p e c i a l e n e m
es
Enem 3
Os objetivos 3
ProUni e Enem 4
O Enem e as universidades 4
Interdisciplinaridade e contextualização 5
Para ler o mundo 9
Para ler o texto 9
Diagramas e infográficos 9
A matemática nas páginas dos jornais 11
Ler os mapas para ler o mundo 13
A linguagem publicitária 15
Na esteira de fantasias e desejos 15
Persuadir para mobilizar 16
Para mudar comportamentos 16
Persuadir pela emoção 18
Interagindo com a publicidade 19
Tiras e charges: aprendendo por meio da arte 19
Os eixos cognitivos 21
A matriz do Enem 22
Ciências humanas e suas tecnologias 23
Ciências humanas e seus objetos do conhecimento 24
Atividades 25
6.221.697
4.611.441
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação
4.147.527
5.000.000
4.004.715
3.742.827
Nacional (LDB/1996) já propunha profundas trans-
3.584.569
4.500.000
4.000.000 formações no ensino médio, para que, ao concluí-lo,
3.004.491
3.500.000
3.000.000
o aluno fosse capaz de:
1.882.393
1.829.170
1.624.131
1.552.316
2.500.000
2.000.000
I. dominar os princípios científicos e tecnoló-
1.500.000 gicos que regem o atual mundo do traba-
390.180
346.953
1.000.000
lho e da produção;
157.221
500.000
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
II. reconhecer e decodificar as diversas for-
O Enem é diferente da maioria das provas mas contemporâneas de linguagem;
dos vestibulares tradicionais e das avaliações III. d
ominar conhecimentos de filosofia e de
aplicadas no ensino médio. Não se trata de dizer sociologia necessários ao exercício da cida-
que “o Enem é mais fácil ou mais difícil” que as dania.
outras provas, mas com preender por que ele é Foi diante dessa perspectiva que o MEC imple-
diferente. mentou o Enem para todos os alunos concluintes
do ensino médio. É importante, todavia, perceber
Dica: que algumas diretrizes dessa avaliação sofreram al-
terações durante os últimos anos. Nos documentos
Até a época da realização da prova, consulte
que nortearam a primeira versão do Enem (1998),
regularmente o portal do Enem (www.enem.
inep.gov.br) e leia todas as informações dis- o objetivo fundamental era “avaliar o desempenho
poníveis. do aluno ao término da escolaridade básica, para
aferir o desenvolvimento de competências funda-
mentais ao exercício pleno da cidadania”. Preten-
Os objetivos dia, também, alcançar outros objetivos:
Atualmente, os educadores concordam que · oferecer uma referência para que cada estu-
uma sólida formação geral — adquirida na edu- dante pudesse proceder à sua autoavaliação,
cação básica — é absolutamente necessária para visando às escolhas futuras, tanto em relação
a continuidade dos estudos e para a inserção do ao mercado de trabalho quanto à continuidade
indivíduo no mundo do trabalho, cada vez mais dos estudos;
exigente e competitivo. A formação não inclui · estruturar uma avaliação da educação básica
apenas os conteúdos tradicionais das diversas que servisse como modalidade alternativa ou
áreas do saber científico, mas também o desen- complementar aos processos de seleção nos
volvimento de estratégias cognitivas que permi- diferentes setores do mundo do trabalho;
tam enfrentar problemas e tomar decisões em
· estruturar uma avaliação da educação básica
situações cotidianas.
que servisse como modalidade alternativa ou
A velocidade com que a moderna arquitetura complementar aos exames de acesso aos
social se modifica e altera a nossa vida exige que cursos profissionalizantes pós-médios e ao
a educação básica — educação infantil, ensino ensino superior.
· sirva como modalidade alternativa ou comple- A página da Caixa Econômica Federal na inter-
mentar aos exames de acesso aos cursos pro- net (www.caixa.gov.br) traz mais detalhes a res-
fissionalizantes, pós-médios e à educação su- peito do programa de Financiamento Estudantil.
perior;
· possibilite a participação e crie condições de Atenção!
acesso a programas governamentais;
Há bolsas de estudo do ProUni reservadas para
· promova a certificação de jovens e adultos no cidadãos portadores de deficiência e para os
nível de conclusão do ensino médio; que se autodeclaram negros, pardos ou índios.
· promova avaliação do desempenho acadêmico Entretanto, o candidato a essas bolsas deve
das escolas de ensino médio, de forma que também se enquadrar nos demais critérios de
cada unidade escolar receba o resultado global; seleção do programa, como renda familiar e
desempenho no Enem.
· promova a avaliação do desempenho acadê-
mico dos estudantes ingressantes nas institui-
ções de educação superior. O Enem e as universidades
Os objetivos do Enem se tornaram muito mais A partir de 1998, quando foi criado, o Enem
abrangentes e ambiciosos. Natural, portanto, que o passou a ser usado por diversas instituições de
modelo de avaliação também sofresse profundas ensino superior do país como forma de acesso
alterações. aos cursos.
1 Leia e analise textos predominantemente descritivos, como manuais de instrução de jogos ou de aparelhos
eletrodomésticos, e tente executar uma tarefa proposta seguindo as orientações do texto. Em um texto informativo,
selecione e destaque as informações principais e secundárias.
5 Em sitess de busca na internet, procure palavras e expressões, como fontes alternativas de energia,
transformações de energia, hidreletricidade, energia nuclear etc. Analise e interprete diferentes tipos de textos e
comunicações referentes ao conhecimento científico e tecnológico da área.
7 Em revistas e jornais, procure diferentes enfoques de autores que discorram sobre perturbações ou impactos
ambientais e as implicações socioeconômicas dos processos de uso dos recursos naturais, materiais ou energéticos e
tente elaborar argumentos concordantes e discordantes referentes às diversas opiniões.
9 Leia textos sobre a diversidade da vida; identifique padrões constitutivos dos seres vivos dos pontos de
vista
biológico, físico ou químico.
10 Pesquise e escreva sobre situações que contribuem para a melhoria da qualidade de vida
cidade, na defesa da qualidade de infraestruturas coletivas ou na defesa dos direitos do
em sua
consumidor. Elabore um
texto descrevendo as intervenções humanas no meio ambiente, fazendo relação de causa
e efeito e propondo
medidas que poderiam contribuir para minimizar problemas.
15 Como treino da capacidade de argumentação, escreva uma carta solicitando ressarcimento de eventuais
gastos no conserto de eletrodomésticos que se danificaram em consequência da interrupção do fornecimento de
energia elétrica, argumentando com clareza e apresentando justificativas consistentes.
16 Assista a filmes que retratem o teor político, religioso e ético de manifestações da atualidade; compare as
problemáticas atuais e as de outros momentos com base na interpretação de suas relações entre o passado e o
presente.
17 Analise textos e compare os diferentes contextos históricos que contribuíram para o desenvolvimento da
tolerância e do respeito pelas identidades e pela diversidade cultural. Observe as diversas formas de preconceito e
de racismo no cotidiano.
19 Conheça a realidade social e econômica de certo país e elabore uma tabela correlacionando
socioeconômicos com traços distintivos daquele fenômeno histórico-social.
os aspectos
20 Escolha um acontecimento histórico e escreva sobre ele, destacando a relação entre o tempo histórico, o
espaço geográfico e os fatores sociais, políticos, econômicos e culturais constitutivos desse acontecimento.
Posteriormente leia sobre o assunto escolhido, identifique os aspectos que foram observados e reescreva o texto,
completando-o com as informações obtidas pela leitura.
Diagramas e infográficos
As informações podem ser apresentadas em infográficos e diagramas, com ares de “notícia”, em
jornais, noticiários de TV e revistas de circulação nacional.
Veja alguns exemplos.
1 Leia com atenção o infográfico a seguir.
Um “bico” no exterior
O número de brasileiros em intercâmbio de trabalho quadruplicou desde 2002. O crescimento acentuou-se a partir de
2004 por causa da queda na cotação do dólar.
O principal destino são os Estados Unidos, que oferecem um visto
específico para o trabalho temporário.
a) Para onde vai a maioria dos brasileiros que procuram intercâmbio de trabalho fora do país?
b) Dos brasileiros que foram para o exterior em 2005, quantos, aproximadamente, devem ter viajado
para aperfeiçoar a língua estrangeira?
c) No período considerado, entre quais anos ocorreu o maior aumento percentual no número de bra-
sileiros que deixaram o país?
Repare que as respostas estão na própria questão. Entretanto, o aluno precisa saber ler e interpretar
o que está escrito; precisa ser capaz de separar as informações importantes das informações supérfluas;
precisa diferenciar o que é relevante do que é desnecessário.
No exemplo apresentado, a resposta do item a está lá no enunciado: é para os Estados Unidos que vai
a maioria dos brasileiros que se dirigem ao intercâmbio no exterior.
O item b pergunta quantos brasileiros, em 2005, foram ao exterior para aperfeiçoamento em língua
estrangeira. Segundo o texto, foram 9.000 os brasileiros que deixaram o país no ano de 2005, em inter-
câmbio de trabalho. Como mostra a tabela, 70% destes o fizeram em busca de aperfeiçoamento em uma
língua estrangeira, portanto 70% de 9.000 pessoas, ou seja, 6.300 pessoas.
Já o item c pergunta quando ocorreu o maior aumento percentual do número de brasileiros que pro-
curaram intercâmbio no exterior no período considerado. De 2002 para 2003, o número saltou de 3.700
2 Observe o infográfico e responda.
TAM 11 TAM 19
Varig 10 Varig 22
a) Das empresas aéreas listadas (Gol, TAM e Varig), qual é aquela cujos aviões voavam mais horas por dia?
b) Das empresas aéreas listadas (Gol, TAM e Varig), qual apresentava maiores custos por passageiro,
por quilômetro voado?
c) Que correlação se nota entre os parâmetros apresentados (horas voadas e custo por passageiro)?
O item a quer saber qual é a empresa cujos aviões voavam mais horas por dia. Basta ler atenta-
mente e “decifrar” adequadamente as informações das tabelas. São os aviões da empresa Gol, que
voavam 14 horas por dia, enquanto os da TAM voavam 11 horas e os da Varig voavam 10 horas.
Por sua vez, o item b pergunta qual empresa tinha os custos mais elevados por passageiro e por qui-
lômetro percorrido. E delas, a que apresentou os custos mais elevados foi a Varig (R$ 22,00 por passageiro,
por quilômetro percorrido), contra R$ 19,00 da TAM e R$ 17,00 da Gol.
Finalmente, o item c pergunta sobre a correlação entre os dois parâmetros anteriores. O que
se nota é que são inversamente proporcionais; em outras palavras, quanto menos horas os aviões
da companhia voavam por dia, maiores eram os custos operacionais (reais por passageiro e por
quilômetro percorrido).
3 Analise os dados apresentados no infográfico a seguir.
Uma pesquisa feita nos Estados Unidos Quem procura informações na internet sobre saúde…
mostra que 75% das pessoas que … consulta … afirma que … questiona … conta … cogita
buscam informações sobre doenças e no mínimo o que lê muda seus médicos aos amigos desistir de
tratamentos médicos na internet não dois sites sua visão de com base no o que leu ir ao
checam se as fontes dos sites são uma doença que leu na nos sites médico
confiáveis. A maioria dos entrevistados ou de um internet
disse que usa os dados obtidos na rede tratamento
para questionar seus médicos.
72% 58% 54% 51% 35%
Qual é, aproximadamente, a porcentagem de pessoas que, depois de consultarem no mínimo dois
sites, cogitam desistir de ir ao médico?
a) 25% d) 58%
b) 35% e) 72%
c) 54%
10
· Das pessoas que procuram informações sobre 25,7
pessoas que cogitam desistir de ir ao médico, 72% 18,3
16,1
delas consultaram ao menos dois sites. Sem dificul-
13,2
dades, concluímos que 35% de 72% (ou seja, 0,35 ∙ 2002 2003 2004 2005 2006 2007
0,72) são aproximadamente 25%.
Assinalamos, então, a alternativa a. Fonte: Adaptado de Folha de S.Paulo.
Música de Os gráficos de setor a seguir mostram a distri-
8%
vários tipos
buição e a origem dos principais poluentes atmos-
Rap 7% féricos.
Tecno 6%
Distribuição
Metal 6%
MPB 5%
Música
internacional 3%
Clássica 2%
11
à esquerda; a variação de temperatura é indicada 15
10
por uma linha sinuosa contínua, e seus valores es-
5
tão à direita. Observa-se que a temperatura duran-
0
te o ano em Brasília apresenta ligeira queda no 1970 1980 1990 2000
inverno, o qual é bastante seco, com índices plu- Petróleo Hidreletricidade
viométricos muito baixos. O verão é chuvoso. Em Gás natural Cana-de-açúcar
Palermo (Itália), a temperatura sofre maiores va- Fonte: Ministério de Minas e Energia.
riações, elevando-se consideravelmente no verão Sinopse Estatística, 2000.
(de julho a setembro), período com menos chuvas.
IV. O gráfico abaixo foi apresentado em uma
Brasília (DF) — Brasil Palermo — Itália
prova do Enem. Ele compara o número de homicídios
Pluviosidade Temperatura Pluviosidade Temperatura
(mm) (°C)
por grupo de 100.000 habitantes entre 1995 e 1998
(mm) (°C)
400 40 nos EUA, em estados com e sem pena de morte.
400 40
300 30 Com
300 base no gráfico, pode-se 30afirmar — ao
contrário do que se poderia esperar — que, no pe-
200 20 200 20
ríodo considerado, os estados com pena de morte
100 10 apresentaram taxas maiores de homicídios.
100 10
Palermo — Itália 30
30 300 30
0
1995 1996 1997 1998
20 200 20 Estados com pena de morte Estados sem pena de morte
10 100 10
Muitas vezes, por motivos diversos, os gráficos
0 0 0 são apresentados de forma que induzam a uma
D J F M A M J J A S O N D
leitu ra equivocada ou distorcida a respeito do fato
Fonte: Leda Ísola e Vera Caldini. Atlas geográfico Saraiva. a ser analisado. Veja este curioso exemplo:
12
30.874
A projeção de Mercator, por exemplo, distorce
a proporção do tamanho dos continentes, mas man-
tém correta a forma (contor no). Quanto ao aspecto
ideológico, a projeção de Mercator reforça uma visão
30.163
eurocêntrica — a Europa como o centro do mundo.
26/9 27/9 28/9 29/9 30/9 3/10 4/10 5/10
Repare o tamanho proporcional da Europa e da
O diário recifense Jornal do Commercio estam- América do Norte em relação à América do Sul e à
pava: “Crise política esfria e segue sem afetar a África. Na projeção de Mercator, à medida que se
economia”, e a notícia também era acompanhada afastam da linha do Equador, as massas continentais
em médias e altas latitudes apresentam tamanho
por um gráfico. Veja a seguir.
distorcido, desproporcionalmente maior.
PROJEÇÃO DE MERCATOR
31.141 31.283 160° 120° 80° 40° 0° 40° 80° 120° 160°
31.583 31.856
30.874 31.317 31.208 30.163
70°
Ibovespa
40°
Compare as manchetes: uma transmite incer-
40°
teza; a outra, aparente tranquilidade. Agora, obser-
ve os gráficos: o primeiro dá ideia de “catástrofe
iminente”, com redução acentuada do indicador 70°
econômico considerado (no caso, o Ibovespa, índi-
ce da Bolsa de Valores de São Paulo); já o segundo Fonte: Atlas 2000: la France et le monde.
sinaliza estabilidade. Paris: Nathan, 1998.
13
PROJEÇÃO
OCEANO DE PETERS
160° 120° 80°
PACÍFICO0°
40° 40° 80° 120° 160°
60°
40°
Tóquio
wich
DO NORTE ORIENTAL
NORTE
Green
0°
rnio
icó
de
r
ap
dor
no
Washington
dia
Equa
eC
od
ri
Me
CARIBE OCEANO
c
Trópi
20°
AMÉRICA Bruxelas ÍNDICO
EUROPA
DO OCEANO
SUL ATLÂNTICO
40°
ÁFRICA
60°
OCEANO
PACÍFICO
Tóquio
Trópico de Câncer
POLO
AMÉRICA MAGNÉTICO ÁSIA
DO
wich
DO NORTE ORIENTAL
NORTE
Green
rnio
icó
de
r
ap
dor
no
Washington
dia
Equa
eC
od
ri
Me
CARIBE OCEANO
c
Trópi
14
use o boticário
e ponha o lobo mau
na coleira.
15
Fundação S.O.S. Mata Atlântica/FNAZCA
O objetivo, explícito, dessa propaganda é a preservação da natureza. Nessa peça publicitária, os ele-
mentos visuais são recursos importantes na persuasão: o tronco de uma árvore revela um nó da madeira
que assume a forma de um olho, imagem que corrobora a frase principal (“Eu vi os troncos que você
serrou.”). Assim, a própria natureza é testemunha da destruição provocada pelo ser humano. Ela, porém,
nada pode fazer.
Os textos verbal e não verbal provocam um desconforto no leitor, fazendo-o sentir-se responsável
tanto pela destruição como pela solução que deve ser dada ao problema, já que ele é parte da socieda-
de e parte interessada. O objetivo da propaganda é atingido, na medida em que esse mal-estar possa
provocar uma reação positiva do leitor na preservação da natureza.
16
2.823 mortos.
824
2.823milhões
mortos.de
subnutridos no mundo.
2.823 mortos.de
824 milhões
subnutridos
824 milhões no
de mundo.
O mundo se uniumundo.
subnutridos no
contra
O mundoo terrorismo.
se uniu
Devia
contrafazer o mesmo
o terrorismo.
O mundo
contra a se uniu
fome.
Devia fazer o mesmo
contra o terrorismo.
contrafazer
Devia a fome.
o mesmo
contra a fome.
AGE Comunicações
2.823 mortos.
630
2.823milhões
mortos.de
miseráveis no mundo.
2.823 mortos.de
630 milhões
630 milhõesnodemundo.
miseráveis
miseráveis
O mundo senouniu
mundo.
contra
O mundoo terrorismo.
se uniu
Devia
contrafazer o mesmo
o terrorismo.
O mundo
contra a se uniu
pobreza.
Devia fazer o mesmo
contra o terrorismo.
contrafazer
Devia a pobreza.
o mesmo
contra a pobreza.
AGE Comunicações
2.823 mortos.
36 milhões
2.823 de
mortos.
infectados
36 milhõesno
demundo.
2.823 mortos.
infectados
36 milhõesnode mundo.
infectados
O mundo se nouniu
mundo.
contra o terrorismo.
O mundo se uniu
Devia
contra fazer o mesmo
o terrorismo.
O mundo
contra se uniu
a aids.
Devia fazer o mesmo
contra o terrorismo.
contrafazer
Devia a aids.
o mesmo
contra a aids.
17
NBS/GNT
Ele ainda não era nascido
Quando um brasileiro muito criativo inventou Quem vai explicar: você ou a vida?
a porta de correr, o relógio de pulso e o avião.
18
mentiras; ela pode induzir, mas não enganar. Uma
leitura atenta que se faça dos textos publicitários é
sempre um bom caminho para compreendê-los na
sua totalidade, incluindo as informações implícitas.
Essa experiência de leitura deve ser adquirida
e reforçada no ambiente propício que é a sala de
aula, por meio de discussões e troca de conheci-
mentos, uma vez que as diversas áreas do saber
permeiam os textos publicitários.
19
LAERTE
Muitas cartilhas são feitas por meio dos qua- como também pelo provável desconhecimento dos
drinhos, para falar sobre assuntos polêmicos e fatos nela contidos.
importantes, como aids, dengue, drogas, desma- Observe a charge abaixo.
tamento, desperdício de água e energia, poluição
etc. Com outros meios, dificilmente atingiriam sen-
sivelmente tantas pessoas.
Já a charge, texto que possui características pe-
culiares, exige um pouco mais de quem a lê: trata de
um assunto atual e pontual, normalmente relacio-
nado à política ou à economia. As personagens são
caricaturizadas; sua linguagem é informal, bastante
concisa e adequada à personagem e ao contexto.
A charge reaviva a memória e a história. Como
seu “prazo de validade” é curto, exige do leitor um
acompanhamento dos fatos: o que aconteceu, onde,
como, quando e quem está envolvido. Quem estiver
desprovido dessas informações, dificilmente entende-
rá a charge, seja no que ela tem de explícito, seja no
que tem de implícito. Um leitor de 18 anos, hoje, difi- Para compreendê-la, é necessário saber o que
cilmente conseguirá ler corretamente uma charge de é “B4” ou a que ele se refere. O número ao lado da
20 anos atrás, não somente pela distância no tempo, letra B indica a porcentagem de mistura de biodie-
20
Os eixos cognitivos
O Enem está estruturado em cinco grandes eixos lugar do fusível queimado e — eureca! — os faróis
cognitivos, os mesmos para as quatro áreas do co- voltam a funcionar.
nhecimento. Até a edição de 2008, esses eixos cogni-
tivos compunham as cinco competências gerais. Atenção!
Afinal, o que são essas “competências”? Improvisar também é arriscado. Aliás, sem ter
verificado a razão da sobrecarga que fez queimar
Imagine a seguinte situação: você está dirigin- o fusível, não se pode excluir a possibilidade de
do um automóvel, à noite, por uma estrada que que o “quebra-galho” feito com o clipe de metal
une duas cidades. De repente, os faróis se apagam. acabe por provocar um curto-circuito.
Você se encontra em uma autêntica situação-pro-
blema. Como resolvê-la, contando apenas com os
Para resolver a situação-problema apresentada,
recursos disponíveis?
você precisou usar conhecimentos científicos com os
Em primeiro lugar, você analisa a situação, res- quais entrou em contato durante sua vida escolar,
pondendo a algumas questões, e a primeira delas sendo o mais relevante a informação de que metais
deve ser: por que os faróis se apagaram? são bons condutores de eletricidade.
Você levanta algumas hipóteses, que serão O que estava em jogo não eram apenas
confirmadas ou refutadas. Será que a bateria está conhecimentos, mas determinadas compe-
sem carga? Não, pois você verifica que outros equi- tências, por meio das quais você conseguiu es-
pamentos elétricos, como a buzina e o rádio, estão tabelecer relações entre situações, fatos, infor-
funcionando normalmente. Será que a lâmpada mações, pessoas etc.
está queimada? Essa hipótese também não pare-
Chama-se competência a capacidade de agir
ce boa, pois os dois faróis apagaram-se simulta-
eficazmente em determinado tipo de situação,
neamente. Nesse momento, você percebe que a
apoiada em conhecimentos, mas sem se limitar a
causa do problema pode ser um fusível queimado.
eles. Veja que foi fundamental saber que “metal
Olhando os fusíveis, você constata que, de fato, um
conduz eletricidade” (esse é um conhecimento),
deles está com o filamento metálico interrompido,
mas só o domínio dessa informação não seria su-
o que ocorre em situação de sobrecarga elétrica.
ficiente. Você empregou uma certa competência e
Com o diagnóstico feito, como resolver o pro- fez a correlação que o tornou capaz de agir efi-
blema? Você não traz consigo fusíveis de reserva, cazmente nessa situação, apoiado em um conheci-
mas encontra um clipe de metal, desses usados para mento, mas sem se limitar a ele. As competências
prender papéis. Desfazendo as dobras do clipe, você não são, em si, conhecimentos, mas são elas que
o transforma em um “fio” improvisado, coloca-o no mobilizam, utilizam e integram os conhecimentos.
21
22
23
24
25
C1 • H1
3. Samuel Clarke foi um filósofo moral
inglês, que discute no trecho citado 3 A regra da integridade diz que, em particular, devemos tratar
(incluído na coletânea “Filosofia moral todo e qualquer homem em circunstâncias análogas às que
britânica”, editora da Unicamp, 1996, p. podemos razoavelmente esperar que ele nos trate; e que, em
56) imperativos da conduta dentro da
religião natural, que para ele não era geral, nos empenhamos, por uma benevolência universal, em
revelada, mas consequente à Razão. O promover o bem-estar e a felicidade de todos os homens.
objetivo da questão é conduzir o aluno
à leitura de um pequeno trecho de CLARKE, Samuel. Um discurso sobre religião natural.
Filosofia, extraindo dele os argumentos Campinas: Editora da Unicamp, 1996.
principais. A única alternativa que
apresenta conceitos que podem resumir Nesse trecho, o filósofo inglês Samuel Clarke aponta para duas
as ideias de Clarke, no trecho, é b.
condutas que caracterizam a moral moderna, a saber:
a) a resignação ao destino e a hierarquia.
X b) a igualdade e a solidariedade.
c) o amor-próprio e a qualidade de vida.
d) a liberdade e a inteligência.
e) a religião e a felicidade.
26
C1 • H1
27
C1 • H2
28
C1 • H2
29
C1 • H1
9. Dentro do chamado pragmatismo
intelectualista, Pierce está aqui
9 Há uma diferença prática entre dúvida e crença. Nossas
crenças guiam nossos desejos e conformam nossas ações.
preocupado em discernir aspectos
positivos da crença como um passo A certeza de acreditar é uma indicação segura do estabe-
fundamental, ao lado da dúvida, para lecimento em nossa natureza de um hábito que determina
as ações humanas, especialmente
científicas e filosóficas. A alternativa que nossas ações. A dúvida não produz tal efeito. A dúvida é um
apresenta corretamente o que se pode estado de desconforto e insatisfação do qual lutamos para
inferir do texto é a e. As alternativas a e d
eliminam o papel da dúvida; a alternativa nos libertar e passar ao estado de crença; enquanto este
b inverte o papel da dúvida. Já a último é um estado calmo e satisfatório que não desejamos
alternativa c não apresenta fundamento
no trecho (é até ilógico pensar em evitar, ou alterar por uma crença noutra coisa qualquer. As-
liberdade mais pela crença do que pela sim, tanto a dúvida como a crença têm efeitos positivos so-
dúvida).
bre nós, embora muito diferentes. A crença não nos faz agir
imediatamente, mas coloca-nos numa posição em que nos
comportaremos de certa forma, quando surge a ocasião. A
dúvida não tem qualquer efeito deste tipo, mas estimula-nos
a agir até que é destruída.
PIERCE, Charles S. A fixação da crença. Trad. Anabela G. Alves.
Washington: Popular Science, v. 1, n. 12, 1877.
30
10 Ignorar é não saber alguma coisa. A ignorância pode ser 10. A questão visa avaliar a compreensão
do trecho no qual a filósofa faz
tão profunda que sequer a percebemos ou a sentimos, isto distinção entre estados de ignorância
é, não sabemos que não sabemos, não sabemos que ignora- e incerteza – esta última caracterizada
por colocar em dúvida as crenças e
mos. A incerteza é diferente da ignorância porque, na incerteza, opiniões. O aluno deverá associar
descobrimos que somos ignorantes, que nossas crenças e opi- corretamente a suspensão dos juízos à
dúvida, alternativa d.
niões parecem não dar conta da realidade, que há falhas na-
quilo em que acreditamos e que, durante muito tempo, nos
serviu como referência para pensar e agir. Na incerteza não
sabemos o que pensar, o que dizer ou o que fazer em certas
situações ou diante de certas coisas, pessoas, fatos, etc.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia.
São Paulo: Ática, 2006.
C3 • H12
31
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13. Embora a tradição filosófica ocidental
tenha feito do diálogo filosófico 13 Arjuna: Ó Krishna, quem é o Ser Eterno ou o Espírito?
um instrumento intramundano de Qual a natureza do Ser Eterno? O que é karma? O que são
conhecimento, com os escritos de os seres imortais? E quem são os Seres Divinos? Quem é o
Platão e seus sucessores, marcando
questões essencialmente humanas, Ser Supremo, e de que modo Ele reside no corpo? Como
é possível fazer um paralelo com a pode Você, o Ser Supremo, ser lembrado na ocasião da
filosofia hindu antiga, que se estabelece
sempre como o diálogo entre deuses e morte, por aqueles que possuem o controle sobre suas
humanos. mentes, ó Krishna?
A alternativa c aponta para essa
confluência. As alternativas a e e Krishna: O eterno e imutável Espírito do Ser Supremo é
reproduzem juízos precipitados sobre
a ontologia e a epistemologia hindu, chamado de Ser Supremo ou o Espírito. O poder inerente da
em franca contradição com o trecho. A cognição, e desejo do Ser Eterno, é chamado de natureza ou
alternativa b é igualmente contraditória
com o próprio fragmento. Finalmente, Ser Eterno. O poder criativo do Ser Eterno que causa a mani-
a alternativa d omite o aspecto festação das entidades vivas é chamado de karma.
profundamente aristocrático da filosofia
grega, que permitiu, por exemplo, a Bhagavad Gita, cap. 8. In: The Mahabharata of Krishna – dwaipayana Vyasa.
Aristóteles conceituar a escravidão
como natural aos povos bárbaros – do
mesmo modo que na Índia os brâmanes
O Bhagavad Gita é um trecho do longo poema hindu Mahabharata
têm, mesmo nos escritos filosóficos, (que foi escrito entre o terceiro e o oitavo século antes de Cristo).
prerrogativas especiais.
Estabelece-se como um diálogo entre o guerreiro brâmane
Arjuna e o deus Krishna. Em relação aos diálogos filosóficos da Grécia
Antiga, que estabeleceram as bases da Filosofia ocidental, uma
diferença que pode ser notada nesse excerto é:
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14. A peça As nuvens, de Aristófanes, faz
14 Na Grécia Antiga, o diálogo não era o método privilegiado do dis- grande escárnio da filosofia socrática.
curso filosófico. Ele estava presente também em outras manifes- Na peça, Sócrates aparece como um
tações culturais, como o teatro. O trecho seguinte é extraído da fantasista, pronto a ensinar truques
verbais e práticas sem ética para seus
peça As nuvens, de Aristófanes, que traz como personagem o fi- discípulos. No trecho selecionado,
lósofo Sócrates: primeiro encontro de Estrepsíades com
Sócrates, o primeiro já pede a Sócrates
Estrepsíades: Então venha, Sócrates, desça aqui para ensi- para lhe ensinar “a falar”; Sócrates
promete torná-lo “escovado na fala”, um
nar-me aquilo que vim procurar... charlatão. A alternativa que apresenta
a correta interpretação do trecho é,
Sócrates: Mas a que veio você? portanto, c. As demais alternativas não
aparecem no trecho.
Estrepsíades: Porque desejo aprender a falar. Com efeito,
estou sendo saqueado, pilhado e penhorado nos meus bens,
por credores e juros muito cacetes...
Sócrates: E como você não percebeu que se endividava?
Estrepsíades: Foi uma doença de cavalos que me arruinou,
terrível, devoradora... Mas ensine-me o outro dos seus dois
raciocínios, aquele que não devolve nada. Pelos deuses, juro
pagar-lhe qualquer salário que você cobrar! […]
Estrepsíades: O que é que ganho eu com isso?
Sócrates: Tornar-se-á escovado na fala, charlatão, uma flor
de farinha!
ARISTÓFANES. As nuvens. Pequena Biblioteca Difel, textos greco-latinos III.
Trad. Gilda Maria Real. São Paulo: Difel, 1967.
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?
pré-programado; também não se pode
avaliar a consciência, muito menos a
intencionalidade. O teste tampouco visa
aferir a capacidade matemática, pois
ficaria evidente que a máquina não se
comporta como ser humano.
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Scala, Florence – Ernst, Max/Licenciado por AUTVIS, Brasil, 2010. (Metropolitan Museum of Art, New York, EUA)
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20 [...] O gene, a molécula de DNA, por acaso é a entidade 20. Richard Dawkins é um polêmico biólogo
contemporâneo, que propôs a teoria
replicadora mais comum em nosso planeta. Poderá haver
do gene egoísta: sinteticamente, essa
outras. Se houver, desde que certas outras condições sejam teoria diz que os genes são unidades
satisfeitas, elas quase inevitavelmente tenderão a se tornar a básicas da evolução e propagação
(replicadores). Estendeu suas ideias
base de um processo evolutivo. [...] Acho que um novo tipo para o comportamento não biológico,
de replicador recentemente surgiu neste próprio planeta. [...] através dos memes, replicadores
culturais. Separa claramente genes
O novo caldo é o caldo da cultura humana. Precisamos de e memes, os primeiros atuantes na
um nome para o novo replicador, um substantivo que trans- esfera biológica, os segundos, na esfera
do comportamento e das ideias. A
mita a ideia de uma unidade de transmissão cultural, ou uma proposição I, portanto, está incorreta.
unidade de imitação. Mimeme provém de uma raiz grega A proposição II indica corretamente a
distinção dessas esferas. Finalmente,
adequada [...]. Espero que [...] me perdoem se eu abreviar a proposição III indica a propriedade
mimeme para meme. [...] comum entre ambos, a capacidade de
replicação. A alternativa que indica a
Exemplos de memes são melodias, ideias, slogans, modas correta verificação das proposições é,
portanto, b.
do vestuário, maneiras de fazer potes ou construir arcos. Da
mesma forma como os genes se propagam [...] pulando de
corpo para corpo através de espermatozoides ou dos óvulos,
da mesma maneira os memes propagam-se [...] pulando de
cérebro para cérebro por meio de um processo que pode ser
chamado, no sentido amplo, de imitação.
DAWKINS, Richard. O gene egoísta.
São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
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21 Então Heráclito acha que as coisas que temos ante nós não são
nunca, em nenhum momento, aquilo que são no momento
anterior e no momento posterior; que as coisas estão mudando
constantemente; que quando nós queremos fixar uma coisa e
definir sua consistência, dizer em que consiste esta coisa, ela já
não consiste no que consistia um momento antes.
MORENTE, M. García. Fundamentos de Filosofia.
São Paulo: Mestre Jou, 1967.
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na cosmologia que antecederam
ou sucederam Copérnico: no caso
da alternativa b, é preciso lembrar
que o sistema heliocêntrico nada
dizia sobre a finitude do universo
e as órbitas elípticas; do mesmo
modo a alternativa e remete a um
atributo do universo que já era tido
por certo em Aristóteles. Mais do que
saber precisar essas contribuições às
cosmologias, espera-se que o aluno
perceba o impacto fundamental
do heliocentrismo em deslocar a
Terra de sua posição privilegiada no
pensamento astronômico, o que se
indica na alternativa d.
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28. A questão avalia a capacidade de leitura 28 Em toda parte onde se manifesta uma regra podemos ter
e compreensão do texto, oriundo de certeza de estar numa etapa da cultura. Simetricamente, é fácil
uma matriz diferente do conhecimento – reconhecer no universal o critério da natureza. Porque aquilo
a Antropologia estruturalista de Lévi-
-Strauss. No capítulo “Natureza e que é constante em todos os homens escapa necessariamente
cultura” de sua tese de doutorado, ao domínio dos costumes, das técnicas e das instituições pelas
publicada como livro (As estruturas
elementares do parentesco), Lévi-
quais seus grupos se diferenciam e se opõem. Na falta de aná-
-Strauss estabelece como critério de lise real, os dois critérios, o da norma e o da universalidade,
diferenciação entre natureza e cultura
a universalidade do comportamento
oferecem o princípio de uma análise ideal, que pode permitir
contra a particularidade de regras. isolar os elementos naturais dos elementos culturais que inter-
A alternativa que faz a correta vêm nas sínteses de ordem mais complexa. Estabeleçamos,
associação é b.
pois, que tudo quanto é universal no homem depende da or-
dem da natureza e se caracteriza pela espontaneidade, e que
tudo quanto está ligado a uma norma e pertence à cultura apre-
senta os atributos do relativo e do particular.
LÉVI-STRAUSS, Claude. As estruturas elementares do parentesco.
Rio de Janeiro: Vozes, 2009.
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32 Diferentes suportes materiais para a comunicação – mídias – en- 32. Espera-se que o aluno consiga notar
as confluências entre linguagens e
gendram diferentes conteúdos das mensagens comunicadas. Há
suportes que cada período histórico
uma interação: o suporte permite possibilidades específicas de propicia. É flagrante a contradição
comunicação e uso da linguagem, ao mesmo tempo que o tipo na primeira proposição, tanto
porque a televisão sempre recorreu a
de mensagem a ser transmitida engendra a invenção e adequação preparativos diversos como porque
de suportes apropriados. sempre foi um meio valorizado de
comunicação. A segunda proposição
Avalie as seguintes proposições acerca dessa interação entre explica-se por si própria, e é frequente
notar-se, nas pedras gravadas da
mensagem e suporte: Antiguidade, a ausência de espaços
entre palavras e o mínimo possível
I. Ausência de ensaios, roteiros e scripts nas gravações te- de sinais. Já a terceira proposição
levisivas, por se tratar de um meio menos valorizado de retoma, desde o telegrama até os
comunicação. dispositivos correntes, a necessidade de
reduzir o uso de signos para transmitir
II. Ausência de sinais de pontuação e espaços entre palavras mensagens em tecnologias que limitam
seu tamanho. A interpretação textual
em suportes de difícil inscrição, como as pedras gravadas na conduz à alternativa c.
Antiguidade.
III. O uso de abreviaturas e economia de palavras por meio do
emprego de tecnologias eletrônicas com limites de transmis-
são de caracteres, como o telegrama, as mensagens de celular
e os microblogs.
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33. A linguística estruturalista, que tem
como um dos fundadores Ferdinand de
33 O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra,
Saussure, foi um paradigma vital para o
mas um conceito e uma imagem acústica. Este não é o som
pensamento do século XX, alastrando-se material, coisa puramente física, mas a impressão psíquica
por áreas do conhecimento que
estão além do estudo dos signos da
deste som, a representação que dele nos dá o testemunho
linguagem oral ou escrita. O trecho do dos nossos sentidos; tal imagem é sensorial. Propomo-nos
famoso curso, no qual Saussure assenta
os fundamentos dessa linguística,
conservar o termo signo para designar o total, e a substituir
encontra-se no capítulo “Natureza do conceito e imagem acústica respectivamente por significado
signo linguístico” (na edição da Cultrix,
1970, à página 79); aí Saussure propõe
e significante. O laço que une o significante ao significado
a diferenciação entre significado é arbitrário.
e significante, como duas faces da
mesma moeda, que é o signo. SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral.
A correta interpretação do trecho indica São Paulo: Cultrix, l970.
a alternativa b. As demais alternativas
possuem correlações incorretas. Nesse trecho (publicado postumamente por seus alunos, em
1916), Saussure propõe o chamado modelo diádico do signo. Esse
modelo é constituído:
a) por um signo composto de som (materialidade) e impressão
psíquica (imaterialidade).
X b) por um signo composto de significado (conceito) e significante
(forma ou imagem).
c) por um significado composto de signo (totalidade) e signifi-
cante (imagem).
d) por um conceito composto de significado (imagem acústica) e
significante (arbitrariedade).
e) por um signo composto de signo (totalidade) e significante
(forma ou imagem).
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Getty Images
por experiências interessantes nas
pesquisas sobre a possibilidade de
comunicação com seres de outros
planetas. A Agência Espacial Norte-
-Americana (Nasa) tem dispendido
recursos na tentativa de comunicar-se
com outros mundos. Além da placa
da sonda Pioneer 10, podem ser
mencionadas as mensagens enviadas
por radiotelescópios – como a
famosa mensagem de Arecibo que,
dirigida para um ponto do universo
extremamente “denso” em planetas,
carregava um código binário com
informações semelhantes àquelas
das placas.
Os que se posicionam contra essas
iniciativas argumentam acerca da
impossibilidade de que a linguagem
humana faça sentido para outro
ser vivo (c). O famoso historiador e
teórico de arte Ernest Gombrich, por
exemplo, aponta a dificuldade que um
símbolo como a seta poderia ter para
ser compreendido por povos que não
praticam a caça. Do mesmo modo,
a placa concentra-se em realizações Placa lançada ao espaço pela Nasa na sonda Pioneer 10, em 1972.
próximas ao campo da Astronomia
e da Física (a estrutura molecular do Dentre as críticas que podem ser feitas à placa, não caberia:
hidrogênio, a posição do Sol na galáxia
e o Sistema Solar), carregando apenas a) Concentra-se demais nas conquistas científicas, deixando pouco
parte da cultura humana (a).
Além disso, um breve esforço de
espaço para outras manifestações culturais.
imaginação revela que os símbolos b) Há uma hierarquia entre o homem ativo (à esquerda e com o
sobrepostos seriam indistinguíveis,
caso não soubéssemos de antemão “o braço levantado) e a mulher passiva.
que procurar” no desenho (e). Por fim,
os seres humanos estão representados c) Pode ser incompreensível para extraterrestres, pois está calca-
em postura tipicamente paternal, com da em simbologia que pode não ser inteligível para eles.
a mulher passiva “esperando” que o
homem acene ao suposto alienígena X d) Privilegia representações culturais norte-americanas, legando
(b). Não cabe a crítica de que os
símbolos representados pertençam
ao restante do mundo um papel secundário.
à cultura norte-americana, pois
representam características objetivas
e) Sobrepõe os elementos, tornando a diferenciação destes difícil
universais. Assim, o aluno deve assinalar para o olhar que não está acostumado a essas figuras.
a alternativa d.
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36. É possível desvendar em letras de
música questões de interesse para os 36 Eu devia agradecer ao Senhor por ter tido sucesso na vida
diversos campos de conhecimento como artista. Eu devia estar feliz porque consegui comprar um
das humanidades. Nestes versos, o Corcel 73. Eu devia estar alegre e satisfeito por morar em Ipa-
compositor está dirigindo uma crítica
aberta ao consumismo (alternativa nema, depois de ter passado fome por dois anos aqui na Cida-
c). As demais alternativas são de Maravilhosa […] Eu que não me sento no trono de um
interpretações errôneas de outros
trechos da música. apartamento, com a boca escancarada cheia de dentes, espe-
rando a morte chegar.
SEIXAS, Raul. Ouro de Tolo. LP Krig-Ha, Bandolo,
Gravadora Phillips, 1973.
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37 Mais do que em qualquer outro lugar torna-se aí percep- 37. A partir de um anúncio publicitário
tível a convivência entre um sistema subjetivo de necessida- (“Chevrolet 3 portas”, GM do Brasil,
1962), procura-se nesta questão
des e um sistema objetivo de produção. […] Segundo o há- ressaltar o fetichismo da mercadoria,
bito que se tem dele e de suas características, o carro em consonância com a crítica ao
consumo proposta por Baudrillard
igualmente se presta tanto a um investimento de poder em O sistema dos objetos. Ele sempre
quanto de refúgio. O veículo é antes de tudo objeto de ma- atentou à esfera do consumo,
buscando desenvolver uma
nipulação, desvelo, fascinação. compreensão da economia política
por trás da aquisição de produtos e
BAUDRILLARD, Jean. O sistema dos objetos. prestígio, nas sociedades capitalistas.
São Paulo: Perspectiva, 2000. O anúncio escolhido é antigo e denota
uma transição para a propaganda
Jean Baudrillard aponta, nesse trecho, que por trás da compra e extremamente fetichista que vemos
nos dias atuais. Contém ainda
posse de automóveis há a satisfação de necessidades psíquicas descrições técnicas e objetivas sobre
profundas, que nada tem a ver com a função principal do carro. o produto carro – suas características
funcionais adequadas (b e e), a
Das frases a seguir, retiradas de uma propaganda de um utilitário facilidade de manutenção (a), ou seu
(caminhonete), assinale a que mais se presta aos fins de “mani- desenho propício ao uso a que se
destina – é uma caminhonete (d).
pulação, desvelo e fascinação” de que fala o filósofo. No entanto, a alternativa c destoa das
demais, por dispor informações que
a) Mais de 320 concessionárias no país garantem a reposição de não se relacionam à função principal
peças por mecânicos treinados. do veículo, vendo-se aí o seu pretenso
glamour.
b) Consome pouca gasolina, como veículos de motor com baixa
potência.
X c) Elegante à noite – você se sente o máximo levando a família
ao cinema ou jantares.
d) Transporta mais mercadorias por viagem: até 750 quilos de
carga.
e) Possui estável chassi e freios de ação instantânea.
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39. As preocupações com o chamado
“consumo verde” têm vindo à
tona com a percepção do impacto 39 O chamado consumo verde indica a adoção, por parte dos consu-
ambiental causado pelas indústrias midores, de hábitos de compra condicionados às questões am-
e agropecuária. Estabeleceu-se uma bientais que se tornam prementes no mundo contemporâneo.
série de preceitos que visam diminuir
os impactos causados pelo consumo Entre os seguintes hábitos, não diz respeito ao consumo verde:
humano sobre o meio ambiente, não
só no que diz respeito às técnicas de a) a preferência por produtos biodegradáveis.
produção, como também em torno de
uma ética mais transparente por parte X b) a aquisição de alimentos geneticamente modificados.
dos empresários para com os indivíduos
envolvidos na produção. Certamente
c) a rejeição de produtos agropecuários produzidos com auxílio
uma preocupação dos ambientalistas é de pesticidas.
o cultivo dos alimentos geneticamente
modificados, rejeitados pelas práticas d) a escolha de produtos orgânicos para o consumo.
de consumo verde (alternativa b), pois
ainda não se avaliou o impacto dos e) o questionamento quanto ao tratamento dos resíduos conta-
transgênicos na natureza. minantes pelas indústrias.
50
40 Wilhelm Wood, 9 anos de idade, tinha 7 anos e 10 meses 40. Nesta questão interdisciplinar,
espera-se que o aluno saiba associar
quando começou a trabalhar. Desde o começo, ele ran moulds
corretamente o tema da exploração do
(levava a peça modelada à câmara de secagem e trazia de volta trabalho infantil no contexto histórico
depois a fôrma vazia). Chega todos os dias da semana às 6 horas da Revolução Industrial com seus
desdobramentos contemporâneos.
da manhã e para por volta das 9 horas da noite. “Eu trabalho Se outrora essa exploração ocorria
todos os dias da semana até as 9 horas da noite. Assim, por na Inglaterra, hoje foi deslocada
para a periferia econômica do
exemplo, durante as últimas 7 a 8 semanas.” Portanto, 15 horas mundo globalizado. Destacam-se
de trabalho para uma criança de 7 anos! negativamente pela exploração do
trabalho infantil países como a Índia e
MARX, Karl. O capital. Trad. de Reginaldo Sant’Anna. Bangladesh (na Ásia meridional) – alvos
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. frequentes de denúncias envolvendo
fornecedores para multinacionais –, a
(Tomo I, volume 1, cap. 8 – A jornada de trabalho.)
África subsaariana (onde as crianças
trabalham frequentemente em
Embora O capital tenha sido publicado em 1867, a situação do mineração e atividades industriais, para
não mencionar as crianças-soldados) e
trabalho infantil ainda permanece um desafio não resolvido pela a América do Sul, que explora crianças
política econômica. Na atualidade, destacam-se negativamente principalmente em atividades agrícolas.
A alternativa que melhor apresenta
pelo grande número de crianças trabalhando: esses dados é d.
a) a América Latina (mineração) e o Oriente Médio (agricultura).
b) os Estados Unidos (comércio) e a Ásia setentrional (mineração).
c) o Oriente Médio (mineração) e a Inglaterra (indústria de trans-
formação).
X d) a Ásia meridional (indústria têxtil) e a América Latina (agri-
cultura).
e) o Leste Europeu (agricultura) e o Japão (mineração).
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41. Em um texto publicado no jornal
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42. A metáfora da tábula rasa, ou papel
em branco (como Locke a empregava),
42 Todas as ideias derivam da sensação ou reflexão. Supo-
é antiga na história da Filosofia. Aqui
nhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel em
o pensador descreve as bases de sua branco, desprovida de todos os caracteres, sem nenhuma
teoria do conhecimento. É importante
perceber que Locke não diz em nenhum
ideia; como ela será suprida? De onde lhe provém este vas-
momento que só a experiência fia o to estoque, que a ativa e ilimitada fantasia do homem pin-
conhecimento (como o interpretam
alguns, erroneamente). Ao lado da
tou nela com uma variedade quase infinita? De onde apre-
experiência sensível, Locke diz que a ende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso
segunda fonte do conhecimento são as
“operações internas de nossas mentes”,
respondo, numa palavra: da experiência. Todo o nosso co-
ou seja, a reflexão. As alternativas a e c nhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamental-
colocam o peso todo do conhecimento
nas sensações ou na reflexão, o que
mente o próprio conhecimento. Empregada tanto nos obje-
contradiz o trecho. Já a alternativa b tos sensíveis externos como nas operações internas de
conclui algo que não está discutido
no trecho; a alternativa d contradiz
nossas mentes, que são por nós mesmos percebidas e refle-
também as ideias secundárias, tidas, nossa observação supre nossos entendimentos com
oriundas da reflexão. Resta, portanto, a
alternativa e, que indica corretamente
todos os materiais do pensamento. Dessas duas fontes de
as duas fontes do conhecimento, a conhecimento jorram todas as nossas ideias, ou as que pos-
sensação e a reflexão.
sivelmente teremos.
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. Trad. Anoar Aiex.
São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 57.
52
43 Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto hu- 43. Após uma breve exposição à teoria
baconiana do conhecimento, deve ser
mano e nele se acham implantados não somente o obstruem facilmente discernível pelo aluno que a
a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como, mesmo de- teoria dos ídolos refere-se a condições
de observação e falsas pré-concepções
pois de seu pórtico logrado e descerrado, poderão ressurgir acerca de objetos do mundo. Destoa
como obstáculo à própria instauração das ciências, a não ser desse quadro a alternativa d, pois não
passa por Bacon, neste particular, a
que os homens, já precavidos contra eles, se cuidem o mais preocupação com questões abstratas
como a lógica – seu método exposto no
que possam. organum é voltado para a investigação
científica indutiva e a empiria.
BACON, Francis. Novum organum. 4. ed. São Paulo:
Nova Cultural, 1988 (Os pensadores).
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45. A questão procura apresentar e verificar
a compreensão do aluno acerca de 45 Em Filosofia, reservam-se os termos exoterismo e esoterismo para
um dualismo presente na teoria do identificar práticas de conhecimentos em sua relação com a comuni-
conhecimento, em sua relação com a
comunidade de interessados. Apresenta-
dade que deles partilha. O exoterismo (com “x”, do grego ´́T po)
-se uma série de conhecimentos refere-se a uma prática de conhecimento que pode ser exposto ao
fechados ou abertos à comunidade público, enquanto o esoterismo (com “s”, do grego ´́T po)
geral, e a alternativa que corresponde
corretamente ao par exotérico/esotérico refere-se a uma prática de conhecimento reservada a iniciados
é a d: enquanto a medicina é aberta — uma doutrina que é transmitida somente a discípulos de um
a qualquer interessado (através de
universidades públicas, livros e demais círculo fechado.
instrumentos de acesso ao conhecimento
científico), o xamanismo é um conjunto Constituem exemplos típicos de conhecimentos exotéricos e eso-
de práticas de cura extremamente téricos, respectivamente:
fechado, geralmente sob domínio
de apenas um ou dois homens em a) as artes visuais e as técnicas digitais.
comunidades indígenas.
b) a filosofia e a teologia.
c) a necromancia e a alquimia.
X d) a medicina e o xamanismo.
e) a política e o direito.
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49 O filósofo grego Platão, influenciado pelas disputas entre as teo- 49. Tanto a metafísica como a
epistemologia dualista de Platão são
rias que postulavam o mobilismo (cujo expoente maior é Herácli- exploradas nesta pergunta. Platão
to) e o caráter imutável do ser (cujo expoente é Parmênides), postulou, através de sua teoria das
formas, a existência de um mundo
formulou uma teoria dualista do mundo. Haveria o mundo sensí- imaterial e abstrato, para além do
vel das coisas e o mundo das ideias ou dos conceitos (abstratos). mundo sensível. Esse mundo das ideias
seria a realidade mais fundamental;
A relação entre os dois planos, conforme exposto no diálogo para o conhecimento atingir esse
Fédon, pode ser descrita como: mundo, para ir além das sensações,
é preciso passar das aparências (o
a) o processo mediante o qual as causas conduzem à substância, mundo sensível) às essências (as ideias
através da maiêutica. puras). Isso se daria através da dialética
(conforme explicitado no Fédon).
X b) o passar das aparências às essências, por meio da dialética. A alternativa que apresenta a apreciação
correta da teoria das formas é b.
c) a passagem dos costumes para a codificação em termos jurí-
dicos, pela política.
d) a transição da motilidade para a imobilidade, através da feno-
menologia.
e) a evolução do saber doutrinário em diálogos, por meio dos
silogismos.
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50 Em que pese o relativismo histórico e cultural – que nos obriga a 50. É parte do fazer filosófico questionar,
ainda que sem olhares preconceituosos,
considerar o pensamento de um autor como intimamente rela- legados clássicos da disciplina. O tema
cionado à visão do mundo de sua época –, uma das críticas mais da escravidão e da distinção entre
duas espécies de seres humanos (os
contumazes feitas ao corpus aristotélico (e de resto, à filosofia habitantes da pólis e os bárbaros)
política grega em geral) é: é premente em Aristóteles, embora
tenha tido relativo eco em pensadores
a) o apoio incondicional que o filósofo garante à tirania, como posteriores (talvez Nietzsche, por
governo ideal para a pólis. exemplo, tenha admitido o olhar
aristocrático e a hierarquia dos homens,
b) a hierarquia social que pressupõe o domínio dos guerreiros que são traços de seu pensamento, com
base em Aristóteles, de quem se dizia
sobre outros estratos sociais. grande admirador). Isso se expressa na
alternativa c.
X c) a naturalização da escravidão e o preconceito contra estran-
geiros (ou bárbaros).
d) o princípio da política separada da ética, com os fins justifican-
do quaisquer meios empregados.
e) o desprezo pelas belas-artes, tidas como instrumentos de alie-
nação do povo.
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52. A questão visa avaliar a correta
compreensão da passagem da Filosofia
52 Tomás de Aquino, teólogo e filósofo escolástico tido como Doutor
grega para a escolástica de Tomás de
Angélico pela Igreja Católica, tentou conciliar a filosofia de Aristó-
Aquino, na chave dos argumentos para teles com alguns elementos da teologia cristã. Dentre as alterna-
a existência de Deus. As alternativas
remetem a conceitos aristotélicos
tivas abaixo, um dos argumentos de Aristóteles retomados por
que não são centrais para esta ele para provar a existência de Deus é:
argumentação de Tomás de Aquino,
com exceção da alternativa d, que faz a) a condição do homem como um animal político e plenamente
referência à teoria do primeiro motor
imóvel (Metafísica, livro 12, 1073a).
realizado na pólis.
b) a eudaimonia, vida boa que é inerente à função do ser humano.
c) a mímese, ato de representação ou imitação perfeita da
natureza.
X d) o primeiro motor imóvel, que é a causa primeira de todo
movimento.
e) a organização das coisas em termos de participação no gênero
comum e com diferenças específicas.
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55. Um dos pilares do pensamento 55 Michel Eyquem de Montaigne, ou simplesmente Montaigne, foi
moderno, Montaigne é tido como um dos principais pensadores da transição entre a Filosofia Medieval
precursor do método filosófico
ensaístico. Através de um exame e o Iluminismo. Sua obra Ensaios, publicada em 1580, é considerada
da própria consciência, Montaigne inovadora, pois:
endereça questões das mais diversas,
da escravidão até a flatulência. Cético, a) rompe definitivamente com a autoridade da Igreja Católica,
assistemático, procurava em cada
capítulo suspender o juízo sobre
propagando a necessidade do governo laico.
determinado assunto e examiná-lo b) estabelece os parâmetros do método indutivo e experimental
sob o ponto de vista da razão. Assim
é que no ensaio Dos canibais exalta os na investigação científica.
indígenas brasileiros diante da cobiça
e avareza europeia, por exemplo. A c) toma partido, pela primeira vez na História, da burguesia em
questão propõe que o aluno assinale a oposição à nobreza.
inovação de Montaigne na história da
Filosofia. De modo algum ele rompeu X d) expõe as experiências e opiniões particulares do autor, mas
com a Igreja Católica (a), muito menos
com a nobreza da qual fazia parte (c), em sentido universalizante.
ou com o Estado (e). Também não é
quem estabelece o método indutivo,
e) tem forte tom anarquista, criticando a necessidade do Estado.
muito contrário a seus ensaios (b).
Resta-nos a alternativa d, que demarca
corretamente uma inovação trazida
pelo autor. C3 • H12
56. Reconhecer o papel do Tribunal da 56 O Tribunal do Santo Ofício, conhecido como “Tribunal da Inquisição”,
Inquisição na história da Ciência e da remete a uma série de processos e ordálios praticados durante as
Filosofia é vital para compreender os
idades Média e Moderna, na Europa, por parte da Igreja Católica. O
constrangimentos que o conhecimento
enfrentou em épocas passadas. A Tribunal julgava comportamentos considerados heréticos, que se
questão apresenta uma série de pares afastavam da doutrina religiosa. Atingiu negativamente também a
de pensadores e suas contribuições
à história da Filosofia. O aluno deve Filosofia, pois em alguns momentos os novos conceitos de filósofos
discriminar corretamente quais foram do período atingiam dogmas da fé cristã que a Inquisição não gos-
ou não perseguidos, e quais alternativas
apresentam correto resumo dos taria de ver questionados.
pensadores em questão. A alternativa
correta, que identifica Galileu (retratou-
Entre os filósofos e pensadores, destacam-se pela perseguição
-se e escapou da punição) e Giordano que sofreram da Inquisição:
Bruno (queimado por ordem do
Tribunal), é c. a) René Descartes e Baruch de Espinosa, por racionalizarem o
mundo a tal ponto que omitiam a existência de Deus.
b) Francis Bacon e Isaac Newton, que postulavam um método
científico capaz de superar os dogmas religiosos.
60
C1 • H4
57. A filosofia de David Hume é uma
57 Consideremos a esse respeito uma relação muito especial, a de contraposição ao empirismo inglês, na
causalidade. Ela é especial porque não nos faz apenas passar medida em que coloca sob suspensão
o próprio método indutivo, tão caro
de um termo dado à ideia de alguma coisa que nos é atualmen- a Francis Bacon. Além disso, serve
te dada. A causalidade me faz passar de alguma coisa que me de fundamento para digressões
posteriores (especialmente em Kant)
foi dada à ideia de alguma coisa que jamais me foi dada, ou a respeito da validade e do escopo
mesmo que não é dável na experiência. Em outros termos, a dos juízos feitos sobre as coisas.
Esta atividade propõe verificar a
causalidade é uma relação em conformidade com a qual ultra- compreensão do aluno acerca deste
passo o dado, digo mais do que é dado ou dável, em suma, questionamento que Hume dirige
contra o método indutivo (alternativa a).
infiro e creio, aguardo, conto com... As demais alternativas apresentam
DELEUZE, Gilles. Hume. In: CHÂTELET, François. métodos e posições filosóficas que
não fazem parte da crítica imediata de
História da Filosofia: ideias, doutrinas.
Hume.
Rio de Janeiro: Zahar, 1981. vol. 8.
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61
Album/akg-images/LatinStock
De onde viemos? O que somos? Para onde vamos? (1897) – Paul Gauguin (Museum of Fine Arts, Boston, EUA).
62
Zurique, Kunsthaus
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61. Nietzsche assinala, em A Gaia Ciência, o
fim das crenças em uma ordem cósmica 61 Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o ma-
transcendente. Isso implica uma tou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os
rejeição de valores absolutos, uma vez
que se perde a crença em uma lei moral
algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de
universal e com objeto determinado. mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes
É necessário, pois, combater o niilismo
daí resultante, através da elevação de
das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a
uma nova moral, por meio de valores água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que
humanos, entre os quais “a vontade de jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade des-
poder” (alternativa c).
te ato não será demasiada para nós? Não teremos de nos
tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos
dele? Nunca existiu ato mais grandioso, e quem quer que
nasça depois de nós passará a fazer parte, mercê deste ato,
de uma história superior a toda a história até hoje!
NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. São Paulo:
Companhia das Letras, 2009.
64
C1 • H1
63 Observe, por exemplo, os processos a que chamamos “jo- 63. A questão trabalha um aspecto
do pensamento de Wittgenstein,
gos”. Tenho em mente os jogos de tabuleiro, os jogos de car-
aquele relacionado às chamadas
tas, o jogo de bola, os jogos de combate etc. O que é comum semelhanças de família. Assim como
a todos estes jogos? Não diga: “Tem de haver algo que lhes membros de uma família, em sentido
biológico, possuem traços similares
seja comum, do contrário não se chamariam jogos”, mas olhe (que permitem conjugar-lhes em
se há algo que seja comum a todos. Porque quando olhá-los, uma família) e dissimilares, os demais
objetos do mundo são agrupados
você não verá algo que seria comum a todos, mas verá seme- em categorias conforme atributos e
lhanças de família, parentescos, aliás, uma boa quantidade qualidades que possuem, aproximando-
deles. Não posso caracterizar melhor essas semelhanças do -se e afastando-se conforme apresentam
semelhanças. A alternativa que indica
que com a expressão semelhanças de família; pois é assim esta definição essencial é d.
como se superpõem e entrecruzam as diversas semelhanças
que ocorrem entre os membros de uma família: estatura, cor
dos olhos, andar, temperamento etc. Assim, podemos dizer:
os jogos compõem uma família.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas.
Lisboa: Editora Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.
65
C1 • H1
64. O tema da liberdade individual e a
repressão é central em muitas análises 64 Um homem, que viaje de carro a um lugar distante, escolhe
de Marcuse, em especial seu clássico a rota de sua viagem num guia de estradas. Cidades, lagos e
Eros e civilização. Faz uma ponte entre
o fascismo e a indústria cultural,
montanhas aparecem como obstáculos a serem ultrapassados.
ambos mecanismos de dominação O campo é delineado e organizado pela estrada: o que se
dos instintos do operariado. Dirige sua
crítica tanto a um quanto a outro, e
encontra no percurso é um subproduto ou anexo da estrada.
também ao totalitarismo comunista. Vários sinais e placas dizem ao viajante o que fazer e pensar.
A alternativa c apresenta uma correta Espaços convenientes para estacionar foram construídos onde
associação do pensamento de Marcuse
ao trecho, devendo, pois, ser assinalada. as mais amplas e surpreendentes vistas se desenrolam. Painéis
gigantes lhe dizem onde parar e encontrar a pausa revigorante.
A rota é feita para o benefício, segurança e conforto do ho-
mem. E a obediência às instruções representa o único meio de
se obter resultados desejados.
MARCUSE, Herbert. Tecnologia, guerra e fascismo.
São Paulo: UNESP, 1998.
66
C3 • H12
67
C2 • H8
68. A eutanásia faz parte do debate
68 A eutanásia (do grego uavaia, “boa morte”) refere-se a
contemporâneo bioético. A decisão
quanto ao término artificial da vida uma prática de abreviar a vida de doentes, com a assistência de
perturba especialistas e pensadores. um especialista (médico), geralmente por meio da interrupção
Os critérios apontados permitiriam
diferentes tipos de eutanásia, porém dos cuidados. É uma questão que levanta sérios problemas éti-
o que mais se aproxima de nossos cos, relacionados à demarcação de limites entre vida, doença e
padrões morais é a abreviação do
sofrimento desnecessário – o doente morte. No Brasil, a eutanásia não é permitida, contudo alguns
que está à beira da morte teria o direito países como Holanda e Bélgica já autorizaram a prática, e ou-
de evitar as dores do pouco tempo
que lhe resta. Esta formulação está tros países já a admitiram após processo judicial. Os argumentos
apresentada na alternativa b. Cabe dizer favoráveis à eutanásia tomam por base, principalmente:
que critérios de idade (a) ou condição
econômica (c) ainda estão longe de se a) a idade avançada do doente.
impor como seletivos à vida e morte,
bem como a integração do doente na X b) a impossibilidade de que o doente crônico sobreviva além de
sociedade (d). um curto período.
c) as dificuldades econômicas que o doente tenha que enfrentar
para se curar.
d) a possibilidade de que o doente venha ou não a participar do
convívio social.
e) o sentimento dos parentes para com o doente.
68
C3 • H12
70 A chamada teoria do direito divino foi desenvolvida durante a Idade 70. O chamado direito divino foi uma teoria
política em voga na Europa durante
Moderna por pensadores como Jean Bodin (1530-1596) e Jacques- o absolutismo francês, que justificava
-Bénigne Bossuet (1627-1704). Pela teoria do direito divino: o poder dos reis como representação
de Deus na Terra. O rei, assim, deveria
a) o poder deveria ser exercido pelo alto clero da Igreja Católica, prestar contas apenas a Deus (conforme
a partir de Roma. assegura Jean Bodin). Assim, o rei
b) os povos deveriam ter por lei apenas os dez mandamentos não deveria atender aos anseios da
população (e). A alternativa c apresenta
da Igreja Católica, tidos como suficientes para todo e qualquer corretamente a relação entre súditos e
ordenamento jurídico humano. rei na teoria do direito divino.
69
71. O filósofo brasileiro Renato Janine
Ribeiro frequentemente faz releituras 71 A política moderna não é das virtudes, mas dos interesses.
de Maquiavel (e também de Hobbes) Maquiavel, esse autor tão malfalado, o anota quando, no
para discutir a política contemporânea.
No artigo em questão, faz uma
cap. XV d’O Príncipe, diz que pretende tratar de Estados
passagem pela política na Antiguidade, que realmente existem, e não de políticas ideais: porque, se
no Medievo, na Idade Moderna e nos
dias atuais – nos quais o primado do ele idealizar, só ensinará o chefe político, “o príncipe”,
interesse se defronta com dificuldades a correr à própria perda, em vez de preservar seu estado –
por conta da multiplicidade de anseios
entre os indivíduos. Além disso, a isto é, sua condição de governante – e seu Estado.
consideração utilitária da política Maquiavel procurará, acrescenta, dizer coisa útil. E com isso
também ruma a um beco sem saída,
pois as instituições que cuidavam deporta as virtudes para a vida privada, retirando-as da vida
dos interesses particulares perderam pública. [...]
espaço e a própria prática de política
movida por interesses passa a ser RIBEIRO, Renato Janine. A nova política.
questionada. A alternativa c indica
São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
esse dilema, que pode ser percebido
mesmo pelo aluno que nunca tenha
tido contato com o texto de Ribeiro: de Analise as alternativas a seguir, e assinale aquela que indica
décadas para cá, a ética e a fidelidade
a princípios políticos são cobradas corretamente a posição política contemporânea em face do
insistentemente das autoridades. problema da relação entre ética e política:
As demais alternativas apresentam
posições que contradizem a reflexão
política atual e os resultados práticos
a) paulatinamente percebeu-se que a ideia de governar segun-
da ação política (por exemplo, o do os preceitos da ética conduziria, como previu Maquiavel, à
liberalismo sem controle).
ruína dos Estados.
b) o pensamento de Maquiavel foi exacerbado, e hoje em dia
torna-se problemático condenar atos de corrupção porque
geralmente eles se justificam em prol da permanência dos
governos.
X c) há um dilema no mundo atual com relação ao valor primordial
dos interesses na política, percebendo-se um retorno à ética
dos princípios e não da ação.
d) os interesses pessoais acabaram se revelando o melhor motor
para o desenvolvimento social, sendo a solução para os pro-
blemas sociais e políticos presentes.
e) é preciso abandonar completamente os interesses pessoais,
agindo na vida cotidiana somente em função do bem comum.
C2 • H7
70
Estônia Rússia
Reino
Unido Belarus
Alemanha
Casaquistão
Geórgia
Itália
Estados Unidos Turquia Azerbaijão
Tunísia Irã China Coreia
Jordânia Paquistão do Sul
Trópico de Câncer Egito
Cuba Arábia
México Saudita Índia Mianma
Tailândia OCEANO
Venezuela
Nigéria Etiópia Vietnã PACÍFICO
Equador OCEANO Malásia
Quênia
PACÍFICO Ruanda
OCEANO OCEANO Indonésia
Brasil
ATLÂNTICO ÍNDICO
Zimbábue
Trópico de Capricórnio
Austrália
África
do Sul
Livre
Parcialmente livre
N
Sem liberdade
Sem dados
0 2275 km
71
72
74 Um dos momentos científicos mais importantes do século XIX foi 74. A publicação de A origem das espécies
(maneira reduzida de se referir ao
a publicação, em 1859, de Sobre a origem das espécies por meio livro) por Darwin pode ser comparada
da seleção natural, do inglês Charles Darwin. Como acontecera a outros grandes momentos na
com cientistas predecessores a ele que também propuseram História da Ciência, como a publicação
das teorias de Copérnico, Isaac
revoluções na maneira de pensar o conhecimento científico, Darwin Newton, ou do geólogo Charles
recebeu duras críticas e censuras, pois sua teoria: Lyell, contemporâneo e amigo de
Darwin. Como Lyell, a teoria de Darwin
a) presumia que os seres humanos não seriam capazes de se contrapunha-se a argumentos bíblicos
sobre a criação do mundo e do ser
adaptar socialmente aos ambientes diversos em que vi- humano. As críticas dirigiam-se contra
viam, indo na contramão do cosmopolitismo característico esta redução do valor do ser humano
na hierarquia dos seres – ele não mais
da época. havia sido criado de maneira especial,
b) partia somente de dados dedutivos e não da experiência mas era uma evolução de outro ser; não
era mais a imagem e semelhança do
concreta. Deus criador. Mas não apontava para
uma degeneração (e), ou então para
X c) representava mais um afastamento do antropocentrismo, ao a incapacidade humana de promover
evidenciar a continuidade entre seres humanos e animais por a adaptação cultural (a); também não
foi criticado por falhar no critério de
meio da evolução. falseabilidade (Karl Popper apresentou
algumas dúvidas com respeito à Teoria
d) era irrefutável (e portanto não científico) do ponto de vista da Evolução, mas somente no
lógico, pois construía as premissas a partir das conclusões. século XX); e, finalmente, seguia
rigorosamente o método científico,
e) apontava para a degeneração inevitável do ser humano, que no que tange à coleta de dados
contradizia com as profecias de redenção bíblicas. experimentais (b). Sobra-nos, portanto,
a alternativa c, que indica o teor das
críticas dirigidas a Darwin então.
C3 • H13
75 Num encontro pós-guerra com o presidente Harry S. Truman, 75. O papel “neutro” da Ciência é sempre
J. Robert Oppenheimer – o diretor científico do Projeto Ma- problemático, porque, se um dia
conhecimento foi associado a poder,
nhattan de armas nucleares – comentou tristemente que os hoje o grande volume de conhecimento
cientistas tinham as mãos ensanguentadas; eles agora conhe- e informação pode ser associado a um
ciam o pecado. Mais tarde, Truman instruiu seus assessores de imenso poder de criação ou destruição.
A questão tem retornado sempre ao
que não desejava nunca mais se encontrar com Oppenheimer. debate das políticas de segurança
Ora os cientistas são castigados por fazer o mal, ora por aler- pública, por exemplo, quando agentes
químicos desenvolvidos pelo governo
tar sobre o mau emprego que se pode fazer da ciência. Com caem em mãos de terroristas. Na
mais frequência, a ciência é repreendida porque ela e seus questão, optou-se por não mencionar
este caso, e sim quatro outras situações
produtos são considerados moralmente neutros, eticamente em que uma tecnologia aparentemente
ambíguos, empregados com igual presteza tanto para o bem neutra ou inócua foi adaptada a um fim
destrutivo. A exceção é a engenharia
como para o mal. genética, que (ainda) não apresentou
aplicações práticas danosas, nem ao ser
SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios. humano, nem a espécies cultivadas ou
São Paulo: Companhia das Letras, 1996. criadas.
73
C3 • H12
76. Talvez o grande evento científico do
século XXI, até o presente, tenha sido a 76 O Grande Colisor de Hádrons (LHC) é o maior acelerador de partí-
inauguração e as primeiras experiências culas do mundo: um túnel circular de 27 quilômetros, capaz de
do Large Hadron Collider (LHC), o maior colidir prótons. Situado na fronteira franco-suíça, pertence ao
e mais potente acelerador de partículas
do mundo. Sua inauguração em 2008 CERN, Conselho Europeu de Pesquisa Nuclear. Sua construção e
gerou uma ansiedade que não encontra manutenção envolve mais de 10 mil cientistas e engenheiros,
paralelo desde 2000 com o chamado
“bug do milênio”. Ainda que essas pertencentes a mais de 100 países ao redor do mundo. Quando
angústias com a tecnologia sejam em começou a funcionar, em 2008, disseminou-se entre os leigos o
parte fomentadas ou exageradas pela
imprensa, elas não deixam de causar temor que este acelerador de partículas poderia criar um evento
apreensão em alguns indivíduos. Arthur catastrófico, a abertura de um buraco negro que extinguiria o
C. Clarke disse certa vez que “toda
tecnologia suficientemente avançada planeta Terra em segundos. Os cientistas do CERN rapidamente
não se distingue de mágica”, e aqui
desmentiram estas teorias, garantindo a segurança do equipa-
parece haver um exemplo claro de
interpenetração entre pensamentos mento, o que não diminuiu muito a tensão antes do primeiro
mágico e científico. Também é preciso
destacar o esforço global que vem
teste, em setembro de 2008.
se constituindo como padrão na
74
C2 • H9
77. Embora possa haver variação no
77 O chamado Método Científico é um conjunto de práticas especí- enunciado do Método Científico, ele
ficas que, no Ocidente, informam a prática das Ciências desde sempre implica a ordem apresentada
na alternativa d, a saber: o primeiro
princípios da Idade Moderna, adquirindo especial nitidez no momento envolve dirigir o foco para
século XIX. um problema específico da realidade
que se queira questionar; depois é
Construction Photography/Corbis/LatinStock
preciso partir de uma hipótese (e
não chegar a ela, como colocado em
outras alternativas); a seguir proceder
à experiência, colher e analisar os
resultados e daí chegar à interpretação.
75
C1 • H4
78. A questão visa avaliar a compreensão
mínima da estética kantiana. Esta 78 Para Immanuel Kant, os homens raciocinam por meio dos juízos.
estética é talvez a mais bem acabada Em relação à estética, Kant postula os chamados juízos de valor,
obra sobre a estética na tradição que são apresentados por ele como:
ocidental, e assenta-se sobre aquilo
que Kant chamou de juízos de valor. a) analíticos e apodíticos, uma vez que conjugam experiência e
Estes juízos são subjetivos, pois são
dependentes do prazer pessoal reflexão.
na apreciação de uma obra; e ao
mesmo tempo são universais porque b) universais e objetivos, pois independem da experiência pes-
vinculam-se a uma pretensão universal soal do observador.
de conceituar a beleza. A alternativa
correta é, portanto, d. c) apriorísticos e analíticos, uma vez que independem de qual-
quer fruição concreta.
X d) universais e subjetivos, pois radicam na imaginação e na asso-
ciação entre o belo e o prazer.
e) apriorísticos e subjetivos, pois ora dependem, ora indepen-
dem da participação do sujeito.
C3 • H11
79. Ao contrário dos demais marxistas da
chamada Escola de Frankfurt, Benjamin 79 Em seu ensaio A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica,
afirma que a reprodução seriada de o filósofo alemão Walter Benjamin chama a atenção para o pro-
objetos como a fotografia poderia ser cesso histórico pelo qual passava então a obra de arte – a perda da
aproveitada em prol da conscientização
dos tralhadores – a recepção coletiva chamada “aura” em prol da reprodutibilidade. Ou seja, a obra dei-
da obra se facilitaria, então, e não xava de ser uma exclusividade ou um exemplar único e revestido
haveria distinção entre a obra original
e a cópia. Deste modo, ele preza a de caráter especial (aura), passando a reproduzir-se graças às tec-
reprodutibilidade, mas não porque nologias contemporâneas como a fotografia. A respeito dessa
ela diferencia o original da cópia (pelo
contrário), e sim porque ela permitiria, transição, Benjamin:
enfim, a “politização da arte”.
a) lamenta a reprodutibilidade, pois remove o verdadeiro senti-
do da arte, que seria produzir um objeto especial.
b) lamenta a reprodutibilidade, pois é mais um dos artifícios dos
capitalistas para promover a ideologia da produção em série.
76
C2 • H7
80 A fotografia mostra a obra Campbell’s Soup Can (1968), do artista 80. Um dos expoentes artísticos do século XX,
Andy Warhol trabalhou inicialmente
plástico americano descendente de eslovacos Andy Warhol. Inusi- como artista gráfico em revistas e
tado à primeira vista, o motivo do quadro pintado pelo artista anúncios publicitários. Imerso no
ambiente de Nova York nos anos 1950,
está relacionado: não pôde deixar de expressar em sua
obra uma inquietação com relação ao
77