187
ISSN 1981-2841
RESUMO
ABSTRACT
The aim of this paper is to analyze and demonstrate the Stirling´s formula for
an important aspect of its demonstration implicates on the knowledge of some
concepts, as, for example, integrals and series (sequences). Thus, the present
study has been made through a bibliographical research and the development of
some demonstrations, as well as a probability application. With this, the Stirling´s
formula is employed for the solving of problems in n! calculus when n is big,
enabling a reduction in the amount of operations. Yet, the application supports
techniques for obtaining solutions to reoccurrence relation.
1
Trabalho de Iniciação Cientíca - PROBIC.
2
Acadêmica do Curso de Matemática - UNIFRA.
3
Orientador - UNIFRA.
188 Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 187-204, 2008.
INTRODUÇÃO
Gráco 1 - y = log x.
1 n
A log 2 ... log( n 1) log n log(2.3.4.....(n 1). n ) log(2.3.4.....(n 1). n . )
2 n
n n!
A log(2.3.4.....( n 1). ) log( ) log n ! log n .
n n
n .nn .e n
Em seguida, dene-se a sucessão (an) pela expressão an .
n!
A partir do fato de que a gura 1 contém a região compreendida entre o
eixo dos x, a reta x = 1 e a reta x = n, pode-se provar que an<1.
an
A diferença an = An Tn é limitada, e pode-se deduzir que Tn An 1
An
é da mesma ordem da grandeza que An,
an
pois, an An Tn An An 1
An
an An An an
an an .
Tem-se que an = An Tn .
Além disso, a diferença ak-1-ak é menor do que a diferença entre as áreas limitadas
1 1 1 1
log(1 ) log 1
2 2k 2 1
2 k
2
1 1 1 1
log(1 ) log 1 .
2 2k 2 2(k 1)
Ao somar essas desigualdades para K=1,2,...,n-1, todos os termos
da direita, exceto dois, serão cancelados, vindo, então (uma vez que a1=0),
1 3 1 1 1 3
an log log(1 ) log 1.
2 2 2 2n 2 2
Logo, an é limitada.
A seguir, sabendo que an<1 é limitada, demonstra-se que sucessão an é
monótona crescente, se an an 1 , ou seja, an 1 para todo n.
an 1
n n
nn e
Tem-se que an .
n!
n 1( n 1) n 1 e ( n 1)
Logo, an 1 .
(n 1)!
Assim, tem-se an an 1 :
nn n e n
n 1( n 1) n 1 e ( n 1)
nnn e n
n 1( n 1) n ( n 1)e n e 1
n! (n 1)! n! (n 1)n !
n 1(n 1)n
nn n
e
Daí, e n .n n
1.
n 1(n 1) n
2
Como aplicação, calcula-se a integral denida: Sn sen n xdx .
0
2
2
(n 1) 2
Sn sen n xdx sen n 2 xdx ou, ainda,
0 n 0
(n 1)
Sn Sn 2 , n 2.
n
Assim, tem-se: S 2 .
4
2
S1 senxdx
0
1.3.....(2k 1)
S 2k .
2.4.....(2k ) 2
2.4.....(2k )
S 2k 1 .
3.5.....(2k 1)
194 Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 187-204, 2008.
2
n 12 (2)
sen n xdx senn 2 xdx
0 n 0
Realizando, nessa última relação, sucessivamente, a substituição de n por
n-2, n-4, ..., resultam as relações:
2
n 2 n 2 12 n 32
sen xdx sen n 2 2
xdx sen n 4 xdx (3)
0
n 2 0 n 20
2
n 4 12 n 52
sen n 4 xdx sen n 4 2
xdx sen n 6 xdx (4)
0
n 4 0 n 40
2
12 12 1
sen 2 xdx sen 0 xdx dx . (se n for par)
0
20 20 2 2
2
22 2 2 2 (se n for ímpar)
sen3 xdx senxdx ( cos x )02 ( cos cos 0) .1
0 30 3 3 2 3
2
n 1 n 32
sen n xdx . sen n 4 xdx
0
n n 20
n 1 n 3 n 52
. . sen n 6 xdx
n n 2 n 40
n 1 n 3 n 5 3 1
. . ..... . . (se n for par) (5)
n n 2 n 4 4 2 2
ou
n 1 n 3 n 5 4 2
. . ..... . .1 (se n for ímpar) (6)
n n 2 n 4 5 3
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 187-204, 2008. 195
2
Ao retomar a integral sen n xdx e fazer n=2k e n=2k+1, respectiva-
0
mente, obtém-se, de acordo com (5) e (6) do número anterior, as duas relações
seguintes:
2
2k 1 2k 3 2k 5 3 1
S2 k sen 2 k xdx . . ..... . .
0 2k 2k 2 2 k 4 4 2 2
e
2
2k 2k 1 2k 4 4 2
S2 k 1 sen 2 k 1 xdx . . ..... . .
0
2k 1 2 k 1 2 k 3 5 3
e
2
2k 2k 1 2 k 4 4 2
S2 k 1 sen2 k 1 xdx . . ..... . (8)
0
2k 1 2k 1 2k 3 5 3
Nela, integrando de 0 a :
2
196 Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 187-204, 2008.
2 2 2
sen 2 k 1 xdx sen 2 k xdx sen 2 k 1 xdx ou S 2 k 1 S2k S2k 1 .
0 0 0
S2 k S2 k 1
1 (10)
S2 k 1 S2 k 1
2k 1 1
em que a última razão, de acordo com (8), reduz-se a ou 1 ; quanto à
2k 2k
primeira, seu valor é dado pela equação (9), na qual, substituindo em (10):
2k 1 .(2k 1) 2k 1 .(2k 3) 5 3 3 1 1
1 . ..... . . . . 1 .
2k .2k (2k 3).(2k 2) 4 4 2 2 2 2k
2.2.4.4.6.6.....(2k ).(2k ) .
Wk
3.3.5.5.....(2k 1).(2k 1).(2k 1)
Mostra-se que a sucessão (Wk) é crescente e limitada superiormente por .
2
Finalmente, usando a demonstração anterior, tem-se que lim Wk .
k 2
Wk 1
Sabe-se que uma sucessão é crescente se Wk Wk 1 , ou seja, 1
Wk
(2 k ) 2
para todo k. Tem-se Wk . É importante observar, também, que se Wk+1
(2 k 1) 2
de Wk substituindo k por k+1.
Wk 1
Assim, tem-se 1:
Wk
(2k 2) 2 (2k 1)2
. 1.
(2k 3) 2 (2k ) 2
Portanto, a sucessão é crescente.
(k !)2 22 k
Feito isso, mostra-se que lim Wk implica que lim .
k 2 k (2k )! k
2k 22.42.....(2k 2)2
Sabe-se que lim 1 . Pode-se escrever lim 2 2 .2k .
k 2k 1 k 3 .5 .....(2k 1) 2 2
Ao tomar a raiz quadrada e multiplicar numerador e denominador por
2, 4, ..., (2k-2), obtém-se:
2.4.....(2k 2)
lim . 2k
2 k 3.5.....(2k 1)
22.42.....(2k 2)2
lim . 2k
k 2.3.4.5....(2k 2).(2k 1)
198 Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 187-204, 2008.
( k !) 2 2 2 k
Deduz-se, nalmente, que lim .
k (2k )! k
(k !) 2 2 2 k an2 1
2
Por m, ao utilizar lim , mostra-se que lim 2 e
k
(2k )! k n a2 n
1
2
conclui-se que lim an 2 .
n
1
No entanto, An Tn = na. Assim, log n ! 1 an (n ) log n n .
2
1 a n 12
Fazendo n e n , n ! nn e n.
n é monótona decrescente e aproxima-se ao limite e1 a , logo:
1 1
log(1 ) 1 1 .
1 n
ea an
e2 2n
1 1
2n 4n
Pode-se escrever:
1 1
n
n
n 1
n 2
e n! n 2
e n (1 )
4n .
k 12 k 2k 1 2k 1 2k
Ao substituir k! por n .k .e e (2k)! por 2n .2 2
.k 2
.e , obtém-se:
1
k
( nk 2
e k )2 .22 k
lim 1 1
k 2k 2k
2 2 2k
( 2n 2 k e ). k
2
n k 2 k ke 2k
22 k
lim 1 1
k
2k 2 2k 2 2k
2n 2 2 k k e . k
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 187-204, 2008. 199
2 2
n k n
lim lim
k
2n 2 k k k
2n 2
2 2
n
lim
n
2n 2 2
n 1
2 n n 1
2 n 1
2 n e n! 2 n e 1 .
4n
Fica, assim, demonstrada a fórmula de Stirling.
Portanto, o estudo e a análise da Fórmula de Stirling permitem estabelecer
1
que as expressões n! e 2 n n 2 e n diferem entre si somente por uma pequena
percentagem para n sucientemente grande, ou seja, n! e a Fórmula de Stirling
são duas expressões assintoticamente iguais. É justamente essa propriedade que
torna possível seu uso para o cálculo de n! (n fatorial), especialmente quando n é
1
grande. Implicitamente, o fator 1 que determina uma estimativa do grau
4n
de precisão da aproximação de n!. Ou seja, o erro relativo cometido ocorre apenas
por esse fator. A tabela 1 ilustra a percentagem de erro resultante da aplicação da
Fórmula de Stirling, conforme o tamanho de n.
1 1 0,922 8
2 2 1,919 4
5 120 118,019 2
10 (3,6288)106 (3,5986...)105 0,8
100 (9,3326...)10157 (9,3249...)10157 0,08
APLICAÇÃO
caixa escolhida para colocar a bola 1 (no sentido de qual a companhia escolhida
para a bola 1). Por exemplo, quando n = 5 e k = 2, para a construção das
distribuições no segundo subconjunto, considera-se todas as distribuições das
bolas 2, 3, 4 e 5, em duas caixas não vazias:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este artigo, pode-se perceber que vários conceitos importantes foram
aplicados para a demonstração da Fórmula de Stirling. Proporcionou-se, dessa forma,
um aprofundamento teórico e maior domínio de noções matemáticas essenciais.
Nesse contexto, pode-se concluir que a Fórmula de Stirling é muito
empregada no cálculo de n! quando n é grande. Ou seja, ao invés de efetuar um grande
número de multiplicações de inteiros, basta calcular a Fórmula de Stirling por meio
dos logaritmos, o que reduz consideravelmente o número de operações. Por exemplo,
para n = 10, obtém-se o valor 3.598.696 pela fórmula de Stirling, ao passo que o valor
exato de 10! é 3.628.800. Desse modo, o erro cometido é apenas de 5/6 por cento.
No decorrer do trabalho, apresentou-se uma aplicação da Fórmula em
problemas de probabilidade. Analisaram-se, assim, as relações de recorrência dos
números de Stirling do primeiro e segundo tipo.
Por m, resta destacar que a Fórmula de Stirling também impõe vantagens
computacionais, como, por exemplo, menor uso de memória da máquina em um
tempo menor ao efetuar n!.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS