos Chagas, braço direito do Force Commander, in
Mantendo a paz no Haiti? Harvard Law Student Advocates for Human Rights,
Cambridge e Centro de Justiça Global, Rio de Janeiro e São Paulo, 2005, p. 46.
[85] In Refugees International, 17 de março de 2005.
[86] Entrevista concedida a Agência EFE, 4 de agosto de 2006.
[87] Ibidem.
[88] Outro complicador virá da ajuda, sobretudo a partir do governo Préval,
concedida por Taiwan ao Haiti. Para contornar o mau humor de Pequim, o DPKO
propõe, com êxito, que policiais chineses integrem-se à Minustah. Assim, de um
policial civil chinês em junho de 2004, a Missão contará, em dezembro de 2006, com
130 policiais chineses atuando no Haiti.
[89] In Folha de S. Paulo, 3 de dezembro de 2004.
[90] Ibidem.
[91] Depoimento no Senado brasileiro. In Folha de S. Paulo, 3 de dezembro de 2004.
[92] Revelações do Wikileaks, Folha de S.Paulo, 13 de janeiro de 2011.
[93] In Le Figaro, Paris, 7 de fevereiro de 2006
[94] Aproximadamente em meados de janeiro, um dos ex-sequestrados era conduzido
ao trabalho quando um automóvel ultrapassou-o e seu chofer o cumprimentou. O ex-
sequestrado automaticamente respondeu com um aceno de mão. Logo se deu conta: a
saudação provinha de um de seus algozes, que circulava livremente pelas ruas de
Porto Príncipe.
[95] Independent, Londres, 9 de janeiro de 2006.
[96] In Veja, São Paulo, 18 de janeiro de 2006.
[97] In Le Figaro, Paris, 7 de fevereiro de 2006.
[98] In BBC Brasil, 7 de janeiro de 2006.
[99] O prolífico e importante escritor haitiano, Gary Victor, inspira-se no episodio
para construir uma obra de ficção em seu inconfundível estilo “polar vaudou”. Ver,
Cures et châtiments, Ed. Memoire d`Encrier, Montreal, 2013, 207 p.
[100] « Falsa guerra rende salários mais altos”, in Estado de São Paulo, 12 de
outubro de 2008.
[101] Ibidem.
[102] Ibidem.
[103] Ibidem
[104] Embora o fenômeno da DPP seja marcante no caótico sistema prisional
brasileiro, pois dos 548.003 presos, 195.036 são detentos provisórios sem condenação
definitiva, nossa triste realidade encontra-se distante do descalabro haitiano. Consultar
Departamento Penitenciário Nacional, Ministério da Justiça, 7° Anuário do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública.
[105] In Un pas en avant, deux pas de côté, op. cit., pp. 281-282.
[106] Meu primeiro contato com o Haiti ocorreu em abril de 1993 quando tomei parte
da Micivih, criada conjuntamente pela ONU e OEA, para tentar fazer respeitar os
direitos humanos durante a ditadura militar de Raoul Cédras. Previsto para
permanecer durante quatro meses, adoeci e fui repatriado ao cabo de 30 dias. A partir
de então, tentava liberar-me de profunda e inquietante fascinação. Decidi publicar um
pequeno livro, que conheceu um retumbante fracasso editorial. Prova que no Brasil
ninguém se interessava pelo assunto (Haiti: a soberania dos ditadores, Editora
Sólivros, Porto Alegre, 1994, 137 p.).
Retornei aos meus assuntos universitários prediletos, entre estes o estudo das
Organizações Internacionais. Quando o Brasil assume o comando da vertente militar
da Minustah, em julho de 2004, o Ministério das Relações Exteriores solicita que faça
missões periódicas ao Haiti. Em fins de 2008 o ministro Celso Amorim me informa
que José Miguel Insulza consultou-o sobre a possibilidade de o Brasil recomendar
alguém para ser o Representante Especial do Secretário Geral da OEA no Haiti.
Hesitante, aceitei a indicação. Seria uma fugaz embora reveladora incursão nas
entranhas de uma organização internacional. Antes de assumir, visitei a sede da OEA
em Washington. Entre tantas sugestões e recomendações recebidas uma me pareceu
bizarra: no caso da Representação da OEA no Haiti, os assuntos administrativos e
financeiros estariam a cargo de Albert Ramdin, ao passo que os políticos seriam da
alçada de José Miguel Insulza. Posteriormente dei-me conta da confusa relação de
todas as representações nacionais da OEA com a Secretaria Geral.
Assumi as novas funções no início de janeiro de 2009 sem sequer imaginar quão
marcante, atribulada e extraordinária viria a ser a experiência.
[107] Sem fazer vítimas, em 25 de maio de 2013, o Sucatão sofreu uma pane e
acidentou-se ao tentar decolar do Aeroporto Toussaint Louverture com mais de uma
centena de militares brasileiros que retornavam ao país. Talvez tenha chegado o
momento de sua aposentadoria.
[108] Sabine Wespieser Éditeur, Paris, 2010, 160 p.
[109] Federico Mastrogiovanni, “Pobres nem sempre tiveram a atenção necessária
das equipes de resgate”, in Opera Mundi, 05/02/2010.
[110] Ibidem.
[111] Ibidem.
[112] Yanick Lahens descreve com pudor e sensibilidade, a agonia e o calvário de
Michel “Micha” Gaillard.
[113] « L`imposture des Nations unies en Haïti », Le Monde, Paris, 31 decembre
2010. Trata-se de meia verdade, pois os soldados foram utilizados para auxiliar única
e exclusivamente o resgate dos estrangeiros.
[114] Mônica Hirst, “O Haiti e os desafios de uma reconstrução sustentável – um
olhar sul-americano”, in Política Externa, vol.19, n.1, 2010.
[115] O cálculo leva em consideração o número de pessoas submetidas à escravidão
sobre o total da população, casamentos de crianças e tráfico de pessoas para dentro e
fora do país.
[116] In Le Temps, Genebra, 24 de dezembro de 2004. Sobre a situação dos adotados
pelos Estados Unidos consultar Ginger Thompson, “After Haiti Quake, the Chaos of
U. S. Adoptions”, New York Times, 3 de agosto de 2010.
[117] Peter James Hudson, “On Citigroup’s anniversary, don’t forget its brutal past”,
in The Miami Herald, 18 de junho de 2012.
[118] My Life, Alfred A. Knopf, New York, 2004, p. 236.
[119] Consulter o Editorial de Pierre Raymond Dumas, “Bill Clinton et Haïti’ in Le
Nouvelliste, Porto Príncipe, 9 de julho de 2010, no qual o autor define Clinton como
“une sorte d`avocat de la cause (perdue?) haïtienne, un ambassadeur de choc, capable
de susciter un intérêt durable pour les efforts de reconstruction en Haïti, un agent de
publicité capable de vendre le produit haïtien en dépit de tout, malgré maintes
circonstances défavorables.”
[120] A primeira brigada médica cubana chega ao Haiti em 4 de dezembro de 1998,
sob a primeira Presidência de René Préval. Desde então, milhares de profissionais de
saúde atravessaram o Canal dos Ventos e prestavam assistência médica aos lugares
mais recônditos do Haiti. Consultar Victor Manuel Rodriguez Guevara, Haiti querido:
colaboracion medica cubana, Editorial Pablo de la Torriente, Havana 2003, 107 p.
[121] Janet Reitman, “How the World Failed Haiti”, Rolling Stone, 4 de agosto de
2011.
[122] Ibidem.
[123] Ibidem. A bem informada reportagem de Janet Reitman provocou imensa
confusão no Departamento de Estado e na Usaid. Buscando identificar e reprimir
vazamento de informações, houve uma caca às bruxas. Como era impossível
identificar as fontes dentro do governo americano, decidiram optar por um bode
expiatório. Assim, Clinton exigiu e obteve a exoneração de Alice Blanchet – próxima
colaboradora de Bellerive – da CIRH. Ora, Alice Blanchet não dispunha sequer de
uma fração das revelações contidas na reportagem.
[124] Consultar Andre-Marcel d`Ans, Haiti, paísaje y sociedad, Editora Oriente,
Santiago de Cuba, 2011, p. 263.
[125] Yanick Lahens, op. cit., pp. 87-88.
[126] Le Nouvelliste, 21 de agosto de 2012.
[127] In Le Nouvelliste, « Michaelle Jean: Présidente d`Haïti ? », Porto Príncipe, 25
de março de 2013.
[128] Nora Schenkel, “I Came to Haiti to Do Good...”, The New York Times, 16 de
maio de 2013.
[129] In Le Nouvelliste, 28 de junho de 2013.
[130] Consultar Kim Ives, “Comment Washington et les grandes compagnies
pétrolières se sont battus contre Petrocaribe en Haïti”, Documentos divulgados por
Wikileaks, in Haïti Liberté, vol. 6, n. 51 ,3 de julho de 2013.
[162] Para fazer boa figura se entrevista com o Réseau National de Droits de
l’Homme (RNDDH) o qual, apesar de sua seriedade, não trabalha com temas
eleitorais. Consultar OEA, Rapport Final de la Mission d’Experts de l’OEA pour la
Vérification de la Tabulation des votes de l’élection Présidentielle du 28 novembre
2010 en République d’Haïti, OEA/Ser.G – CP/doc. 4529/11 de 18 de janeiro de 2011.
[163] Antonio José Ferreira Simões, Eu sou da América do Sul, Editora FUNAG,
Brasília, 2012, pp. 114-115.
[164] “Mujica anuncia retirada de soldados uruguaios do Haiti”, in Opera Mundi, 16
de novembro de 2013.
[165] Pesquisa de opinião realizada pela empresa Newlink de Miami. In Le
Nouvelliste, 12 de julho de 2013.