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10.1590/s0103-40142017.

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A poesia brasileira e a
Segunda Guerra Mundial
Betina Bischof I

“A história”. O trecho, extraído por


verdadeira poesia interioriza a e – em alguns casos – ali escreveram seus
poemas sobre o evento) dá testemunho
Murilo Marcondes de um ensaio de Sta- do terreno acidentado e muito amplo
robinski, condensa um dos principais que o livro enfrenta. O objeto duplo
pontos contemplados pelo exercício crí- implica também estudar as relações de
tico em O mundo sitiado: a relação entre experiência (Primeira Guerra) e forma
a interioridade da voz lírica e o amplo vanguardista e, nos ensaios dedicados a
contexto da guerra. Pode-se dizer que Drummond, Oswald, Cecília e Murilo
o livro busca precisamente elucidar o Mendes, voltar-se a uma poética e forma
modo como a poesia incorpora em si modernas em sua articulação com a Se-
a matéria da realidade, procurando, ao gunda Guerra.
longo das análises dedicadas a cada um É da imbricação desses dois cami-
dos poetas, compreender como se arti- nhos, aliás, que parece surgir o vínculo,
culam história e forma estética. Trata-se, sugerido por Murilo Marcondes, entre
assim, de mapear em toda a sua comple- Apollinaire e Drummond, a partir da ci-
xidade a relação entre contexto e expres- tação explícita ao primeiro, em “Consi-
são poética, ou, restringindo o foco, en- deração do poema”, no livro A rosa do
tre a dimensão da violência da guerra e povo (1945). Não haveria poema mais
o modo como cada poeta construiu sua adequado para essa homenagem, afir-
resposta ao evento. ma o crítico. Por quê? O sentimento do
As dificuldades que o objeto em pau- mundo (que envolve, no livro de 1945,
ta impõe ao exercício crítico são mui- confiança nas possibilidades da poesia,
tas: se o que se estuda é a relação entre abertura a outras fronteiras, ampliação
poesia e guerra, é inegável que o foco, do canto), deve ter como complemento
voltado (com exceção do primeiro ca- o sentimento da forma (e aqui as contri-
pítulo) não para poetas localizados no buições de Apollinaire precisamente às
centro do conflito, mas para aqueles que inovações formais seriam uma referên-
escreveram sobre a guerra a partir de um cia forte – entre outros pontos também
lugar periférico, terá de enfrentar a com- abordados –, cuja importância o verso/
plexidade dessa singular participação a homenagem sublinha). Assim, quan-
distância nos eventos do tempo presen- do, depois de muitas páginas de análi-
te. Que o estudo desses poetas (Drum- ses aclaradoras sobre Ungaretti, sobre
mond, Oswald de Andrade, Cecília Mei- Apollinaire, sobre Owen, o foco do livro
reles e Murilo Mendes) seja precedido volta-se a Drummond (“Me perco em
de uma reflexão sobre poetas inseridos Apollinaire”), as implicações desse ver-
numa situação diametralmente oposta so tomam corpo, armando-se em espa-
(poetas soldados, que participaram das ço de reverberações ainda não estudadas
trincheiras da Primeira Guerra Mundial pela crítica drummondiana e com poder

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iluminador também em relação a outros Marcondes dos poemas sobre o conflito,
poemas do livro. no livro A rosa do povo, mapeia as trans-
Também outra das características formações de postura, tom e forma vivi-
centrais do livro A rosa do povo – sua os- das por Drummond ao longo dos anos
cilação entre autonomia e abertura da (1942 a 1945) em que o livro foi escrito
palavra – encontraria eco em Apollinaire, (intervalo que é igualmente – mostra o
cuja poesia, defende Murilo Marcondes, crítico – o tempo exato de escrita dos
hesita igualmente (guardadas as diferen- cinco poemas diretamente relacionados
ças) entre o fechamento sobre seus pró- à guerra no livro, como se também do
prios princípios e a concomitante aber- ponto de vista do tempo de escrita o
tura ao acontecimento histórico. O tema conflito atravessasse a coletânea como
é recorrente ao longo de todo o livro, um todo).
que se deixa muitas vezes ler não como Assim, Murilo Marcondes nos faz
uma reunião de estudos mais ou menos ver a dicção muito ponderada com que
autônomos sobre cada um dos poetas Drummond comenta o lugar do poeta
em sua relação com a guerra, mas, prin- face à guerra, num prefácio ao livro de
cipalmente, como uma série de estudos Abgar Renault voltado ao tema: esse
atravessada pelas mesmas – e insistentes poeta, “resistindo à pressão de todas as
– perguntas. forças desmoralizadoras, chamem-se fas-
Avançando, vemos que, se o crítico cismo ou qualquer outro nome [...] é
de um lado lê “Consideração do poe- um guia firme, que dá gosto seguir. Ele
ma” como é corrente na fortuna crítica nos salva das pequenas e grandes con-
(o poema seria autorreflexivo, metalin- fusões do momento, nos tira a perple-
guístico), ele parece privilegiar, um tan- xidade, varre de nós ao mesmo tempo o
to a contrapelo daquelas interpretações, otimismo e pessimismo circunstancias”.
o foco que vincula a forma ao “tempo Comparando o tom equilibrado e só-
presente” (que é, neste caso e a partir brio desse prefácio aos versos de “Carta
dessa perspectiva, tempo de guerra). Isto a Stalingrado” (com dicção diametral-
é, haveria uma correspondência entre o mente oposta), Murilo se pergunta se a
sentimento do mundo (mas mundo em significativa transformação da expressão
guerra) e um sentimento da forma, que de Drummond, atravessada na “Car-
aquele universo suscita. Por essa via, a ta...” por pathos intenso e dilatado, não
articulação dos versos e materiais nos teria se dado em função do embate mes-
poemas voltados à guerra não se faz ape- mo com o fato, com a história, ou, vis-
nas tendo o conflito por tema, mas tam- to de modo mais rente, como resposta
bém deixando-se atravessar (e modificar) a Stalingrado e a sua resistência. A sua
pelos desdobramentos e implicações da hipótese caminha nessa direção. Poética,
violência e embate planetários. juízos, posicionamentos, ritmos, ima-
Dito isso, é preciso pontuar que, no gens, adesão aos fatos teriam se dobra-
interior da obra de cada um dos poetas do à experiência avassaladora do evento:
estudados, a começar por Drummond, a a loucura da cidade, afirma o crítico na
relação entre expressão lírica e seu tema análise minuciosa e iluminadora, passa a
não se mantém estável durante os anos ser também a loucura desse sujeito.
de Guerra. A leitura feita por Murilo A poesia se expande, assim, em A

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rosa do povo, defende Murilo Marcondes a correspondência Brecht-Benjamin (e a
(mesmo se se levar em conta o conjun- possível influência das reflexões benja-
to de poemas mais escurecidos voltados minianas sobre o trabalho do poeta); o
à desconfiança frente ao poetar, com funcionamento da intervenção (sobre a
presença também marcante ali), porque imagem/fotografia) e semelhança disso
haveria no livro uma “poesia de amplo com a montagem; o “poder de desmas-
respiro, fundamentada na aproximação caramento” da forma antiga (epigrama)
mais estrita entre consciência política e frente ao contexto da guerra moderna
consciência da linguagem”. etc. A aproximação desse material (os
Em O mundo sitiado, à expansão do 69 fotoepigramas) às quadras de “Visão
canto drummondiano parece corres- 1944” teria sido motivada pelo “mo-
ponder, por sua vez, uma expansão dos saico” que ambos os trabalhos (poema
recursos utilizados pelo crítico, como se e fotoepigramas) compõem (trabalho
ele também devesse alargar seus domí- levado a cabo por Drummond, lembra-
nios para dar conta da complexa reali- -nos Murilo Marcondes, pela via tão so-
dade (tocada pela dimensão planetária mente da palavra).
da guerra e de seu pathos). Assim, face a Aqui já se pode notar algo do pro-
outro dos poemas de Drummond sobre cedimento comparativo do livro, que
a guerra, “Visão 1944”, verifica-se uma vai muito além de apontar semelhanças.
ampliação das ferramentas de análise, Evitando aproximar as artes a partir da
que passam a incorporar também a com- mera similitude de tema ou motivo espe-
paração com as outras artes: ou, mais es- cífico, a comparação, na verdade, parece
pecificamente, a comparação dos versos antes fecundar os dois lados da equação,
do poema com a pintura de Goya e com para então criar não uma sobreposição,
os fotoepigramas de Brecht. mas antes uma espécie de campo imanta-
É notável o modo como Murilo Mar- do entre os dois objetos. É nesse campo
condes de Moura costura as implica- imantado que se movimenta a crítica, ar-
ções sem número contidas nas gravuras ticulando poesia e gravura, poesia e foto-
de Goya, numa espécie de acumulação grafia, poesia e música.
de material que depois passará a incidir Se a dicotomia entre evento planetá-
também sobre o poema de Drummond rio e voz pessoal está presente desde as
(mesmo que indiretamente. O crítico primeiras páginas de O mundo sitiado,
submete os seus objetos a um verdadei- a questão retorna, com força e especi-
ro esquadrinhamento; nada pode ficar ficidade, no estudo da poesia de Cecília
no escuro e com isso a crítica se dilata, Meireles, no qual se procura compre-
enormemente, movendo-se para dire- ender, precisamente, as implicações do
ções e esferas muito variadas da realidade movimento de apagamento do “mundo
e da obra. Em relação a “Visão 1944”, grande” e do deslocamento dos versos
a aproximação com Brecht é igualmente para o que é ínfimo, sem utilidade, avesso
profícua; também nessa análise (como ao monumental. Haveria, nessa tendên-
em outras), o texto se volta ao esforço cia, defende o crítico a partir de análises
de aclaramento dos muitos aspectos en- muito atentas à concretude e matéria do
volvidos na confecção das quadras (poe- poema, um traço melancólico – mas me-
sia) justapostas às fotografias de Guerra: lancolia que não se priva de um arguto

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conhecimento da realidade e que, exata- movimento complexo: o que é social
mente por isso, é ativa em seu repúdio nela, defende Murilo Marcondes, seria
consciente do mundo. Nesse sentido, o desejo do canto puro, do lirismo sem
Murilo Marcondes se pergunta pelo sig- contaminação, num momento em que a
nificado que tem a abertura do lirismo pureza da expressão já não é viável. O
delicado de Cecília Meireles à Segunda desejo de um canto sem máculas ou a
Guerra Mundial. É de um espaço reco- necessidade, mesma, desse canto traria
lhido, íntimo, privado e bucólico – pontua implicado o contexto em relação ao qual
– que ela abordará o conflito. Em sua o canto recua e do qual se quer purificar.
poesia teria lugar, desse modo, a mistura O ponto de vista por meio do qual se
bastante singular entre o recuo em rela- estuda a poesia de Murilo Mendes, em
ção ao mundo e uma atitude internacio- O mundo sitiado, talvez se deixe resumir
nalista. por meio desta dicotomia: ao poeta cabe
Ainda procurando elucidar o ponto o enfrentamento do contexto adverso, a
de vista do sujeito lírico na poesia de partir da própria expressão lírica. É pre-
Cecília Meireles, Murilo vê um outro cisamente em função desse confronto
aspecto da sua indisposição com o mun- “estranho e desigual” que Murilo Mar-
do: o incômodo seria também gerador condes diz ter escrito o capítulo sobre
de poesia, além de ser, justamente em Murilo Mendes (ou, até mesmo, todo o
seu recolhimento, profundamente polí- livro).
tico. Assim, o recuo do eu em relação ao Abordar a poesia de guerra de Muri-
mundo teria como consequência apon- lo Mendes (poeta em que o conflito é o
tar criticamente, nesse mundo, o “cruel mais presente, entre os poetas brasilei-
pragmatismo da realidade”. ros, com 60 poemas ao todo) é difícil,
Creio que é desnecessário enfatizar afirma o crítico, pelo surgimento muito
como a leitura das implicações dessa po- oblíquo e transformado desse tema. A
esia com o conflito armado termina por dificuldade estaria também na dimensão
iluminar aspectos da poesia de Cecília mesma da expressão lírica, a um só tem-
Meireles que vão muito além dos poemas po “historicizada” e “transfiguradora”.
mais especificamente voltados à guerra. Essa dificuldade, por sua vez, parece fa-
O mesmo acontece, é preciso pontuar, vorecer a veia criativa do próprio autor
com os outros poetas ao longo do livro, do livro, que dá aqui rédeas soltas ao
o que amplia muito o efeito de sua lei- ensaio e às suas possibilidades. Assim, é
tura e é um dos pontos a louvar, em sua bastante curioso ver que, em dado mo-
composição e arquitetura. Veja-se, nesse mento do capítulo sobre Murilo Men-
sentido, o último capítulo de O mun- des, o ensaísta passe a construir, ele mes-
do sitiado, dedicado a Murilo Mendes. mo, um novo poema (desentranhado a
Talvez o que mais chame a atenção na partir de trechos de poemas de Murilo
análise que Murilo Marcondes faz dos Mendes), prestando com isso tributo à
versos desse poeta seja o modo como técnica da montagem, mas também des-
ali se amalgamam mito, símbolo, ima- lizando para o campo da poesia, da com-
gens e... a esfera objetiva de história e posição... o que pensar disso?
sociedade. A dimensão social da lírica de De certo modo, o que o crítico pare-
Murilo Mendes estaria implicada num ce pretender é dar realce ao procedimen-

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to do “fragmento explosivo”, que seria o sões dos versos que oscilam entre refutar
elemento mais diretamente implicado na e abraçar as imagens da Guerra – dis-
almejada transfiguração da realidade a tantes de qualquer comunicação e, em
que se volta a poesia de Murilo Mendes. momento posterior, abertos à terrível
As partes assim configuradas dos poemas circunstância. Pois, em dado momento,
desenham uma espécie de grande angu- Murilo Mendes teria respondido (em
lar; nessa abertura, e postos em circula- sua poesia) a uma espécie de chamado.
ção pela imagem que é o baixo contínuo A partir de certo ponto, defende Mu-
desses fragmentos (a asfixia), surgem os rilo Marcondes de Moura, delicadeza e
correlatos que vão da doença do poeta introspecção não eram mais suficientes
(tuberculose) aos céus contaminados da e foi necessário o confronto com uma
guerra, passando ainda pela debilida- realidade “brutal e pública”. Os passos
de do sopro vital e decorrente entrave dessa reflexão ocorrem talvez principal-
à configuração do poema. Na leitura de mente em função de um poema, “Abis-
Murilo Marcondes de Moura, o que é mo”, de cujos versos muito intrincados
individual estende-se também à enfer- e opacos o crítico extrai uma leitura no-
midade coletiva, implicada pela Guerra, tável em muitas frentes.
mas também desde sempre pela Queda. Se há o atendimento a um chamado,
E por quê, poderia se perguntar o ele se dá no interior de uma expressão (a
leitor que acompanha essa análise, não poesia) que Murilo Mendes entenderia,
caberia aqui, paralelamente – por conta de modo algo paradoxal, como inapta à
dos muitos pontos de contato entre Jor- tarefa da convocação; o que, no jogo das
ge de Lima e Murilo Mendes (o mito, dobradiças (e aproximações) que se ar-
a religião, a montagem, o sopro vital) mam e desarmam, ao longo de O mundo
–, uma leitura dos trechos de Invenção sitiado, o aproxima de Drummond. Para
de Orfeu ou Mira-Celi em que surgem esses poetas, pontua a leitura crítica, vol-
também versos diretamente vinculados à tar-se ao mundo implicaria culpa e recuo,
guerra? A resposta de Murilo Marcondes ao mesmo tempo em que a possibilida-
de Moura é reveladora do ponto de vista de de se manter refratário à realidade é
crítico em torno ao qual se articulam as vista como omissão. Aqui a leitura muito
leituras em todo o livro: faltaria a Jorge arguta e minuciosa do poema aprofunda
de Lima aquele que é o baixo contínuo um dos pontos centrais do livro: o deba-
a acompanhar os outros elementos do te em torno à confiança na poesia e seu
poema (mito, biografia, forma estética difícil papel frente ao conflito; apesar da
etc.), ou seja, a história. A experiência complexidade de sua função (ou mesmo
da guerra em Jorge de Lima teria sido impossibilidade de ter uma função), seria
radicalmente alegorizada, com isso per- possível afirmar (defende o crítico) que a
dendo as inflexões do que é atravessado poesia é capaz não de antepor um obs-
pela dimensão histórica do embate. E táculo ou entrave à guerra e à violência,
por essa razão ele está fora do livro. mas de “se afirmar apesar deles e, com
Se esse é o ponto, em Murilo Mendes isso, preservar um espaço de liberdade e
a adesão ao canto que se dilata e abarca de dignidade para o homem”. O poema
a Guerra não é também livre de fraturas. se organizaria, nesse sentido, como uma
Podem-se estudar nesse sentido as ten- espécie de refúgio à violência desatada

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de seu tempo; e o fazer poético passa a sessão meditada, por Murilo Marcondes
ser visto como ação laboriosamente re- de Moura.
fletida e meditada.
Trabalhar o mito (no caso de “Abis- Referência
mo”, o Minotauro, implicado no poema MOURA, M. M. de. O mundo sitiado – A
que a leitura articula à invasão de Cre- poesia brasileira e a Segunda Guerra Mun-
ta por paraquedistas do exército fascista dial. São Paulo: Editora 34, 2016.
alemão) teria como decorrência, aqui, o
despertar da figura mítica pelo moderno
conflito bélico e (defende ainda Murilo
Marcondes), o despertar também do po-
eta (a aceitação de sua convocação.) Aca-
tando o convite, o poeta buscaria por sua
vez transformar e não aceitar a realidade
da guerra. Como entender isso? O cami-
nho é ainda uma vez interno à estrutura,
à forma. Trata-se de tomar o sonho (do
qual o poeta despertara quando con-
frontado pelo conflito) e lançá-lo à rea-
lidade diurna, mantendo, “na realidade
do dia, a liberdade noturna da atividade
onírica”. A capacidade imaginativa do
poeta, o trabalho com as imagens, com
a palavra, prevê um espaço importante –
de liberdade – frente à Guerra. Citemos
Murilo Marcondes, falando dos pontos
comuns entre Henri Michaux, Murilo e
os surrealistas (depois de os haver já dis-
tinguido): “Para ser muito sucinto, tra-
tava-se de construir, contra a realidade,
mas a partir dela, uma fantasia calculada
ou um sonho provocado (baseados num
‘furor lúcido’...)”.
Betina Bischof é professora do Departa-
A citação ecoa de certo modo uma
mento de Teoria Literária e Literatura
observação de Celan, transcrita por Mu-
Comparada da Faculdade de Filosofia, Le-
rilo Marcondes logo no início de seu li- tras e Ciências Humanas da USP.
vro: “[...] o poema não está fora do tem- @ – bbischof@usp.br
po. Ele pretende certamente o infinito,
Recebido em 25.9.2017 e aceito em
mas ele busca passar através do tempo –
17.10.2017.
através, não acima”. O modo como o
poema atravessa o tempo (e o tempo de I
Departamento de Teoria Literária e Lite-
guerra), fazendo frente à realidade a par- ratura Comparada, Faculdade de Filosofia,
tir do mergulho no concreto da história, Letras e Ciências Humanas, Universidade
é também o ponto perseguido, com ob- de São Paulo, São Paulo, São Paulo, Brasil.

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