MOSSORÓ-RN
2013
LORENA GRACIANE DUARTE NÉRIS
MOSSORÓ-RN
2013
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação
da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA
N445o Neris, Lorena Graciane Duarte.
Orçamentação de um projeto padrão via modelagem BIM
/ Lorena Graciane Duarte Néris. – Mossoró, RN: 2013.
54f. : il.
A DEUS, meu refúgio e fortaleza. Onipotente, que sempre me ajuda; Onipresente, que sempre
esteve comigo; e Onisciente, que sabe todas as coisas.
Aos meus pais, Ivan e Lucila, por todo o amor, carinho e força, sempre me aconselhando para
o melhor caminho.
Ao Professor John Eloi, meu orientador, pela paciência e contribuição durante todo o
trabalho.
(Edward McCracken)
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo elaborar o orçamento de uma casa padrão a partir do
levantamento de quantitativos fornecidos pelo sistema de modelagem BIM - Building
Information Modeling. O estudo consiste em uma revisão bibliográfica sobre a modelagem
BIM, Revit e Orçamento e também apresenta a realização do projeto em 2D que é gerado
automaticamente em 3D no software Revit da Autodesk. Em seguida, os quantitativos do
projeto devem ser inseridos em uma planilha eletrônica junto com os custos unitários de cada
serviço, para enfim fornecer o custo total da obra. O projeto modelo tem como base o caderno
padrão de projetos da Caixa Econômica Federal. Este estudo permitiu que fosse conhecida a
forma como o processo de modelagem BIM é desenvolvido num projeto, como também a
velocidade de alteração, que será instantânea. Apesar de não terem sido utilizados todos os
recursos da plataforma BIM, o uso do Revit se mostrou eficaz nas atividades para as quais foi
aplicado, nesse caso, para a realização dos quantitativos a fim de orçar a obra.
This work aims to establish the budget of a standard house from the quantitative
survey provided by the system modeling BIM - Building Information Modeling. The study
consists of a literature review on modeling BIM, Revit and Budget and also presents the
realization of the project in 2D that is automatically generated in 3D in Autodesk Revit
software. Then the quantitative project should be entered into a spreadsheet along with the
unit costs of each service, to finally provide the total cost of the work. The project model is
based on standard notebook designs Caixa Economica Federal. This study has permitted to be
known how the BIM modeling process is developed in a project, but also the speed of change,
it will be instant. Although they have been used all the resources of BIM platform, using
Revit proved effective in the activities for which it applied in this case to achieve the
quantitative in order to budget the work.
2D Duas dimensões
3D Três dimensões
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AGC American General Contractors
EAC Engenharia, Arquitetura e Construção
BDI Benefícios e Despesas Indiretas
BIM Building Information Modeling
CAD Computer Aided Design – Projeto Auxiliado por Computador
CEF Caixa Econômica Federal
CPU Composição de Preço Unitário
DWG Extensão arquivo em 2D e 3D do AutoCAD
MCMV Minha Casa Minha Vida
MEP Mechanical, Electrical and Plumbing
SEINFRA/CE Secretaria de Infraestrutura Urbana do Ceará
SIN/RN Secretaria do Estado de Infraestrutura do Rio Grande do Norte
SINAPI Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
TCPO Tabelas de Composições de Preços para Orçamento
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14
2.1 GERAL ............................................................................................................................... 14
2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................... 14
3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 15
3.1 BIM – BUILDING INFORMATION MODELING............................................................. 15
3.2 SOFTWARES DA MODELAGEM BIM ............................................................................ 20
3.3 DIFERENÇA ENTRE BIM E CAD .................................................................................. 21
3.4 SOFTWARE REVIT DA AUTODESK .............................................................................. 24
3.5 VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO BIM.....................................................................26
3.6 ORÇAMENTO DE OBRAS...............................................................................................27
3.6.1 Definição de Orçamento ................................................................................................ 27
3.6.2 Levantamento de Quantitativos ................................................................................... 28
3.6.3 Composição Unitária de Orçamento............................................................................ 30
4 METODOLOGIA................................................................................................................ 32
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 33
5.1 MODELAGEM DO PROJETO ......................................................................................... 35
5.2 LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS....................................................................41
5.3 CUSTO DO PROJETO.......................................................................................................46
6 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 50
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 522
12
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
2.2 ESPECÍFICOS
3 REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com pesquisas e estudos, pode-se perceber que o BIM não é somente um
software 3D, mas também é, essencialmente, uma informação. Morais (2013) afirma que a
ferramenta BIM é, também, considerada como uma categoria em 5D.
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DIMENSÕES DO BIM
TEMPO
4D
CUSTO
5D
Faria (2007) expressa que os recursos da modelagem BIM possam trabalhar com
projetos mais engenhosos. Para o referido autor, na modelagem de uma parede, o projetista
precisa fornecer as especificações dos materiais que a constituem. As dimensões e tipos de
blocos, os revestimentos necessários, a funcionalidade da parede, dentre outros, são todos
armazenados no banco de dados. A partir desses dados, é possível reproduzir as tabelas
orçamentárias e legendas no projeto. Veja a figura 4.
19
Tekla (Structures)
Para Ayres et al. (2007) os arquivos CAD 2D são formados por componentes
geométricos básicos, sem nenhuma ligação com outros dados, cabendo ao projetista analisar
e definir o valor das linhas e dos elementos que compõem o projeto.
Diferentemente do BIM, para fazer alguma alteração no projeto dos programas
desenvolvidos em CAD geométricos é preciso corrigi-los manualmente gastando um maior
tempo para a modificação nos demais desenhos que estejam correlacionados. Já nos softwares
da modelagem BIM essas alterações são automáticas e o tempo gasto gira em torno de poucos
segundos no modelo.
No CAD, tem-se um desenho técnico onde produz objetos representados por linhas,
cotas e textos. Ao contrário do CAD, a modelagem BIM nos fornece dimensões, cargas,
atributos, quantitativos, ou seja, vai muito além de uma dimensão 3D.
Em relação à transferência de projetos, os softwares CAD geométricos são mais
habilidosos e mais simples. Já os projetos em BIM, por ainda estarem em eclosão, apresentam
algumas limitações na transferência de informações para formatos DWG e para os demais
programas tradicionais (SCHEER et al, 2007 apud HILGENBERG et al., 2012).
Uma das grandes dificuldades que os usuários têm com o programa BIM, em
comparação com o CAD, é a confusão entre os diversos parâmetros modelados, sendo
necessários uma aprendizagem técnica e conhecimentos específicos da modelagem
(CRESPO, RUSCHEL, 2007).
22
CAD BIM
Característica geral Objetos Objetos paramétricos
não - paramétricos
Principais Softwares AutoCAD Revit e ArchiCAD
Objetos Linhas e Volumes Paredes, portas e janelas
Apesar do software BIM se mostrar mais eficiente e apresentar mais recursos com a
modelagem, o CAD ainda é mais utilizado. Talvez seja pela facilidade e conhecimentos
maiores.
Uma das principais vantagens dos modelos de informação BIM é a determinação das
informações, pois se trata de uma simulação da edificação (HILGENBERG et al., 2012).
A integração do modelo é outra vantagem que fazem com que alguns usuários passem
a trabalhar com essa nova tecnologia. Sendo um processo colaborativo, o BIM permite o fácil
gerenciamento envolvendo diversos profissionais, que por sua vez tem a confiança das
informações fornecidas no projeto. (LEUSIN, 2007)
De acordo com Laubmeyer et al. (2009), os programas produzem as pranchas, os
cortes, as tabelas e os detalhamentos com mais facilidade, diminuindo consideravelmente o
tempo que os profissionais perdem ao projetar em CAD.
Outro beneficio da tecnologia BIM é a remodelagem automática do conjunto de
elementos ao se fazer qualquer alteração na planta do projeto em 2D. Florio (2007) explica
que qualquer alteração, por exemplo, na retirada de uma porta não causará muito efeito,
porém ao modificar o tamanho de uma parede, ou aumentar ou diminuir o comprimento do
piso refletirá em mudanças no projeto de planta baixa, cortes, vistas, planilhas e outros.
Podem-se apresentar ainda diversos benefícios da ferramenta BIM que visam facilitar
o trabalho de um projeto. As principais vantagens apresentadas neste programa são a exclusão
do retrabalho e o aperfeiçoamento na qualidade dos dados fornecidos ao projeto.
(HILGENBERG et. al, 2012)
Apesar de diversas vantagens com a nova modelagem BIM, percebe-se algumas
dificuldades com a utilização desse programa, pois requerem softwares e hardwares mais
caros e mais pesados, treinamentos e aperfeiçoamento dos novos usuários, novas
modificações e altos custos de implantação (MORAIS, 2013).
Todavia, qualquer investimento feito nessa nova modelagem não será perdido, pois as
vantagens são superiores as dificuldades, já que terá um projeto mais confiável, com maior
precisão nas informações, e uma maior facilidade de quantificar e atualizar constantemente os
custos.
27
Assim, a composição do valor total de uma obra é o resultado calculado para cada uma
das tarefas constituintes da edificação, identificando os serviços no processo de quantificação.
(XAVIER, 2008)
Após a identificação de cada serviço determinado pela obra, é necessário quantifica-lo
através dos projetos da construção. Esse processo de quantificação é chamado de
levantamento de quantitativos e é uma das principais funções do trabalho do orçamentista. Ele
calcula as quantias presentes no projeto levando em conta os conhecimentos sobre as fases de
execução dos serviços e sobre todos os projetos para chegar ao preço final da construção.
(WITICOVSKI, 2011)
O objetivo principal de um orçamento não é a determinação do custo e do preço final
de venda de uma determinada obra, mas o planejamento dos recursos disponíveis para as
diversas aplicações projetando os gastos em cada fase de execução.
Nesse exemplo, o custo total para executar um metro linear de sapata corrida 10x50cm
com concreto fck = 13,5 MPa custa R$ 59,829.
32
4 METODOLOGIA
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com o projeto da planta baixa do Caderno de Projetos CEF conforme visto na figura
8, iniciou-se a modelagem no REVIT com a aplicação das paredes em 2D, sendo as mesmas
dimensões do projeto da CEF.
Ao mesmo tempo em que era projetado em 2D, o Revit gerava de forma automática os
elementos de projeto em vistas 3D, cortes e fachadas. Com isso, pode-se perceber a grande
influência no trabalho do projetista, já que não há necessidades de confecção de cortes,
fachadas e outros desenhos, reduzindo o tempo de trabalho e facilitando todo o processo do
projeto.
A maneira de se projetar com o software Revit facilitou bastante o trabalho, gerando
detalhes na aplicação da modelagem. Ele permitiu que a geração de quantitativos em tabelas e
documentos fosse feitas de forma mais rápida no projeto da residência.
Cada elemento modelado no Revit poderia ser acrescentado ou modificado de acordo
com as necessidades do projeto. Isso ocorria devido o software poder trabalhar com objetos
paramétricos, ou seja, todos os componentes de um projeto recebem parâmetros para defini-
los, determinando suas características, restrições e comportamentos em qualquer forma de
representação no programa. Assim, um piso, por exemplo, pode ser visualizado com todas as
suas informações e características inseridas nele, como: revestimentos, espessuras, custos,
quantidades, fabricantes, dentre outros.
36
Figura 16 – Modelo 3D
41
Como já foi exposto antes, para o levantamento de portas e janelas é necessário apenas
uma contagem simples. O software determina a quantidade de portas e janelas presentes no
projeto e anexa-os na tabela separando por tipo de acordo com as dimensões de cada um.
Algumas portas possuem dimensões distintas, como a largura da porta da sala que mede 0,86
m e a largura da porta do banheiro que mede 0,66 m. Conforme visto na tabela 8.
44
O mesmo acontece com os quantitativos das janelas que podem ser analisados na
tabela 9. A janela localizada no banheiro possui dimensões de 0,60 x 0,60 m e peitoril de 2m.
Já as janelas localizadas nos quartos e sala medem 1,20 x 1,00 m e peitoril de 1,50 m.
4.1 Laje pré-moldada p/ caixa d'água, vãos até 3,00m com lajotas e capa m² 2,96 56,49 167,21
de concreto fck = 20 Mpa, 2cm
4.2 Viga Baldrame 15x20cm c/ concreto fck 20MPa m 40,19 55,12 2.215,27
5 Alvenaria 8.741,47
5.1 Alvenaria em tijolo cerâmico furado (9x19x19) cm traço m² 268,87 31,92 8.582,33
cimento/cal/areia 1:2:8
5.2 Vergas e contra-vergas m 14,60 10,90 159,14
6 Cobertura 3.751,47
Cobertura Telha Cerâmico Colonial, inclusive madeiramento (apoiada
6.1 em paredes s/ tesouras cumeeira articulada m² 52,86 70,97 3.751,47
14.102,9
7
Revestimento de paredes 5
7.1 Chapisco m² 437,40 3,47 1.517,78
7.2 Reboco paulista cim/cal/areia 1:3:8, esp = 2,0 cm m² 437,40 11,33 4.955,74
7.3 Pedra Itacolomy m² 55,06 37,46 2.062,55
7.4 Azulejo branco 25x25 cm com argamassa colante, com emboço m² 104,68 53,18 5.566,88
48
9.1 Pintura paredes com látex acrílico 2 demãos+1demao selador, sem m² 247,95 11,67 2.893,58
emassamento
10 Esquadrias 2.803,97
Fornecimento e instalação de porta madeira compensada lisa, 5 cm, inclusive pintura esmalte, ferragens, maçaneta e
10.1
aduelas/alizares nas seguintes dimensões e acabamentos, conforme projeto:
12.1 Vaso sanitário com caixa de descarga e acessórios (anel de vedação, und 1,00 135,55 135,55
parafusos, tubo de ligação e assento)
12.2 Lavatório sem coluna (anel de vedação, parafusos, tubo de ligação e und 1,00 186,64 186,64
torneira)
12.3 Pia de aço inox com cuba e acessórios und 1,00 381,54 381,54
12.4 Chuveiro Plástico (instalado) und 1,00 8,42 8,42
12.5 Tanque de louça com coluna e acessórios und 1,00 297,54 297,54
13 Instalações elétricas 1.273,56
13.1 Ligações prediais elétrica
13.1.1 Kit Elétrica Un 2,00 636,78 1.273,56
14 Serviços Complementares 224,42
14.1 Limpeza da obra m² 41,87 5,36 224,42
6 CONCLUSÕES
Conclui-se que o processo orçamentário foi bem dinâmico e bastante ágil. A diferença
de formato e informação entre o orçamento tradicional e o realizado em uma modelagem BIM
está no nível de detalhamento e custo mais próximos da realidade.
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REFERÊNCIAS
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Disponível
em:<http://images.autodesk.com/latin_am_main/files/revit_architecture10_port_homeprint.pd
f>. Acesso em: 05 jul. 2013.
FARIA, Renato. Construção Integrada. Revista Techne. São Paulo, n. 127, p. 44-49,
Outubro 2007.
HILGENBERG, F. B.; ALMEIDA, B. L.; SCHEER, S.; AYRES, C. F. Uso do BIM pelos
profissionais de arquitetura em Curitiba. Gestão e Tecnologia de Projetos. 2012
Disponível em:
<http://www.iau.usp.br/posgrad/gestaodeprojetos/index.php/gestaodeprojetos/article/downloa
d/196/249> Acesso em: 20 ago. 2013
MATTOS, Aldo Dórea. Como preparar orçamentos de obra: dicas para orçamentistas,
estudos de caso, exemplos. São Paulo: Editora Pini, 2006.
SCHEER, S.; ITO, A. L. Y.; AYRES Filho, C.; AZUMA, F.; BEBER, M. Impactos do uso
do sistema CAD geométrico e do uso do sistema CAD-BIM no processo de projeto em
escritórios de arquitetura. In: Anais do VII Workshop Nacional de Gestão do Processo de
Projeto na Construção de Edifícios, 2007, Curitiba. Anais, 2007. Disponível em:
<http://pt.scribd.com/doc/54896224/IMPACTOS-DO-USO-DO-SISTEMA-CAD-
GEOMETRICO-E-DO-USO-DO-SISTEMA-CAD-BIM-NO-PROCESSO-DE-PROJETO-
EM-ESCRITORIOS-DE-ARQUITETURA> Acesso em 24 jul. 2013