RESISTENTE ÀS CARGAS σ
BETÃO RESISTENTE σ<σ R
resistente à erosão
e/ou
resistente à abrasão
e/ou
+
resistente a Cl- RECOBRIMENTO SUFICIENTE
e/ou
+
resistente a CO2 PROTECÇÃO ADICIONAL
e/ou +
- ...
resistente a SO4
e/ou
...
Figura 2.1 - Resistência/durabilidade.
Em que factores é que os engenheiros e técnicos poderão interferir de modo a que a estrutura
tenha determinada vida útil?
97
Capítulo 2
Segue-se uma pormenorização dos vários factores que, segundo a abordagem clássica e os
conhecimentos actuais, podem influenciar a durabilidade de uma estrutura de betão armado ou pré-
esforçado:
Permeabilidade (2.2)
Relação água/ligante (2.3)
Colocação e compactação (2.4)
Cura e protecção (2.5)
Dosagem de ligante (2.6)
Tipo de ligante, adições (2.7)
Inertes, tipo de granulometria (2.8)
Pessoal Técnico (2.9)
Exposição ambiental (2.10)
Recobrimento das armaduras (2.11)
Projecto e pormenorização (2.12) e, finalmente,
Protecção adicional (2.13).
Para além da abordagem clássica, é hoje possível contribuir para a melhoria da durabilidade
utilizando um tipo inovador de molde, diferente do habitual - designada por CPF (Controlled
Permeability Formwork) isto é, cofragem de permeabilidade controlada, cuja eficiência se
comprova no trabalho presente, e que é apresentada no capítulo 4.
PROCESSOS FÍSICOS
- introdução de ar
deterioração do betão por aumento de volume da água ao congelar
- permeabilidade suficientemente baixa
ciclos gelo/degelo
tipo de rede de poros - verificação da gelividade dos inertes
- aumento de recobrimento
deterioração do betão por condições de uso
- permeabilidade suficientemente baixa
abrasão
- maior percentagem de graúdos
98
Uma estrutura mais durável, como?
PROCESSOS MECÂNICOS
Fissuração por impedimento de assentamento das partículas, pela - cuidados na colocação compactação
assentamento cofragem ou armaduras cura e protecção
plástico - revibração imediata ao aparecimento
Fissuração por
ligação de betão jovem a betão antigo - cura adequada
retracção térmica
retracção
PROCESSOS BIOLÓGICOS
- evitar cavitação
sulfúrico 1995)
- protecção adicional
99
Capítulo 2
PROCESSOS QUÍMICOS
PROCESSOS CAUSA SOLUÇÃO
+
- permeabilidade muitissimo baixa
- betão de alta resistência (fCK ≥ 35 MPa)
- com adições: escórias cinzas etc. (atenção
ciclos gelo/degelo)
- a/c < 0,4 ou menos
- aumentar dosagem cimento
- aumentar recobrimento (40 a 75 mm)
- PROTECÇÃO ADICIONAL
Deterioração do betão silíca reactiva - não usar inertes com sílica reactiva
por álcalis - limitação dos álcalis no cimento (0,6%)
podem reagir com - adições de pozolana ou sílica de fumo
- baixa permeabilidade (baixo A/C)
carbonatos dos
inertes não se conhecem casos na Europa!
(dolomites)
100
Uma estrutura mais durável, como?
PROCESSOS DE DESPASSIVAÇÃO
- protecção adicional
Por análise dos quadros anteriores e tudo o que foi dito anteriormente, a durabilidade de uma
estrutura de betão armado ou pré-esforçado poderá ser garantida sobretudo pela permeabilidade
suficientemente baixa do betão de recobrimento e adequada espessura, de acordo com o ambiente
a que a estrutura estará sujeita (CEB, 1992; Eurocódigo 2, 1991).
2.2 - PERMEABILIDADE
Embora nos últimos anos se tenha feito muita investigação no que se refere à permeabilidade
do betão, não existe um método universalmente aceite para quantificar aquela grandeza, embora
existam diversos métodos a partir dos quais se determinam coeficientes de permeabilidade relativos
a determinado fluído e usando técnicas diferentes (LNEC E392; LNEC E393; ISO 7O31; Schonlin e
Hilsdorf, 1987;Hilsdorf,1989; Tanahashi et al, 1987; Bunte e Rostásy, 1989; Cabrera et al, 1989;
Coutinho e Gonçalves, 1994; Gonçalves, 19963). Alguns destes métodos foram referidos em 1.2.2.
101
Capítulo 2
14
Permeabil idade à Água
12
10
0
100 0.7
Hidratação %
A/C 0 0
=0 0.5 .60
80 .40 0
0.30
60 0.20
40
0 10 20 25 30 40 %
102
Uma estrutura mais durável, como?
Antes da colocação deve ser garantida uma boa fixação das armaduras para evitar o
deslocamento das mesmas, que poderá conduzir a dificuldades de execução e mesmo futura
fissuração (Figura 2.3) imprevista ou redução da espessura de recobrimento.
A compactação tem como funções obter um betão o mais denso possível particularmente em
volta das armaduras, baínhas, amarrações e cantos das cofragens e expelir as bolhas de ar para o
exterior, em particular na zona de recobrimento das armaduras, obtendo uma mistura o mais
homogénea possível (evitando segregação).
Existem vários tipos de aparelhos para compactação do betão por vibração, divididos em dois
grandes grupos, os de vibração externa e de vibração interna sendo este último o grupo de
vibradores mais eficiente. O período e o modo de vibração terá que ser determinado em função do
tipo de aparelho, betão a vibrar, forma do molde, etc. (Adam, 1975; Coutinho, 1988; CEB, 1992; NP
ENV 206)
103
Capítulo 2
104
Uma estrutura mais durável, como?
A cura e protecção são cruciais em termos de permeabilidade pois uma boa cura maximiza as
reacções que levam ao endurecimento, impermeabilidade e ausência de fendilhação e portanto em
termos de durabilidade do betão. De facto a cura promove a continuação do processo de hidratação
e a formação de gel que pode vir a bloquear os poros capilares segmentando a rede, como visto em
1.2.1.
Curar e proteger um betão significa, logo após as fases de colocação e compactação, criar as
condições necessárias para que as reacções de endurecimento se dêem o mais plenamente
possível de modo a minimizar a retracção plástica e assegurar o desenvolvimento das resistências
mecânicas incluindo eventualmente a resistência à abrasão e também da resistência aos agentes
agressivos ambientais.
Assim para se levar a cabo uma boa cura do betão não se pode permitir, por exemplo, que o
betão seque à superfície prematuramente (vento, temperaturas elevadas), nem que se verifiquem
grandes diferenças de temperatura (por exemplo, devido ao calor de hidratação ou temperaturas
muito baixas no exterior).
De facto, para evitar a secagem logo após a colocação de betão e que eventualmente
também conduziria a fissuração por retracção plástica, é necessário garantir, sobretudo no caso de
uso de cimento com adições ou certos adjuvantes, que a taxa de evaporação seja inferior à taxa de
exsudação. A evaporação depende principalmente, da temperatura, humidade relativa do ambiente
e do vento e pode ser estimada a partir do gráfico da Figura 2.6.
105
Capítulo 2
Figura 2.6 - Efeito de condições climáticas na evaporação no betão fresco. (Soroka, 1993 - adaptado de ACI
Committee 305, 1990)
Na Figura 2.7 apresentam-se resultados do ensaios no mesmo betão mas em que a cura foi
realizada por métodos diferentes: ausência de cura, molhagem intermitente durante seis dias de
uma a seis vezes por dia e, finalmente, por imersão durante seis dias. Todas as outras condições de
ensaio foram mantidas constantes, tendo-se posteriormente medido a profundidade de
carbonatação, coeficiente de absorção e resistência à compressão (Esteves Ferreira, 1996).
106
Uma estrutura mais durável, como?
CARBONATAÇÃ O
mm
15
Clima
10 temperado
quente/seco
C. ABSORÇÃO
Kg / m x h
3
2 Clima
temperado
quente/seco
RESISTÊNCIA
σ , 28
MPa 30
Clima
20 temperado
quente/seco
10
1 2 3 4 5 6
107
Capítulo 2
108
Uma estrutura mais durável, como?
Quanto mais longo o período de cura e mais eficaz a sua protecção, maior a
impermeabilidade, tensão de rotura, resistência ao desgaste e a ataques químicos, mas na prática é
necessário conciliar os requisitos de qualidade com os de economia.
Estes métodos podem ser usados separadamente, ou combinados e o tempo de cura deve
ser aumentado em condições rigorosas de exposição ambiental ou por exemplo quando sujeito a
abrasão. Segundo a NP ENV 206 os tempos de cura mínimos variam, entre 1 a 8 dias para
condições ambientais usuais e de acordo com a razão A/C, a classe de resistência do cimento e a
temperatura de cura.
Relativamente à protecção do betão jovem contra a fendilhação de origem térmica, deverá ser
garantido uma temperatura máxima (60 0C segundo a NP ENV 206) e uma diferença máxima
através das secções, durante o arrefecimento, após descofragem (20 0C segundo a NP ENV 206) e
ainda, é recomendável um valor para a diferença máxima através das juntas de construção ou
quando há grandes variações de dimensões nas secções (entre 10 a 15 0C segundo a NP ENV
206).
109
Capítulo 2
amassadura o que é possível através de protecções adequadas, o uso de água com gelo ou mesmo
de nitrogénio líquido para arrefecimento da massa de betão fresco.
(Coutinho, 1988; Eurocódigo 2, 1991; CEB, 1992; NP ENV 206; Esteves Ferreira, 1996;
Sampaio, 1996).
Existem vários métodos de acelerar a cura entre os quais os métodos por vapor à pressão
atmosférica em que se procede ao aquecimento dos moldes antes da colocação ou aquecimento
por ciclos, após a colocação do betão. É sempre necessário garantir que o betão não seque. Na
Figura 2.9 mostra-se a evolução das tensões de rotura por compressão do betão, conforme a
temperatura de tratamento. Existem também métodos de aceleração de cura por vapor sob pressão
como os designados por endurecimento em autoclave.
Figura 2.9 - Evolução da resistência à compressão do betão tratado a diferentes temperaturas, à pressão
atmosférica (Coutinho, 1988).
110
Uma estrutura mais durável, como?
A capacidade de fixação de CO2 e Cl- pela pasta de cimento aumenta com o aumento da
dosagem de cimento.
Em termos gerais para obras correntes, uma dosagem de 300 Kg de cimento (por m3 de
betão) é suficiente para se conseguir uma permeabilidade suficientemente baixa e durabilidade
adequada, se se mantiver a relação água/cimento abaixo dos 0,5 a 0,6, dependendo das condições
ambientais (presença ou não de cloretos) e providenciando no sentido de uma cura satisfatória.
Por estes motivos os cimentos compostos ou com adições são geralmente mais sensíveis à
cura do que o cimento, portland. Assim se o endurecimento tardio for obtido por uma cura adequada
quando se usam cimentos compostos ou com adições, a permeabilidade é menor do que com o uso
de cimentos portland como se esquematiza na Figura 2.10.
111
Capítulo 2
cimentos compostos
endurecimento lento
Permeabilidade
a
cur
má
boa cu
ra
percentagem
de adições
cimentos compostos
cimento portland
Relativamente à sílica de fumo num trabalho recente de betão confeccionado com essa
adição (5,10,15 e 20% da massa de cimento), conclui-se que estes betões exigem um tempo de
cura menor ou igual ao equivalente fabricado com cimento portland tipo Ι, isto é, o betão com sílica
de fumo tem um comportamento diferente dos betões fabricados com outras adições (Khan e Ayers,
1994), conseguindo-se resistências iniciais elevadas, ao contrário de betões, por exemplo, com
cinzas (Proença, 1996).
Assim, e de um modo geral, não devem ser usados inertes com sílica sob a forma de opala,
calcedónia ou cristobalite, granitos com feldspatos alterados ou em vias de alteração (caulinizados),
inertes com sulfuretos ou sulfatos (gesso), inertes com minerais argilosos ou óxidos de ferro nem
inertes como os calcários ou grés (rochas geladiças).
Existem vários processos de verificação da qualidade dos inertes para fabrico do betão tendo
em vista o exposto anteriormente, entre os quais:
∗ Ensaios de resistência mecânica - determinação da tensão de rotura, ensaios de
esmagamento, ensaios de desgaste e abrasão(Los Angeles).
∗ Ensaios de desagregação pelo sulfato de sódio e magnésio.
∗ Ensaios relativos à forma das partículas dos inertes, por exemplo, determinação do
índice volumétrico.
∗ Ensaios referentes às impurezas contidas nos inertes tais como impurezas de origem
orgânica, partículas de argilas, partículas finas e matéria solúvel, partículas friáveis,
moles e leves.
∗ Ensaios relativos aos teores de cloretos, sulfuretos, sulfatos e álcalis.
Para o cálculo das quantidades dos componentes, quando se estuda a composição do betão,
é necessário ainda, conhecer a massa volúmica dos inertes, a absorção, a sua humidade, baridade
e granulometria (Coutinho, 1988; LNEC E373).Em relação à granulometria, esta deve conduzir a
uma mistura o mais compacta possível (Durriez Arrambide, 1962; Sampaio, 1978; Coutinho, 1988;
CEB, 1992).
113
Capítulo 2
Griffiths et al., levaram a cabo um estudo estatístico englobando noventa e cinco edifícios de
cinco a trinta e seis pisos, em Sidney, Austrália, e concluíram que os edifícios com mais pisos
estavam em melhor condições devido ao profissionalismo, isto é, à responsabilidade demonstrada
pelos engenheiros, técnicos e mão de obra, perante as obras de maior envergadura (Griffiths et al,
1987).
Na realidade uma elevada proporção de defeitos estruturais e funcionais podem ser atribuídos
ao não cumprimento de regras de projecto e construção amplamente reconhecidas, à falta de
experiência e especialização insuficiente do pessoal ou, simplesmente, devido à falta de atenção
dos operários.
Assim, é fundamental procurar definir com a maior precisão possível o ambiente que rodeia
as estruturas.
114
Uma estrutura mais durável, como?
A abordagem clássica tem sido definir "classes de exposição ambiental" referentes a cada
tipo de ambiente, englobando os vários agentes agressivos e o seu grau de agressividade, e a partir
daí definir requisitos, em termos de durabilidade, tais como, por exemplo, a relação máxima
água/cimento, a dosagem mínima de cimento etc., que conduzam a um betão suficientemente
impermeável.
Na Europa e aqui em Portugal (NP EN 206) é esta a abordagem utilizada. Uma abordagem
diferente é a de autores japoneses (Kunishima e Okamura, 1989) que propuseram racionalizar o
projecto de uma estrutura em função da durabilidade, considerando que a durabilidade pretendida
para uma estrutura em determinado ambiente pode ser obtida através de várias combinações de
procedimentos construtivos. Para tal sugeriram que, para determinada obra, se definissem dois
índices - um relativo à durabilidade e o outro relativo ao ambiente: o primeiro índice seria calculado
em fase de projecto, em função da avaliação relativa aos métodos construtivos usados, qualidade
dos materiais e pormenorização. O segundo índice - referente ao ambiente, seria calculado de modo
que não fosse necessário proceder a reparações durante o período de vida pretendido para a obra.
O índice de "durabilidade" teria que exceder o índice de "ambiente" para que a obra atingisse a
durabilidade pretendida.
2.11 - RECOBRIMENTO
Para além da permeabilidade do betão de recobrimento que deve ser reduzida de modo a
evitar a penetração dos agentes agressivos (líquidos ou gasosos) deve ser também considerada
determinada espessura de recobrimento sobre as armaduras de modo que estas estejam protegidas
durante o tempo de vida da obra.
115
Capítulo 2
Figura 2.12 - Ábaco para obtenção da espessura de recobrimento das armaduras em função do ambiente (zona
urbana e industrial), do betão (C10 a C50) e da vida útil desejada (1 a 100 anos) (Heléne, 19962).
116
Uma estrutura mais durável, como?
Figura 2.13 - Ábaco para obtenção da espessura de recobrimento das armaduras em função do ambiente (zona
de respingos de maré), do betão (C10 a C50) e da vida útil desejada (Heléne, 19962)
Na Figura 2.14 apresenta-se uma ábaco da mesma índole dos anteriores, em que se confirma
o facto de a impermeabilidade do betão de recobrimento ter uma influência preponderante
comparada com a influência da espessura de recobrimento em termos de durabilidade, pelo que é
preferível a utilização de betões de alta qualidade em vez de aumento das espessuras de
recobrimento que podem até implicar utilização de armaduras de pele (Costa e Appleton, 1996).
117
Capítulo 2
Refere-se ainda que, em termos de corrosão iniciada e portanto, após a fase em que os
agentes agressivos já tenham transposto o betão de recobrimento, a velocidade de corrosão
depende também de diâmetro das armaduras. Assim, com o mesmo recobrimento são as
armaduras de maior diâmetro que corroem mais intensamente, relativamente às de menor diâmetro,
(Ravindrajah, 1987), como se esquematiza na Figura.2.15.
agentes corrosivos
betão carbonatado
R ou R
betão com cloretos
Em termos de durabilidade devem-se evitar pormenores complicados, isto é, para que uma
estrutura seja durável é importante que seja fácil a sua execução, que se possa construir bem, em
suma, que a obra seja simples (Figura 2.16), o que nem sempre é possível por razões
arquitectónicas.
COMPLEXIDADE = PROBLEMAS
118
Uma estrutura mais durável, como?
1 - forma dos elementos estruturais deve ser tal que conduza a uma drenagem adequada
evitando a saturação do betão. Será portanto, conveniente evitar a concepção de
superfícies horizontais, por exemplo como na Figura 2.17, ou utilizar sistemas de
protecção adicional, sobretudo em zonas submetidas a ciclos de molhagem/secagem.
(CEB, 1992; Poineau, 1989; Geyer, 1989; Blades e Perl, 1989; Salta, 19961)
119
Capítulo 2
colocação fáceis
compactação
Foram já feitas várias referências em pontos anteriores a medidas que se podem tomar para
proteger o betão contra o ataque por agentes agressivos que levam à sua deterioração e à corrosão
das armaduras e que se apresentaram, de uma forma resumida nos quadros 2.1 a 2.5.
No caso de se pretender prolongar a vida útil de uma estrutura será então necessário utilizar
protecção adicional.
120
Uma estrutura mais durável, como?
Nestas condições dever-se-á então usar protecção adicional adequada constituída por um
revestimento delgado (espessura até 1mm) que funciona por impregnação hidrófuga com
revestimento interior dos poros ou, então, revestimentos mais espessos (1 - 5 mm) que funcionam
por impregnação com bloqueamento total ou parcial dos poros. Estes sistemas de protecção devem
ser estudados de acordo com o agente agressivo em causa, sua concentração, o ambiente a que
estará sujeito (o próprio sistema de protecção também se pode degradar), o estado de fissuração
121
Capítulo 2
que se prevê para o betão, etc. (Rodrigues, 1996). Os tipos de revestimento podem ser de natureza
diversa como por exemplo silano, silicone, resinas epoxídicas poliuretanos, poliester, acrílicos, vinis
oleoresinosos etc. (Appleton, 1997).
É possível conferir protecção adicional às armaduras, para além da conferida por baixa
permeabilidade do betão de recobrimento, suficiente espessura deste e tipo de cimento apropriado
(adições). A protecção adicional terá como objectivo principal protelar a penetração de cloretos ou a
progressão da carbonatação, até às armaduras (ver 1.3.2.2).
Existem vários tipos de protecção adicional relativamente às armaduras, que actuam a nível
do betão, a nível da armadura ou a nível de ambiente externo.
Figura 2.20- Protecção adicional das armaduras, através de inibidores introduzidos no betão na produção ou por
impregnação posterior (Sika, 1996).
122
Uma estrutura mais durável, como?
Este tipo de protecção pode ser feito por exemplo pelo uso de aços com maior resistência aos
meios agressivos, como o aço inoxidável, ou então, pelo uso de armaduras com revestimentos
metálicos, com por exemplo o zinco (aço galvanizado) - Figura 2.21, ou com revestimentos de
resinas epoxídicos ou ainda por prevenção catódica. No Quadro 2.6 comparam-se os revestimentos
galvanizados e epoxídicos (Salta e Fontinha, 1996), no entanto refere-se que as desvantagens dos
revestimentos epoxídicos parecem ser devidos sobretudo à danificação do revestimento na
dobragem do aço durante a construção. Os revestimentos com PVC caíram em desuso em virtude
de se ter constatado que o próprio PVC se deteriora. Também é possível prevenir a corrosão das
armaduras, através da prevenção catódica.
Figura 2.21 - Velocidade de corrosão do zinco em função do pH (CEB, 1995; Salta e Fontinha, 1996).
Quadro 2.6 - Comparação entre a galvanização e a aplicação de resinas epoxídicas (Salta e Fontinha, 1996).
123
Capítulo 2
È possível usar protecção catódica posterior em armaduras revestidas com epoxy se previsto
de início, usando uma técnica especial de revestimento das armaduras depois do corte, dobragem e
montagem dos varões. Conjuntos de armaduras são imersos em tanques com pó de epoxy
fluidizado (Rostam, 1995).
Figura 2.22 - Esquema da protecção catódica de armaduras numa estrutura de betão (Pedeferri, 1996).
124
Uma estrutura mais durável, como?
Figura 2.23 - Valores máximos de concentração de cloretos suportados pelos diferentes métodos de protecção
contra a corrosão das armaduras (Salta e Fontinha, 1996).
Por vezes é possível evitar que determinados agentes agressivos invadam o ambiente
circundante da estrutura controlando a sua quantidade ou o seu tipo (sais descongelantes)ou
controlando a humidade e temperatura (ar condicionado).
125