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O QUE É SER MANEZINHO?


WHAT IS IT TO BE A MANEZINHO?
Lucas Lacerda
Mestre em linguística pela UFSC
lucasantoniolacerda@gmail.com

Dorival Gonçalves Santos Filho


Mestre em Linguística pela UFSC
dorivalunesp@bol.com.br

RESUMO: O conceito de identidade em comunidades de fala de Florianópolis é algo bastante


discutido nos últimos anos. Aprofundando essa discussão, buscamos algumas características do
florianopolitano que remetem ao famoso termo “Manezinho da Ilha”. Com base em corpora orais
gravados em Florianópolis, no ano 2012 (amostra Floripa – banco VARSUL), são levantados
alguns trechos opinativos/informativos dos informantes de estudos qualitativos para a discussão do
atual estágio da questão central deste estudo – O que é ser Manezinho? Nosso estudo partirá,
primeiramente, do ponto de vista dos florianopolitanos em relação a esse controverso termo
(Manezinho), uma vez que é sabido que o seu uso comumente tem servido para qualificar os nativos
da cidade de Florianópolis. Mas, ao longo de muitos anos teve uso específico na designação
pejorativa dos um segmento dos moradores do interior da ilha: os de baixa escolaridade, os
pescadores, os artesãos etc.. Propomos, também, averiguar como diferentes comunidades de fala de
Florianópolis de áreas centrais e interioranas se posicionam em relação ao tema central deste estudo.
PALAVRAS-CHAVE: Sociolinguística. Identidade. Manezinho.

ABSTRACT: The concept of identity in speech communities of Florianópolis is widely discussed in


recent years. Entering this discussion, we search for some characteristics of florianopolitano
adjective that refers to the famous “Manezinho da Ilha”. Based on corpora oral recorded in
Florianópolis in 2012 (sample Floripa - database VARSUL, opinative/informative excerpts are
collected of the informants of qualitative research for a discussion of the current stage of the
central question of this study – What is being Manezinho? Our study will start, firstly, from the
point of view of florianopolitanos regarding to this controversial term (Manezinho), since it is
known that it has been commonly used to describe the natives of the city of Florianópolis. Although,
throughout the years, the term has been used pejoratively to classify the residents of the interior of
the island: the ones with limited education, fishermen, craftsmen etc.. We also propose the
investigation of how different speech communities of Florianópolis central and interior areas
express their opinions in relation to the central theme of this study.
KEYWORDS: Sociolinguistics. Identity. Manezinho.

INTRODUÇÃO

Neste trabalho abordaremos a Identidade do nativo da Ilha de Santa Catarina, conhecido como
Manezinho. Mas o faremos sob uma abordagem que foge dos estudos mais tradicionais da
sociolinguística, pois adotaremos como interface a ACD – Análise Crítica do Discurso.
Pretendemos analisar a “voz” das comunidades, sob o viés social e cultural, principalmente

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linguístico, através do discurso de identidade que individualmente o falante constrói. “Os


Manezinhos” é como são conhecidos os nativos da cidade de Florianópolis – Ilha e Continente. Dito
isso, é preciso lembrar que o dialeto tido como “manezês” é facilmente encontrado em diversos
pontos geográficos da cidade, não ficando restrito somente à ilha. Desse modo, investigaremos o
discurso de identidade do Mané na ótica do próprio nativo. Inicialmente, selecionamos para este
estudo sete entrevistas de duas comunidades florianopolitanas. Trata-se das comunidades de Santo
Antônio de Lisboa (doravante SAL, composta pelos bairros: Cacupé, Sambaqui e Barra do
Sambaqui)1, conhecidas por serem redutos dos nativos de Florianópolis e do continente (bairros:
Coqueiros e Abraão)2 lugar em que há mais miscigenação entre moradores nativos e imigrantes. Na
comunidade de SAL foram selecionadas 3 (três) entrevistas com moradores do bairro Cacupé e, no
continente, 4 (quatro) entrevistas, com diversas características sociais como: idade, sexo e
escolaridade.
A sociolinguística é a área da linguística que concentra os seus estudos nas relações entre a língua e
a sociedade, com ênfase, particularmente, nas investigações sobre as variabilidades da língua
motivadas socialmente. Nessa perspectiva, surgem na década de 1960 os estudos variacionistas e,
mais especificamente, como trataremos neste trabalho, a Teoria da Variação e Mudança, com
Willian Labov (1963), que publica seu estudo realizado na Ilha de Martha’s Vineyard. No referido
estudo, Labov atesta a motivação social da centralização da vogal nos ditongos /aw/ e /ay/ como
marca da identidade dos nativos da Ilha de Martha’s Vineyard. Desse modo, o autor percebe que o
uso (ou não) da centralização da vogal nos ditongos /aw/ e /ay/ tem a ver diretamente com a
avaliação subjetiva que o falante faz. Ou seja, se ele avalia positivamente significa que, ao
centralizar, demonstra um sentimento de pertencimento ao local, como assevera o autor –
“Concluiu-se que um valor social tinha sido associado, mais ou menos arbitrariamente, à
centralização de (ay) e (aw): quanto mais um indivíduo se sentisse capaz de reivindicar e manter
status como um vineyardense nativo, mais ele adotaria a centralização de (ay) e (aw).” (LABOV,
2008 [1972]).
Assim como no estudo de Labov, citado acima, nosso trabalho adentra a questão identitária. Para
tanto, nos pautaremos na Teoria da Variação e Mudança, e faremos uma investigação qualitativa, na
qual observaremos os dados de forma isolada, os quais, posteriormente, serão comparados entre si.
Nessa comparação, buscamos encontrar suas congruências e suas divergências. Os dados analisados
provêm de entrevistas do Projeto Varsul, mais especificamente de parte da nova amostra Floripa
2012, onde os informantes são questionados sobre “o que é ser Manezinho?”, juntamente com
entrevistas feitas com os agraciados com o “Troféu Manezinho da Ilha” contidas no livro SOMOS
TODOS MANEZINHOS, onde a mesma pergunta é feita.
A partir do discurso dos informantes, buscamos mostrar a identidade Mané na perspectiva dos
próprios nativos. Lembramos que algo semelhante foi feito por Amante (1998; 2007) nos livros
SOMOS TODOS MANEZINHOS I e II, que são compostos, basicamente, de entrevistas feitas com
os ganhadores do “Troféu Manezinho da Ilha”, troféu esse criado em 1987 pelo sambista,
compositor e considerado, por muitos, como o “Mané-Maior” Aldírio Simões. Escritos por
Francisco Hegidio Amante, os livros nos trazem diversos relatos, onde os agraciados com o “título”
de “Manezinho da Ilha” explicitam o que, para eles, é ser o autêntico “Manezinho”. Segundo
Severo:
A questão que surge é: de que maneira a identidade “mané” continua o seu
processo de constituição, levando em consideração os diferentes grupos que
ultimamente começam a fazer parte do cenário florianopolitano, com suas
peculiaridades econômicas, políticas, sociais e linguísticas? (SEVERO, 2004,

1
Comunidade localizada no noroeste da ilha.
2
A parte continental de Florianópolis é composta por diversos bairros, mas as entrevistas foram feitas nos dois bairros
elencados acima, por serem considerados redutos de moradores nativos.

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p.843).
Na sociolinguística qualitativa, cujo enfoque não é necessariamente a língua como sistema e sim a
relação dos sujeitos com a linguagem, encontramos a construção social da prática discursiva que
nos revela, de maneira mais objetiva, a representação de uma identidade. Podemos observar que o
falante, inserido em sua comunidade de fala, tem o seu próprio discurso de identidade, no qual se
faz representado, e reconhece o outro como pertencente ou não à sua comunidade linguística, ou
seja, ele constrói sua identidade por meio de sua fala que está diretamente ligada ao meio social.
Quando qualquer indivíduo interage, ele fará uso, inegavelmente, de uma determinada perspectiva
sobre o que pretende comunicar ou expressar. Ao assumir tal perspectiva, sua ideia de mundo e,
consequentemente, suas ideologias serão inegavelmente expressas. Isso ocorre porque nós, como
seres sociais que somos, ao nos comunicarmos, fazemos usos de determinadas variáveis
sociolinguísticas, e com isso, deixamos transparecer nossas identidades. Sendo assim, ao
interagimos, indubitavelmente, demonstramos e reproduzimos a estrutura social à qual pertencemos.
“O ato de usar a língua envolve escolhas do que se falar (e até do que não se falar) e estas escolhas
nunca são neutras, já que estão relacionadas às nossas identidades sociais” (SCLIAR-CABRAL;
CALDAS-COULTHARD, 2008, p. 31).

2 O DISCURSO DE IDENTIDADE SEGUNDO A TEORIA DE ANÁLISE CRÍTICA DO


DISCURSO

Ao tratar de temas sociais ligados à linguagem, poder e identidade, é necessário que se tenha em
vista uma teoria que busque analisar fenômenos sociais e discursivos. E, juntamente a isso, é
preciso apontar como se dá a identificação consciente do falante através do seu meio, dentro dos
processos, práticas sociais e de identidade do indivíduo construídos sócio-historicamente. A
identidade é expressa a partir de um discurso. Sendo assim, as formas linguísticas empregadas,
juntamente com os significados que o falante seleciona, o faz produtor do seu texto e construtor de
uma identidade. Em relação ao sujeito, produtor de uma identidade, lembramos que, para
Fairclough (2001), os sujeitos não são, como considera a Análise do Discurso (AD), ‘assujeitados’;
são agentes sociais e construtores de suas práticas discursivas. E são capazes de remodelar e
reestruturar essas práticas.
A análise crítica do discurso traz um novo elemento aos estudos da linguagem ligados à tradicional
Análise do discurso: o social – além de outros campos de abordagem –, e propicia o avanço desse
elemento nos estudos que tratam do discurso de identidade.
Norman Fairclough (op.cit.), um dos pesquisadores mais recorrentes dessa perspectiva, buscou aliar
as teorias sociais e da linguagem, com um foco multidisciplinar. Assim, o autor propõe uma análise
do discurso, sob o ponto de vista crítico, combinando o texto, a prática discursiva e a prática social.
Por análise “crítica” do discurso quero dizer análise do discurso que visa a explorar
sistematicamente relações frequentemente opacas de causalidade e determinação
entre (a) práticas discursivas, eventos e textos, e (b) estruturas sociais e culturais,
relações e processos mais amplos; a investigar como essas práticas, eventos e
textos surgem de relações e lutas de poder, sendo formados ideologicamente por
estas; e a explorar como a opacidade dessas relações entre o discurso e a sociedade
é ela própria um fator que assegura o poder e a hegemonia. (FAIRCLOUGH, 2001,
p. 35).
Fazendo uso do referido arcabouço teórico, ou seja, (i) da sociolinguística, através de análises
qualitativas, e (ii) da análise crítica do discurso, aliada ao que consideraremos como “atos de
identidade” – adentraremos a essa questão mais adiante – , buscaremos compreender de que
maneira os instrumentos linguísticos, utilizados pelos falantes nos discursos em análise, reproduzem
a realidade e produzem uma identidade social, os quais estão inegavelmente ligados a relações de

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grupos sociais e ideologias de poder.


No sentido dessa nossa abordagem, o sujeito do discurso, no processo de significação, ocupa uma
posição distinta, razão pela qual é o elemento essencial no processo de significação do discurso.
Portanto, não existe aqui um “sujeito assujeitado” que faz uso de ‘discursos’ preexistentes, e sim
algo que é construído individualmente por ele. Nessa perspectiva, a constituição do sujeito no
discurso frente às suas práticas discursivas se dá por meio do seu próprio discurso, a sua identidade
discursiva objetiva. Ele próprio constrói o seu discurso de identidade linguístico-social, e o faz de
maneira consciente elegendo elementos linguísticos específicos e ideológicos discursivos.
A identidade do indivíduo falante ocupa assim uma posição central na construção
da teoria linguística. O próprio conceito de indivíduo é fiel à sua etimologia. Um
indivíduo é invariavelmente concebido como um eu indivíduo e indivisível (ele é
ou categoricamente não é falante nativo de uma língua – não havendo provisão
para graus de natividade). (RAJAGOPALAN, 2006 p. 29).
Para aprofundar essa discussão, faz-se necessário abordar, também, o conceito de “atos de
identidade” formulado por Le Page e Keller (1980).

3 ATOS DE IDENTIDADE

Segundo Chambers (1995), quando falamos, revelamos não só nossas qualidades, mas diversas
características que são compartilhadas entre as pessoas ligadas socialmente a nós, como, por
exemplo, a posição social. Dessa maneira, fica claro que a linguagem é um dos meios mais
evidentes de revelarmos nossa identidade. Sendo assim, discutiremos os pressupostos de Atos de
identidade.
Le Page e Keller (op. cit.) fizeram seus estudos com foco no crioulo em comunidades caribenhas e
lançaram mão de vários conceitos que nos ajudam a compreender como se dá o fenômeno de atos
de identidade. Os atos de identificação, segundo os autores, envolvem mais de um sentido: como o
comportamento idiossincrático individual reflete atitudes em relação a grupos, causas, tradições, e
como a identificação de um grupo se elicia a partir das projeções que indivíduos fazem desse
mesmo grupo e dos conceitos que cada um alimenta em relação a ele. Portanto, para os autores, a
palavra identidade tem dois significados, como se observa no segmento a seguir:
The word identity has at least two meanings. The first is ‘to pick out us a particular
person, category or example’. In this sense a person can identify a child as his/her
own child in a crowd of children, by some idiosyncratic feature. The second is ‘to
recognize some entity as a part of some larger entity’; in this sense, we can identify
ourselves with a group or a cause or a tradition. (LE PAGE E KELLER, 1985, p.
2).3
O pertencimento, segundo os autores, decorre da preocupação com o modo como as pessoas
percebem os grupos, no que diz respeito às implicações linguísticas, o que remete a questões de
etnicidade ou, para esse estudo, redes de pertencimentos. Nessa perspectiva, podemos compreender
esses agrupamentos humanos como o conjunto de indivíduos que se percebem a si mesmos como
parte de um mesmo agrupamento, o que pode ter dimensões institucionalizadas ou não.
Esses dois importantes conceitos usados pelos autores em seus estudos de cunho sociolinguístico
revelam como o conceito de identidade serve para “se identificar com ou se distinguir de” um

3
A palavra identidade tem pelo menos dois sentidos. O primeiro é "para escolher uma pessoa em particular, categoria
ou exemplo”. Neste sentido, uma pessoa pode identificar uma criança como sua/seu próprio filho em uma multidão de
crianças, por alguma característica peculiar. O segundo é "reconhecer alguma entidade como uma parte de alguma
entidade maior", neste sentido, podemos identificar-nos com um grupo ou uma causa ou uma tradição. (Tradução nossa)

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determinado grupo. Conforme já mencionamos neste estudo, a linguagem é que indica a identidade
do falante, já que os usos da língua estão associados às múltiplas dimensões constitutivas da
identidade social e aos múltiplos papéis assumidos pelo sujeito na comunidade da qual faz parte.
Os autores ainda alertam para a dificuldade em se fazer trabalhos sociolinguísticos quando se trata
de grupos sociais em relação aos quais somos outsiders, o que ocorre sempre que evitamos fazer
suposições prévias sobre a organização desses grupos. No trecho a seguir, os autores mostram essa
preocupação:
[…] our convictions remains that it is extremely hard to carry out sociolinguistic
work in a rigorously hypothesis-testing manner when one comes to a society as an
outsiders and tries, as we tried, to make no prior assumptions about the social
divisions within that society. (LE PAGE E KELLER, 1985, p. 4).4
Nesse sentido, a Análise Crítica do Discurso nos fornece subsídios, uma vez que o discurso de
identidade levado a efeito de investigação partirá dos próprios informantes. Nesse sentido os
sujeitos revelam tanto suas identidades pessoais, como sua busca por papéis sociais. Em sua fala, o
usuário da língua revela sua identidade, convidando, de certa maneira, as outras pessoas a
partilharem de sua visão de mundo.

4 ANÁLISE

Algumas das questões das entrevistas foram elaboradas com o intuito de os informantes revelarem o
que pensam sobre o que é para eles ser “Manezinho”. Para isso, termos-chave como, por exemplo,
os nomes dos personagens Maneca e Dona Bilica foram introduzidos nas perguntas para os
informantes expressarem o que pensam sobre a representação do “Manezinho”. Os informantes
também foram questionados sobre o que eles acham de imigrantes vir morar em Florianópolis. A
seguir temos algumas considerações dessas entrevistas.
Nas entrevistas da comunidade de SAL, o termo “Manezinho” é tratado pelos informantes com
orgulho e, de certa maneira, é possível identificar na fala de alguns deles uma forma de protesto.
Na comunidade em pauta fica evidente a questão do pertencimento a um determinado grupo.
Alguns informantes de SAL evidenciam o fato de que as pessoas não pertencentes a sua
comunidade devem se adaptar ao seu modo de viver, fato expressado na fala desses informantes, em
que é possível verificar até um tom de reprovação em relação às pessoas não nativas. Numa
primeira abordagem, evidenciamos como se dá esse fenômeno observado nos dados de uma
informante. Ao ser questionada sobre o que ela achava das pessoas que imigram para SAL e da
maneira como essas pessoas veem o “Manezinho”, ela se manifesta da seguinte maneira:
Eles têm um jeito diferente… lá eles andam como quer… Eles vêm para cá e faz a
mesma coisa que tem lá... Tem que cuidar do meio ambiente, tentar se adaptar com
o jeito daqui. Ou se adapta aqui ou não vem morar aqui. (Trecho de entrevista da
amostra Floripa. Informante - escolaridade, - idade, feminino, SAL).
Para essa informante, os turistas vêm morar em sua comunidade e não respeitam esse local. Para
ela, eles devem se adaptar ao jeito de morar no local e não tentar impor outro modo de viver. Fica
claro, também, que mesmo as pessoas florianopolitanas, sendo moradoras do centro, não são os
Manezinhos legítimos, pois, segundo a informante, só os moradores daquela comunidade ou de
outras como Ribeirão da Ilha são os verdadeiros “Manezinhos”, porque há pescadores, praia etc. Ao
ser questionada a respeito de ser chamada de Manezinha, deixou clara sua posição, como mostra

4
[...] nossas convicções é que é extremamente difícil de realizar trabalhos sociolinguísticos rigorosamente em forma de
hipóteses-testes, quando se trata de uma sociedade à qual não pertencemos, como nós tentamos, para não fazer
suposições prévias sobre as divisões sociais dentro dessa sociedade. (Tradução nossa)

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sua resposta no segmento abaixo:


É legal porque é um termo daqui, pessoal daqui, que foi nascida aqui... as pessoas
daqui são boas... só daqui, só se a pessoa daqui for morar pra lá (centro) se não, não.
Porque aqui o manezinho pesca, lá não tem praia. (Idem).
No decorrer das entrevistas, os informantes foram questionados a respeito dos personagens
(Maneca e Dona Bilica) que representam o “Manezinho”. Para a informante em questão, só no jeito
de se vestir, na maneira de falar nem tanto, porque, segundo ela, o sotaque é diferente. Nota-se,
então, que o sotaque que faz parte da linguagem revela, para essa informante, quem são os
verdadeiros Manezinhos, ou seja, retomando o conceito da ACD, as formas linguísticas empregadas
juntamente com os significados selecionados pelo falante o fazem construtor de uma identidade. O
significado do termo Mané para essa informante marca o seu ponto de vista em relação às pessoas
que fazem parte desse grupo.
Outra informante da mesma comunidade, com mais escolaridade e mais idade, pensa um pouco
diferente a respeito dos turistas que vêm morar em SAL. Para ela, há dois lados: por um lado é bom
porque alguns vêm somar, pois melhora a renda; por outro lado, alguns não respeitam,
principalmente, o meio ambiente. Ao ser indagada sobre o assunto “Manezinho”, a informante foi
taxativa:
Nasceu, cresceu e vive aqui […] fala rápido, engole alguma letra da palavra, uma
outra forma de falar, é involuntário, a gente sabe o correto... (Trecho da entrevista da
amostra Floripa. Informante + escolaridade, + idade, feminino, SAL).
Para essa informante, “Manezinho” são as pessoas que nasceram no local, com as características de
falar rápido, falar cantado etc. Além de esse trecho tornar explícito o fato de os Manés pertencerem
a uma comunidade, as características linguísticas como o falar rápido, supressão de letras, etc. os
tornam, segundo a ACD, produtor de seu texto e construtor de uma identidade. Outro ponto da
entrevista que marca o “pertencimento à comunidade”, evidenciando os pressupostos dos autores na
questão dos atos de identidade, reside no fato de que os entrevistados dessa comunidade falam a
respeito do orgulho de ser Manezinho. A informante em questão deu a seguinte resposta ao ser
questionada se sentia (ou não) orgulho de ser Manezinha: “Cada pessoa tem a sua identidade né? E
eu não quero perder a minha identidade.”
A informante também declara seu ponto de vista a respeito dos personagens que interpretam o
“Manezinho” (Maneca e Dona Bilica). Para ela são artistas da ilha que tentam fazer o resgate dessa
identidade, apesar de ser, segundo o seu ponto de vista, um pouco exagerado.
O último informante dessa comunidade tem menos escolaridade e mais idade, porém, as questões de
pertencimento à comunidade se evidenciam em seu discurso em vários momentos. Em um desses
momentos, ao ser questionado se há diferença no tratamento entre a comunidade central e a de SAL,
ele deixa claro que existiu. Segundo o informante, os moradores do centro os consideravam
Manezinhos, pois os moradores da região central eram “entendidos” e eles os “Manezinhos burros”,
evidenciando o uso pejorativo do termo. Mas, de acordo com ele, hoje isso não existe mais.
Para esse informante, os personagens Maneca e Dona Bilica representam bem os Manezinhos, já os
outros exageram e só querem vender livros. Portanto, os conceitos dos autores que asseveram que
os atos de linguagem servem para evidenciar a identidade se confirmam, já que os informantes
insistem na crença de que, se o modo de viver e de falar não são iguais aos seus, esses falantes não
são ou não representam o verdadeiro “Manezinho”.
Para analisar como a questão de ser “Manezinho” se dá nas diferentes esferas, convém contrapor as
opiniões apresentadas com as outras comunidades de fala. Nesse trabalho, o contraponto será com
uma comunidade mais urbana. Assim, elegemos um ponto da cidade que se situa no continente.
Essa comunidade abarca os bairros de Coqueiros e Abraão. Os informantes são constituídos por
pessoas que nasceram nesses locais, ou seja, são moradores de fora da Ilha de Santa Catarina. Esse

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contraponto é importante, pois vimos que os informantes de SAL consideram que os verdadeiros
“Manezinhos” são os que nasceram e vivem na ilha; portanto, é interessante verificar o que os
nascidos fora da ilha pensam a respeito de ser “Manezinho” e como encaram o fato de que, hoje em
dia, o termo “Manezinho” é generalizado para todo florianopolitano.
Uma informante do bairro de Coqueiros, com mais idade e ensino superior, considera que ser
“Manezinho” é uma identificação adequada só para os moradores nascidos na ilha e que vivem da
pesca e do artesanato. Ao ser questionada sobre o fato do que é ser “Manezinho”, ela deu a seguinte
resposta:
Ser Mané é aquele morador autêntico, né? É aquele que mora mesmo na ilha, que
ainda fica aqui, trabalha como pescador, nos artesanatos que eles sabem,
permanecem aqui no chão, né? Manezinho da ilha gosta daqui, tem o peixe, tem a
farofa, tem a pescaria. Tem gente que fica ali e só faz isso, estudou pouco e ficou lá,
né? (Trecho de entrevista da amostra Floripa. Informante + idade, + escolaridade,
feminino, Coqueiros).
Percebemos no discurso dessa informante que “manezinho” é um termo designado às pessoas que
nasceram na ilha. O conceito de Mané, então, é o mesmo que o dos informantes de SAL:
moradores da ilha que vivem da pesca e com o jeito peculiar de falar e viver. Nota-se que os atos
de identidades conceituados por Le Page e Keller (op.cit.), em que o pertencimento decorre de
como as pessoas percebem grupos, são expostos no discurso dessa informante, ou seja, a
informante percebe que o grupo dos Manezinhos são as pessoas nascidas na ilha e que falam e
vivem de determinada maneira. A informante ressalta que, a seu modo de ver, “Manezinhos” são
somente as pessoas nascidas na ilha. Segundo a informante, o termo “Manezinho” marca a tradição,
a raiz e o rótulo de pessoas nascidas nas comunidades no interior da ilha.
O informante com mais idade e menos escolaridade, morador do bairro Abraão, afirma que o termo
Mané se deve ao linguajar usado por determinadas pessoas florianopolitanas. Segundo ele, é um
termo bom, embora ele se considere “mais ou menos Mané”, já que nasceu no continente. Ao dizer
que se considera “mais ou menos Mané”, esse informante indiretamente atribui o termo aos
moradores da ilha, uma vez que não se considera plenamente Mané por ter nascido fora no
continente.
Já o informante mais jovem e com menos escolaridade tem uma visão diferente do que é ser
“Manezinho”. Para ele Mané é ser extrovertido, viver de maneira alegre e não encarar o rótulo
como uma ofensa.
É ser extrovertido, a pessoa que não abaixa a cabeça por pouca coisa, que tenta
levar a vida da forma mais alegre possível, continua batalhando e com o sorriso no
rosto... Para nós aqui não é encarado como uma ofensa, para nós é um orgulho.
(Trecho de entrevista da amostra Floripa. Informante - escolaridade, - idade,
masculino – Coqueiros).
Embora, esse informante não descreva “Manezinho” com as características consagradas, não deixa
de adjetivar positivamente o termo “Manezinho”, e isso é reforçado na parte em que deixa claro
que o vocábulo em questão não é encarado como ofensa e sim com orgulho. Nota-se que o
conceito de pertencimento está explícito nesse trecho.
O último informante, também morador do Abraão, tem uma visão do que é ser Mané semelhante
com a da informante com mais escolaridade e mais idade, pois, segundo ele, “Manezinho” são as
pessoas que nasceram e viveram sempre em certas comunidades da ilha como, por exemplo, no
bairro Ribeirão da Ilha. Na sua visão, são aquelas pessoas que vivem na simplicidade, mas isso não
significa ser nem pensar pequeno, e sim uma pessoa aberta a todo mundo. As características de um
“Manezinho" são, além das explicitadas pelo informante mais jovem e com menos escolaridade,
aquelas atreladas a pessoas que falam rápido e “comem letras”. Para ele, as pessoas perderam essa
identidade, embora o termo seja usado no sentido positivo.

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Simplicidade não é ser pequeno ou pensar pequeno. Simplicidade de ser aberto a


todo mundo. Hoje, mané é motivo de orgulho. (Trecho de entrevista da amostra
Floripa. Informante + escolaridade, - idade, masculino, Abraão).
Em relação ao que é ser Manezinho, percebemos nas entrevistas que não há um consenso, pois
alguns informantes consideram que o termo “Manezinho” pode ser atribuído somente aos nascidos
e residentes em comunidades do interior da Ilha. Já outros ampliam o conceito de Manezinho
envolvendo os habitantes da Ilha com um todo, separando apenas a parte continental da cidade de
Florianópolis.
Além do que foi discutido até aqui, existe ainda uma concepção diferente do que é ser “Manezinho”.
Isso fica claro ao analisarmos as entrevistas contidas no livro Somos todos manezinhos. O autor
divide as entrevistas em 3 (três) seções: (i) os nativos residentes; (ii) os adotados residentes e (iii) os
adotados ausentes. 5 Para ilustrar esta discussão selecionamos 3 (três) entrevistas da seção (ii), nas
quais os conceitos admitem que: ser “Manezinho” foge às dicotomias comumente usadas, no que se
refere a comunidades florianopolitanas, ou seja, Ilha vs Continente e Centro vs Interior. Como se
observa nas seguintes entrevistas:
ALDO NASCIMENTO GONZAGA - 1937
Natural de Tubarão-SC
Para o Aldo, Manezinho é a pessoa, nativa ou não, que nutre por esta terra um
sentimento de amor e de respeito às belezas naturais que ela oferece, bem como
seus costumes e tradições. (Trecho de entrevista do livro Somos todos manezinhos,
p. 416)
ELCY SOLANGE FAVESANI – 1948
Para Solange, Manezinha é aquela pessoa que, nascida ou não em Florianópolis,
nutre pela cidade um sentimento de amor e carinho, respeitando os seus
semelhantes, além de curtir e preservar suas características, seus costumes e suas
tradições. (Trecho de entrevista do livro Somos todos manezinhos, p. 424)
VALÉRIO JOSÉ DE MATOS – 1932
Para ele, Manezinho é identificar-se com a cidade, seus hábitos, tradições e sua
gente. (Trecho de entrevista do livro Somos todos manezinhos, p. 464)
Das entrevistas do livro selecionamos apenas 3 (três), já que grande parte delas expressam a mesma
ideia. E para elucidar ainda mais a concepção expressa pelos premiados, destacamos nos trechos
respostas à pergunta “O que é ser Manezinho?”. Nessas respostas, fica claro que a maioria delas é
semelhante não apenas na “ideia” como um todo, mas também nas expressões usadas.
O primeiro entrevistado afirma que para ele Manezinho não necessariamente precisa ser nativo, mas
é quem nutre um amor pela cidade, não delimitando divisões geográficas, ou seja, não faz alusão às
dicotomias anteriormente mencionadas.
A segunda ganhadora do troféu também acredita que o fato de ser nativo não é preponderante,
salientando que ter amor e o carinho por essa terra é o que define ser Manezinho.
O último entrevistado deixa explícita a questão da “identificação com a cidade”, como ele próprio
diz: Ser Manezinho é identificar-se com a cidade, seus hábitos, tradições e sua gente.
Sendo assim, encontramos, então, uma nova resposta à pergunta que norteia o trabalho, resposta
essa que está diretamente ligada à questão do pertencimento, do reivindicar para si o status de

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(i) Manezinhos que, nascidos em Florianópolis, residem na Capital; (ii) Manezinhos que, nascidos em outras cidades,
residem e se integram à vida da Capital e (iii) Manezinhos que, embora não nascidos em Florianópolis, por aqui
deixaram raízes e até hoje se identificam com a cidade, mas por dever profissional ou por opção, residem em outras
cidades circunvizinhas.

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Manezinho: ser Manezinho é identificar-se com a comunidade florianopolitana, independentemente


da geografia e ou naturalidade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De um modo geral, a maioria dos informantes entrevistados aponta, primeiramente, que o termo
“manezinho” é, hoje em dia, considerado mais como uma qualidade das pessoas que nasceram,
falam e vivem de certo modo em determinadas comunidades florianopolitanas. Para os
entrevistados, o seu jeito peculiar de falar é um dos atributos que marcam a essência de ser
“Manezinho”, assim como morar em alguns pontos da Ilha de Santa Catarina e viver das atividades
que outrora consagraram esses nativos com o adjetivo Mané: aqueles que vivem da pesca, do
artesanato e possuem uma característica peculiar na maneira de falar. Por outro lado, alguns
informantes da amostra Floripa, moradores da parte continental de Florianópolis, consideram
Manezinhos somente os nascidos na Ilha, embora se verifique na resposta da informante com mais
idade e menos escolaridade, moradora do bairro Abraão, o insistente uso do dêitico “aqui” para se
referir a Ilha de Santa Catarina.
As respostas dos informantes da amostra Floripa, embora divirjam em relação à questão principal
do trabalho, se aproximam em seu aspecto dicotômico, ou seja, para os nascidos na ilha a dicotomia
é Centro vs Interior, sendo Manezinho apenas os moradores do interior, e para os nascidos em
Florianópolis na região continental a dicotomia se dá entre Ilha vs Continente, sendo Manezinho
somente os moradores da ilha. Já nas palavras dos agraciados com o troféu “Manezinho da Ilha”,
encontramos uma resposta que remete diretamente aos pressupostos teóricos adotados no presente
trabalho. Sendo assim, inferimos que a questão do que é ser Manezinho parece estar mais ligada ao
pertencimento à comunidade florianopolitana, onde o próprio falante identifica-se (ou não) como
Manezinho.
Se um falante tem uma avaliação subjetiva negativa de sua ou de outra comunidade linguística, ele
dificilmente assumirá o seu pertencimento. A atitude de um falante em pertencer a uma determinada
comunidade se dá pelo prestígio que a mesma possui.
Por fim, é interessante notar que, no trabalho de Amante (1998), o autor afirma que no decorrer dos
anos o termo “Manezinho” afastou-se largamente do tom pejorativo que antes carregava.
Anteriormente era usado para adjetivar somente o morador do interior da ilha – o ilhéu de origem
humilde, com pouco estudo. Hoje, para muitos, representa um motivo de orgulho, que remete ao
sentimento de pertencimento, de identificação com a Ilha. Diversas razões podem ter contribuído
para esse processo de valoração. Amante (1998) sugere que a expansão demográfica de
Florianópolis nos últimos 20 anos tenha colaborado massivamente para esse processo, o que seria
um “caminhando em ritmo de metrópole”. Outro fator seria a criação do troféu “Manezinho da Ilha”
em 1987, por Aldírio Simões. O próprio criador do troféu afirma que “reconquistou a autoestima e,
hoje, a caminho do terceiro milênio, tem um orgulho desgraçado em se assumir Manezinho”
(AMANTE, 1998, p.17). Fantin (2000) salienta que, quando um dos maiores tenistas do Brasil,
senão o maior, Gustavo Kuerten, se declarou “manezinho da ilha”, após vencer o Torneio de Roland
Garros, o mais importante torneio do referido esporte, muitos ilhéus passaram a ostentar
orgulhosamente a identidade mané.
REFERÊNCIAS
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Paulo), Campinas / Unicamp, v. 33, 2004. Pág. 841/ 846.

Recebido em: 31/05/2013

Aceito em: 16/02/2014

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