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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

LICENCIATURA EM MÚSICA
PROFª. SIMONE SOUSA

TÉCNICA VOCAL II

2012
RESPIRAÇÃO

A produção ou ação vocal vai ter início no sistema produtor (ou ativador), aquele que
produzirá a matéria-prima para a formação do som - a corrente de ar. Como se sabe, a função
principal da respiração é levar oxigênio às células corporais e delas extrair o excesso de dióxido de
carbono. O aparelho respiratório tem por objetivo facultar ao organismo uma troca de gases com o
ar atmosférico, assegurando permanentemente no sangue, uma concentração de oxigênio (O2),
necessária para as reações metabólicas, e servindo como via de eliminação do gás carbônico que
resulta dessas reações.
O aparelho respiratório localiza-se no tórax, com seu arcabouço músculo-cartilaginoso em
junção com a musculatura abdominal e se abre ao exterior pela boca e narinas. Continua com a
faringe e traquéia, que se ramifica em dois brônquios, os quais fazem a ligação da traquéia com os
pulmões.
O tórax possui um total de 12 costelas que se inserem posteriormente na coluna vertebral
e anteriormente no esterno, com exceção das duas últimas (flutuantes) que não têm inserção
anterior, sendo, portanto, mais livres para expandir. Há dois grupos musculares inseridos nas
costelas: os intercostais internos, participantes da expiração, e os intercostais externos,
responsáveis pela inspiração. Fechando a caixa torácica inferiormente, está o músculo diafragma
que tem a forma de cúpula e que, quando se contrai na inspiração, se retifica, empurrando o
intestino inferiormente.
Também os músculos abdominais têm sua atuação na respiração e na geração de
gradiente de pressão aérea para a fonação. Os músculos reto, oblíquo e transverso abdominais
são os principais responsáveis pela expiração forçada utilizada em frases prolongadas ou na
emissão com alta intensidade.

ÓRGÃOS DO APARELHO RESPIRATÓRIO

NARIZ
O nariz é uma protuberância situada no centro da face, sendo sua parte exterior
denominada nariz externo e a escavação que apresenta interiormente, conhecida por cavidade
nasal.

FARINGE
A faringe é um segmento muito importante, porque constitui um entroncamento para a
passagem de ar e dos alimentos, o que faz com que ela pertença ao mesmo tempo aos aparelhos
respiratório e digestivo. O ar, que normalmente penetra pela cavidade nasal, deve ser conduzido
para a laringe, enquanto os alimentos, que são introduzidos na boca, devem atingir o esôfago, para
irem ter ao estômago.
A faringe é representada pela metade
posterior de um tubo músculo-mucoso vertical
cuja concavidade está voltada para frente, em
correspondência com as aberturas que
pertencem à cavidade nasal, boca e laringe.
A correspondência sucessiva da faringe
com a cavidade nasal, boca e laringe, faz com
que ela possa ser dividida em três porções:
nasofaringe (situada entre o extremo superior
da faringe e o palato mole), orofaringe (entre o
palato mole e a epiglote), e laringo-faringe
(entre a epiglote e o limite inferior da faringe)
respectivamente.
Forrando toda a faringe encontramos a
mucosa faríngea. Pela faringe transitam o ar e
os alimentos, seguindo caminhos cruzados: o
ar que penetra na cavidade nasal dirige-se para
a laringe e os alimentos introduzidos na boca são levados para trás, em direção ao esôfago. Este
desvio dos alimentos deve-se ao movimento denominado deglutição, executado pela epiglote.

LARINGE
A laringe é o segmento das vias aéreas que segue a faringe e continua na traquéia. Além
da passagem do ar, ela desempenha importante função na produção de sons, do que resulta a
fonação.

TRAQUÉIA
A traquéia é o tubo que faz continuação à laringe, penetra no tórax e termina se
bifurcando nos dois brônquios principais. Interiormente, a traquéia é forrada por mucosa e o
epitélio é ciliado, facilitando a expulsão de corpos estranhos. Inferiormente ela se bifurca, dando
origem aos dois brônquios principais, que fazem a ligação da traquéia com os pulmões. Os
brônquios principais ramificam-se em bronquíolos que terminam em alvéolos pulmonares. É nestes
alvéolos que se processa a hematose (troca de sangue venoso por arterial).

PULMÕES
Os pulmões são duas vísceras situadas de cada lado, no
interior do tórax, onde se dá o encontro do ar atmosférico com o
sangue circulante, a fim de enriquecê-lo de oxigênio, diminuindo o gás
carbônico. Essa troca de gases constitui a hematose.
Os pulmões são envolvidos por uma membrana que recebe o
nome de pleura e estão divididos em lobos: o esquerdo em dois e o
direito em três lobos. Essa divisão em lobos é estabelecida por sulcos profundos existentes em
sua superfície chamados fissuras.

DIAFRAGMA
O diafragma é sem dúvida o órgão que exerce a função mais importante de todo o
processo respiratório. Situado numa região intermediária, ele separa a caixa torácica da cavidade
abdominal. Tem a forma de cúpula e está inserido nas arcadas fibrosas dos músculos lombares.
No movimento de inspiração, o diafragma se abaixa, empurrando os músculos abdominais
enquanto que na expiração esses músculos se contraem, voltando o diafragma à sua posição
primitiva.

MÚSCULOS
Podemos dividir a musculatura respiratória em inspiratória e expiratória. A primeira
compreende o diafragma e os intercostais externos, os escalenos, os grandes e pequenos
peitorais, os grandes dorsais e os elevadores da escápula. A segunda é composta pelos
intercostais internos, os denteados, os retos abdominais (abaixam as costelas e elevam o
diafragma), os transversos abdominais, e os oblíquos internos e externos (contribuem para a
expiração forçada).

MECÂNICA DA RESPIRAÇÃO

O funcionamento respiratório natural é um processo ativo na inspiração e quase passivo


na expiração. O ar penetra de preferência pelo nariz – as cavidades nasais são revestidas por
pêlos e cílios, ambos capazes de reter pó e outras partículas estranhas. Além disto, mantém alta a
temperatura e aquecem o ar antes que chegue aos pulmões. As células epiteliais que revestem
essas cavidades secretam muco, que umidifica o ar, atravessa a traquéia, brônquios e pulmões.
Das narinas o ar vai para a faringe e daí para a laringe. Ao longo da laringe, estão
dispostas as cordas vocais, cuja vibração produzida pelo ar expirado, gera o som usado para a
linguagem. Da laringe, o ar inspirado viaja através da traquéia. Os cílios ao longo da traquéia,
brônquios e bronquíolos batem continuamente, empurrando muco e partículas estranhas nele
incluídas para cima, na direção da faringe, onde o material é geralmente engolido. Em geral só
tomamos consciência da produção desse muco quando ela excede o normal devido a uma
irritação da membrana.
O ar penetra nos pulmões pelo abaixamento da musculatura diafragmática e intercostal
externa. O diafragma se abaixa, tornando-se plano e aumentando assim o seu diâmetro. Esse
movimento alarga a caixa torácica e aumenta o seu volume. A pressão dentro da cavidade torácica
torna-se menor que a atmosférica. O ar, que está à pressão atmosférica, entra nos pulmões e os
expande. As costelas da porção mais inferior, chamadas de flutuantes - se afastam par aos lados e
uma ligeira dilatação abdominal (baixo ventre) se pronuncia para que a base dos pulmões possa
se inflar. Por conseguinte, as costelas superiores também se expandirão horizontalmente,
favorecendo assim o alargamento superior do tórax, quando as partes mediana e superior dos
pulmões estiverem repletas de ar. É um momento de completa tensão (contração) da musculatura
corporal – a inspiração que se processa por uma força ativa.
A função da respiração é levar oxigênio às células corporais e delas extrair o excesso de
dióxido de carbono. O dióxido de carbono (CO2) precisa ser expelido e imediatamente as
estruturas que se contraíram tendem a acomodar-se. Para toda contração, deverá haver sempre
uma descontração muscular que manterá sua elasticidade e vitalidade. O diafragma, durante a
expiração, se descontrai, criando no interior dos pulmões uma diminuição de pressão interna. As
costelas inferiores começam a se acomodar, as superiores também, os intercostais internos
relaxam, diminuindo assim o abdome e o tórax. O ar é expelido num momento de descontração,
relaxamento e acomodação da musculatura corporal – a expiração natural se processa por meio
de uma força passiva.
Para falar ou cantar é necessário o uso de mecanismos mistos, ativo e passivo, para
atingir seus objetivos. A musculatura utilizada dependerá do que se pretende realizar no que diz
respeito à emissão.
O que acabamos de ver é o que chamamos de
mecânica da respiração fisiológica. É a forma
natural de respiração do ser humano, aquela cujo
processo ocorre normalmente, sem a influência da
vontade. Esta respiração é chamada de respiração
comum, costal, diafragmática ou abdominal. Nessa
mecânica, o tempo gasto para a entrada de ar nos
pulmões é sempre maior que para sair (inspiração >
expiração). A acomodação ocorre em tempo menor, o
ar vai embora muito rapidamente. Não dá tempo para
emitir uma palavra que seja. Na verdade, hoje
sabemos que a fonação é decorrente do
“retardamento” na saída da coluna de ar, e graças ao controle que nela possa se incidir, podemos
entender melhor o que chamamos de apoio vocal. Os músculos abdominais reto, oblíquo e
transverso se contraem levando a uma expiração mais profunda. O apoio será, portanto, expiração
em tempo maior que inspiração.
Temos ainda a respiração clavicular, amplamente praticada. É caracterizada por grande
movimentação na parte superior do peito. Condena-se este tipo de respiração por vários motivos.
Em primeiro lugar, sendo os pulmões mais estreitos no ápice, a provisão de ar é insuficiente,
visível, fatigante e provoca o congestionamento das veias do pescoço. Concentra-se o esforço nos
peitorais, na parte superior dos pulmões, o que faz com que a musculatura abdominal e
diafragmática enfraqueça pelo desuso e com que percamos o apoio da voz na expiração. Há
ainda, no caso da fonação, a questão do percurso. Se o ar sai da base dos pulmões, a coluna de
ar percorrerá um caminho maior, aumentando a duração dos sons.
RESPIRAÇÃO FISIOLÓGICA
INSPIRAÇÃO – PROCESSO ATIVO EXPIRAÇÃO – PROCESSO PASSIVO
Contração diafragmática Descontração diafragmática
Afastamento das costelas flutuantes Acomodação das costelas
Dilatação abdominal Retraimento abdominal
Alargamento do tórax Diminuição torácica

RESPIRAÇÃO PSICOLÓGICA
INSPIRAÇÃO – PROCESSO ATIVO EXPIRAÇÃO – PROCESSO PASSIVO
Contração diafragmática
Afastamento das costelas flutuantes Mantém-se ao máximo a
Dilatação abdominal situação de tensão descrita
Alargamento do tórax no quadro ao lado

RESPIRAÇÃO ALTA OU CLAVICULAR


Praticamente igual às mecânicas anteriores, porém com excessivo levantamento dos
ombros e alargamento do peito, com conseqüente perda do movimento abdominal.
Ocorre em tempo menor ainda que a expiração da mecânica fisiológica, pois não há
mobilidade, espaço e não é função natural do corpo.
NUNCA REALIZE!!!
SISTEMA EMISSOR

É a zona de modificação de energia, a estrutura do aparelho vocal onde a coluna de ar


transforma-se em energia sonora (coluna de som). A coluna de ar vem dos pulmões, impulsionada
pelo diafragma e intercostais em direção ao meio externo. Ao passar pela laringe, esse ar provoca
a vibração das cordas vocais pela ação dos músculos da expiração.
O sistema emissor é formado pela laringe e suas cartilagens, o osso hióide, a epiglote, as cordas
vocais, os músculos intrínsecos e extrínsecos (que movimentam a laringe).
A laringe é o principal órgão do sistema emissor. Por sua articulação, executa os
movimentos necessários à fonação e à respiração. Está dividida em três partes: subglótica, glótica
e supraglótica. Na primeira parte, encontra-se a corrente de ar que vai em direção à glote - espaço
compreendido entre as pregas vocais - onde se produz o som primário, enquanto que a parte
superior começa a dar qualidades à voz. Está situada entre a faringe e a traquéia, na região média
do pescoço, correspondente ao pomo de Adão. Este não é senão o relevo da cartilagem tireóide,
cujo desenvolvimento é mais pronunciado nos homens.

LARINGE

A laringe é o segmento das vias aéreas que segue a faringe e continua na traquéia. Além
da passagem do ar, ela desempenha importante função na produção de sons, do que resulta a
fonação. Está situada anteriormente, no meio do pescoço, onde se pode palpar, para ter como
base, uma proeminência piramidal que pertence à cartilagem tireóide, (pomo de Adão). Para trás,
se relaciona com a faringe (laringo-faringe). Da laringe até os alvéolos pulmonares, as vias aéreas
devem permanecer como tubos constantemente abertos, para assegurar a livre passagem do ar.
Por ocasião da deglutição, a laringe é movimentada no sentido de fechar sua entrada
impossibilitando assim a penetração de alimentos em direção aos pulmões.
As paredes da laringe são formadas por uma série de cartilagens, divididas em pares e
ímpares.

Cartilagens ímpares da laringe


 Tireóide: a maior das cartilagens, que representa a proeminência laríngea. Relaciona-se para
cima com osso hióide e para baixo com a cartilagem cricóide.
 Cricóide: seu nome vem do grego, que significa anel. Situa-se horizontalmente por baixo da
tireóide e acima da traquéia.
 Epiglote: pode ser comparada a uma pequena folha vegetal, ligeiramente côncava para trás,
situada em posição vertical e estendendo-se posteriormente ao osso hióide e à cartilagem tireóide.
Cartilagens pares da laringe
 Aritenóide: duas cartilagens que têm o aspecto de uma pirâmide triangular cuja base está
situada sobre a cartilagem cricóide.
 Corniculada: tem a forma cônica e se situa por cima da cartilagem aritenóide.
 Cuneiforme: tem a forma de uma cunha e situa-se à frente da cartilagem corniculada.

Internamente a laringe apresenta dois pares de pregas horizontais que se destacam das
paredes laterais. O par superior recebe o nome de pregas vestibulares e o par inferior de pregas
vocais. As pregas vestibulares (cordas vocais falsas) são constituídas por um ligamento que se
estende da tireóide à cuneiforme correspondente e são revestidas pela mucosa da laringe. As
pregas vocais (cordas vocais verdadeiras) situam-se paralelamente e por baixo das pregas
vestibulares e são constituídas pelo músculo vocal reforçado em sua borda pelo ligamento vocal.

A musculatura própria da laringe tem dois objetivos principais: a fonação e a movimentação


da cartilagem epiglótica impedindo que os alimentos penetrem na laringe por ocasião da
deglutição. Os músculos dividem-se em extrínsecos (movimentam a laringe como um bloco e
atuam principalmente na deglutição) e intrínsecos (inseridos nas cartilagens, desempenham uma
importante função na fonação). Podemos dividir os músculos intrínsecos em quatro grupos:
 Músculos que entram na constituição das cordas vocais – no interior da laringe encontramos
as duas pregas vocais que se inserem na cartilagem tireóide. Cada corda é formada por fibras
musculares revestidas pela mucosa da laringe.

 Músculos que fazem girar as cartilagens aritenóides – a emissão de sons pela passagem do ar
entre as cordas vocais depende da tensão e da aproximação das mesmas. Quanto mais próximas
e tensas, mais agudo será o som e o contrário determinará os sons graves. As cordas vocais,
inseridas nas cartilagens aritenóides, dependem da posição destas, que passam a desempenhar
um papel semelhante ao das cravelhas dos instrumentos de corda. Os músculos que fazem a
rotação das cartilagens aritenóides são o crico-aritenóideo lateral, o crico-aritenóideo posterior e o
tíreo-aritenóideo.

 Músculos que aproximam as duas cartilagens aritenóides – os músculos que desempenham


esta função são o aritenóideo transverso e o aritenóideo oblíquo.

 Músculos que provocam o deslizamento da cartilagem tireóide para frente – o músculo que
desempenha este movimento é o músculo par cricotireóideo. O deslizamento da tireóide determina
um estiramento das cordas vocais.

OSSO HIÓIDE
O hióide é o único osso que não se articula com o resto do esqueleto. Está situado no ângulo entre
o maxilar e o pescoço. Tem a forma de U e apresenta um corpo e dois pares de cornos (maiores e
menores).

EPIGLOTE
A epiglote é uma válvula fibro-cartilaginosa situada no orifício superior da laringe. Na deglutição ela
fecha a entrada da laringe, evitando que líquidos e sólidos penetrem na traquéia, fazendo com que
eles passem pelo esôfago, dirigindo-se ao estômago.
As pregas vocais inferiores se unem na cartilagem tireóide e realizam seus movimentos
através do deslocamento de sua parte anterior que vai à cartilagem aritenóide, de cada lado.
Existem várias teorias de vibração (oscilação) das pregas vocais. A teoria mioelástica - a
tradicional - a neurocronáxica - de Husson.
A teoria mioelástica postulava que no momento da passagem do ar pela laringe
provocava-se nesta, um vácuo que ocasionava uma inversão nos vetores de força deste ar, devido
à pressão subglótica e à elasticidade das pregas vocais por sua tendência natural de serem
empurradas para sua linha média. A repetição contínua e periódica deste movimento provocaria o
surgimento de uma onda sonora.
A teoria neurocronáxica surge em 1950 com os trabalhos de Husson que acreditava no
controle da emissão sendo realizado por um mecanismo neuromuscular ativo. Segundo ele, os
movimentos periódicos das pregas vocais eram decorrentes de estímulos neurais que tinham a
mesma freqüência, conduzidos pelo nervo recorrente laríngeo. Assim, os impulsos elétricos
provocariam contrações - na mesma freqüência, sendo assim controlado o som a ser emitido.
Van Der Berg, em 1955, estabeleceu uma teoria aerodinâmica-mioelástica que parecia
esclarecer a modulação vocal a partir do comando neural do estiramento, do controle e da
espessura e rigidez das pregas vocais, associados à energia cinética fornecida pelo fluxo aéreo
subglótico, oriundo dos pulmões na expiração.
Fatores de grande complexidade e refinação foram progressivamente contribuindo para a
compreensão da mecânica laríngea. No entanto, com exceção da Teoria de Husson, todas as
outras teorias referem-se implicitamente a um tipo de voz neutro emitido em registro de peito, sem
considerar as diversas modalidades de funcionamento laríngeo e os diversos tipos de voz. Ao que
nos parece, cada teoria tenta explicar partes deste complexo funcionamento, adequando-se cada
uma delas, a uma necessidade ou momento vocal específico.
O movimento ondulatório das pregas vocais é extremamente rápido, não sendo possível
sua observação a olho nu. Para perceber a adução - momento em que se juntam as pregas vocais
na fonação - se faz necessária a colocação de um sistema de iluminação especial - o
estroboscópio - que possibilita a observação periódica de qualquer sistema vibrante/ondulatório,
podendo-se dessa forma conhecer as características do movimento.
Para termos uma idéia da velocidade deste sistema, se a glote se abrir 440 vezes por
segundo, serão 440 arcos de ar por segundo, criando-se assim um som de 440 ciclos por

segundo, ou seja, o equivalente a nota lá3 - O lá central do piano e do diapasão com 440 Hz de
freqüência. Podemos entender o mecanismo laríngeo a partir das afirmações de Tabith Jr. (1980)
que explicita:

A vibração das pregas vocais exige uma aproximação (adução) das


mesmas na linha média, e ao assim procederem, obstruem a passagem
do fluxo aéreo expiratório ao nível da glote. Com isso, ocorre um
aumento de pressão subglótica até atingir níveis suficientes para forçar a
abertura das pregas vocais e superar a resistência oferecida por esta
obstrução (apud COSTA, s/d).

Como os ligamentos e músculos têm características elásticas, quando estas são alteradas
- uma vez que removidas da sua posição natural de equilíbrio - tendem a retornar, o mais
rapidamente possível, à posição de origem, criando assim uma resistência à passagem do fluxo de
ar e um novo ciclo se inicia. Esta ação ocorre no momento exato em que se deseja emitir um som
qualquer, do mais simples fonema à mais elaborada ordem vocal. Para isso, entra em cena o SNC
(sistema nervoso central) e sua complexa ordem sensorial e neural, produzindo na laringe o som
que será fortalecido no sistema de amplificação da coluna sonora.

FISIOLOGIA LARÍNGEA DA FONAÇÃO

Costuma-se praticar a técnica vocal à revelia de um conhecimento científico direcionado


ao ato vocal, no que diz respeito aos métodos empregados e sua aplicação direta sobre o aparelho
fonador. No entanto, os estudos relacionados à voz e seus processos de formação sempre foram
objetos de constantes investigações científicas.
O quadro abaixo traz uma retrospectiva histórica destes estudos:

Século II D.C. Galiano compara o órgão vocal a uma flauta tendo como corpo a traquéia.
Renascença Fabricio de Aquapendente corrige a afirmação de Galiano afirmando que o canal
faringo-bucal é quem constitui o corpo do órgão vocal.
1741 Ferrein realiza estudos com cadáveres e conclui que no interior da laringe existem
estruturas comparáveis a "cordas de violino" que vibram em função da corrente de
ar pulmonar. Verifica ainda que a altura dos sons está diretamente relacionada à
modificação das tensões destas estruturas que ficam conhecidas como cordas
vocais.
1814 Liskovius demonstra que o movimento da corda vocal é totalmente horizontal
1825 Savat e Lootens pesquisam o ventrículo da laringe como sendo o ponto gerador
do fenômeno de turbilhonamento do ar.
1831 Müller atribui à "corda vocal" inferior o caráter funcional d uma palheta vibrante. O
problema reside em decidir quem vibra: a corda ou o ar dentro da laringe e se esta
deve ser comparada a um clarinete ou tubo de órgão.
1898 Ewald descreve a teoria Mioelástica
1850 Husson descreve a teoria Neurocronáxica
1955/1958 Van der Berg descreve a teoria Aerodinâmica-Mioelástica
1960 Cornut e Lafont desenvolvem a teoria Impulsional
1962 Perello desenvolve uma renovação da Teoria Mioelástica
1963 Vallancien apresenta a teoria Mioelástica Completada
1968 Mac Leod e Sylvestre descrevem a teoria Neuroscilatória, baseados na fisiologia
das asas dos insetos
1974 Hirano analisa a estrutura da prega vocal distinguindo o músculo vocal (corpo) e a
mucosa (cobertura), destacando sua influência na fonação.
1981 Dejonckere descreve a teoria Osciloimpedancial, baseado nas considerações de
Hirano.

CARACTERÍSTICAS ACÚSTICAS DA VOZ

INTENSIDADE
A intensidade de um som traduz sua amplitude da variação de pressão. O som resulta
dessa variação periódica de pressão desde que o período se situe dentro dos níveis do espectro
auditivo - 30 a 16 000 ciclos por segundo.
A intensidade vocal varia com a pressão subglótica. Quanto maior a pressão abaixo das
pregas vocais, maior será a intensidade do som. Entretanto, as contrações laríngeas e
supralaríngeas podem perfeitamente contrabalançar esta situação, mantendo fraca a intensidade
da voz, apesar da pressão referida. Não se pode produzir sons intensos (potentes) sem uma
considerável pressão subglótica.

ALTURA
A altura do som relaciona-se com a freqüência da variação de pressão deste som. A altura
da voz depende diretamente da periodicidade dos movimentos das pregas vocais ou mais
diretamente, do número de ciclos glóticos - quantas vezes ela se abre e se fecha - por segundo.
A altura tonal de um indivíduo depende também do tamanho de sua laringe. Pregas vocais
mais longas propiciam vozes capazes de sons mais graves.

O SISTEMA RESSONADOR (AMPLIFICADOR)

A ressonância é um fenômeno físico observável pelo reforço na intensidade de uma onda


mecânica qualquer ao atingir um sistema oscilante cuja freqüência seja igual à sua. Sempre que
uma fonte sonora com sua freqüência própria for posta a vibrar, poderá ocorrer uma transferência
de energia deste primeiro sistema oscilante para um segundo com a mesma freqüência,
desencadeando sua vibração e o conseqüente reforço da onda sonora.
A coluna de ar vinda dos pulmões transforma-se em coluna de som ao passar pelo
sistema vibrador. Mas, até então, o som produzido não tem como amplificar-se. Falta-lhe espaço
para a reverberação dos harmônicos que serão tratados de maneira peculiar pelos amplificadores
naturais da voz - os ressonadores.
As cavidades de ressonância humanas são todas aquelas cujo conteúdo aéreo e cujos
componentes ósseos, cartilaginosos ou musculares entram ou tendem a entrar em vibração a
partir das vibrações do interior da laringe. Essas cavidades são divididas em infraglóticas e
supraglóticas. No primeiro grupo estão a traquéia, os brônquios, os pulmões e a caixa torácica; no
segundo encontram-se a laringe, a faringe, boca, nariz, seios nasais e maxilares. Essas cavidades
vão funcionar como verdadeiros amplificadores do som que irá ressoar por entre elas adquirindo
volume e forma. A ressonância é um trabalho complexo que deve ser desenvolvido com
demasiada atenção pelos cantores e profissionais da voz.

CAIXA TORÁCICA
Os ossos do tórax constituem uma caixa vazada, com uma abertura superior e uma
inferior, e lateralmente representada por um verdadeiro gradil. É constituído posteriormente pelas
doze vértebras torácicas, anteriormente pelo osso esterno e lateralmente por doze pares de
costelas.

BOCA
A boca é uma cavidade que
grosseiramente poderia ser comparada a um cubo
oco, constituída portanto de seis paredes. Seu
interior é subdividido em dois compartimentos: o
vestíbulo e a cavidade bucal propriamente dita. O
vestíbulo é o compartimento periférico, virtual
quando em repouso, em forma de meia-lua, de
concavidade posterior; a cavidade bucal é o
espaço onde se situa a língua. Considerando-se a
boca constituída de seis paredes, teríamos uma anterior (lábios), duas laterais (bochechas), uma
superior (palato duro ou céu da boca), uma posterior (palato mole) e uma inferior (língua e região
sublingual).
A boca, que atua também como ponto de articulação, será a ponte para o meio externo.
Vindos os sons da laringe, eles invadirão todas as cavidades superiores movimentando-se por
elas, reverberando-se e ampliando-se, multiplicando-se em harmônicos sucessivos, enriquecendo
o timbre vocal que será moldado pela articulação.
SEIOS PARANASAIS
Os seios paranasais são cavidades pneumáticas (cheias de ar) escavadas nos ossos que
se dispõem em torno da cavidade nasal, constituindo pequenas bolsas cujas aberturas
estabelecem comunicação com esta cavidade.

Para haver ressonância é necessário que haja espaço por onde se desenvolverá o som,
bem como uma parede dura, resistente, sobre a qual o som possa fazer força - no caso, o palato
duro, os ossos pneumáticos da face com suas reentrâncias. A resistência dessa parede dura é
condição básica. O som bate nessa parede e se projeta para frente. Por essa razão deve-se
pensar em ressonância como algo que está para trás e para cima da cabeça. É importante lembrar
que esse som, já deve vir apoiado pelas técnicas de respiração para que ele se sustente e se firme
na hora de ser amplificado e articulado. A boca terá essa dupla função e posteriormente veremos o
quão delicada é esta questão.
O trabalho de amplificação inicia-se na verdade na própria laringe e começa a ganhar
aumento de volume na hipofaringe ou laringo-faringe, que conduz o som até a sua continuação – a
orofaringe e a rinofaringe. Todo esse caminho percorrido pelo som recebe o nome de TRATO
VOCAL e se estende até o meio externo. Tem aproximadamente 17 cm de comprimento e 4 cm
de diâmetro e envolve todas as estruturas que se situam da laringe às cavidades buconasais (oral
e nasal).
As cavidades dos seios maxilar, esfenoidal, frontal e etmoidal, consideradas durante muito
tempo como ressonadores superiores têm esta conotação metafórica - não fisiológica - por
atuarem como sede das sensações vibratórias que entram no complexo sensorial e motor da voz
cantada, funcionando como ponto de referência dos reflexos de adaptação da mecânica vocal. Do
ponto de vista psicoacústico, pode se considerar que as vibrações sonoras ocupam estes
"espaços" por transmissão óssea, daí, a elevação destes elementos a categoria de ressonadores
superiores. Porém, do ponto de vista fisiológico relacionado à fonação, nada se pode provar.
Talvez os seios possam atuar como isolantes fônicos, freando a transmissão das vibrações ósseas
em direção a cóclea (ouvido).
O som recebe amplificação nos ressonadores em decorrência de sua capacidade acústica
natural de "entrar em ressonância" com as freqüências: 500, 1.500 e 2.500 Hz, que são as
freqüências naturais do sistema, também chamados de formantes da voz. Vale a pena relembrar
o princípio de ressonância:

Quando uma força vibratória periódica é aplicada a um meio elástico, o


meio será forçado a vibrar com a freqüência da força aplicada. Quanto
mais próxima a freqüência aplicada estiver da freqüência natural do meio
elástico (sistema), maior será a amplitude de vibração (ou amplificação)
resultante (COELHO, 1994).

Como o trato vocal é um meio elástico e possui suas freqüências naturais, pode
perfeitamente entrar em ressonância com as ondas sonoras produzidas nas pregas vocais
(laringe). O som que era quase um sussurro na região da laringe é então ampliado, com uma
fôrma toda especial, pronta para receber o acabamento que será executado no sistema
articulatório para formar a palavra, falada ou cantada.
Todas as estruturas ou sistemas que integram o aparelho vocal realizam uma ação
subseqüente. Uma trabalha em função da outra, para que o resultado seja a fonação. Assim, a
respiração propicia à vibração das pregas vocais o ar necessário que somado aos impulsos
nervosos produzem os ciclos de freqüência. Os ressonadores ampliam os sons produzidos para
serem articulados no último dos sistemas do aparelho vocal.
É justamente no momento da transição ressonância/articulação que o som produzido corre
o risco de "se perder", pois durante o trabalho articulatório, por diversos fatores descritos a seguir,
pode a emissão ser modificada em detrimento da ressonância. É neste momento que o cantor tem
de conhecer bem o desenvolvimento de sua voz a ponto de "driblar" a articulação para que esta
complemente o trabalho ressonancial, cumprindo assim sua função fisiológica de "acabamento" da
palavra, tornando-se a estrutura articuladora, subseqüente a estrutura ressonadora.
Não é um trabalho muito fácil se consideradas todas as dificuldades que ao longo da
existência do indivíduo se instauraram nos processos de formação de sua voz. Fatores de caráter
educacional, social, histórico e cultural, contribuem para uma produção vocal totalmente
equivocada que se inicia na respiração, fazendo com que todo o processo seja realizado em
detrimento de uma ação consciente. Fica muito difícil tentar colocar uma articulação em seu foco
ou ponto articulatório, se desde a produção da coluna aérea o processo já está equivocado. É
necessário um trabalho de grande atenção por parte do indivíduo e em especial do professor de
canto, que deverá orientar e direcionar todas as etapas, a fim de que todo o trabalho vocal seja
sincronizado, harmônico, preciso e eficaz.

SISTEMA ARTICULADOR

O termo articulação denota a clareza da interpretação musical veiculada pela separação


equilibrada e coerente do trecho musical em pequenas unidades. Nos idiomas instrumentais,
refere-se ao fraseado, ataque, corte e outros. Nos idiomas vocais, refere-se aos estudos da
fonética: a dicção. A articulação pode, portanto, ser definida como uma série de movimentos
realizados pelas partes móveis das cavidades de ressonância através dos quais o ruído e o som
glótico se transformam em palavras e linguagem.
Convém lembrar que a palavra é resultado da ação conjunta de todas as partes do
aparelho fonador. A coluna de ar transformou-se em coluna de som, o som foi amplificado e agora
chegou o momento de moldar esse som. A língua, os dentes e os lábios, juntamente com a
mandíbula, farão um trabalho que dá prosseguimento e resultado às ações desenvolvidas pelos
outros três sistemas.

LÁBIOS
São duas pregas músculo-mucosas que funcionam como "portas" da boca, permitindo a
entrada de ar e alimentos na cavidade bucal.
Uma atenção muito grande deve se dar ao fato de que a boca servirá como ressoador e
articulador, ao mesmo tempo. Isso nos levará a um estudo detalhado desta dupla função para que
possamos compreender sua complexidade.

LÍNGUA
É um órgão constituído por músculos que lhe conferem extraordinária mobilidade. É
considerado o principal órgão da articulação, e interfere na formação de vogais e consoantes.

MAXILAR INFERIOR
A mandíbula, ou maxilar inferior, é um osso no qual se implantam os dentes inferiores, e
articula-se pelas duas extremidades com os ossos temporais.
O trabalho de articulação necessita basicamente de dois seguimentos fonéticos: vocálicos
e consonantais. À primeira vista, entende-se a função articuladora como sendo o complemento das
funções dos outros sistemas. Porém, no momento em que começarmos a analisar suas funções,
fatalmente iremos perceber o trabalho de caráter antagônico que este sistema desenvolve sobre
os anteriores. Com relação ao aparelho respiratório, observemos o fato de que a articulação da
linguagem falada ou cantada prejudica a ventilação pulmonar, pois impõem obstáculos à livre
circulação do ar pela redução do tempo inspiratório e pelo bloqueio da expiração.
Para entender este caráter antagônico com relação ao sistema emissor, vamos lembrar
que o trabalho de articulação é responsável pela formação dos fonemas, das sílabas e das
palavras. A produção vocal resultará da emissão das vogais e das consoantes, numa elaborada
combinação entre elas.
Cada vogal age como veículo do som dando-lhe forma. As consoantes funcionam como
condutores destes veículos, impulsionando-os para o meio externo. Podemos fazer uma analogia:
imagine um vitral, com belas paisagens. Os vidros coloridos que a compõem seriam as vogais. A
estrutura de ferro que sustenta os vidros coloridos seria as consoantes. Quando articulamos
vogais, entendemos a articulação como sendo direta ou de certa forma homogênea. Na emissão
de vogais, os campos ressonanciais são mantidos até o fim da emissão. Já a articulação de
consoantes ocorre sempre modificação dos campos ressonanciais, pois é caracterizada pela
interrupção do fluxo aéreo através da obstrução parcial ou total deste fluxo, podendo ser entendida
como seguimento de articulação indireta ou heterogênea.
Outro ponto importante na articulação das vogais é que, mesmo sendo entendida como
articulação direta, quando executada a emissão das fôrmas vocais das vogais, pode haver um
comprometimento ou alteração dos campos de ressonância quando da mudança das fôrmas, uma
vez que fôrma interna e fôrma externa realizarão trabalho antagônico. Quando se canta /U/ a forma
interna se eleva e a externa se estreita. Quando se canta /A/ a forma interna deve manter-se
elevada enquanto a externa se abaixa. A observação destes aspectos é de suma importância para
a voz cantada, pois é a partir deste estudo que podemos entender melhor o nivelamento ou foco
vocal como sendo a capacidade de manter o mesmo campo ressonancial para todas as vogais,
ainda que considerados os diversos pontos e formas de articulação a elas inerente. Cada vogal
tem uma fôrma específica e trabalha uma forma de articulação.
As fôrmas estão aqui dispostas em grau crescente de impedância. Para o trabalho de
emissão com vogais na voz cantada recomenda-se o inverso, pois a impedância relaciona-se com
a resistência encontrada no tubo laríngeo à passagem do ar. Se levarmos em conta a grande
resistência do ar na vogal /U/ e sua fôrma de suspensão, poderemos entender que em graus
decrescentes de impedância, será perfeitamente possível evitar a quebra de nivelamento ou foco
da emissão, se forem mantidos os campos ressonanciais. Dessa forma evita-se a acomodação
natural da musculatura laríngea, que naturalmente irá resistir menos na vogal que encontra menor
impedância, no caso a vogal /A/.

Quadro representativo das vogais com seus aspectos psicofísicos

Vogais DESCRIÇÃO FISIOLÓGICA por Carlos Prata


A Abdução - Expressão máxima de abertura da boca
Ê/ É Prolação - Projeta o som para frente - prolongamento.
I Sustentação - Mantém o fluxo sonoro
Sempre em ascensão.
Ô/Ô Expansão - Abre lateralmente o fluxo sonoro
Expandindo-o.
U Suspensão - Eleva toda a estrutura interna da boca e
Abaixamento da laringe

Durante o processo de articulação das vogais, torna-se mais fácil compreender a


articulação em função da ressonância. Quando emitimos as vogais em seqüência, se observarmos
bem, poderemos dominar a articulação de tal forma a transportar o campo ressonancial de uma
vogal para outra, transformando, ou melhor, moldando as fôrmas. Neste caso termos um
verdadeiro trabalho de complementação da articulação para com a ressonância.
Considerando ainda que a vogal /A/ quase não oferece resistência à passagem do ar,
sendo extremamente aberta, sugere-se que o início do trabalho de emissão se dê pelas vogais
fechadas, as que oferecem maior resistência. Elas manterão a suspensão e expansão necessárias
às outras vogais. Isso evitará a acomodação natural da musculatura - característica peculiar das
"vozes de garganta" - bastante comuns no início do trabalho técnico.
Em determinados momentos, a articulação trabalhará antagonicamente em relação à
ressonância. Isso acontece diretamente quando entram em cena as consoantes. As consoantes
são, como o nome sugere, sons que isolados não têm significado algum, mas que têm a função de
delinear as vogais. Sua pronúncia requer obstáculos à passagem do ar: total (interrompe o fluxo do
ar e resulta em consoantes oclusivas) ou parcial (apenas comprime o fluxo de ar e resulta em
consoantes constritivas). Quando se canta: "AAAA", a fôrma é contínua. O campo ressonancial é
reforçado. Mas quando se canta: "ACA", no instante em que se emite o /C/, ocorre uma súbita
interrupção no fluxo sonoro que se recupera imediatamente. Neste momento, o campo
ressonancial criado pela emissão da vogal /A/, sofrerá uma modificação, que neste caso será
facilmente ajustada quando for retomada a emissão de /A/. Os campos ressonanciais serão
modificados, e ali a articulação que deveria completar o trabalho da ressonância, finda por
digladiar-se com esta. O mais importante deste aspecto, é que neste momento cabe ao executante
da ação, planejar e dirigir sua emissão de modo a fazer com ela sirva eminentemente à articulação
em função da ressonância.
Um quadro de classificação fonêmica das consoantes, apresentando ponto e modo de
articulação, sonoridade e nasalidade, seria:

PONTO DE ARTICULAÇÃO
LABIAL DENTAL / ALVEOLAR PALATAL
Bilabial /p/ /b/ /m/ Dental /t/ /d/ /n/ Alvopalatal ou Palato-alveolar
/ch/ /j/
Labiodental /f/ /v/ Alveolar /s/ /z/ /l/ /r/ Palatal /lh/ /nh/
Velar /k/ /g/ /R/
Glotal não presentes na língua
portuguesa.
MODO DE ARTICULAÇÃO
Oclusivas ou Plosivas Nasal /m/ /n/ Fricativa /s/ /f/ /z/ /ch/
/p/ /b/ /m/
SONORIDADE
Surda Sem vibração das pregas vocais Sonora (Vozeada) Com vibração das pregas
/p/ vocais /b/
NASALIDADE (em combinação com vogal)
Oral /p/ (palato levantado) Nasal /m/ (hum) (palato abaixado)

A perfeita combinação dos seguimentos vocálicos e consonantais nada mais é do que o


trabalho de articulação que naturalmente se dará como processo complementar da fonação. É
importante saber como cada seguimento irá delinear a palavra de modo a conservar sempre os
campos de ressonância para manter os sons da voz cantada, que exigem mais sustentação do
que os sons do padrão de fala. Basta lembrar que quando cantamos, sustentamos as vogais que
não são sustentadas ao falar, o que por si já é um grande esforço. Esforço este que a técnica vocal
visa minimizar como todos os outros que se fazem presentes na ação de cantar. Aliás, é essa a
função da técnica: promover um estado natural de emissão, não eliminando os esforços
pertinentes à ação, mas oferecendo a quem executa a capacidade de uma vivência ampla que lhe
garanta a coordenação e o direcionamento de sua execução, para que esta venha se somar à
emoção. É a combinação perfeita entre razão e sensibilidade, dois ingredientes imprescindíveis à
formação de um grande cantor.
SISTEMA NERVOSO CENTRAL

O sistema nervoso é o resultado final de milhões de anos de evolução. Atualmente somos


capazes de diferenciar, no interior do cérebro humano, uma série concêntrica de várias estruturas
que correspondem às diversas fases pelas quais passou o homem antes de se tornar o que é hoje.
Com o estudo destas estruturas cerebrais diferenciadas podemos começar a entender a
extraordinária complexidade das reações humanas, nas quais se misturam continuamente a
sabedoria do filósofo e a fúria sanguinária do animal selvagem.
O cérebro humano é formado por mais de dezoito bilhões de células nervosas, que
mantêm entre si centenas e centenas de bilhões de conexões. Sua capacidade de previsão supera
a de qualquer computador, enquanto o consumo energético é igual ao de uma modesta lâmpada.
Longas filas de células nervosas formam caminhos que transmitem as sensações da periferia até
o centro do sistema nervoso e vice-versa. Esse intrincado sistema de inter-relacionamentos e
intercâmbios mantém o cérebro constantemente informado de tudo o que acontece no interior e no
exterior do organismo. Abaixo do cérebro, o sistema nervoso continua em uma espécie de tronco
em que estão contidos centros de importância vital para o organismo. Deriva desse tronco a
minuciosa e abrangente rede do sistema nervoso periférico, cujas numerosas divisões
compreendem as diferentes seções do sistema nervoso simpático. Por meio do sistema nervoso
periférico, que abrange inclusive os nervos responsáveis pelo controle dos órgãos sensoriais do
rosto, temos condições de avaliar tudo aquilo que acontece à nossa volta e – o que é mais
importante – reagir a esses estímulos externos. O sistema nervoso central controla toda a rede de
nervos que compõe o sistema periférico.
O sistema nervoso central é constituído pelo encéfalo e pela corda espinhal. Dentro da
corda espinhal, neurônios sensoriais e motores fazem sinapse (junção entre os neurônios através
da qual o impulso nervoso se propaga) com interneurônios agrupados em núcleos; as fibras que
transportam informações de várias partes do corpo e as que retransmitem instruções do encéfalo
estão agrupadas em conjuntos de fibras chamadas tratos de fibras.
BIBLIOGRAFIA

ANDRADA E SILVA, Marta A.; COSTA, Henrique O. Voz Cantada, Ed. Lovise, São Paulo, 1998.
CASTRO, Sebastião Vicente de. Anatomia Fundamental, 2ª ed. São Paulo, McGraw - Hill do Brasil,
1985.
COELHO, H. W. Técnica Vocal para Coros. São Leopoldo - RS, Sinodal, 1994.
CURTIS, Helena Biologia, 2 ed. Editora Guanabara Koogan S/A, Rio de Janeiro, 1977
MOTTA, Maninha. Superando o sonho – Técnica vocal para cantores principiantes, Fortaleza,
1997.
POGLIANI, G. Novo Atlas do Corpo Humano. São Paulo, Círculo do Livro, 1979.
PRATA, Luís C. Princípios Básicos da Reeducação Vocal – da Origem da Fala ao Canto Individual
e Coletivo.

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